Resumo
Donald Trump deve se encontrar com Lula neste domingo para discutir as tarifas impostas ao Brasil. O presidente dos Estados Unidos também confirmou que se reunirá com Xi Jinping, presidente da China, para tratar sobre o comércio entre os dois países. Por outro lado, Trump cancelou o encontro que havia anunciado com Vladimir Putin em Budapeste.
Nos dados econômicos, o índice de preços ao consumidor de setembro dos Estados Unidos veio abaixo das expectativas, corroborando cenário para continuação do ciclo de cortes de juros do banco central.
No Brasil, o IPCA-15 mostrou uma leitura benigna, com desaceleração da inflação. Dessa forma, junto com o corte no preço da gasolina anunciada pela Petrobras, reduzimos nossa projeção de inflação para 4,6% em 2025.
Gráfico da Semana
Veja na seção “Nos Estados Unidos, inflação vem abaixo das expectativas, corroborando corte de juros“

Cenário Internacional
Nos Estados Unidos, inflação vem abaixo das expectativas, corroborando corte de juros
Nos Estados Unidos, a inflação ao consumidor (CPI) de setembro acelerou para 3,0% no acumulado em 12 meses, ligeiramente abaixo da expectativa de 3,1%. O núcleo da inflação – que exclui itens com preços voláteis – desacelerou para 3,0%, também abaixo das expectativas. O resultado, divulgado com atraso devido à paralisação do governo, reforçou as expectativas de que o Fed, banco central dos Estados Unidos, realizará cortes adicionais de juros nas próximas reuniões de política monetária.
A abertura do índice mostrou impacto das tarifas impostas pelo governo Trump: itens como vestuário e móveis domésticos registraram alta, refletindo repasse parcial dos custos de importação. O aumento nos preços de bens industriais reforça que as tarifas começam a pressionar a inflação, mas os sinais de desaceleração em alguns núcleos sustentam o ciclo de corte de juros pelo banco central.
Donald Trump confirma encontros com Lula e Xi Jinping
Donald Trump deve se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste domingo, durante a cúpula da ASEAN (Associação das Nações do Sudeste Asiático). As autoridades devem discutir a redução das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que atualmente chegam a até 50% e têm gerado tensões comerciais entre os dois países. A expectativa é que o encontro busque um entendimento para aliviar essas barreiras.
Além disso, Trump confirmou que também terá uma reunião com Xi Jinping, presidente da China, à margem da cúpula da Apec (Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico), na Coreia do Sul. O encontro deve abordar as restrições chinesas à exportação de terras raras e as compras de petróleo russo pela China, que Washington considera um desafio à segurança econômica global.
Estados Unidos e Índia avançam por acordo comercial
Índia e Estados Unidos estão prestes a concluir um acordo comercial que pode reduzir as tarifas sobre os produtos indianos — dos atuais 50% para cerca de 15%. A resolução deve ser anunciada durante a Cúpula da ASEAN, em encontro entre Donald Trump e Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia. Nova Délhi sinalizou que reduzirá gradualmente suas importações de petróleo russo, hoje responsáveis por cerca de 34% do consumo indiano, em troca do alívio tarifário. Além disso, o acordo prevê maior acesso para produtos agrícolas dos Estados Unidos, como milho e farelo de soja.
Trump afirmou ter recebido garantias de Modi de que “a Índia não compraria muito petróleo da Rússia”, reforçando o caráter geopolítico da negociação.
Desentendimento entre Trump e Putin tem reflexos no preço do petróleo
Donald Trump cancelou o encontro que havia anunciado com Vladimir Putin em Budapeste, alegando que “não parecia o momento certo” e que não queria “perder tempo” com uma reunião sem avanços concretos. A decisão ocorreu após uma ligação entre as duas autoridades, que revelou divergências sobre um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. Paralelamente, os Estados Unidos impuseram sanções severas às duas maiores petrolíferas russas, Rosneft e Lukoil, para pressionar Moscou a negociar.
Trump afirmou estar frustrado com as conversas com Putin, que “não levam a lugar nenhum”, mas disse que ainda espera realizar a reunião no futuro. O Kremlin reagiu classificando as sanções como “ato hostil”, embora tenha sinalizado que os preparativos para uma cúpula continuam, sem data definida. Como reflexo dessas tensões e das sanções, os preços do Brent avançaram cerca de 5%, sendo negociados próximos de US$ 66 por barril nos contratos futuros para dezembro, diante do temor de restrições adicionais à oferta global de petróleo.
Nova primeira-ministra japonesa promete aprofundar relação com os EUA
A conservadora Sanae Takaichi foi eleita primeira-ministra do Japão. Takaichi defende uma política fiscal mais expansionista, com aumento de gastos públicos e redução de impostos para sustentar uma economia que considera frágil, além de adotar uma postura contrária a novos aumentos de juros pelo Banco do Japão.
Em sua primeira coletiva de imprensa, ela prometeu trabalhar incansavelmente para restaurar o poder econômico do Japão e aprofundar o relacionamento com os Estados Unidos. Ainda, anunciou que ordenará um pacote emergencial para conter a alta dos preços, incluindo a eliminação da taxa provisória sobre gasolina e medidas para ampliar a renda disponível das famílias. Sua agenda inclui ainda enfrentar o declínio populacional, negociar tarifas com Washington e lidar com pressões para reduzir importações de energia da Rússia, tudo isso enquanto governa com uma base parlamentar minoritária e sob o olhar atento de Pequim, após suavizar sua retórica contra a China nos últimos dias.
Enquanto isso, no Brasil…
Reduzimos projeção de inflação para 4,6% em 2025
O IPCA-15 de outubro, prévia de inflação, avançou 0,18% ante setembro, abaixo das estimativas (XP: 0,22%; mercado: 0,21%). Em 12 meses, a inflação recuou de 5,32% para 4,94%. Em geral, o IPCA-15 apresentou uma abertura melhor que a esperada, com arrefecimento dos núcleos.
Do lado baixista, serviços subjacentes (que excluem itens de serviços com preços voláteis), bens industriais e preços dos alimentos recuaram em outubro, auxiliando na desaceleração da inflação. Por outro lado, o preço dos bens administrados subiu 0,24% no mês, puxados por gasolina (0,99%) e um recuo menor que o esperado nas tarifas de energia, após ativação da bandeira vermelha.
Considerando essa leitura benigna e o corte nos preços da gasolina anunciados pela Petrobras na semana passada (R$ 0,14 no preço do litro da gasolina cobrado nas refinarias), reduzimos nossa projeção de inflação para 4,6% em 2025.
Para detalhes, leia “Projetamos IPCA de 4,6%, após leitura benigna da prévia de outubro”.
Governo insiste em medidas recomposição fiscal após queda da MP sobre tributação de investimentos
O Ministro da Fazenda Fernando Haddad disse no início da semana que o governo planeja enviar ao Congresso dois projetos de lei separados com medidas fiscais, revivendo dispositivos que estavam incluídos na Medida Provisória 1303/25 (MP sobre tributação de investimentos) que expirou há duas semanas. O ministro disse que o primeiro projeto de lei incluirá medidas de contenção de gastos e limites ao uso de créditos tributários por empresas – o noticiário reporta que essas medidas poderiam, na verdade, ser incluídas diretamente no projeto de lei que trata do aumento de penas para falsificação de bebidas (“PL do metanol”), o qual deve ser votado em breve na Câmara. O segundo projeto de lei deve tratar de medidas de aumento de receitas, como a elevação da tributação de fintechs, aumento da cobrança de imposto de renda sobre Juros Sobre Capital Próprio (JCP) e majoração da taxação de bets. Em meio ao cenário fiscal ainda indefinido, o governo pediu esta semana novo adiamento da votação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias de 2026, que define a meta fiscal para o próximo ano e foi apresentado em abril.
Déficit em conta corrente deve ultrapassar investimentos pela primeira vez desde 2015
A conta corrente do Brasil registrou déficit de US$ 9,8 bilhões em setembro de 2025, pior que o esperado (US$ 8,0 bilhões). Em 12 meses, o déficit atingiu US$ 78,9 bilhões (3,61% do PIB), ante US$ 76,6 bilhões (3,53% do PIB) em agosto. Por outro lado, o investimento direto no país (IDP) surpreendeu positivamente, registrando US$ 10,7 bilhões. A deterioração do balanço de pagamentos neste ano merece atenção. Em 2025, o déficit em conta corrente deverá ultrapassar os ingressos de IDP pela primeira vez desde 2015. A esperada recuperação da demanda doméstica no próximo ano tende a adicionar pressão altista sobre importações, remessas de lucros e demais saídas de renda, podendo ampliar ainda mais o desequilíbrio externo. Para 2025, projetamos déficit em conta corrente de US$ 79,5 bilhões (3,5% do PIB) e ingressos de IDP de US$ 72,6 bilhões (3,2% do PIB). Por um lado, as exportações seguem fortes. No entanto, maiores despesas líquidas em renda primária podem compensar a melhora do saldo comercial. No caso dos ingressos de IDP, números mais fortes do que o previsto deverão ser incorporados em breve às projeções.
Arrecadação federal apresenta recuperação, mas não deve ser suficiente para atingir a meta de resultado primário
A arrecadação federal atingiu R$ 216,7 bilhões em setembro, registrando crescimento real de 1,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. O resultado ficou ligeiramente abaixo das projeções (R$ 217,4 bilhões). No ano, a arrecadação somou R$ 2.131,8 trilhões, avanço de 3,5% em termos reais ante o mesmo período de 2024. O crescimento foi concentrado em fontes específicas de receita, especialmente aquelas ligadas ao mercado de trabalho — ainda pouco afetado pela desaceleração econômica —, aos ganhos de capital — impulsionados pelo elevado retorno da renda fixa — e ao IOF, cuja alíquota foi majorada em 2025. Em contrapartida, as receitas mais sensíveis ao ciclo econômico, como PIS/Cofins e IRPJ/CSLL, já mostram desaceleração mais evidente. Para os próximos meses, a expectativa é de perda gradual de fôlego da arrecadação, em linha com a desaceleração da economia e a queda da inflação.
Projetamos avanço real de 3,8% na arrecadação federal em 2025, totalizando R$ 2,881,6 trilhões. Por fim, avaliamos que o crescimento da receita tributária não será suficiente para garantir o cumprimento da meta de resultado primário.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, destaque à decisão de política monetária do Fed, banco central dos Estados Unidos. O mercado espera mais um corte de 0,25 p.p. na taxa de juros básica após retomada do ciclo de cortes na reunião anterior. O país segue em shutdown, mantendo suspensa a publicação de dados econômicos oficiais. Decisões de política monetária também ocorrerão na zona do euro e no Japão. Por fim, na zona do euro conheceremos o PIB do 3º trimestre e a inflação ao consumidor.
No Brasil, o foco será a divulgação das estatísticas de mercado de trabalho (PNAD e CAGED) e as estatísticas monetárias e de crédito. Na seara fiscal, será divulgado o resultado primário do setor público consolidado. Veja as nossas projeções abaixo.

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