Você pode não ter ouvido falar da curva de Phillips, mas, sem dúvidas,já sentiu seu impacto. Trata-se da relação inversa entre desemprego e inflação no curto prazo. Em resumo, seria o quanto a queda ou aumento do desemprego na população impacta na dinâmica de preços.
Vale a pena entender essa teoria para saber como mudanças no mercado afetam seu dinheiro — e como investir melhor seu capital em diferentes contextos. Saiba tudo o que precisa neste artigo completo sobre a curva de Phillips.
<h2> O que é a curva de Phillips?
Curva de Phillips é uma teoria macroeconômica que mostra a relação entre desemprego e inflação no curto prazo. Basicamente, serve para demonstrar o quanto a população perder ou ganhar um emprego pode interferir no balanço de preços do mercado.
À primeira vista, o raciocínio é que a alta do desemprego resulta em uma alta da inflação, mas não é bem isso — ao menos no curto prazo — que A. W. Phillips, o criador da teoria, demonstrou na década de 60.
O economista neozelandês pegou dados do Reino Unido, de 1861 até 1957, para provar que a relação entre desemprego e inflação é inversa, ou seja, quanto maior é a geração de empregos, mais os preços sobem — e o mesmo ocorre ao contrário.
A teoria da curva de Phillips funciona?
Se você pensar bem, esse é um raciocínio lógico, visto que o mercado se baseia na lei da oferta e demanda. Quando há expansão do emprego, a demanda aumenta mais do que a oferta e, consequentemente, os preços sobem. Em contrapartida, quando as pessoas perdem o emprego, elas tendem a consumir menos, então, a oferta fica maior que a demanda, e os preços reduzem.
Contudo, boa parte dos economistas concorda que essa teoria se aplica apenas no curto prazo, e a curva de Phillips passou por algumas mudanças ao longo do tempo, chegando à teoria da curva de Phillips aceleracionista.
De todo modo, conhecer essa teoria é essencial não apenas para conseguir entender o funcionamento da economia, mas também na hora de escolher seus investimentos. Se você pretende aplicar seu dinheiro em um título atrelado à inflação, por exemplo, é essencial entender os fatores que afetam sua rentabilidade!
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O que é a inflação no Brasil?
A inflação é o aumento generalizado dos preços de produtos e serviços na sociedade.
Sabe quando você vai ao mercado e volta com menos produtos do que antes, mesmo com a mesma quantidade de dinheiro? Então! Na prática, significa que houve uma alta de preços — eles inflacionaram — e o seu dinheiro vale menos do que antes.
Se o país teve uma inflação de 12% em 12 meses e você tinha R$ 100 guardados em um cofre, por exemplo, é como se você tivesse R$ 88 dentro de um ano.
Existem diferentes tipos de inflação, mas podemos destacar três que costumam causar um impacto grande na economia:
- Inflação de demanda: é a alta de preços causada quando a demanda aumenta, mas a oferta não acompanha — que é o caso explicado na curva de Phillips. Nesse caso, a população tem mais dinheiro para gastar, mas não tem disponibilidade de produtos/serviços o suficiente para suprir, causando o aumento dos preços para o mercado dar conta de atender à demanda.
- Inflação estrutural: é a elevação dos preços em decorrência de problemas na infraestrutura e na cadeia produtiva do país.
- Inflação de oferta: é a subida dos preços devido ao aumento dos custos de produção (água, energia, matéria-prima, tributação, entre outros). Por exemplo, quando ocorre a alta do preço do petróleo, a inflação do mercado tende a subir. Inclusive aqui, também podemos trazer a curva de Phillips, já que, quando as empresas contratam mais, elas também aumentam seu custo de produção.
Saiba sobre o que é inflação e como ela pode te impactar
O que provoca a inflação?
Existem diversos fatores que podem causar a inflação. Contudo, no geral, podemos dizer que a variação dos preços é o resultado de desequilíbrios entre oferta e demanda. Quando existe mais oferta do que demanda, os preços tendem a baixar, e vice-versa.
Outro fator que influencia diretamente na alta dos preços é o aumento dos custos, e isso pode ser devido ao aumento dos salários, custos de produção, impostos, dentre outros elementos. Nesse caso, não necessariamente houve aumento na demanda, mas os ofertantes precisaram aumentar os preços para manter a operação.
Ademais, a falta de concorrência pode afetar a inflação. Por exemplo, em regiões dominadas por oligopólios e cartéis, o poder de compra fica nas mãos de poucas pessoas e elas controlam os preços, podendo aumentá-los livremente conforme seus interesses.
Qual é a relação entre desemprego e inflação?
Pela curva de Phillips, existe uma relação inversa entre desemprego e inflação. Como vimos, o aumento do emprego tem relação com dois tipos de inflação: de oferta e de demanda.
Na inflação de oferta, as empresas têm a necessidade de contratar mais pessoas para poder manter sua operação. Contudo, isso não necessariamente possui relação com o aumento da demanda. Pode acontecer, por exemplo, de surgir uma nova exigência no mercado, como foi o caso da contratação de profissionais do ramo de tecnologia, e a empresa precisa se adequar.
Já a inflação de demanda pode ser o resultado do aumento da empregabilidade. Naturalmente, se as pessoas estão mais empregadas, elas consomem mais, aumentando a demanda pelas mercadorias e, consequentemente, os preços.
É isso o que a curva de Phillips mostra:
No gráfico, é possível observar que a inflação aumenta conforme o desemprego reduz. No entanto, com o tempo, essa variação diminui.
Por que entender sobre a curva de Phillips ao investir?
Além da curva de Phillips ser importante para entender como funciona a economia, compreendê-la é fundamental para quem quer investir em aplicações atreladas ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
IPCA é o índice oficial de inflação da economia brasileira. Ele serve como referência para saber a variação dos preços dos produtos.
Existem diversos investimentos de renda fixa atrelados ao IPCA. Geralmente, essas aplicações são híbridas, ou seja, têm uma parte pré-fixada (alguma taxa) e outra pós-fixada (IPCA). Dizemos pós-fixada quando a rentabilidade está ligada a algum indicador e não tem como prever o valor final.
Quais são os investimentos atrelados ao IPCA?
Um exemplo de investimento assim é o Tesouro IPCA +. São aplicações atreladas ao índice com uma taxa de juros adicional, como é o caso do Tesouro IPCA 2026. Alguns LCIs, LCAs e fundos de investimentos também utilizam o indicador como referência.
Trata-se de um tipo de investimento interessante, principalmente em economias com tendência à alta inflação, porque o investidor sabe que, no mínimo, superará a inflação sem perder o capital alocado.
Nesse caso, é fundamental entender a curva de Phillips para saber o momento certo para começar ou parar de investir nesse tipo de aplicação, além de compreender sua rentabilidade final.
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O que é a curva de Phillips aumentada de expectativa?
Conhecida também como curva de Phillips aceleracionista ou curva de Phillips modificada, a curva de Phillips aumentada de expectativa trata de uma atualização da teoria original de A. W. Phillips.
Ela foi proposta devido às mudanças provocadas pela globalização e crescimento do comércio internacional, de modo que, hoje, é possível que a empregabilidade da população não necessariamente cause a inflação, e vice-versa.
Afinal, atualmente, os preços dos produtos não são determinados somente como resultado da demanda interna, mas também pelos preços do mercado internacional.
O que diferencia a curva de Phillips de curto e longo prazo?
Basicamente, a curva de Phillips de curto prazo considera somente o resultado direto do aumento da empregabilidade ou desemprego na inflação, enquanto a curva de Phillips de longo prazo avalia outros fatores, além da questão do quanto a população está empregada ou não.
Um desses fatores é, por exemplo, a especulação do mercado com relação ao desemprego ou inflação. Se o governo anuncia que a expectativa para inflação é alta no ano, os empregadores podem tomar suas decisões de contratação com base nisso sem, necessariamente, ter o aumento dos preços.
Mesmo que a atualização da teoria torne-a um pouco mais complexa, ela fica mais coerente com a realidade atual do mercado, afinal, a curva de Phillips foi elaborada há mais de 80 anos!
Qual a complementaridade entre a curva de Phillips e a Lei de Okun?
A lei de Okun, criada pelo economista Arthur Okun na década de 50, é uma teoria que indica a relação inversa entre desemprego e Produto Interno Bruto (PIB).
Basicamente, isso significa que quanto maior o PIB (soma de todos os bens e serviços produzidos por um país), menor é o desemprego. Essa teoria foi elaborada para saber qual deveria ser o crescimento de um país para o desemprego cair para um ponto percentual.
Nesse caso, seguindo a Lei de Okun, se a economia de uma nação cresce, o desemprego reduz. Quando isso acontece, de acordo com a curva de Phillips, a inflação também aumenta. Ou seja, em teoria, quando a economia aquecer, a inflação tende a subir.
Ambas as teorias passaram por atualizações, não sendo possível ter uma conclusão tão direta assim, mas, de todo modo, elas servem como referência para entender a macroeconomia.
Curva de Phillips e estagflação
Desde os anos 1970, o conceito principal usado na relação entre inflação e desemprego passou a ser a estagflação.
Nesse tipo de inflação, mesmo a economia estagnada — e, como resultado, com mais pessoas sem emprego, os preços continuam subindo. Esse é um caso comum em situações de crises econômicas.
O que é estado de estagflação?
Estado de estagflação é quando não ocorre o aumento da demanda e, consequentemente, nem da oferta, mas a inflação continua crescente. É um estado comum em situações de crises econômicas graves.
Onde investir durante na estagflação?
Para se proteger da estagflação, o ideal é ter uma carteira de investimentos variada conforme seu perfil investidor.
Nesse caso, investimentos atrelados ao IPCA são interessantes porque você consegue proteger seu capital da desvalorização. No entanto, vale a pena estudar outros tipos de aplicações de renda fixa e variável para atender sua demanda. Por isso, para encontrar o investimento ideal, não deixe de conhecer nossa trilha sobre como começar a investir e comece já a estudar sobre investimentos!
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