Preparando para a retomada
Para começar o nosso panorama deste mês, relembramos os eventos mais relevantes do mês de maio. O mês de maio foi marcado pela intensificação das três principais crises discutidas ao longo dos últimos meses desde o início da pandemia: Saúde, Econômica e Política. O Índice Ibovespa subiu +8,6% no mês, o que se compara a +4,5% dos índices S&P500 e +3,0% do Euro STOXX 600, ambos em dólar.
- Saúde: Apesar de relativa melhora no cenário global em relação à pandemia, com curvas de novos casos e fatalidades reduzindo em vários países, reabertura da atividade econômica e notícias sobre potenciais vacinas ao longo do mês, o cenário do Brasil continuou alarmando as manchetes internacionais. Em maio, o Brasil ultrapassou a Rússia e se tornou-se o segundo país do mundo com mais casos confirmados de coronavírus (363 mil), atrás somente dos Estados Unidos (1,6 milhão). Por outro lado, após a publicação do nosso modelo open-source de projeção do coronavírus, refizemos a leitura de fatalidades totais como um percentual da população e o Brasil aparece com uma curva mais baixa em relação a outros países, sejam eles desenvolvidos como Europa e os EUA ou emergentes. Ou seja, a situação do Brasil é sim bastante crítica, porém o tamanho da população tem de ser levado em conta na análise.
- Economia: O COPOM cortou a taxa Selic para 3%a.a. e sinalizou de pelo menos mais um corte pela frente – esperamos mais um corte de 75 pontos-base na próxima reunião de junho, chegando ao patamar de 2,25%a.a. No escopo de atividade econômica, o mês de março foi mais negativo do que o esperado (mesmo com as medidas de isolamento social não atingindo o mês em cheio), mas os indicadores de confiança e de PMI disponíveis até o momento têm sugerido que os piores impactos econômicos da pandemia podem ter ficado concentrados em abril. Por outro lado, a fragilidade apresentada pelo mercado de trabalho em abril teve seus impactos amenizados pelas medidas anunciadas pelo governo e deve apresentar deterioração mais significativa nos próprios meses. Por fim, a economia brasileira apresentou uma retração de -1,5% no primeiro trimestre de 2020 na comparação com o último trimestre de 2019.
- Política: Após a saída de três importantes ministros do Governo (dois na Saúde e o ministro Sérgio Moro na Justiça) o foco se concentrou nos desdobramentos da divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, que foi tornado público pelo Supremo Tribunal Federal na penúltima semana de maio. O tão aguardado vídeo não pareceu ter trazido um forte indício por parte do Presidente da República de querer intervir diretamente na Polícia Federal para benefício próprio, como havia sido divulgado após a saída do ex-Ministro Sergio Moro. Dessa forma, o mercado recuperou fortemente, e a Bolsa fechou em alta do dia seguinte à divulgação do vídeo (+4,2%), enquanto o Real subiu +1,6% contra o Dólar, fechando em 5,44, após chegar próximo de 6 há duas semanas. Isso porque o mercado passou a acreditar que diminuem as chances de um possível afastamento do Presidente à frente, segundo análise do nosso time político (veja mais aqui).
Além disso, vimos as tensões entre EUA e China voltarem a se elevar, o que muitos já chamam de uma possível nova Guerra Fria entre as duas superpotências. A China aprovou nesta semana uma lei de segurança nacional que amplia seu controle sobre Hong Kong, apesar de clara oposição dos EUA à medida. Em pronunciamento, o presidente americano Donald Trump afirmou que o status especial concedido à região autônoma em 1992 deve ser revogado, o que levaria a perda de benefícios comerciais para a região, e sinalizou potenciais sanções a autoridades chinesas. Com a eleição presidencial americana no horizonte, espera-se que os líderes dos EUA continuem com posicionamento firme nas relações com a China, que, por sua vez, não parece estar disposta a permanecer inerte frente às provocações.
No entanto, uma ruptura entre as duas maiores economias mundiais parece um cenário negativo demais nesse já delicado momento que ambos países enfrentam na seara econômica. A reiteração do compromisso ao acordo comercial pelo premier Li Keqiang, por exemplo, é mostra de que existe tentativa de evitar isso. Sendo assim, no longo prazo, as relações entre os países podem chegar a um novo equilibro.
O que esperar do mercado em junho
Olhando para frente, esperamos mais um mês de noticiário conturbado no Brasil, mas com contínua melhora em relação aos meses anteriores, na medida que nossos estudos indicam que o começo de junho poderia ser o pico dos casos coronavírus no país. Na política, o mês de junho começa com o acirramento das tensões entre a Presidência da República e o Supremo Tribunal Federal, deflagradas com a divulgação da gravação da reunião ministerial, e com a operação da Polícia Federal no inquérito sobre fakenews que mira aliados do presidente.
Enquanto isso, o Legislativo ainda precisa concluir a votação das medidas provisórias que instituíram os programas de auxílio à manutenção dos empregos formais, e deve ganhar força a discussão sobre a prorrogação do auxílio aos trabalhadores informais. Importante também dedicar atenção às discussões setoriais no Congresso, que tem na agenda temas relacionados aos setores financeiro e da saúde suplementar.
Quando olhamos o gráfico do Ibovespa em dólar desde 1992, acreditamos que muitas dessas questões já estejam no preço, enquanto as empresas da bolsa se encontram em boa situação financeira, no geral. Porém, a questão macroeconômica continua sendo a principal fonte de preocupação.
Nosso time econômico revisou o PIB de 2020 de -1,9% para -6,0%, mantendo o crescimento em 2,5% para 2021, apesar de reconhecermos que a velocidade da retomada dependerá do sucesso no combate ao vírus e da efetividade das políticas públicas adotadas no curto prazo. Vale destacar que as medidas fiscais anunciadas pelo governo, apesar de apontarem na direção correta, mostraram-se mais limitadas em alcance e tempestividade.
Nesse mês, fizemos três mudanças na nossa Carteira Top 10 XP, veja mais abaixo. Além disso, mantemos o nosso target (preço alvo) para o Ibovespa em 94,000 pontos ao final de 2020 inalterado.
Sentimento negativo entre os estrangeiros – é hora de comprar?
Fizemos uma série de reuniões com investidores estrangeiros na última quinzena de maio, e vimos que o sentimento com Brasil está negativo, o que fica evidenciado pela saída de R$77 bilhões de investidores estrangeiros na B3 em 2020.
Ao invés de desespero, vemos esse enorme consenso como potencialmente positivo para os preços de ativos daqui para frente.
De fato, todo o cenário traçado até agora não é positivo, mas também não é mais uma novidade. As três crises são graves e preocupantes, e os seus impactos são sem precedentes em grande parte. Porém, as expectativas hoje em relação ao Brasil já estão muito baixas. O Brasil já tem a pior Bolsa e a pior moeda do mundo em termos de performance em 2020. Qualquer melhora marginal já pode trazer bons retornos aos ativos brasileiros (ações, juros e câmbio).
Além disso, as expectativas de Lucros do Ibovespa para 2020-21 já reduziram em -47% e -15% desde março, indicando que o mercado já passou a precificar uma boa parte dos impactos da crise. Como exemplo disso, 38% dos resultados do 1º trimestre vieram em linha com as expectativas do consenso.
Mesmo com o rally das últimas semanas, o Brasil ainda continua sendo a pior Bolsa e pior moeda do mundo em performance em 2020. Mind the gap…
Sentimento otimista entre os investidores locais
Nos últimos dias realizamos uma nova edição da nossa pesquisa com os assessores de investimento de escritórios autônomos filiados à XP Investimentos. A conclusão é que os assessores de investimentos seguem acreditando na bolsa de valores como oportunidade de compra.
A pesquisa mostrou que 54% dos clientes pretendem aumentar sua exposição em renda variável, 6 pontos acima do mês de abril (48%). Também aumentou o interesse em investimentos internacionais, que saltou para 72% em maio, vs. 58% em abril.
Os assessores enxergam cenário econômico global como o maior propulsor para a Bolsa em 2020 (29%), e o maior risco continua sendo a política brasileira (41%, queda vs. 56% em Abril), seguido pela desaceleração global (29%).
Dividendos: Bolsa mais atrativa no cenário atual de juros baixos
No fim de janeiro deste ano, havíamos mencionado que em 2019, observamos que pela primeira vez, excluindo o período de 2012-13, o rendimento dos dividendos das empresas do Ibovespa menos os juros reais se tornou positivo. Ou seja, antes de 2019, os investidores, não recebiam um rendimento dos dividendos das ações que fosse superior à renda fixa.
O cenário mudou completamente de lá para cá, mas este ponto particularmente não. Apesar da redução das estimativas dos lucros das empresas neste ano e consequentemente, do pagamento dos dividendos (em 24% até o momento), os juros continuaram em queda. Portanto, essa relação rendimento dos dividendos menos juros reais continua positiva, o que que mostra a atratividade tanto da bolsa quanto dos bons pagadores de dividendos.
Nos últimos 12 meses, 32% das ações do Ibovespa pagaram dividendos e JCP (juros sobre capital próprio) acima de 3% de rendimento, superior à taxa Selic atual. Porém, não é surpresa que o cenário de curto prazo é desafiador, e com isso, a discussão sobre pagamentos de dividendos tem se intensificado.
Olhando as ações que pagaram dividendos e JCP acima de 4% nos últimos 12 meses, destacamos Cyrela, BB Seguridade, Itausa, Taesa, MRV, BR Malls, Santander, Bradesco, CCR, Itaú, Bradesco, B3, Fleury e Klabin, mas há possibilidade de alterações para frente.
De fato, em abril, o Conselho Monetário Nacional (CMN), através da resolução 4.797: i) vedou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio acima do mínimo requerido de 25%; ii) proibiu a redução de capital pelos bancos; e iii) proibiu o aumento da remuneração de administradores e conselheiros.
A medida tem como objetivo a preservação do capital pelos bancos para que possam conceder crédito e ter base para absorção de eventuais perdas e estará em vigor até o dia 30 de setembro.
Isso significa que o corte total dos dividendos dos bancos em relação à 2019 pode ser de 53%. Apesar disso, já era esperado que bancos tenderiam a ser conservadores ao distribuir dividendos nesse momento de incerteza de qualquer maneira e os dividendos de 2020 representam uma pequena parte do valor dos bancos sob nossa cobertura.
O que mais chama atenção com tais medidas de controles de dividendos é o que elas dizem sobre o caminho futuro dos mercados de ações. Porém, em um mundo de juros baixos (que agora também faz parte da realidade do Brasil) e sem rendimento, o rendimento médio dos dividendos da bolsa ainda supera os juros reais, como mencionamos acima. Por outro lado, vale observar a concentração dos pagamentos entre alguns setores e ações. Apenas onze ações (de oito empresas) geraram 81% da receita de dividendos do Brasil nos últimos doze meses.
Top 10 ações XP
Em maio, nossa carteira Top 10 ações XP subiu +3,6%, contra +8,6% do Ibovespa. As principais movimentações do mês foram:
Banco do Brasil: Apesar de a performance da ação ter sido similar à do índice neste mês de maio (+8,2%), reiteramos nossa recomendação de compra no Banco do Brasil com base em três pilares principais: i) carteira de crédito mais defendida, com mais de 40% da carteira nos segmentos de agronegócio e consignado; ii) deve ser beneficiada em 2020 por fatores não dependentes da economia, como redução de provisões operacionais e custo de captação mais barato via depóstios judiciais; e iii) valuation descontado, com o banco sendo negociado hoje a 0.8x seu valor patrimonial e menos de 5x seu lucro em 2019. Por fim, acreditamos que o banco possua liquidez e esteja solvente, especialmente importante no atual momento de cenário.
Cesp: As ações da Cesp tiveram alta de 1,5% no mês de maio, ilustrando a resiliência e estabilidade da companhia, pertencente ao segmento de geração de energia e com elevada contratação de seu portfólio nos próximos anos junto a clientes de baixo risco no mercado livre de energia (ACL). Mantemos o nome na carteira para o mês de Junho e nossa recomendação de Compra com preço-alvo R$ 34/ação. Acreditamos que as ações oferecem um risco-retorno atrativo a investidores, considerando (1) as melhorias de custo desde a privatização da empresa em outubro de 2018, com uma redução de –52% em no número de funcionários e -18% nos custos gerenciáveis (pessoal, materiais e serviços) desde então, (2) contratação de 113% de sua capacidade de geração em 2020-2021, o que consideramos atrativo diante da queda dos preços da energia no curto prazo (spot), (3) a redução contínua do valor dos contingentes passivos após a revisão da estratégia jurídica da empresa desde sua privatização (com uma redução de R$ 1,5 bilhão alcançada em 2019), que acabará por destravar maior distribuição de dividendos no futuro e (4) o risco-retorno implícito no preço atual das ações, que acreditamos não levar em conta em conta nenhuma entrada de recursos referentes ao valor incontroverso da indenização da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos.
JBS: A queda de -7,8% nas ações pode ser explicada em grande parte por conta das rupturas de oferta, principalmente com o fechamento de plantas nos EUA e agora também no Brasil, e da volatilidade nas margens, que vieram abaixo do que o mercado esperava no resultado da empresa do 1T20. No curto prazo, a empresa reforçou em sua teleconferência de resultados que é cedo para fazer qualquer previsão, uma vez que a volatilidade seria “praticamente diária”. Nas últimas duas semanas, no entanto, a produção teria aumentado nas plantas nos EUA, potencialmente indicando melhora do cenário. Adicionalmente, no longo prazo, seguimos enxergando a empresa com bons olhos, em função de sua forte diversificação tanto geográfica quanto de linhas de produtos, e mantemos nossa recomendação de Compra para JBS com preço-alvo de R$ 35 por ação.
Localiza: Acreditamos que a performance positiva das ações ao longo de maio reflita em parte a continuidade de um movimento de busca por ativos de qualidade superior, aliado à menor aversão ao risco por parte dos investidores. Nossa recomendação de Compra para as ações reflete (i) nossa percepção de que a companhia está bem preparada para navegar o cenário desafiador, o que reflete seu balanço robusto, seu posicionamento privilegiado de mercado e seu maior spread entre o retorno sobre capital investido e seu custo de capital; (ii) pelas vantagens competitivas ainda mais significativas em relação a empresas menores em meio ao ambiente desafiador; e (iii) pela disseminação da cultura de uso em detrimento da posse, tanto no segmento corporativo como de pessoa física.
Marfrig: O papel chegou a atingir alta de 13% no final da segunda semana do mês, quando divulgou resultados operacionais recorde referentes ao 1T20. Desde então, em um provável movimento de realização de ganhos, o papel caiu de volta para o patamar dos R$ 13, fechando o mês em alta de 1,5%. Inclusive, entendemos que as ações da empresa performaram acima das concorrentes do setor no período pois a Marfrig foi menos afetada pelo fechamento de plantas, o que tem gerado volatilidade nas margens do setor. No geral, seguimos otimistas com a empresa no longo prazo, com recomendação de Compra para Marfrig com preço-alvo de R$ 18 por ação, mas optamos por retirá-la da carteira para dar espaço a papeis com maior assimetria, ou seja, papeis que sofreram mais durante a crise e estão mais descontados, oferecendo maior oportunidade de alta.
Omega: As ações da Omega tiveram alta de 6,8% no mês de maio, ilustrando a resiliência e estabilidade da companhia, uma geradora com a maior parte de seus contratos no mercado regulado (67% das receitas até 2022). Apesar da saída da carteira no mês de Junho, mantemos nossa recomendação de Compra em Omega e preço-alvo de R$ 42/ação. Acreditamos que a companhia consolidou uma reputação no mercado ao adquirir ativos com elevadas taxas de retorno desde seu IPO em julho de 2017, tanto com a empresa parceira Omega Desenvolvimento como com terceiros. Por fim, não temos quaisquer preocupações com o aparentemente elevado endividamento da Omega, dado que os vencimentos de dívida estão completamente alinhados com a geração de caixa dos ativos da companhia.
Pâo de Açúcar: No mês de maio, as ações do GPA tiveram um desempenho abaixo daquele apresentado pelo índice e pela nossa cobertura de varejo. No dia 13 de maio, o Grupo Pão de Açúcar reportou resultados fracos referentes ao 1T20. A surpresa negativa em relação à linha de “outras despesas” e ao resultado da operação internacional foram temas chave na visão dos investidores. Além disso, no dia 30 de maio publicamos um relatório (LINK) rebaixando a nossa recomendação para as ações do GPA para Neutro com preço-alvo de R$ 70,0 para o final de 2020. No geral, continuamos esperando um forte ritmo de crescimento de vendas no curto prazo (crescimento orgânico de +16% A/A em 2020), impulsionado pelo aumento do consumo básico das famílias e por um câmbio mais favorável na operação internacional do GPA (Éxito). Além disso, ainda esperamos uma melhoria contínua (embora gradual) da margem na operação de varejo da empresa (36% do EBITDA). No entanto, acreditamos que a visibilidade em relação aos resultados permanecerá reduzida, dado (i) um aumento mais gradual do que o esperado da rentabilidade da operação de varejo no Brasil, (ii) volatilidade na linha de “outras despesas”, e (iii) margens abaixo do esperado na operação da Colombia (Éxito). Atualmente vemos as ações negociando em um múltiplo P/L consolidado pouco atrativo de 18x para 2021 e, portanto, vemos um potencial de alta limitado dos níveis atuais.
Suzano: As ações da Suzano tiveram leve queda em maio, em linha com o movimento do dólar no período. Adicionalmente, a companhia divulgou um resultado operacional muito forte para o primeiro trimestre, parcialmente ofuscado por perdas nas estruturas de hedge, como consequência da forte alta do dólar no 1T. Seguimos otimistas com a tese de investimentos, principalmente pela expectativa de continuidade na demanda por tissue (papeis sanitários em geral) e os níveis atuais de preço da fibra curta (US$470/t) abaixo do custo marginal há alguns meses darem suporte à tendência estrutural de alta da celulose, em nossa opinião.
Vale: As ações da Vale tiveram forte alta no mês de maio, com demanda forte da China e preocupações com relação à capacidade da companhia (líder de mercado) em entregar o guidance de produção (~320mt em 2020). Acreditamos que a demanda esteja forte na China por conta dos altos níveis de utilização na siderurgia (acima de 90%) e continuidade na queda dos estoques para níveis de 2016 (108mt). Com isso, o minério de ferro fechou o mês de maio acima dos US$100/t. Vale segue como a nossa top pick no setor de siderurgia e mineração.
Vivara: No mês de maio, as ações da Vivara tiveram um desempenho acima daquele apresentado pelo índice. A empresa reportou resultados referentes ao 1T20 no dia 14 de maio que vieram levemente acima das nossas expectativas, apesar de impactados pelo fechamento temporário das lojas em meio à crise. No curto prazo, a perspectiva para os resultados da companhia continua desafiadora, assim como para o setor de varejo físico como um todo. Entretanto, ressaltamos mais uma vez que a Vivara possui um histórico sólido e consistente de execução combinado com um dos balanços mais sólidos da nossa cobertura (caixa líquido de R$174 milhões no 1T20), com fôlego não só para atravessar o período mais crítico da pandemia, mas também para acelerar o seu ganho de participação de mercado ao longo da retomada das atividades. Mesmo após a recente alta das ações, elas ainda negociam a um múltiplo P/L atrativo de 20x com base no lucro de 2019.
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Alterações da carteira para o mês de maio
Nesse mês, fizemos 3 mudanças na nossa Carteira Top 10 XP. Entram: 1) EZTec, 2) Iguatemi, e 3) Lojas Americanas e saem: 1) Marfrig, 2) Grupo Pão de Açúcar e 3) Omega. Mantemos o nosso target (preço alvo) para o Ibovespa em 94,000 pontos inalterado.
EZTEC: Estamos adicionando EZTec (EZTC3) na carteira recomendada. Apesar de impactos no curto prazo em razão da crise do coronavírus e da quarentena, vemos um potencial atrativo após a recente queda nos preços das ações (recomendação de compra e preço alvo de R$44,20). A companhia possui forte posição de caixa de R$1,3 bilhão (vs. dívida bruta de R$0,6 milhão), situando a companhia em uma posição confortável para enfrentar eventuais impactos da crise. Adicionalmente, o governador João Doria anunciou a flexibilização da quarentena no Estado de São Paulo, foco de atuação da companhia, permitindo a reabertura dos estandes de vendas e retomada das atividades comerciais da companhia nas próximas semanas.
Iguatemi: Temos recomendação de Compra para as ações da Iguatemi, sustentada por nossa visão de que a companhia reúne (i) um portfólio de alta qualidade, com boa localização e alta produtividade, fatores que em nossa visão trazem uma segurança adicional em momentos de incerteza e (ii) um valuation atrativo (vemos as ações negociando a um FFO Yield acima de 7%). Apesar do pilar da recuperação econômica e das vendas do varejo ter se tornado uma história para 2021, (i) shoppings possuem um modelo de negócios mais resiliente em momentos de incerteza em nossa visão e (ii) ativos de qualidade superior tendem a apresentar uma resiliência ainda maior.
Lojas Americanas: Neste mês estamos substituindo as ações do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) por Lojas Americanas (LAME4) em nossa carteira recomendada. No dia 30 de maio, divulgamos um relatório (LINK) elevando nossa recomendação para as ações da Lojas Americanas para Compra e aumentamos nosso preço-alvo para R$ 36,00 para o final de 2020. Esperamos que (i) o fortalecimento dos recursos de multicanalidade com a B2W entre março-abril e (ii) um sortimento de loja flexível e de ticket baixo continuem suportando um forte crescimento médio de lucro de +20% entre 2019 e 2022 e retornos sólidos (28% de ROIC em 2021). Nas nossas estimativas, o valor implícito da LASA (operação de lojas físicas da LAME) atualmente negocia a um múltiplo P/L atrativo de 14x em 2021. Além disso, considerando (i) os preços atuais das ações da LAME (PN e ON) e da B2W, e (ii) um múltiplo-alvo P/L de 20x para a LASA em 2021 (o que na nossa visão é justo), o valor da participação de 61% da LAME na B2W negociaria hoje com um desconto de 24% em relação ao valor implícito com base no preço de tela.
Top Dividendos XP
Para o mês de junho, trocamos Banco do Brasil por CESP na nossa carteira de dividendos. Atribuímos a troca à vedação pelo CMN ao pagamento de dividendos e JCP acima do mínimo de 25% e o fato de que já esperávamos que bancos seriam conservadores nas distribuições a acionistas neste momento atual de incertezas. Por outro lado, a CESP é uma empresa com baixo risco em seus fluxos de caixa e com o menor endividamento do setor elétrico (1.0x Dívida Líquida / EBITDA), o que acreditamos que deve viabilizar a distribuição de proventos a acionistas (estimamos 100% de distribuição do Lucro Líquido).
Cesp: As ações da Cesp tiveram alta de 1,5% no mês de maio, ilustrando a resiliência e estabilidade da companhia, pertencente ao segmento de geração de energia e com elevada contratação de seu portfólio nos próximos anos junto a clientes de baixo risco no mercado livre de energia (ACL). Mantemos o nome na carteira para o mês de Junho e nossa recomendação de Compra com preço-alvo R$ 34/ação. Acreditamos que as ações oferecem um risco-retorno atrativo a investidores, considerando (1) as melhorias de custo desde a privatização da empresa em outubro de 2018, com uma redução de –52% em no número de funcionários e -18% nos custos gerenciáveis (pessoal, materiais e serviços) desde então, (2) contratação de 113% de sua capacidade de geração em 2020-2021, o que consideramos atrativo diante da queda dos preços da energia no curto prazo (spot), (3) a redução contínua do valor dos contingentes passivos após a revisão da estratégia jurídica da empresa desde sua privatização (com uma redução de R$ 1,5 bilhão alcançada em 2019), que acabará por destravar maior distribuição de dividendos no futuro e (4) o risco-retorno implícito no preço atual das ações, que acreditamos não levar em conta em conta nenhuma entrada de recursos referentes ao valor incontroverso da indenização da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos.
Cteep: Não vemos grandes riscos para a prática de dividendos da CTEEP de pagamento de 75% do lucro líquido regulatório, dada a sua posição de caixa de R$ 2,66 bilhões e nossa projeção de EBITDA para 2020 de R$ 2,24 bilhões, que são mais do que suficientes para fazer frente aos vencimentos de dívidas de R$ 1,07 bilhão e nossa estimativa de investimento de R$ 1,5 bi em 2020. Estimamos um dividend yield de 6,5% em 2020-22. Mantemos nossa recomendação Neutra na CTEEP, com preço-alvo de R$ 23/ação.
Taesa: Temos um maior grau de confiança de que a TAESA seja um dos poucos nomes a manter a distribuição de 100% de lucros em 2020, pois sua posição de caixa de R$ 2,4 bilhões e nossa estimativa de EBITDA para 2020 de R$ 1,3 bilhão são suficientes para fazer frente aos investimentos em 2020 de R$ 1,0-1,1 bilhão e vencimentos de dívida de R$ 734 milhões. Dito isso, assumimos o pagamento mínimo de 50% previsto no estatuto por conservadorismo e, caso a empresa faça um anúncio nesse sentido, consideraríamos perfeitamente razoável. Estimamos um dividend yield de 6,8% em 2020-22. Mantemos nossa recomendação neutra em TAESA, com preço-alvo de R$ 30/ação.
Tietê: No curto prazo, não descartamos a possibilidade de uma mudança temporária na prática de pagamentos de dividendos trimestrais de 100% do lucro devido aos investimentos programados no curto e médio prazo nos ativos do complexo eólico de Tucano. Apesar da companhia ter mantido a distribuição máxima de proventos no 1T20, acreditarmos que uma pausa nessa prática seria perfeitamente compreensível no contexto atual de incertezasEstimamos um dividend yield de 10,8% em 2020-22. Mantemos nossa recomendação de Compra na AES Tietê, com um preço-alvo de R$ 16/unit.
Sanepar: A elevada distribuição de dividendos da Sanepar se deve à política de dividendos da companhia. A política prevê a distribuição do dividendo mínimo de 25% do lucro, além de 25% adicionais caso a situação financeira da empresa o permita (o que acontece desde 2012, com uma pausa em 2019). Estimamos um dividend yield de 7,9% entre 2020 e 2022. Mantemos nossa recomendação de Compra na Sanepar, com um preço -alvo de R$33/unit.
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