1. Fechamento da temporada de resultados do 3T24: Beat & Keep - Lucro por ação do período surpreende, porém guidances para 4° trimestre têm revisões baixistas
2. Scott Bessent: Novo Secretário do Tesouro dos EUA tem planos ambiciosos - O indicado será peça-chave na articulação da agenda econômica americana
3. Economia Americana: Dólar cai após primeira ameaça de tarifas - Donald Trump condiciona tarifas para vizinhos a controle de migração e tráfico de drogas
4. Geopolítica Global: Cessar-fogo no Oriente Médio gera alívio temporário nas tensões e no petróleo - Petróleo cai na semana com alívio de tensões e expectativa de aumento de produção nos EUA
5. GLP-1: Biden propõe incluir medicamento nos programas de assistência médica dos EUA - Possível medida levanta preocupações sobre impactos fiscais
1. Fechamento da temporada de resultados do 3T24: Beat & Keep
Com quase todas as empresas do S&P 500 já tendo divulgado seus resultados do terceiro trimestre de 2024, e conforme já esperávamos na prévia, o lucro por ação (LPA) do S&P 500 surpreendeu as expectativas e cresceu 5,3% A/A (expectativa inicial era 3,7%). Este é o quinto trimestre consecutivo de crescimento, embora com uma desaceleração em relação ao trimestre anterior (+11,4%).
Em termos de surpresas, 76% das empresas superaram as expectativas de lucro, com um destaque positivo para os setores de Comunicação (+12,2% de surpresa média) e Saúde (+9,0%). Já na receita, apenas 53% das empresas surpreenderam positivamente, com Tecnologia e Saúde liderando. Apesar disso, setores como Energia, Materiais Básicos e Industrial enfrentaram desafios.
As empresas adotaram um tom cauteloso em suas projeções para o quarto trimestre, o que gerou revisões baixistas de -2,2% nas estimativas de LPA para o período. Essa postura reflete, em parte, a desaceleração do consumo e incertezas econômicas globais.
O mercado projeta um crescimento de +9,6% nos lucros em 2024, com aceleração para +14,7% em 2025 e +13,1% em 2026, sinalizando um otimismo cauteloso para o médio prazo, ainda que revisões levemente negativas tenham surgido ao longo desta temporada.
Para saber mais sobre como foi a temporada de resultados globais do 3º trimestre de 2024, confira nosso relatório na íntegra.
2. Scott Bessent: Novo Secretário do Tesouro dos EUA tem planos ambiciosos
Scott Bessent foi anunciado como o novo Secretário do Tesouro dos Estados Unidos, preenchendo a última posição restante no gabinete de Donald Trump. A Secretaria do Tesouro equivale em importância ao Ministério da Fazenda, e implica responsabilidades como formulação e recomendação de políticas financeiras, econômicas e tributárias domésticas e internacionais, participação na formulação de políticas fiscais e administração da dívida pública.
Mas quem é Scott Bessent? Hoje com 62 anos, Bessent construiu uma carreira de peso no mercado financeiro, passando pela Soros Capital Management e tendo um papel crucial em eventos como a Black Wednesday de 1992 ao alertar a gestão do fundo para a oportunidade de abrir uma posição short na libra esterlina, no que se tornou um trade com lucro de mais de um bilhão de libras. Em 2015, Scott Bessent fundou o fundo de investimentos Key Square Group, onde permaneceu até sua indicação à Secretaria do Tesouro.
Bessent tem defendido o “plano 3-3-3”, que consiste em cortar o déficit orçamentário para 3% (hoje em cerca de 6,9%) do produto interno bruto (PIB) até 2028, o último ano do segundo mandato de Trump, aumentar o crescimento do PIB para 3% (hoje em cerca de 2,8%) por meio de desregulamentação e outras políticas pró-crescimento e aumentar a produção de petróleo e equivalentes dos EUA em 3 milhões de barris diários (hoje em cerca de 13,5 milhões).
Em relação às tarifas comerciais, Bessent não descarta seu uso, mas defende que sejam aplicadas gradualmente, buscando evitar rupturas desnecessárias nas relações econômicas internacionais. Seu posicionamento está alinhado, inclusive, com os movimentos que fizemos nas nossas carteiras Top Ações Globais e Top Dividendos Globais.
Em seu anúncio, Trump destacou que Bessent é uma escolha estratégica, alguém com vasta experiência no mercado financeiro e um bom entendimento de geopolítica e economia global. O presidente eleito destacou ainda que o indicado será peça-chave na implementação de sua ambiciosa agenda econômica.
A recepção dos mercados à indicação foi positiva. Analistas elogiaram Bessent como uma escolha de “mãos seguras”, capaz de trazer estabilidade e reduzir o temor de políticas econômicas radicais. Desde o anúncio, as taxas das treasuries de 2 e 10 anos fecharam 8 e 9 bps, respectivamente, refletindo a confiança renovada dos investidores.
3. Economia Americana: Dólar cai após primeira ameaça de tarifas
Na segunda-feira, o presidente eleito Donald Trump anunciou que sua primeira medida ao assumir em janeiro será assinar a imposição de tarifas agressivas sobre o Canadá e o México, com o objetivo de motivar os países a se alinharem às suas políticas de combate à imigração ilegal e tráfico de drogas.
A proposta inclui tarifas de 25% sobre bens vindos do México e Canadá, condicionada à resposta dos países em relação aos temas de tráfico e imigração, além de um acréscimo de 10% para produtos chineses. O anúncio provocou uma imediata escalada do dólar (o DXY subiu +0,2% na terça-feira) e depreciação em moedas emergentes (o peso mexicano teve uma desvalorização de -1,7%).
No cenário global, os anúncios de Trump trouxeram reações rápidas. México e Canadá expressaram preocupações com os possíveis impactos econômicos, especialmente pela ameaça de retaliações que poderiam prejudicar empresas de ambos os lados da fronteira. A China, por sua vez, criticou fortemente as medidas, alertando que uma guerra tarifária não beneficia ninguém.
Os impactos, no entanto, foram limitados, com movimentos se revertendo à medida que os líderes globais começaram negociações. O anúncio antecipado deu oportunidade para que os governos do México e Canadá reajam e mudem suas políticas de controle de fronteiras. A nomeação de Bessent, considerado mais moderado (comentamos mais no tema #2), também contribuiu para atenuar a reação dos mercados.
Com isso, após oito semanas consecutivas de alta, o DXY encerrou a semana em queda de -1,8%.
Além disso, a semana foi carregada de dados econômicos, que seguem apontando para a resiliência da economia americana. Mas o cenário ainda é de incerteza: tarifas mais altas podem pressionar os preços ao consumidor, e consequentemente, provocando taxas de juros mais elevadas que hoje se espera.
4. Geopolítica Global: Cessar-fogo no Oriente Médio gera alívio temporário nas tensões e no petróleo
Depois de 14 meses de um conflito devastador entre Israel e Hezbollah, finalmente foi anunciado um acordo de cessar-fogo, com validade de três meses. Mediado pelos Estados Unidos e pela França, o pacto foi recebido como um alívio tanto para os civis na região quanto para os observadores internacionais. O presidente Joe Biden destacou que o acordo é um passo essencial para estabilizar o Oriente Médio. Mas, como na maioria dos acordos de paz, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados.
O Irã, aliado de longa data do Hezbollah, não parece convencido da eficácia do cessar-fogo. Autoridades iranianas reafirmaram seu papel como oposição a Israel, o que mantém o risco de novas violações ao acordo, um perigo que já se manifestou em recentes trocas de acusações entre as partes. Esses desdobramentos geopolíticos continuam alimentando incertezas na região, especialmente em relação à segurança e à estabilidade no longo prazo.
Enquanto isso, no setor energético, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP+) adiou para 5 de dezembro sua reunião originalmente marcada para o dia 1º. A expectativa é que a organização continue com sua política de cortes na produção, uma resposta à demanda global enfraquecida e aos riscos gerados pelos conflitos no Oriente Médio. Mas o Irã, um membro-chave da OPEP, questionou essa estratégia, argumentando que ela tem incentivado o crescimento da oferta de petróleo de rivais.
Nos mercados, o cessar-fogo e a nomeação de Scott Bessent para a Secretaria do Tesouro nos EUA (Bessent é favorável à expansão da produção de petróleo nos EUA, confira mais no tema #2) trouxe uma leve redução no prêmio de risco associado ao fornecimento de petróleo. Os preços do Brent e do WTI registraram quedas na semana (-2,2% e -3,2%, respectivamente). Investidores seguem cautelosos diante da possibilidade de novas tensões ou violações do acordo. A incerteza sobre o futuro das políticas da OPEP também adiciona volatilidade ao mercado.
5. GLP-1: Biden propõe incluir medicamento nos programas de assistência médica dos EUA
Em publicações anteriores, destacamos como os medicamentos à base de semaglutida revolucionaram o tratamento para diabetes tipo 2 e obesidade. Esses medicamentos continuam no centro das atenções, impulsionando as ações de grandes farmacêuticas e gerando discussões políticas nos Estados Unidos.
Nesta semana, o governo Biden anunciou uma proposta para incluir essas medicações no Medicare e Medicaid, ampliando o acesso para milhões de americanos. A medida, que ainda precisará ser aprovada pela nova administração Trump, é uma tentativa de enfrentar o crescente desafio da obesidade como um problema de saúde pública, mas levanta preocupações sobre o impacto fiscal, com estimativas de um custo adicional de US$ 35 bilhões até 2034.
As farmacêuticas Novo Nordisk e Eli Lilly são as principais beneficiadas pelas notícias. Ambas apresentaram resultados trimestrais expressivos, com a dinamarquesa Novo Nordisk faturando mais de US$ 8 bilhões com Ozempic e Wegovy, enquanto a americana Lilly somou US$ 2,3 bilhões com Mounjaro e Zepbound. Apesar disso, a Lilly enfrentou uma leve desaceleração na demanda, especialmente nos Estados Unidos. Com as notícias, as ações da Lilly subiram +6,3% na semana, enquanto as da Novo Nordisk variaram +1,7%.
Sob a administração Trump, o futuro da proposta de Biden é incerto. Enquanto o indicado para o Departamento de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., defende soluções mais tradicionais, como alimentação saudável, Mehmet Oz, que assumirá o Medicare e Medicaid, é um grande defensor dos medicamentos de GLP-1. Essa divisão dentro do próprio governo pode prolongar a aprovação da medida, mesmo diante do forte apoio popular e da crescente pressão do setor farmacêutico.
Com o mercado de GLP-1 projetado para atingir US$ 130 bilhões até 2030, a combinação de avanços científicos, discussões políticas e desafios econômicos continuará a definir o ritmo de crescimento no uso dessas medicações.
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