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Copom: ciclo de altas mais intenso para conter riscos inflacionários crescentes

O Copom voltou a elevar a taxa Selic em 0,75pp. O comitê, contudo, mudou seu “plano de vôo” de um ajuste “parcial” para um ajuste completo, que leve a taxa básica de juros até seu nível neutro. Entendemos que a decisão de hoje e seu comunicado duro são consistentes com nosso cenário de Selic em 6,50% no final de 2021 (e estável em 2022).

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Especialistas da XP analisam impacto da nova alta da Selic

Descrição do Cenário

O Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) elevou a taxa Selic em 0,75pp, para 4,25%.
A decisão foi unânime, e ficou em linha com o esperado por nós e pelo mercado.

No comunicado que acompanhou a decisão, o Copom avaliou que a retomada econômica global segue robusta, mas salientou os riscos inflacionários. No lado doméstico, o comitê afirmou que a atividade econômica continua se recuperando acima do esperado, levando a revisões “relevantes” nas projeções de crescimento.

Sobre a inflação, o Copom chamou a atenção para a “persistência da pressão inflacionária”, e se mostrou preocupado com os efeitos secundários do choque atual – ou seja, a alta de alguns preços se disseminando para os demais.

Este ponto é chave no comunicado, pois, a nosso ver, este risco dos “efeitos secundários” que determinará os próximos passos da política monetária.

As projeções do Copom, em seu cenário básico (trajetória de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de 5,05 reais por dólar, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra), subiram de 5,1% para 5,8% em 2021, e de 3,4% para 3,5% em 2022.

Ou seja, um cenário de Selic chegando a 6,25% este ano e 6,50% em 2022 seria necessário para atingir a meta de inflação no ano que vem. Diante deste quadro, o Copom deixou de sinalizar um ajuste “parcial” nas condições monetárias, e passou a dizer que o seu plano de vôo agora é levar a taxa Selic para “seu patamar neutro” – estimado por nós exatamente em 6,50%.

Próximos passos da política monetária

Ao sinalizar uma taxa de juros mais elevada no final do ciclo, o Copom revela preocupação não apenas com a elevação da projeção para o ano que vem, mas com os riscos associados a esta projeção.

Como dito acima, a autoridade monetária está preocupada com a disseminação do choque atual para os demais preços da economia. Se esse processo se intensificar nas próximas semanas, entendemos ser provável que o Copom reavalie novamente seu plano de vôo, podendo acelerar o ritmo de alta da Selic e/ou atingir um nível além do neutro no final do ciclo.

De fato, no final do comunicado o comitê afirma que “antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude” (ou seja, 0,75pp), mas acrescenta que “uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários”. Isto é, aceleração no ritmo de altas da Selic.

Em nossa opinião, a decisão de hoje é consistente com nosso cenário de elevação da taxa Selic para 6,50% no final deste ano, com elevações adicionais de 0,75pp nas próximas duas reuniões e uma desaceleração mais adiante. Enxergamos oferta e demanda agregadas mais balanceadas em 2022 (ainda que com a projeção de IPCA um pouco acima da meta), equilíbrio que deve seguir em 2023. A estabilização da taxa de câmbio nos patamares atuais (ou mais valorizados) também deve ajudar a ancorar as expectativas.

Mas parece claro que o cenário alternativo é de uma taxa Selic mais alta, e não mais baixa, do que o cenário base.  

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