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Economia em Destaque: tendência de alta de juros no mundo

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No mundo todo, a política monetária foi o grande destaque da semana, com decisões de juros de mais de 20 bancos centrais, incluindo o Fed (EUA), ECB (Europa), emergentes e mais. No Brasil, a ata da última reunião do Copom trouxe a perspectiva de manter a atuação mais contracionista por mais tempo, em linha com outros países latino americanos.

Para a próxima semana, os destaques serão o deflator de consumos pessoais (PCE) nos Estados Unidos e o IPCA-15 de dezembro no Brasil. No campo político, o congresso deve trabalhar pela aprovação do orçamento de 2022.

Atualizações Covid-19

O Reino Unido atingiu o maior número de casos diários de coronavírus desde o início da pandemia, em parte pela aceleração das contaminações pela variante Ômicron. O principal conselheiro médico do governo pediu que a população reforce o distanciamento social. Na África do Sul, país que primeiro detectou a nova cepa da Covid, os casos confirmados atingiram recorde de alta.

São Paulo já registra transmissão comunitária da nova variante, que segundo estudos publicados nesta última semana, tem um maior potencial de transmissão apesar de menor severidade da doença.

No Brasil, a média móvel (7 dias) de novos diagnósticos e a de óbitos causados pela covid-19 registraram queda. Ao todo, 66,0% da população brasileira já completou o ciclo vacinal. A dose de reforço já chegou a 10,4% da população.

Cenário Internacional

Decisões de política monetária

O FOMC, comitê de política monetária do banco central dos EUA, manteve a taxa dos Fed Funds perto de zero, como já era amplamente esperado. A maioria dos membros do FOMC, no entanto, projeta agora três altas nas taxas de juros em 2022, uma mudança relevante em relação às projeções de três meses atrás (um aumento). O FOMC também anunciou que dobrará o ritmo em que reduzirá seu programa de compra de títulos. Os mercados de ações reagiram positivamente à decisão do Fed, acreditando que o aperto monetário ajudará a combater a inflação elevada, sem afetar a economia de forma significativa.

Na toada do Fed, cerca de vinte bancos centrais ao redor do mundo tomaram decisões de política monetária, entre eles o Banco Central Europeu, o Banco da Inglaterra, o Banco do Japão, o Banxico (México) e o Banco Central do Chile, já com sinalizações duras entre a maioria deles, em um esforço conjunto para conter as pressões inflacionárias globais.

Nos emergentes Chile e México, foram feitas elevações da taxa de juros e sinalizações de manutenção da política apertada adiante em meio a riscos inflacionários. O Banco Central Europeu por sua vez, sinalizou o fim das compras de ativos em março. Na contramão, o Banco do Japão manteve a política monetária frouxa, expressando preocupação mínima com a inflação. O país já tem historicamente dificuldade estrutural de gerar inflação.

Inflação na zona do euro

A inflação na zona do euro atingiu sua taxa mais alta registrada em novembro, com mais da metade do aumento devido a um aumento nos preços da energia. Segundo o departamento de estatísticas da União Europeia, em 19 países que compartilham o euro, a inflação nos subiu para 4,9%, um aumento anual em linha com uma estimativa anterior do Eurostat. Mês a mês, o aumento foi revisado para baixo para 0,4%, de 0,5% relatado anteriormente.

Atividade econômica com sinais mistos

A variante Ômicron trouxe incerteza para os mercados e já provoca restrições à mobilidade, o que afeta confiança e atividade. Novos dados apontam que a corrosão da renda real pela inflação já prejudica o varejo nos Estados Unidos. Por outro lado, a produção industrial na China veio mais forte que o esperado.

Enquanto isso, no Brasil…

Ata do Copom trás sinalização de postura dura por mais tempo

O documento, divulgado essa semana, reforçou o tom austero do comunicado pós-reunião, ao afirmar que “o Copom concluiu que o processo de ajuste monetário deve ser mais restritivo do que o utilizado no cenário de base ao longo do horizonte relevante”. Considerando que a atividade já está perdendo fôlego e que boa parte do aperto monetário ainda não atingiu a economia, ainda acreditamos que, após uma nova alta de 1,5pp em fevereiro, o Copom se sentirá confortável em reduzir o ritmo em março para 0,75pp. A partir daí, o Copom deve entrar em modo “esperar para ver”, com a taxa Selic em 11,50%. Mas reconhecemos que o risco é de que a Selic avance para além deste patamar.

Dados de atividade econômica confirmam enfraquecimento da economia

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de outubro caiu 0,4% em relação ao mês anterior, a quarta queda mensal consecutiva. Esse resultado de um dos principais indicadores de atividade econômica, que funciona como proxy para o PIB, veio exatamente em linha com a nossa expectativa e com o consenso de mercado (-0,4%). Apesar disso, é importante notar que houve revisões para baixo na série de dados. A contração ano contra ano de outubro do IBC-BR veio pior do que o esperado (-1,5%, ante XP: -0,8% e consenso: -0,7%). Com o resultado, nossa estimativa para o crescimento do PIB no 4º trimestre ficou em -0,2% trimestre a trimestre.

A Pesquisa Mensal de Serviços, que antecedeu a divulgação do IBC-Br, mostrou que o setor teve queda de 1,2% em outubro, surpresa extremamente negativa (XP: -0,5%; consenso: 0,1%). No comparativo anual, a atividade do setor de serviços teve expansão de 7,5% (XP: 8,6%; consenso: 9,6%). A queda foi puxada pelos serviços ligados às empresas, enquanto do lado positivo a recuperação dos serviços prestados às famílias continua, com melhor mobilidade e reabertura econômica.

Promulgação da PEC dos Precatórios e Auxílio Brasil

Após a promulgação da PEC dos Precatórios, o ano se encerra com mais pressões para gastos em meio ao processo de revisão do orçamento. O Ministério da Economia cedeu ao presidente Bolsonaro e levará o pedido de 2,8 bi de reais para reajuste de policiais federais ao relator do orçamento, Hugo Mota. O time econômico agora tenta evitar que outros aumentos sejam dados. A cada 1% de aumento linear, o impacto é de R$ 3,0 bilhões. Há pressão também para alteração da tabela do imposto de renda (renúncia de R$ 23,5 bilhões), bolsa-caminhoneiro (R$ 4 bilhões). A prorrogação do desconto do IPI para Táxi e PCD (R$ 1,8 bilhões) e o vale-gás (R$ 1,9 bilhões) já são certas. Nesse contexto, a Câmara aprovou o projeto de Refis para pequenas empresas, mas, por falta de acordo, adiou para 2022 a votação do benefício para médias e grandes. Antes do recesso ainda é esperado que o Congresso aprecie os 29 vetos de Bolsonaro, entre eles o fundo eleitoral que pode chegar a R$ 5,7 bilhões.

O que esperar para semana que vem?

No cenário internacional, o destaque será a o deflator de consumos pessoais (PCE) nos Estados Unidos, medida de inflação preferida pelo Fed, além de dados de gastos pessoais e de atividade econômica. No mundo, a política monetária continua em foco com a decisão de juros na China.

Já no cenário doméstico, o destaque será o IPCA-15 de dezembro, além de dados mensais de setor externo e do relatório mensal da dívida. No campo político, o congresso deve trabalhar pela aprovação do orçamento.

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