1. Eleições americanas: Onda vermelha - Donald Trump será o próximo presidente dos EUA após ganhar todos os swing states
2. Temporada de resultados: Caminhando para um final feliz - 91% do S&P 500 já reportou resultados e lucros continuam surpreendendo
3. Fed: Powell disse que fica! - Após mais um corte na taxa de juros, Powell afirma que não renunciará o cargo
4. China: Eleições nos EUA causam aumento da incerteza na região - Novos estímulos ficam aquém das expectativas do mercado
5. Berkshire Hathaway: Cash is king - Holding de Warren Buffett atinge maior posição em caixa da história
1. Eleições americanas: Onda vermelha
Após uma longa campanha, Donald Trump foi eleito presidente dos EUA e tomará posse no dia 20/01/2025 para um segundo mandato. Trump será o segundo presidente da história dos EUA a servir dois mandatos não consecutivos.
Numa vitória incontestável, Trump venceu em todos os considerados Swing States e totalizou 312 votos do colégio eleitoral. Além disso, conquistou a vitória no voto popular (ao contrário de 2016) e, também, terá maioria em ambas as casas do Congresso (pendente confirmação oficial na Câmara). Uma verdadeira ONDA VERMELHA.
Um governo Trump 2.0 será, em nossa visão, bem diferente do primeiro mandato por algumas questões:
- Trump chega ao cargo com mais experiência e entendimento da função de presidente dos EUA;
- Trump tem maioria no Congresso e lidera o partido republicano, com muito mais aliados e representantes alinhados ideologicamente;
- Trump chega fortalecido com apoio popular para realizar as mudanças prometidas;
- Trump já tem definidos todos os principais candidatos aos cargos do seu primeiro escalão e já começou as nomeações na mesma semana em que foi eleito: Susie Wiles foi nomeada chief of staff, o equivalente ao Ministro da Casa Civil no Brasil, sendo a primeira mulher a exercer o cargo na história dos EUA.
Por esses motivos, acreditamos que a magnitude das medidas e a velocidade na qual as propostas da nova administração serão votadas e aprovadas no Congresso deve surpreender positivamente. Portanto, a dinâmica dos mercados deverá ser de continuidade da outperformance de ativos beneficiados às políticas do partido Republicano em relação aos do partido Democrata.
Para entender mais sobre todo o processo eleitoral de 2024 e os principais temas e ações para esse novo ciclo político-econômico dos EUA, acessem nosso relatório Sob o olhar da estratégia: A eleição de Donald Trump - XP Investimentos.
2. Temporada de resultados: Caminhando para um final feliz
- Universo: S&P 500
- Progresso: 91% (453 empresas)
- Receita: 53% de surpresas positivas com média de +1,4% (semana anterior = 52% / +1,5%)
- Lucros: 75% de surpresas positivas com média de +6,9% (semana anterior = 75% / +6,1%)
- Setor de destaque:
- Utilidades Públicas: O setor, que se destaca pela alta de mais de 25% em 2024 e por estar no centro das discussões sobre o elevado consumo de energia elétrica pelos data centers voltados para A.I., mostrou uma surpresa média nos lucros de +10,3% em relação ao consenso. Impactado pelo excelente resultado da Vistra (+314% de surpresa no lucro) e de outras geradoras como DTE Energy (+18%) e WEC Energy (+17%), a temática de Power Up America segue firme.
- Expectativas do Lucro por Ação:
3º tri 2024: US$ 61,04 – Crescimento de +4,9% A/A ; +1,1% desde a publicação da nossa Prévia e -1,1% acima dos US$ 61,72 da semana anterior.
4º tri 2024: US$ 61,90 – Crescimento de +12,1% A/A ; -2,0% desde a publicação da nossa Prévia e -0,4% abaixo dos US$62,17 da semana anterior.
3. Fed: Powell disse que fica!
Conforme amplamente esperado, o Federal Reserve realizou um corte de juros de 25 bps, levando o intervalo da meta dos Fed Funds para 4,50% a 4,75%. Devido às eleições, o Fed divulgou sua decisão excepcionalmente na quinta-feira ao invés de quarta.
O comunicado que sucedeu a decisão apresentou poucas mudanças, e o destaque foi a remoção da frase que dizia "o Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2 por cento", o que pode ser interpretado como: i) estagnação no progresso no processo de desinflação ou; ii) que o FOMC não está mais tão preocupado com a inflação.
Na coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, foi questionado sobre a possibilidade de renunciar ao cargo com a posse de Trump, e negou categoricamente, também evitando dar opinião sobre o efeito do resultado eleitoral sobre a economia americana. Powell adotou tom mais cauteloso, especialmente ao declarar que não há razão para apressar cortes de juros, e que à medida que o Fed se aproxima da taxa neutra, é apropriado reduzir o ritmo de cortes.
A maior parte das movimentações das treasuries nessa semana podem ser atribuídas ao aumento da percepção do risco fiscal pós-eleições. A curva de juros americana abriu consideravelmente imediatamente após o red sweep, com a taxa de 10 anos chegando a atingir 4,48%. No entanto, as taxas encerraram a semana virtualmente estáveis, e o mercado segue se encontra dividido entre a possibilidade de um corte adicional de 25 bps na reunião de dezembro ou nenhum.
4. China: Eleições nos EUA causam aumento da incerteza na região
Nesta semana, o ETF representativo de China, FXI, teve queda de -0,9% e forte volatilidade ao longo das seções, especialmente devido ao aumento da percepção do risco após a eleição de Trump, considerando o histórico de uma guerra comercial sob Trump, promessa de imposição de tarifas sobre importações chinesas e conflitos relacionados a propriedade intelectual.
No campo de dados econômicos, a semana teve sinais positivos vindo da atividade, com dados fortes de balança comercial, com destaque para exportações consideravelmente acima das expectativas. Índices de gerentes de compras (PMI Caixin) de serviços e composto também vieram acima do esperado para outubro, indicando aceleração da recuperação da economia chinesa.
A semana contou também com novas sinalizações de membros do governo de comprometimento com a retomada da economia. O banco central chinês (PBoC) realizou uma reunião com instituições financeiras globais, na qual o presidente do banco, Pan Gongsheng, declarou que a China continuará a implementar uma política monetária que apoie a recuperação econômica. Em outro pronunciamento, Pan declarou que o PBoC irá reforçar a supervisão financeira, aprofundar a reforma e a abertura financeiras, enquanto segue cumprindo seu papel de revenir riscos financeiros.
Ainda nessa semana, foram divulgadas medidas como orientação para corte das taxas de depósito interbancário. Conforme esperado, o congresso chinês aprovou pacote fiscal de CNY 10 trilhões (US$ 1,4 tri), para 3 anos. A destinação de todos os recursos ainda não foi indicada pelo governo. A frustração da expectativa do mercado, que antecipava sinalizações mais fortes, provocou forte queda nos mercados no final da semana (o FXI teve queda de -5,8% na sexta-feira).
Ao final da semana, o presidente Xi Jinping parabenizou o Donald Trump por sua vitória nas eleições dos EUA e expressou seu desejo de manter laços "saudáveis e sustentáveis" entre os países, e declarou que os dois países devem "encontrar uma maneira de se darem bem na nova era".
Permanecemos com visão positiva para China.
5. Berkshire Hathaway: Cash is king
No último Top 5 que citamos a Berkshire Hathaway, destacamos a decisão de Warren Buffett em reduzir a participação da holding em Apple, fazendo o caixa da empresa bater recordes históricos.
Desta vez, após divulgar resultados, o principal destaque foi o mesmo: As surpresas negativas nos números da BRK (lucro operacional -8,5% e receita -2,6% abaixo das expectativas) foram ofuscadas pelas vendas de Apple, que representaram cerca de 25% do valor total que a Berkshire possuía, saindo de US$84,2 bi para US$ 69,9 bi (67% abaixo do terceiro trimestre do ano passado).
Após as vendas, o caixa passou a representar 28% dos ativos totais da empresa, nível mais elevado desde a década de 1990, totalizando US$ 325,2 bilhões. Buffett afirmou não ter pressa em realizar novas aquisições, uma vez que considera os preços muito altos para encontrar investimentos atraentes.
Nem mesmo as próprias ações animam o Oráculo de Omaha. A Berkshire não fez nenhuma recompra de ações no trimestre. Esta é a primeira vez que isso acontece desde a mudança de política de buyback, em 2018.
Após a decisão de Buffett, surgiram muitas especulações acerca das motivações do megainvestidor. Enquanto uns acreditam que ele está apenas se mantendo fiel à sua filosofia de investimentos, indicando um alto P/L da fabricante do iPhone, outros afirmam que Buffett está antecipando uma crise, justificando a larga posição em caixa. Porém, em maio, ele deu a entender que a venda foi por razões fiscais, devido risco de aumento de impostos em ganhos de capital por um governo que deseja cobrir um déficit fiscal crescente.
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