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Evergrande, China Construction Bank e seus CDBs

Além de efeitos diretos para credores e acionistas da construtora, entenda qual o risco para credores do banco chinês CCB.

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  • A Evergrande, gigante do setor imobiliário chinês, apresenta risco de default (calote) de dívida de mais de US$ 300 bilhões.
    • Recentemente, fechou acordo para evitar default no pagamento de juros de cerca de US$ 36 milhões, mas o risco relativo ao volume total persiste.
  • Este evento pode ter uma série de implicações, desde a cadeia de fornecedores, mutuários até os credores e acionistas da companhia. O mercado de capitais possui a menor parte dessa dívida, o que minimiza risco de contágio global. Já a maior parte está concentrada no mercado bancário, principalmente nos grandes bancos chineses, que são públicos e estão entre os maiores bancos globais. Dentre eles, há o China Construction Bank (CCB).
    • O banco possui rating A1 pela Moody’s e, até o momento, não houve rebaixamento ou mudança de perspectiva indicando deterioração na qualidade de crédito como resultado dos acontecimentos com a Evergrande.
  • O CCB tem subsidiária no Brasil, que possui emissões de CDBs no mercado local, o que levanta preocupações aos detentores e potenciais investidores desses papeis.
  • No momento, não enxergamos risco para o CCB Brasil em relação à situação da Evergrande, uma vez que o banco chinês é controlado pelo governo da China, que, por sua vez, forneceria suporte ao CCB em caso de necessidade, evitando maiores problemas para o sistema bancário do país asiático.

O que está acontecendo

Na semana de reuniões de política monetária nos EUA (FOMC) e no Brasil (COPOM), um outro assunto tem sido destaque: A gigante do setor imobiliário chinês Evergrande.

É bem provável que você nunca tivesse ouvido falar da empresa até alguns dias atrás, mas o risco de haver um calote por parte dela fez com que os mercados do mundo inteiro reagissem negativamente. Não é por pouco: a Evergrande possui mais de US$ 300 bilhões em dividas, o que já seria um sinal de alerta por si só.

Porém, com a desaceleração nas vendas dos imóveis na China, após aperto regulatório no setor por parte do governo, as agências de classificação de risco de crédito rebaixaram os ratings da Evergrande e outras do setor. Isso sinaliza que enxergam uma piora na capacidade dessas empresas em honrar as dívidas com os credores (em português claro: maior risco de calote).

Além da preocupação que isso gera para os credores e acionistas da empresa, existe um efeito derivado: o risco que isso impõe sobre os credores dos bancos chineses que emprestaram à companhia. Afinal, eles são uma parte considerável das dívidas da Evergrande e, caso não recebam seus pagamentos, dado o expressivo volume, pode haver impacto negativo sobre seus próprios balanços.

China Construction Bank e sua relação com a Evergrande

Um destes bancos é o China Construction Bank – CCB, listado no relatório anual da empresa relativo ao ano de 2020 como um dos principais bancos credores.

O CCB é um banco público chinês, fundado em 1954, e é um dos maiores conglomerados financeiros do mundo. Seu principal objetivo é apoiar o desenvolvimento da China. O banco possui 15 mil agências bancárias, na China e no exterior e está presente em todos os continentes, por meio de suas 251 subsidiárias.

Por que citar especificamente este nome?

O CCB tem uma subsidiária no Brasil desde 2014, operando por meio de suas carteiras de crédito, investimentos e de câmbio e comércio exterior, direcionadas para atender especialmente empresas de grande porte. Para financiar suas atividades, capta recursos através da emissão de títulos bancários, como CDBs. Os detentores desses CDBs e potenciais novos investidores têm tido dúvidas a respeito do risco ao banco em relação à Evergrande.

Em nossa visão, não há, no momento, risco para o banco. Os bancos chineses estão entre maiores bancos do mundo, e têm como acionista majoritário o governo chinês. No caso específico do CCB, o Estado é detentor de cerca de 70% do banco. Aqui vale um adendo de que os bancos chineses são a base de toda a política pública chinesa e que o sistema bancário do país foi moldado de forma a atender o Estado.

Além disso, estima-se que a dívida bancária (excluindo mercado de capitais) da Evergrande seja atualmente de US$ 90 bilhões, pulverizada em diversos bancos. De acordo com analistas, este total representa menos de 1,0% do total de volume de empréstimos do sistema bancário chinês. Por fim, o governo chinês já anunciou injeção de US$ 18,5 bilhões no sistema financeiro nesta semana.

Sendo assim, acreditamos que, em caso de necessidade de aporte, o governo chinês intervirá para resguardar o sistema bancário, o que mitigaria os potenciais riscos para os bancos, incluindo o CCB (e, consequentemente, suas subsidiárias).

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Fonte

Evergrande
China Construction Bank
Banco CCB

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