Resumo
O PIB da China cresceu 5,4% no 4º trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior. Com isso, o governo atingiu a meta de crescimento anual de 5,0%.
Nos EUA, índices de inflação de dezembro trouxeram sinais de alívio, mas o cenário para 2025 continua incerto. Dados de vendas varejistas e produção industrial reforçaram o quadro de atividade econômica robusta no país.
Preços do petróleo mostraram alta volatilidade na semana, refletindo sanções sobre o setor energético russo, expectativas de maior demanda global e o acordo de cessar-fogo em Gaza.
No Brasil, o setor de serviços perdeu tração em novembro, mas deve registrar crescimento no 4º trimestre. Em Brasília, a primeira parte da regulamentação da reforma tributária do consumo foi sancionada com vetos.
Gráfico da Semana

Cenário Internacional
China cresce 5,0% em 2024, mas incertezas persistem
O PIB da China cresceu 5,4% no 4º trimestre de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, acima da expectativa do mercado de 5,0% e do aumento de 4,6% registrado no 3º trimestre. Esse foi o maior avanço desde o 2º trimestre de 2023. Com isso, o governo chinês atingiu a meta de crescimento de 5,0% estabelecida para 2024. As autoridades chinesas vêm implementando várias medidas de estímulo desde setembro do ano passado, e prometeram fazer mais este ano. Em relação ao mercado de trabalho, a taxa de desemprego urbano subiu de 5,0% em novembro para 5,1% em dezembro, enquanto a renda disponível às famílias teve elevação de 4,4%, inferior ao ritmo de crescimento econômico geral.
Apesar dos resultados positivos no final de 2024, analistas de mercado continuam preocupados com as perspectivas econômicas da China em 2025. Os desequilíbrios entre produção doméstica firme e demanda fraca persistem, alimentando riscos deflacionários. Ademais, o Presidente eleito dos EUA, Donald Trump, planeja impor tarifas adicionais de pelo menos 10% sobre os produtos chineses, o que amplia incertezas sobre os fluxos de comércio exterior.
Dados de inflação trazem algum alívio nos Estados Unidos...
Nos Estados Unidos, o núcleo do índice de preços ao consumidor – métrica que exclui itens voláteis, como alimentos energia – avançou 0,2% em dezembro ante novembro, abaixo das expectativas de mercado. A inflação atingiu 3,2% no ano passado. A composição do índice foi encorajadora, com destaque ao arrefecimento nos grupos de serviços. Por sua vez, o índice cheio avançou 0,4% na comparação mensal e 2,9% em 2024 - ainda acima da meta de 2,0%. Esses sinais de alívio geraram recuo nas taxas de juros e avanço das bolsas americanas.
Já o índice de preços ao produtor subiu 0,2% em dezembro contra novembro, encerrando o ano passado com alta de 3,3%(abaixo da expectativa de 3,5%).
… mas a robustez da atividade reforça a abordagem cautelosa do banco central
Ainda nos Estados Unidos, as vendas varejistas cresceram 0,4% em dezembro após expansão de 0,8% em novembro. A mediana das estimativas do mercado apontava para 0,6%. O indicador saltou 3,9% em relação ao último mês de 2023. Enquanto isso, a medida de núcleo do varejo – exclui os segmentos de automóveis, gasolina, material de construção e serviços de alimentação – subiu 0,7% em dezembro após avanço de 0,4% em novembro. Essa métrica apresenta dinâmica mais próxima à do componente de consumo das famílias sob a ótica do PIB. Na mesma linha, a produção industrial avançou 0,9% no último mês de 2024, bem acima das expectativas de 0,2%.
Em linhas gerais, a demanda continua robusta, reforçando a abordagem cautelosa do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no que diz respeito à condução de política monetária. Prevemos dois cortes adicionais de 0,25 p.p. em 2025, com a taxa de juros terminal chegando ao intervalo de 3,75%-4,00%. Há riscos crescentes, entretanto, de o Fed optar por deixar os juros estáveis ao longo deste ano.
Ata do BCE reforça preocupação com a atividade econômica da Zona do Euro
O Banco Central Europeu (BCE) publicou a ata de sua última reunião de política monetária. A autoridade cortou suas taxas de juros de referência em 0,25 p.p. em 12/dez – por exemplo, a taxa de depósito recuou de 3,25% para 3,00%. Segundo o documento, os membros do BCE estavam divididos sobre quão agressivo o banco central deveria ser no ajuste monetário. Enquanto alguns membros defenderam uma redução mais acentuada (0,50 p.p.) para dar suporte à atividade em meio a riscos crescentes, outros se preocuparam que agir mais rápido poderia enviar sinais errados aos mercados financeiros. O BCE não trouxe sinalização sobre os próximos passos de política monetária. Os membros do banco central mantiveram a “abordagem dependente de dados e de avaliação reunião por reunião”.
Preço do petróleo volátil na semana sob influência de Gaza, Rússia e Opep+
O preço internacional do petróleo fechou a semana relativamente estável, em 80 dólares por barril (tipo Brent). No entanto, houve alta volatilidade nos últimos dias. Do lado altista para as cotações, os Estados Unidos anunciaram sanções adicionais ao setor energético da Rússia, na tentativa de forçar tratativas de paz com a Ucrânia. Além disso, a Opep+ (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) elevou suas projeções para a demanda global da commodity em 2025. Do lado baixista, Israel e Hamas chegaram a acordo por cessar-fogo em Gaza. Vale lembrar que os preços do barril se aproximaram de 70 dólares na segunda quinzena de dezembro.
Para o Brasil, preços de petróleo elevados são relevantes para a arrecadação tributária, mas adicionam pressão sobre a inflação. Durante a semana, o noticiário revelou que a Petrobras deve discutir altas em combustíveis na próxima reunião de Conselho – hoje, os preços domésticos de gasolina e diesel estão em patamar muito abaixo da paridade internacional.
No Brasil...
Indicadores de atividade mostram desaceleração no 4º trimestre
A receita real do setor de serviços caiu 0,9% em novembro contra outubro, abaixo das expectativas (-0,5%). Apesar disso, o indicador registrou ganho de 1,5% na métrica de trimestre móvel. As categorias de transporte rodoviário de cargas e serviços profissionais e administrativos apresentaram números fracos. Por outro lado, os serviços prestados às famílias aceleraram em novembro, reforçando nossa visão de que o consumo das famílias permanece robusto. Em resumo, a atividade de serviços segue em níveis elevados, mas há cada vez mais sinais de desaceleração.
Por sua vez, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) – proxy mensal para o PIB – subiu apenas 0,1% em novembro contra outubro, em linha com as expectativas. Além do recuo no setor de serviços, esse resultado refletiu o enfraquecimento da produção industrial e das vendas varejistas no mês.
Projetamos que a economia brasileira crescerá 2,0% em 2025, após avanço de 3,6% em 2024. O aumento da inflação, o aperto das condições financeiras e o menor impulso fiscal explicam nosso cenário de crescimento mais moderado adiante.
Regulamentação da reforma tributária do consumo sancionada com vetos
O Presidente da República sancionou, na quinta-feira, a primeira proposta de regulamentação da reforma tributária sobre o consumo. A lei complementar n° 214/2025 instituiu o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), dois tributos que substituirão PIS, Cofins, ICMS e ISS. A sanção se estendeu a algumas partes consideradas mais controversas, como a manutenção dos benefícios tributários para refinarias instaladas na Zona Franca de Manaus e a tributação em plataformas digitais. Por outro lado, houve veto à isenção para fundos de investimentos imobiliários (FII) e Fiagros.
O governo estima que a alíquota padrão da CBS/IBS ficará em 28,5% - a maior do mundo, superando a Hungria, que tem alíquota de 28,0%. A alíquota média será menor, em torno de 22%, porque vários produtos e serviços foram incluídos em regimes favorecidos. A próxima etapa da reforma será a regulamentação do funcionamento do comitê gestor do IBS e da distribuição de receitas entre estados e municípios, entre outros aspectos.
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O que esperar da semana que vem
No cenário internacional, destaque para a divulgação dos PMIs de janeiro na Europa, Estados Unidos e Japão – PMIs são índices de gerentes de compras das empresas, que trazem um termômetro da atividade econômica. Na 5ª-feira, o Banco Central do Japão (BoJ) se reunirá para decidir sua taxa básica de juros – o mercado espera alta de 0,25 p.p. (para 0,50% a.a.), movimento que pode afetar moedas emergentes a depender da comunicação oficial. Na China, o banco central (PBoC) definirá as taxas de juros de empréstimos de curto e médio prazo – a expectativa é de manutenção para ambas.
No Brasil, o protagonismo da próxima semana ficará com a divulgação do IPCA-15 de janeiro (6ª-feira) – esperamos ligeira queda na variação mensal, refletindo descontos nas contas de energia pelo pagamento do bônus da usina de Itaipu, embora métricas relevantes para a política monetária devam permanecer em níveis preocupantes. Além disso, destacamos as estatísticas do setor externo, que serão publicadas pelo Banco Central também na 6ª-feira, e a arrecadação tributária federal (3ª-feira) – ambas referentes a dezembro.


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