Resumo
Estados Unidos e China anunciaram um acordo comercial e reduziram temporariamente suas tarifas de importação, o que ajudou a retomar parcialmente o otimismo nos mercados. Ainda, Estados Unidos e Irã avançaram em negociações para um acordo nuclear.
Nos indicadores, a inflação ao consumidor americana veio abaixo das expectativas e com composição benigna. Do lado da atividade, as vendas no varejo e produção industrial vieram estáveis em abril.
No Brasil, Banco Central divulgou ata do Copom, que trouxe poucas novidades ao comunicado apresentado na última semana, sinalizando que a alta de juros chegou (ou está chegando) ao fim.
O setor de serviços registrou recuo no 1° trimestre, após sete trimestres de alta. Por outro lado, o setor varejista apresentou recuperação, após os dados fracos no fim de 2024.

Tudo sobre as tarifas de Trump
Gráfico da Semana
Veja na seção “Acordo comercial é selado entre Estados Unidos e China” do Cenário Internacional

Cenário Internacional
Acordo comercial é selado entre Estados Unidos e China
Os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir as tarifas bilaterais por um período inicial de 90 dias. Os Estados Unidos reduziram as alíquotas aplicadas à China para 30% (de 145%), enquanto Pequim cortou para 10% (de 125%). O acordo ajuda a sustentar o otimismo quanto a um arrefecimento da recente disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo, que ameaça as perspectivas de crescimento global.
A medida foi formalizada após negociações no fim de semana e sinaliza uma tentativa de reaproximação entre os dois países. Em entrevista coletiva, o Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou que “o consenso entre ambas as delegações é de que nenhum dos lados deseja um rompimento nas relações comerciais”. Com isso, o índice-dólar – que visa medir a força da moeda norte-americana em relação a uma cesta de moedas – voltou a superar os 101 pontos, maior valor em um mês.
Por fim, Trump anunciou que irá impor novas tarifas contra os demais parceiros comerciais, sinalizando que “há 150 países querendo fazer um acordo, mas não temos como atender todos”.
Acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã tem avanço significativo
De acordo com Donald Trump, Estados Unidos e Irã estão próximos de fechar um acordo nuclear, após Teerã “concordar com os termos”. O acordo prevê a interrupção do programa nuclear iraniano, em troca do fim de sanções e isolamento comercial do Irã. Dessa forma, houve um alívio na percepção de risco na região, que vinha se intensificando desde que os Estados Unidos se retiraram do acordo original, no primeiro mandato do atual presidente.
Confiança do consumidor cede consideravelmente nos Estados Unidos após guerra comercial
A confiança do consumidor nos Estados Unidos recuou de 52,2 para 50,8 pontos em maio, bem abaixo das expectativas, e o segundo menor valor da série histórica. Trata-se de um reflexo da guerra comercial entre Estados Unidos e China, já que a pesquisa foi feita antes das duas partes entrarem em acordo.
Ademais, a expectativa para a inflação no próximo ano, por sua vez, subiu para 7,3%, o maior valor desde 1981, já que se esperava um aumento significativo de preço nos produtos antes do acordo comercial.
Inflação nos Estados Unidos vem abaixo do esperado
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,2% em relação a março, abaixo das expectativas do mercado de 0,3%. No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou para 2,3%. Participantes do mercado interpretaram os números como um sinal verde para o Federal Reserve (banco central dos EUA) cortar as taxas de juros caso a economia desacelere no futuro.
Por sua vez, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,5% em relação a março, abaixo das expectativas de mercado de 0,2%. Em 12 meses, a inflação desacelerou para 2,4%. O núcleo de PPI – que exclui os itens mais voláteis – veio em -0,4% na comparação mensal, também abaixo do esperado.
Vendas no varejo e produção industrial nos Estados Unidos ficam estáveis
As vendas no varejo expandiram 0,1% na comparação mensal, após crescimento de 1,7% em março, indicando que o movimento para se antecipar as tarifas perdeu força. Já a produção industrial não mostrou avanço, contra as expectativas de mercado de 0,2%, reflexo da incerteza na economia.
Vale pontuar que, desde que a guerra comercial se intensificou, os indicadores de atividade econômica seguem em moderação, mas não indicam recessão, ao passo que índices de inflação têm se comportado bem no curto prazo. No geral, o cenário é consistente com nossa visão de que, se o Fed cortar os juros em 2025, será, no máximo, por duas vezes.
Enquanto isso, no Brasil...
Ata do Copom reitera necessidade de cautela, sem sinalizar os próximos movimentos
O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou a ata de sua última reunião, com elementos que indicam que a política monetária restritiva está tendo efeito, mas que “os vetores inflacionários seguem adversos”. Em relação aos riscos para a inflação, foi destacada a incerteza no cenário externo, por conta da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que podem impactar o crescimento econômico, inflação e decisões de juros nos países desenvolvidos.
Por fim, a nota reiterou a necessidade de cautela por conta da incerteza, sugerindo que o atual cenário prescreve juros elevados por mais tempo. Em nossa visão, as pressões inflacionárias domésticas acabarão por convencer o Copom a realizar um último aumento de 0,25 p.p. na próxima reunião, levando-a para 15,00%.
Taxa de câmbio volta ao patamar de R$ 5,70, após ficar abaixo de R$ 5,60
A moeda norte-americana mostrou alta volatilidade nessa semana. Após a divulgação da ata do Copom, que indicou que a taxa Selic deve ficar em patamar elevado por mais tempo, o câmbio chegou a ser negociado a R$ 5,59, o menor valor no ano. Entretanto, com os ruídos sobre a situação fiscal, a cotação voltou a depreciar, chegando a R$ 5,70, devolvendo toda a apreciação do real na semana.
A Pesquisa Mensal de Serviços mostrou recuo no 1° trimestre, após sete trimestres de alta
A receita real do setor de serviços avançou 0,3% em março na comparação com fevereiro, em linha com as expectativas (XP e mercado: 0,5%). Apesar disso, o indicador recuou 0,2% no 1º trimestre de 2025 ante o 4º trimestre de 2024, registrando a primeira queda trimestral desde o 1º trimestre de 2023. Os dados do setor de serviços de março (e do 1º trimestre de 2025) reforçam nosso cenário base de enfraquecimento gradual da atividade doméstica. Ainda assim, destacamos os fatores de sustentação da atividade, como o mercado de trabalho robusto (especialmente o crescimento contínuo da massa salarial) e as medidas de estímulo de curto prazo.
Vendas no varejo se recuperam no 1º trimestre, após dados fracos no fim de 2024
As vendas no varejo ampliado cresceram 1,9% em março na comparação mensal, levemente abaixo das expectativas (XP: 2,3%; Mercado: 2,1%). Enquanto isso, as vendas no varejo restrito - que exclui as categorias de 'Veículos", "Materiais de Construção" e "Atacado especializado em Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo" - cresceram pelo terceiro mês consecutivo (efetivo: 0,8% M/M; XP e Mercado: 1,0%). A abertura setorial mostrou que 8 das 10 atividades cresceram na comparação mensal.
A trajetória de crescimento do consumo das famílias não será revertida de forma abrupta. Reiteramos nossa visão de que os gastos pessoais com bens irão desacelerar de forma gradual este ano. De um lado, a inflação mais alta e a política monetária contracionista devem pesar. De outro, o mercado de trabalho segue robusto – a massa salarial real deve crescer cerca de 4,0% em 2025 – e medidas recentes anunciadas pelo governo devem sustentar a demanda interna. Assim, projetamos que o índice de varejo ampliado crescerá 2,5% em 2025, após um aumento de 3,7% em 2024.
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Destaques da próxima semana
No cenário internacional, agenda de poucos indicadores. Destaque para os índices PMIs nos Estados Unidos e na Zona do Euro – trata-se de sondagens com empresas sobre as suas percepções sobre custos, demanda e receitas.
No Brasil, o principal evento econômico será a apresentação do Relatório Bimestral de Receita e Despesas pelo governo. Em termos de indicadores, o Banco Central divulgará o IBC-BR de março, para o qual esperamos desaceleração no acumulado em doze meses.
