Como amplamente esperado, o Banco Central, em mais uma reunião de seu Comitê de Política Monetária (Copom), elevou a taxa Selic em 1,5 p.p. para 7,75% ao ano, subindo pela sexta vez no ano os juros básicos brasileiros. Trata-se do maior patamar da taxa Selic desde 2017.
E como fica a Bolsa?
As recentes notícias sobre a flexibilização do teto de gastos, inflação mais alta e juros subindo indicam que estamos caminhando para um equilíbrio Macroeconômico que já vimos no passado. Como o nosso estrategista-chefe, Fernando Ferreira, falou: "não adianta dourar a pílula". A subida de juros tem impactos relevantes na Bolsa brasileira de quatro maneiras: 1) aumenta o custo de dívida das empresas, 2) aumenta o custo de capital, 3) compete por fluxos de investimentos para renda fixa, e 4) levam à uma contração na demanda.
Momentos de crise como o atual exigem que tenhamos cautela – com controle de exposição a risco e diversificação – mas também que possamos olhar para eles pelas oportunidades que nos trazem de fazer bons investimentos a preços mais atrativos.
Ações pagadoras de dividendos ainda superam taxa de juros; saiba quais são elas
Apesar da alta na taxa Selic, de 6,25% para 7,75% ao ano, as ações conhecidas por distribuir bons e recorrentes dividendos ainda superam a taxa básica de juros.
Nesse sentido, os rendimentos de dividendos acima da taxa de juros para algumas empresas são vistos como uma boa oportunidade pois os investidores possuem uma “garantia” de retorno, além de seus possíveis ganhos com a performance da ação. Ou seja, além da possibilidade de ganho de capital, o investidor conta também com uma rentabilidade adicional na forma de proventos.
Dessa forma, listamos as 15 ações da nossa cobertura que podem pagar um dividend yield (rendimento dos dividendos) acima de 7,75% ao ano. Confira:
Entenda melhor as maiores pagadoras de dividendos da nossa cobertura:
CSN Mineração (CMIN3) - Compra
Setor de atuação: Mineração
Mesmo com a forte queda dos preços de minério de ferro no segundo semestre e a estabilização da commodity no patamar de US$120 por tonelada, ainda acreditamos que as ações de CSN Mineração poderão render altos dividendos aos seus acionistas. Apesar da commodity abaixo dos níveis recordes do início do ano, vemos a companhia como uma forte geradora de caixa. Mantemos nossa recomendação de Compra com base em nossa expectativa de níveis saudáveis para os preços do minério de ferro no futuro, fortes dividendos e seus projetos de expansão. Para a mineradora, estimamos um dividend yield de 15,5% em 2022.
Banco do Brasil (BBAS3) - Compra
Setor de atuação: Financeiro
O banco combina: i) preço atrativo, pela sua carteira de crédito defendida e pela soma das partes atraente; e ii) uma frente digital competitiva. Acreditamos que a distribuição de dividendos do banco deve se tornar relevante, pois o banco deve aumentar seu payout em um cenário de: i) maior capitalização; ii) recuperação de lucros; iii) Previ I com superávit de R$ 22 bilhões; e iv) um atrativo 0,6x P/VP. Estimamos um payout de 60% em 2022 e vemos um dividend yield de 14,8%. Temos recomendação de Compra para Banco do Brasil e preço-alvo de R$ 52/ação.
Engie (EGIE3) - Neutro
Setor de atuação: Geração de energia elétrica
A Engie Brasil se destaca por sua capacidade diferenciada de se proteger de efeitos hidrológicos adversos, somada a sua diversificação de portfólio com a entrada nos setores de transmissão de energia e transporte de gás. A administração da companhia tem um compromisso de payout mínimo de 55% do lucro líquido ajustado. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos superior. Apesar do cenário hidrológico de estresse em 2021 a companhia apresentou até agora um payout de 100% no ano. Com isso, estimamos um dividend yield 11,2% em 2022. Temos recomendação neutra em EGIE3 com preço-alvo de R$ 48/ação.
Bradesco (BBDC4) - Neutro
Setor de atuação: Financeiro
O banco combina: i) uma fonte diversificada de receitas, incluindo a maior seguradora do Brasil em market share; ii) a terceira maior carteira de crédito; iii) maior espaço para corte de custos do que o Itaú e Santander; e iv) sinergia entre seus negócios. Embora o banco tenha mostrado esforços em iniciativas como o banco Next, Ágora e Cielo, acreditamos que não haja claras oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, tornando atrativa a distribuição de dividendos. Estimamos um payout de 75% em 2022 e vemos um dividend yield atrativo de 10,6% em 2022. Temos recomendação Neutra para o Bradesco e preço-alvo de R$ 26/ação.
TAESA (TAEE11) - Neutro
Setor de atuação: Geração de energia elétrica
Vemos a posição da Taesa como confortável para manter a distribuição de 100% de payout. De acordo com o Estatuto Social da Companhia, o dividendo anual mínimo distribuído é de 50% do lucro líquido ajustado do exercício. Entretanto, a companhia tem apresentado um histórico de pagamento de dividendos bem acima da remuneração mínima que consta em seu Estatuto. Estimamos um dividend yield de 9,8% em 2022 para TAEE11. Mantemos nossa recomendação neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 37/unit.
Porto Seguro (PSSA3) - Neutro
Setor de atuação: Financeiro
Embora reconhecermos as qualidades da empresa: i)a alavancagem à recuperação econômica; e ii) o trabalho feito em tecnologia/despesas, esperamos que a sinistralidade deve seguir crescendo gradualmente com a retomada da atividade econômica, assim impactando seus resultados. Portanto, temos recomendação de Neutra para a Porto Seguro com preço-alvo de R$ 57/ação, no entanto vemos um dividend yield atrativo de 9,6% em 2022.
Itaú Unibanco (ITUB4) - Neutra
Setor de atuação: Financeiro
O banco combina: i) investimentos de qualidade, com boa gestão e governança que se traduzem em menor beta; e ii) um payout historicamente acima da média do setor. Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Estimamos um payout de 80% em 2022 e vemos um dividend yield de 9,4%. Temos recomendação Neutra para Itaú e preço-alvo de R$ 28/ação.
Copel (CPLE6) - Compra
Setor de atuação: Geração de energia elétrica
De acordo com a política de dividendos da companhia as propostas de proventos regulares serão calculadas conforme os critérios: (i) alavancagem abaixo de 1,5x = 65% do Lucro Líquido Ajustado, (ii) alavancagem entre 1,5x e 2,7x = 50% do Lucro Líquido Ajustado e (iii) alavancagem acima de 2,7x = 25% do Lucro Líquido Ajustado. Com isso, estimamos um dividend yield de 9,6% em 2021-22 para CPLE6. Mantemos nossa recomendação de Compra nas ações da Copel, com um preço-alvo de R$ 7,5/ação para CPLE6 e R$ 37,50/unit para CPLE11.
Santander (SANB11) - Venda
Setor de atuação: Financeiro
Apesar de o Santander ser o banco com menor diversificação de receita entre os incumbentes, apresenta uma combinação de: i) alta exposição ao crédito de varejo; e ii) níveis de inadimplência relativamente abaixo da média. Acreditamos que, enquanto não haja boas oportunidades para o banco empregar grandes quantidades de capital incremental com taxas de retorno altas, a distribuição de dividendos pode ser uma alternativa atrativa. Estimamos um payout de 75% em 2022 e vemos um dividend yield de 9,3%.
Cyrela (CYRE3) - Compra
Setor de atuação: Construção Civil
Depois de ter reportado dados operacionais sólidos de vendas e lançamentos no 3T21, acreditamos que a empresa pode reportar também um bom resultado financeiro no trimestre apesar das pressões de custos, especialmente em relação ao preço do aço. A Cyrela tem conseguido repassar os custos para o preço final sem perda de margem bruta e deve permanecer em níveis saudáveis no 3T21, segundo nossas estimativas. Além disso, vemos uma combinação positiva de I) valuation descontado, negociando a 1,0x P/PV em 2021; II) dividendos atrativos (9,2% de dividend yield) e potencial de crescimento interessante lembrando que a empresa já lançou R$4,5 bilhões em 9M21 R$ vs. R$ 3 bilhões em 9M20 (+53% A/A) e deve continuar nesse ritmo no 4T21.
Entenda mais sobre os dividendos:
O que são dividendos?
Dividendos são uma parte do lucro de uma determinada empresa que é distribuído aos seus acionistas.
De acordo com a Lei das S.A., as empresas de capital aberto têm que distribuir no mínimo 25% dos seus lucros a acionistas.
Tal lucro também pode ser distribuído na forma de Juros Sobre Capital Próprio (JCP). Esta é uma forma diferente de distribuir os lucros de uma empresa entre os seus acionistas.
Qual é a diferença entre dividendos e Juros sobre Capital Próprio?
O JCP é tributado em 15% pela Receita Federal na data do depósito, enquanto dividendos são isentos de tributação.
Como funciona a distribuição de dividendos?
Primeiro, o Conselho de Administração da companhia verifica se a empresa obteve lucro ao longo do exercício para distribuir uma parte aos acionistas.
Em afirmativo, a empresa deve deliberar sobre os dividendos a distribuir, e informar publicamente os valores e datas de pagamento.
A periodicidade de pagamento de dividendos varia de empresa para empresa, podendo ser mensal, trimestral ou anual.
O que é dividend yield?
O cálculo do dividend yield é feito com base na divisão do valor esperado em dividendos pelo preço das ações.
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