Retornos esperados para os portfólios nos próximos 5 anos
Enquanto escrevo este texto tropas russas invadem a Ucrânia, causando renovada aversão a risco nos mercados globais, e vários países ocidentais declaram sanções à Rússia e alguns de seus cidadãos. É difícil saber por quanto tempo o conflito se estenderá, e poucas das consequências ainda estão claras. Tanto Rússia quanto Ucrânia são exportadores de commodities: energéticas (petróleo e gás), alimentícias (trigo no caso ucraniano) e industriais (alumínio no caso russo).
Em meio ao movimento de aversão a risco, as bolsas globais foram as principais prejudicadas. A bolsa brasileira também está em território negativo em fevereiro, ainda que em menor grau. Ouro e Petróleo são os destaques positivos no mês, subindo mais de 20% e mais de 5%, respectivamente. O Real também é destaque: a moeda brasileira se valoriza pouco menos de 4%.
Apesar da aversão à risco o Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) deve começar a subir juros no mês de março, especialmente dado o impacto da guerra em preços de commodities em meio a um ambiente de inflação já muito elevada para os padrões americanos. Vislumbramos que há 2 cenários atualmente para a política monetária na maior economia do mundo: uma alta moderada de juros será suficiente para conter a inflação ou o Fed terá que levar os juros para território restritivo. Mais sobre isso na próxima parte deste relatório.
No Brasil a situação política não tem evoluído a contento. Os principais candidatos à presidência continuam se focando em benesses de curto prazo e não em reformas estruturais, ao passo que uma terceira via parece cada vez menos viável. Assim sendo, alteramos a probabilidade dos cenários, reduzindo o cenário de Reformas Estruturantes para 10%, majorando o de Antigos Hábitos para 75% e mantendo o de Erro de Política com 15% de chance.
Uma bifurcação no cenário global
Temos atualmente 3 cenários para Brasil e apenas 1 cenário global. Ter mais de um cenário significa que há uma distribuição de probabilidades de desdobramentos que entendemos possíveis. Muito por causa da sincronização das economias desenvolvidas no ambiente de recuperação após o início da pandemia, nunca nos pareceu útil ter mais de um cenário global... até agora.
O cenário global que já tínhamos em vista passamos a denominar agora de Inflação Transitória. Nele o Fed só precisa subir os juros lentamente para a taxa neutra, estimada em torno de 2% ao ano, e isso, juntamente com o fim dos pacotes fiscais de emergência e redução das compras de papéis pelo próprio Fed, seria suficiente para deixar a inflação na meta à partir de 2024.
O novo cenário, que chamamos de Falcão à Solta, exige do banco central dos Estados Unidos uma postura mais hawkish ("falcônica" em tradução livre): o Fed precisará levar os juros para além do "neutro", algo provavelmente acima de 3% ao ano, para ancorar a inflação.
Os preços no mercado de renda fixa hoje indicam o primeiro cenário como válido, mas nossa percepção, também via conversa com gestores Macro em que confiamos, é que o segundo tem maior chance de se materializar.
No segundo cenário esperamos um crescimento de lucros bem menor para as ações globais, potencialmente com um ano de contração dos mesmos, que poderia ser 2023 ou 2024, com uma recuperação parcial no ano subsequente. Também seria caracterizado por juros mais elevados em média, ainda que provavelmente abaixo de 3% daqui a 5 anos.
Independente desses cenários, os mercados de commodities continuam em desequilíbrio, e acreditamos ser importante defender a carteira contra uma inflação mais alta no mundo desenvolvido. Faremos isso através de índices de commodities diretamente e também através da nossa estratégia eTrend Ativos Reais.
Por causa disso, nossos próximos passos são, ao longo das próximas semanas, migrar parte da posição de renda variável global para nossa estratégia de Ativos Reais.
Prêmios de crédito
Os fundos de crédito continuam obtendo bons resultados, graças ao elevado carregamento dos ativos em CDI. Nas debêntures de infraestrutura, atreladas à inflação, o prêmio de crédito continuou a subir.
O spread de crédito para a classe de Pós-Fixados com base no índice IDA-DI, divulgado pela ANBIMA e na taxa disponível para papéis bancários na plataforma da XP está hoje em torno de 1,4% ao ano, um pouco menores do que no mês passado.
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No espaço de inflação, onde utilizamos o IDA IPCA Infraestrutura para estimar o prêmio de crédito, estamos em 0,39% ao ano acima da NTN-B de mesmo duration, aumento de quase 0,05% em relação ao mês passado.
Como os ativos são isentos, esse prêmio de crédito sobe para cerca de 2,0% ao ano quando a comparação é feita líquida de IR.
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Nossos cenários
Antigos Hábitos
A piora das relações entre o Governo e o Congresso parece ter dificultado o andamento das reformas. Além disso, os estímulos dados durante a pandemia parecem ter mudado a perspectiva em relação a estímulos de curto prazo, tirando o gênio da garrafa.
O baixo crescimento pode abrir os ouvidos da população para políticos populistas, que queiram desfazer reformas como a do Teto de Gastos e talvez até mesmo a Reforma da Previdência.
Reformas Estruturantes
Entendemos que ainda há um ambiente pró-reformas no Brasil, que tende a fazer com que as engrenagens da economia deslizem com mais facilidade, trazendo crescimento e mais eficiência.
No entanto, estamos longe de um ambiente político harmônico: o executivo federal e o congresso têm um diálogo truncado e existe muita resistência à agenda de reformas por grupos organizados e influentes.
A Renda Variável Global é nossa principal defesa em um cenário adverso:
Erro de Política
Com o Governo e o Congresso andando sempre no limite da responsabilidade fiscal, um pequeno erro ou mesmo um choque externo podem nos jogar para uma trajetória muito difícil do ponto de vista econômico, com inflação e juros mais altos, além de um câmbio mais desvalorizado.
Ao convergir para esse cenário teríamos que nos preparar para mais choques nos ativos brasileiros.
Evolução das probabilidades de cada cenário
Glossário
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- 5 anos em 5 min, outubro de 2021
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- 5 anos em 5 min, abril de 2021
- 5 anos em 5 min, março de 2021
- 5 anos em 5 min, fevereiro de 2021
- 5 anos em 5 min, janeiro de 2021
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