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Pré-Copom Junho 2024: Retornos seguem atrativos na Renda Fixa

Nos dias 18 e 19 de junho, ocorrerá a próxima reunião do Copom. Esperamos a manutenção da Selic em 10,50%. O que isso significa para a renda fixa?

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Caso não tenha familiaridade com a curva de juros, sugerimos a leitura deste conteúdo: O que é a curva de juros?

Nos dias 18 e 19 de junho, ocorrerá a próxima reunião do Copom. O cenário base da XP é de uma pausa na redução do ritmo de cortes na taxa Selic, com manutenção em 10,50%. Para a renda fixa, continuamos com uma visão construtiva, dadas as taxas de juros altas por mais tempo e a desancoragem da inflação. Temos preferência para os títulos remunerados por IPCA+, que têm oferecido retornos elevados de juro real.

O que esperar para a reunião atual?

Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom sobre a taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do Banco Central (BC) para a política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses. Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez?

Cenário base: Manutenção em 10,50%

Existem ferramentas que precificam as expectativas do mercado em relação às reuniões do Banco Central. Diferente do visto na última reunião (maio de 2024), em que as “apostas” nas Digitais de Copom apontavam corte de 0,25p.p. com alguma divisão, na rodada atual o mercado está mais alinhado. Nessa semana, a maioria das apostas indica uma probabilidade de manutenção da Selic em 10,50%, sem um cenário alternativo muito relevante, conforme mostrado na tabela abaixo.

ExpectativaProbabilidade
Manutenção em 10,50% – Cenário XP92% a 93%
Corte para 10,25% (-0,25 p.p.)5%
Aumento para 10,75% ou 11,00% (+0,25 p.p. ou +0,50 p.p.)2% a 3,5%

Diante do aumento de incertezas no cenário econômico, o Copom deve adotar uma postura mais cautelosa, pausando o ritmo de flexibilização monetária. A XP, assim como a maioria do mercado atualmente, acredita que o Copom deverá manter a taxa Selic em 10,50%. Ao contrário do dissenso visto na reunião de maio (placar 5×4), acreditamos que, desta vez, a decisão será unânime. Em suma, o fluxo de notícias e dados desde a última reunião do Copom tornou o balanço de riscos para a inflação convergir à meta em 2025 mais desafiador: (i) aumento dos preços das commodities (+4,5% desde janeiro); (ii) desvalorização de quase 10% do real frente ao dólar; (iii) sólidos indicadores de atividade econômica, incluindo a taxa de desemprego nos menores patamares em quase 10 anos; e (iv) o dúvidas sobre a sustentabilidade do arcabouço fiscal, com as despesas governamentais subindo mais do que as arrecadações.

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Como a renda fixa seria impactada?

A atenção dos mercados deve estar voltada para dois principais fatores nesta reunião: (i) a unanimidade ou não dos votos entre os membros do Comitê; e (ii) o tom da comunicação após a decisão.

No caso dos votos, acreditamos que uma nova decisão com dissenso poderia afetar a credibilidade do Copom. Seria razoável tentar chegar a um consenso desta vez, para sinalizar a convicção do Comitê. Uma nova decisão não unânime pode indicar ruídos na condução da política monetária, o que pode ser traduzido como um risco adicional pelo mercado.

Em relação ao tom do comunicado, esperamos que a mensagem do Copom será mais contracionista nesta semana, refletindo uma piora no balanço de riscos para a inflação. No caso da pausa unânime ocorrer, não haveria razão para uma sinalização sobre os passos futuros da política monetária, e sim uma abordagem de “esperar para ver”, afirmando que o Copom manterá a taxa Selic mais altas por mais tempo, a depender da evolução do cenário econômico.

Caso nosso cenário base se concretize, esperamos uma estabilidade na parte curta da curva de juros, dado que o mercado espera, com menos de 5% de probabilidade, tanto uma decisão de corte ou de aumento na Selic nesta reunião. Por outro lado, como os vencimentos intermediários e longos precificam um cenário mais restritivo de política monetária, poderá haver um certo alívio destes vértices, a partir da sinalização de um Copom mais comprometido com a meta de inflação.

Se o tom do comunicado for mais brando, é possível que a curva apresente algum movimento de baixa nos vértices curtos, com o mercado reprecificando uma potencial retomada no ciclo de afrouxamento monetário. Em relação à unanimidade de votos, um eventual dissenso – com membros votando por cortes na Selic – pode adicionar volatilidade à curva de juros, ocasionando na subida dos vértices intermediários e longos, diante de um corpo diretivo mais leniente com a inflação.

Vale lembrar que, desde o início do ciclo de afrouxamento monetário, em agosto de 2023, o Copom já realizou cortes que somam 3,25 p.p. (de 13,75% à época para os 10,50% atuais). Considerando a taxa Selic terminal de 10,50% ao final de 2024, podemos dizer que chegamos ao final do caminho deste ciclo de afrouxamento.

Uma vez que não esperamos mudanças estruturais no cenário em relação ao que já incorporamos em nossas análises de carteiras recomendadas, mesmo no curtíssimo prazo (pós-Copom), nossa visão em relação ao Copom atual é neutra.

Vale ressaltar que continuamos com visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+). Mesmo com os cortes recentes e esperados, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) estão em patamares ainda mais interessantes, em nossa opinião. Adicionalmente, as projeções indicam que a inflação deve permanecer acima do centro da meta de 3% nos próximos dois anos. Por fim, ainda é necessária cautela, com os riscos locais e globais a serem monitorados, o que favorece a alocação em ativos como a renda fixa (veja mais em nossas carteiras recomendadas).

O que pode acontecer de diferente?

Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 18 e 19 de junho, sua decisão e posterior comunicado.

Diferente do visto em algumas reuniões, esta decisão não será conjunta com o comitê de política monetária dos Estados Unidos, dado que este já ocorreu na semana anterior. A correlação dos movimentos dos ativos locais com com americanos (Treasuries, títulos soberanos dos Estados Unidos), permanece elevada. Contudo, a agenda de divulgação de dados econômicos americanos segue esvaziada nesta semana, o que pode trazer uma maior aderência do resultado da reunião do Copom ao impacto a ser visto na curva de juros local.

Um fator local a que permanece no radar é o efeito na economia das enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul. Apesar do governo já ter divulgado alguns pacotes de ajuda à região, é incerta a necessidade de programas adicionais. Além disso, o IPCA de maio já trouxe impactos altistas advindos da tragédia do RS, notadamente em alimentos.

Por fim, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações históricas), outras forças que muitas vezes fogem do radar agem no mercado diariamente e podem afetar os preços dos ativos.

Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão. Recomenda-se ainda cautela na alocação, uma vez que os riscos relacionados ao cenário fiscal local e inflacionário global ainda não cessaram (dentre outros). Por fim, sempre considere seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.

Aprofundando a visão de Economia

O fluxo de notícias desde a última reunião do Copom foi mais preocupante para as perspectivas de inflação, tendo em vista a taxa de câmbio mais depreciada, a elevação dos preços das commodities e indicadores do mercado de trabalho mais fortes que o esperado.

Nossas estimativas indicam 4,0% para 2024 (antes: 3,8%); 3,5% para 2025 (antes: 3,3%). Para 2026, estimamos 3,3% (antes: 3,2%, segundo informações do último RTI). Assumimos redução na expectativa para a inflação de bens administrados este ano, de 4,8% para 4,5%, e estabilidade para os anos seguintes. Esses números não consideram os efeitos da provável revisão da estimativa do Banco Central para a taxa de juros neutra da economia brasileira.

Time de Economia XP Research

A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de maio e agora ajudam a entender o cenário.

IndicadorExpectativas na semana do último Copom (maio/24) Expectativas atuais
DI Jan/2510,23%10,67%
DI Jan/2710,76%11,53%
Câmbio (R$/US$) 2024 (Focus – Mediana) 5,005,13
Câmbio (R$/US$) 2025 (Focus – Mediana) 5,055,10
IPCA 2024 (Focus – Mediana)3,72%3,96%
IPCA 2025 (Focus – Mediana)3,64%3,80%
IPCA 2026 (Focus – Mediana)3,50%3,60%
Selic 2024 (Focus – Mediana)9,63%10,50%
Selic 2025 (Focus – Mediana)9,00%9,50%
Selic 2026 (Focus – Mediana)8,75%9,0%

Fontes: Broadcast e Banco Central (Boletim Focus do dia 08/03). Elaboração: XP.

E o que esperar para a próxima reunião de JULHO de 2024?

Atualmente, o mercado precifica maior probabilidade de uma nova manutenção na próxima reunião (tabela abaixo), a ocorrer nos dias 30 e 31 de julho, seguindo com a pausa nos cortes. Porém, há agentes que esperam uma elevação na Selic.

Esse movimento fica claro ao observarmos o mercado de opções (vide abaixo na tabela “Expectativa do mercado para o Copom de JULHO”), que precifica cerca de 75% de chance de nova manutenção da taxa na Selic da reunião seguinte e, como cenário alternativo, já aparece a possibilidade de subida dos juros, tanto de 0,25 p.p., com 7-8% de probabilidade, quanto de 0,50 p.p., com 9-11% de probabilidade.

O cenário base dos economistas da XP para a próxima reunião é de nova manutenção em 10,50%.

Expectativa do mercado para o Copom de JULHO – Assumindo 10,50% após a reunião atualProbabilidade
Manutenção em 10,50% (sem alterações) – Cenário XP75% a 77%
Aumento para 11,00% (+0,50 p.p.)9% a 11%
Aumento para 10,75% (+0,25 p.p.)7% a 8%
Corte para 10,25% (-0,25 p.p.)2% a 3%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Expectativa do mercado para o Copom de SETEMBROProbabilidade
Manutenção (sem alterações)60% a 65%
Aumento de 0,50 p.p.11% a 16%
Aumento de 0,25 p.p.11% a 16%
Corte de 0,25 p.p.2% a 5%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Agenda de reuniões do Copom – 2024

  • 18 e 19 junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

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