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Radar ESG | Locadoras de automóveis: Rumo à agenda ESG; Localiza liderando a corrida

Ao longo deste relatório, fazemos uma análise ESG do setor de aluguel de carros e destacamos como as empresas brasileiras desse setor dentro do nosso universo de cobertura (Localiza, Movida e Unidas) estão posicionadas quando o tema é ESG.

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Resumo

É inegável que o comportamento do consumidor está mudando e de forma rápida. Muitos dos itens mais desejáveis ​​dos jovens por uma década ou mais mudaram drasticamente, passando da propriedade para o uso compartilhado. E esse é o caso dos automóveis. Empresas inovadoras estão adaptando seus modelos de negócios para contemplar um mundo onde usar vale mais do que possuir. E esperamos que esse movimento só se intensifique adiante.

Em nossa visão, o setor brasileiro de locação de automóveis está avançando na direção certa para atender a essa demanda crescente e, portanto, vemos as empresas sob cobertura da XP (RENT3, MOVI3 e LCAM3) bem posicionadas para acompanhar essa tendência daqui para frente. Para este setor, vemos o pilar Governança como o mais importante dos três, seguido pelo pilar Social e Ambiental, respectivamente.

Em uma perspectiva por empresa, vemos a Localiza liderando essa corrida, sendo uma das companhias melhor posicionada na agenda ESG sob a cobertura do XP. Logo em seguida vem a Movida, uma “Empresa B” com diretrizes ESG robustas e, por fim, Unidas, que embora também esteja bem posicionada, está numa corrida com outros players mais rápidos e com espaço para melhorias em termos de divulgação ESG.

Neste relatório, destacamos os tópicos ESG que vemos como os mais importantes para o setor e analisamos como as empresas sob o universo de cobertura da XP (RENT3, MOVI3 e LCAM3) se posicionam quando o tema é ESG.

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Um olhar setorial: Aquecendo os motores

É inegável que o comportamento do consumidor está mudando, e de forma rápida... Muitos dos itens mais desejados pelos jovens por uma década ou mais mudaram drasticamente, passando da propriedade para o uso compartilhado. E esse é o caso dos automóveis. A tendência da economia compartilhada é uma realidade e não é, ou não será, restrita à bens de valor agregado. Empresas inovadoras, mesmo em setores mais tradicionais, estão adaptando seus modelos de negócio para contemplar um mundo onde usar vale mais do que possuir. E esperamos que esse movimento somente se intensifique adiante. Ao nosso ver, o setor brasileiro de locação de automóveis está avançando na direção certa para atender a essa demanda e, assim, vemos as empresas sob a cobertura da XP (Localiza, Movida e Unidas) bem posicionadas para acompanhar essa tendência daqui para frente.

...ao mesmo tempo em que as preocupações com as mudanças climáticas estão aumentando, o que pressiona as empresas a agirem... Segundo dados da MSCI, o transporte é responsável por mais de 20% das emissões globais de carbono e as empresas que fornecem serviços de aluguel de automóveis, como é o caso da RENT, MOVI e LCAM, devem considerar as regulamentações ambientais em suas decisões estratégicas. Nesse sentido, vemos as empresas brasileiras do setor com esforços cada vez maiores no sentido de reduzir seus impactos ao meio ambiente, principalmente por meio da migração do sistema de transporte para um formato mais limpo e renovável.

...reforçando a nossa visão de que as empresas que não se adaptarem, ficarão para trás. Incorporar os aspectos ESG leva as empresas a correrem menos riscos, a estarem mais atentas às mudanças em seus setores e a aproveitar oportunidades que são ignoradas por quem tem foco apenas no curto prazo.

Para este setor, vemos o pilar Governança como o mais importante dos três, seguido pelo pilar Social e Ambiental, respectivamente. Nessa seção, destacamos os principais tópicos ESG que são comuns dentre as locadoras de veículos, em uma perspectiva setorial.

Ambiental: O aumento das preocupações com o aquecimento global está pressionando as empresas a agirem

O transporte é responsável por mais de 20% das emissões globais de carbono e a aceleração da atual mudança climática está pressionando a indústria de bens de capital a mudar a fim de reduzir suas emissões de carbono. Em nossa visão, as locadoras apresentam um risco menor quando comparadas a outras empresas de transporte. Ainda assim, elas devem levar em consideração as questões ambientais em suas decisões sobre quais tipos de serviços deverão ser fornecidos no futuro e, indo além, quais deles serão atraentes para os usuários.

Além disso, vale destacar que quando analisamos o tempo em que as empresas desse setor renovam suas frotas, vemos que esse processo é feito com frequência: ~14 meses para o segmento de aluguel de carros (RaC, na sigla em inglês) - segmento esse que representa 78%, 63% e 55% das frotas da Localiza, Movida e Unidas, respectivamente. Em outras palavras, as locadoras, ao renovarem sua frota, possuem a oportunidade de comprar veículos junto com as fabricantes de automóveis que atendam à requisitos ambientais e de emissões mais rigorosos. Dito isso, vemos essa indústria bem posicionada para capturar oportunidades relacionadas à transição para uma economia de baixo carbono, bem como ao fortalecimento das regulamentações ambientais.

Isso posto, embora vejamos espaço e necessidade de mais melhorias adiante, reconhecemos positivamente os atuais esforços das empresas nessa frente, com destaque para o compromisso em relação à transparência das suas emissões e o caminho para uma matriz energética mais limpa.

Social: A qualidade do serviço é fundamental; Localiza é o destaque

Não vemos os fatores sociais como grandes riscos para o setor atualmente, mas, os mesmos podem aumentar com o tempo, visto que a mudança nas preferências dos consumidores quanto ao acesso ao transporte pode afetar o setor de aluguel de carros. No pilar S, destacamos três fatores que, ao nosso ver, valem a pena ser monitorados: (i) Qualidade do serviço: como um negócio voltado para o consumidor, a qualidade do serviço é fundamental, e vemos a Localiza se destacando em relação aos seus pares; (ii) Gestão da mão de obra: a satisfação da força de trabalho, juntamente com a remuneração, saúde e segurança dos funcionários das locadoras de automóveis é crucial; e (iii) Inclusão e diversidade: temos visto uma melhoria neste tema por parte das empresas desse setor que fazem parte da nossa cobertura, tanto em termos do percentual de mulheres na força de trabalho, quanto no número de mulheres em cargos de liderança. Ainda assim, vemos espaço para mais avanços, não só no que diz respeito ao gênero, mas também na diversidade racial e no aumento da representatividade de outras minorias.

Governança: Uma boa equipe é essencial para vencer uma corrida

As boas práticas de governança corporativa apoiam a sustentabilidade de longo prazo de uma empresa e o equilíbrio dos interesses econômicos e sociais de seus diferentes grupos de stakeholders. Nesse sentido, reconhecemos positivamente que as três empresas do setor sob a cobertura da XP (RENT, MOVI e LCAM) possuem suas ações listadas no Novo Mercado, o mais alto padrão de governança corporativa do mercado brasileiro (B3). Em relação ao Conselho de Administração, destacamos que apenas o Conselho da Localiza possui maioria independente (66%), vs. 40% e 33% da Movida e Unidas, respectivamente. Por fim, no que se refere à Diversidade, vemos espaço para melhorias adicionais, já que (i) as mulheres representam apenas 17% dos membros do Conselho da Localiza e Unidas, enquanto notamos a ausência de mulheres no Conselho da Movida; e (ii) entre a Diretoria Executiva das empresas, as mulheres representam apenas 13% e 10% na Unidas e na Localiza, respectivamente, enquanto a Movida não tem diretoras do sexo feminino.

Localiza (RENT3): Liderando a corrida; Uma das empresas melhor posicionada sob a cobertura da XP

Vemos a Localiza como a melhor posicionada na perspectiva ESG dentre as empresas no setor de locação de automóveis. Na frente G, a empresa se destaca em relação aos pares, tendo diretrizes positivas em governança corporativa, alinhadas ao IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), ações listadas no Novo Mercado, além de uma maioria independente no Conselho. No pilar E, a Localiza está comprometida tanto com a transparência de suas emissões de carbono, bem como com iniciativas visando a contribuição para uma economia de baixo carbono, além da adoção de energia solar tendo como objetivo uma matriz energética mais verde. Na frente S, vemos a qualidade dos serviços da Localiza como uma vantagem competitiva, enquanto que, apesar de reconhecermos positivamente o compromisso da empresa com a agenda de diversidade e inclusão, ainda vemos espaço para melhorias adicionais na diversidade de gênero na liderança, uma vez que seu Conselho e Diretoria Executiva possuem apenas 1 mulher cada. Por fim, destacamos o Comitê de Sustentabilidade da empresa, operacionalmente subordinado ao CEO e alinhado com a Agenda 2030 proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU).

Ambiental: Boa divulgação combinada com grandes esforços

Reconhecemos os atuais esforços da Localiza neste pilar, com destaque para a adoção de energia solar como principal fonte de energia para as operações da empresa e a redução de 56% A/A no consumo de água em 2019. Mesmo assim, ainda vemos espaço para melhorias, principalmente no que se refere às emissões de GEEs (Gases de Efeito Estufa) - por outro lado, não vemos isso como um grande risco, tendo em vista que os atuais projetos e programas da empresa nesta frente nos levam a esperar uma redução nas emissões ao longo dos próximos anos.

(i) Emissões de GEE: A Localiza adere ao Índice de Carbono Eficiente da B3, o que demonstra seu compromisso com a transparência e a divulgação das emissões por parte da empresa, além de seus esforços em contribuir para uma economia de baixo carbono.



Primeiro, no que se refere à divulgação, vemos com bons olhos que o inventário de GEEs da Localiza esteja alinhado com metodologias reconhecidas internacionalmente: o Programa Brasileiro GHG Protocol e a norma ISO 14064-1. Essas metodologias possibilitaram à empresa identificar as fontes de emissões em suas atividades (tanto no Escopo 1 e 2, cuja medição é obrigatória, quanto no Escopo 3, que por sua vez é opcional).

Segundo, em termos dos esforços, destacamos que a Localiza investe em carros flex que podem utilizar etanol ao invés de gasolina, com cerca de 98% de sua frota (composta por ~290 mil carros, ver figura ao lado) utilizando etanol, em conformidade com o objetivo da companhia de investir no uso de fontes menos poluentes.

Dado o forte crescimento apresentado pela Localiza de 2015-19 (crescimento anual médio da frota do RaC de ~32%), era de se esperar que as emissões de GEEs da empresa aumentassem (ver tabela abaixo). Apesar de vermos espaço para melhorias, não vemos isso como um grande risco olhando para frente, dado (i) as iniciativas e esforços atuais da empresa em reduzir suas emissões; (ii) o compromisso em contribuir para uma economia de baixo carbono; e (iii) a forte combinação da Localiza de manter o ritmo de rápido crescimento visando a manutenção de sua liderança e de suas vantagens competitivas (como sua grande escala), somado à uma execução perfeita, o que, na nossa visão, também apoiará o caminho da Localiza em direção à migração do sistema de transporte para um formato mais limpo e à mudança para fontes de energia renováveis. Portanto, com isso em mente, esperamos uma redução nas emissões da Localiza ao longo dos próximos anos.

(ii) Consumo de energia: Visando ter uma matriz energética mais verde, em 2017 a Localiza decidiu adotar a energia solar como principal fonte de energia para as operações da empresa. Tal decisão levou à criação do “Projeto Solar - uma ideia cheia de energia”, por meio do qual a empresa se compromete a gerar sua própria energia limpa e renovável.

(iii) Uso da água: A principal atividade que consome água na Localiza é a limpeza de sua frota de carros. Desde 2015, a Localiza adota a lavagem a seco em toda a sua rede, reduzindo o consumo de 83 litros para 200 ml por lavagem, o que possibilitou uma economia de até 82 litros de água em cada operação, além de garantir maior controle sobre os resíduos e efluentes gerados nas agências. Além disso, vale ressaltar que o Comitê de Sustentabilidade da Localiza em 2019 estabeleceu a meta de reduzir em 50% o consumo de água, e superou essa meta, alcançando uma redução de 56%, o que destacamos como positivo.

Social: Robustos programas de engajamento de funcionários

A Localiza está bem posicionada no que diz respeito ao pilar Social, estando comprometida com (i) o Pacto Global, uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para promover a responsabilidade social corporativa e políticas sustentáveis; (ii) a Agenda 2030 da ONU; e (iii) o Pacto Empresarial pela Integridade e Contra a Corrupção do Instituto Ethos. Nesta frente, destacamos as iniciativas da empresa em três frentes principais.

(i) Gestão da mão de obra: A Localiza encerrou o ano de 2019 com 10.514 funcionários, um aumento de 29,4% A/A, com as mulheres representando 44% da força de trabalho total da empresa. Nessa frente, vale destacar os fortes programas de engajamento dos funcionários da empresa - o que permite à Localiza ter uma baixa taxa de rotatividade anual de funcionários de 11%, bem abaixo de seus pares -, além de políticas bem definidas que abrangem seus colaboradores e fornecedores visando a mitigação de riscos regulatórios.

(ii) Saúde e segurança dos funcionários: A Localiza cumpre os acordos e convenções que regem as relações trabalhistas entre os colaboradores e a empresa, dos quais 80% contêm cláusulas relacionadas à segurança e saúde ocupacional.

(iii) Diversidade e inclusão: A empresa apoia o empoderamento das mulheres por meio de diversas campanhas e incentivos a trabalhar como motoristas profissionais, com o objetivo de tentar diminuir a desigualdade entre homens e mulheres na força de trabalho. Um exemplo é a parceria da empresa com o programa “Elas na Direção”, criado pela Uber, que oferece condições exclusivas de aluguel de carro para mulheres. Como referência, enquanto nos Estados Unidos quase 25% de todos os motoristas parceiros do Uber são mulheres, no Brasil esse número não passa de 6%. Além da agenda de diversidade de gênero, a Localiza também avança na agenda que abrange demais minorias - a empresa lançou em 2020 seu Programa de Diversidade e Inclusão, além da criação de cinco grupos de afinidade: Equidade de Gênero, LGBTI +, Migrantes e Refugiados, Pessoas com Deficiência e Raça.

Governança: Se destacando em relação aos pares

Na frente G, vemos a Localiza se destacando em relação aos seus pares. A empresa possui diretrizes positivas em governança corporativa, alinhadas ao IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), e as ações da empresa (RENT3) são listadas no Novo Mercado - B3, o mais alto padrão de governança corporativa do mercado brasileiro. A estrutura acionária da Localiza é composta pelas famílias fundadoras - família Mattar (com 10,64% das ações da empresa) e família Brandão Resende (com 10,14%) -, por ações em tesouraria (0,90%) e ações em circulação - free-float - (78,32%).

Além disso, vale destacar a maioria independente no Conselho de Administração (66%, 4 dos 6 membros), o que recebemos de forma positiva, enquanto notamos a presença do Sr. Eugênio Pacelli Mattar, parte da família fundadora, no cargo tanto de CEO da companhia, quanto membro do Conselho.

Em relação à diversidade de gênero, reconhecemos os esforços da empresa, porém vemos ainda espaço para melhorias, uma vez que as mulheres representam apenas 17% do Conselho da Localiza (1 em 6 membros) e 10% da Diretoria Executiva (1 em 10).



Por fim, destacamos que a Localiza possui um Comitê de Sustentabilidade, operacionalmente subordinado ao CEO, que se reporta à Diretoria Executiva da empresa, sendo responsável por identificar, tratar, monitorar e abordar questões envolvendo sustentabilidade que representem riscos ou possam ter relevância impacto nos negócios, nos resultados de longo prazo ou no relacionamento com clientes e funcionários e na imagem da empresa.

MSCI ESG Ratings

A Localiza possui uma classificação AA pela MSCI ESG Ratings. Em uma perspectiva global, a classificação AA coloca a RENT dentre os 34% das empresas com esta classificação sob os constituintes do Índice MSCI ACWI dentro do Transporte Rodoviário e Ferroviário (35 empresas).


Movida (MOVI3): Dirigindo a agenda ESG; Uma “Empresa B” com diretrizes ESG robustas

Vemos o compromisso da Movida com a agenda ESG desempenhando um papel importante na estratégia da empresa, sendo a Movida uma das únicas duas companhias certificadas como Empresa B no Brasil (Movida e Natura). No pilar E, a empresa se destaca vs. seus pares, estando comprometida com o combate às mudanças climáticas, sustentada por estratégias para mitigar suas emissões de GEE e neutralizar os impactos de seus negócios, com destaque para: (i) a Movida emitiu o primeiro título vinculado à sustentabilidade (Sustainability-Linked Bond) da indústria de aluguel de automóveis no mundo; (ii) a meta da empresa de reduzir suas emissões de GEE em 30% até 2030, por meio de energias renováveis ​​em sua frota e instalações, além da eletrificação de sua frota; e (iii) a meta de se tornar carbono neutra até 2030 e carbono positiva até 2040. Na frente S, destacamos o compromisso da Movida de contribuir para a redução da desigualdade social usando a mobilidade como um instrumento de inclusão social, enquanto na frente G, acreditamos ser este o pilar em que a empresa tem mais espaço para evolução, embora reconheçamos positivamente que as ações da empresa são listadas no segmento do Novo Mercado, somado à presença de um Comitê de Sustentabilidade.

Ambiental: Programa Carbon Free e Sustainability-Linked Bond são os principais destaques

Diretamente relacionado com o seu negócio - ciente de que suas emissões mais intensas são geradas pelo aluguel de veículos -, a Movida prioriza enfrentar e se adaptar ao desafio das mudanças climáticas, sustentada por estratégias para mitigar as emissões de gases de efeito estufa e neutralizar os impactos do negócio por meio do engajamento de clientes no programa Carbon Free da empresa e incentivá-los a usar etanol como combustível. Além disso, a Movida está comprometida com a melhoria contínua de seu desempenho no pilar ambiental, envolvendo esforços para o menor consumo de água nas lojas próprias (minimizado por meio de projetos como lavagem a seco), a eficiência energética e a melhoria na gestão de resíduos sólidos nas lojas. Veja abaixo os principais destaques da Movida no pilar E.



(i) Emissões de GEE: 93% da frota da Movida são veículos flex, que podem rodar com etanol ou gasolina, e 87% usam etanol. No que diz respeito à eletrificação da frota, a empresa já possui 50 veículos elétricos (EVs) para locação, através de uma parceria com a Nissan, anunciada em 2020, para oferecer para locação o Nissan Leaf, veículo elétrico da montadora. Além disso, a Movida tem como meta atingir 20% de sua frota composta por veículos elétricos e híbridos. Além disso, destacamos o programa Carbon Free da empresa (veja mais detalhes abaixo), dedicado a neutralizar as emissões que não podem ser evitadas com o plantio de espécies arbóreas nativas em território brasileiro. Por fim, destacamos o objetivo da Movida em se tornar neutra em carbono até 2030 e positiva em carbono até 2040.

Programa Carbon Free

O cliente paga um valor simbólico sobre a tarifa do aluguel do veículo e a Movida faz uma contrapartida financeira correspondente para cada cliente participante, constituindo um modelo de responsabilidade compartilhada. Na devolução do veículo, a empresa mede a distância percorrida pelo cliente e calcula as emissões de carbono para estabelecer a quantidade de árvores a serem plantadas. Em nove anos de existência, o programa já soma mais de 57,3 mil árvores plantadas, neutralizando as emissões dos clientes. Além disso, vale mencionar a parceria da Movida com a Fundação Black Jaguar, organização com sede na Holanda que se dedica a promover a restauração ecológica dos biomas Cerrado e Amazônia desde 2009. Com a parceria, a Movida apoia oficialmente o Corredor de Biodiversidade do Araguaia, o maior projeto de reflorestamento do mundo.

Emissão de um Sustainability-Linked Bond

A Movida emitiu em janeiro de 2021 o primeiro Sustainability-Linked Bond da indústria de aluguel de carros do mundo, arrecadando US$ 500 milhões. A emissão faz parte do compromisso da empresa de reduzir suas emissões de GEE em 30% até 2030. Caso tal meta não seja atingida em 2025, haverá um acréscimo de 25bps na remuneração das Notes, totalizando 5,5% ao ano até o vencimento em 2031. Ademais, além de considerar as emissões dos Escopos 1 e 2, ambos diretamente relacionados às operações da empresa, a meta considera também o Escopo 3 (emissões indiretas - principalmente devido aos veículos alugados por clientes e aos serviços de transporte e distribuição para clientes), o que reforça o compromisso da Movida em liderar iniciativas com impactos ambientais positivos para a sociedade.



(ii) Consumo de energia: O consumo de energia da Movida aumentou 24% A/A em 2019, devido à expansão do número de lojas e do tamanho da frota no período. Com o objetivo de reduzir esse número, a Movida possui diversas iniciativas sendo implementadas, como a substituição e regularização de aparelhos de ar condicionado e campanhas de promoção do consumo consciente de energia, além de investimentos em energia fotovoltaica. Olhando para frente, a empresa está trabalhando para garantir que todas as suas lojas e escritórios sejam abastecidos por energia renovável, com a meta da empresa de atingir 100% até 2021 (até o final de 2019, 30% das lojas da empresa usavam energia solar).



(iii) Uso da água: O consumo de água da Movida aumentou 22% A/A em 2019, principalmente devido ao aumento do quadro de funcionários (+13%) e da abertura de oito lojas no período. Por outro lado, destacamos que 26% das lojas da empresa estão utilizando o processo de lavagem a seco, o que permitiu uma economia de 26.506.334 litros em 2019 - enquanto 300 litros de água são usados ​​na lavagem comum de um veículo de porte pequeno, o mesmo veículo necessita de apenas 6 litros no processo de lavagem a seco. Nesse sentido, destacamos a meta da Movida de atingir 80% de lavagem a seco até o final de 2020.

Social: Bom nível de eNPS e compromissos importantes

A Movida está comprometida com (i) os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), (ii) a Agenda 2030 e (iii) o Pacto Global, três importantes iniciativas da Organização das Nações Unidas (ONU), o que enxergamos como muito positivo. Nesta frente, destacamos as iniciativas da empresa em três tópicos principais:


(i) Gestão da mão de obra: A Movida encerrou 2020 com 3.328 funcionários, com as mulheres representando 40,3% da força de trabalho total da empresa. Destacamos que a Movida realiza a Pesquisa eNPS (Employee Net Promoter Score), com o objetivo de medir a satisfação dos colaboradores, o que apreciamos. Segundo a empresa, no final de 2020, várias áreas registavam um eNPS superior a 75, o que corresponde a níveis de Qualidade e Excelência. Por outro lado, notamos que a rotatividade anual de funcionários da Movida foi de 37% em 2019, um nível elevado em nossa visão. No entanto, pelo lado positivo, a empresa obteve mais de 90% de adesão à plataforma Movida Academy, com uma média de 6,17 horas de treinamento por colaborador (números de 2019).

(ii) Saúde e segurança dos funcionários: Embora as operações da Movida não sejam caracterizadas como atividades de alto risco, a saúde e segurança dos funcionários são tópicos relevantes. A empresa garante o cumprimento das normas regulamentares, para as quais o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) e o Programa de Controlo de Saúde Ocupacional são ferramentas fundamentais. Aém disso, a Movida possui um Canal de Denúncias - administrado por uma empresa terceirizada - cujo índice de satisfação atingiu 84% em 2019. O sistema está disponível para colaboradores, terceiros, prestadores de serviço e clientes, para denunciarem eventuais omissões, irregularidades ou outros eventos que violem a legislação (Código de Conduta da empresa, normas e políticas e/ou direitos de seus stakeholders).

(iii) Diversidade e inclusão: Primeiro, em relação à diversidade de gênero, notamos que, como mencionado anteriormente, as mulheres representam 40,3% da força de trabalho total da Movida. Além disso, em linha com o objetivo da empresa de contribuir para a redução das desigualdades sociais ao utilizar a mobilidade como instrumento de inclusão social, de acordo com o Relatório Integrado da Movida, a empresa é a primeira e única locadora de veículos a abrir lojas em locais em situação de vulnerabilidade social. Com isso, a Movida usa sua capilaridade e presença em todo o país como forma de gerar impacto positivo por meio de medidas inclusivas de mobilidade, ampliando o acesso aos serviços para grupos minoritários, jovens e pessoas de baixa e média renda, proporcionando condições especiais para novos públicos, como os motoristas de aplicativos, que recorrem cada vez mais aos serviços de aluguel de carros.

Governança: Espaço para melhorias, principalmente na diversidade de gênero

A Simpar (antiga JSL Holding) é a acionista majoritária da Movida, com 55,1% das ações da empresa, enquanto 0,4% são ações em tesouraria e 44,5% são ações em circulação (free-float). Destacamos que a Movida tem suas ações (MOVI3) listadas no Novo Mercado da B3, o mais alto padrão de governança corporativa do mercado brasileiro. Ainda assim, acreditamos que este é o pilar em que a empresa tem mais espaço para melhorias.

Em relação ao Conselho de Administração da Movida, ele carece de maioria independente (2 dos 5 membros) e, no que diz respeito à diversidade, sinalizamos a ausência de mulheres tanto no Conselho de Administração quanto na Diretoria Executiva. Por outro lado, destacamos a meta da Movida de garantir que as mulheres ocupem 50% dos cargos de liderança até 2030. Portanto, esperamos ver mais diversidade na alta liderança da Movida adiante.

Por fim, vale mencionar que existe uma potencial preocupação em relação ao acionista controlador da Movida, em função de sua estrutura societária onde o acionista majoritário, a Simpar (antiga JSL Holding), exerce um controle que pode estar desalinhado com sua real participação financeira, além da presença de potenciais transações com partes relacionadas.



Por fim, destacamos o Comitê de Sustentabilidade da empresa, criado em 2019 e composto por 3 membros: o CEO, um coordenador e um membro independente - conforme exemplificado na tabela abaixo.

MSCI ESG Ratings

A Movida possui classificação A pela MSCI ESG Ratings. Em uma perspectiva global, a classificação A coloca a MOVI dentre os 23% de empresas com esta classificação sob os constituintes do Índice MSCI ACWI no setor de Transporte Rodoviário e Ferroviário (35 empresas).


Unidas (LCAM3): Em uma corrida com outros players mais rápidos; Espaço para melhorias na divulgação ESG

A agenda ESG da Unidas está de acordo com os princípios do Pacto Global e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, o que vemos como muito positivo. No pilar S, destacamos os esforços robustos da empresa na gestão da sua força de trabalho, na diversidade e nos planos de inclusão, enquanto na frente E destacamos que a Unidas começou a medir suas emissões de Gases do Efeito Estufa em 2019, mas esperamos melhorias adicionais nas iniciativas para mitigar o impacto da empresa no meio ambiente. Sobre o pilar G, reconhecemos positivamente que (i) as ações da empresa (LCAM3) estão listadas no Novo Mercado e (ii) o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Unidas é ocupado por um membro independente, enquanto vemos espaço para avançar na diversidade de gênero na liderança. Por fim, em relação à divulgação de dados ESG da Unidas, sentimos falta de informações mais detalhadas, o que acaba limitando tanto a nossa análise, como a dos investidores, levando-nos a ver espaço para melhorias.

Ambiental: Passos iniciais foram dados, mas esperamos mais por vir

Renomeada após a Locamerica adquirir a Unidas em dezembro de 2017, a Unidas possui importantes iniciativas iniciais voltadas para a sustentabilidade ambiental, com destaque para três frentes principais:

(i) Emissões de GEE: A maioria dos veículos da Unidas são flex (ou seja, permitem o uso de etanol e gasolina) e têm manutenção regular, além de sua baixa idade média e quilometragem, o que os ajuda a serem mais eficientes e menos poluentes. A empresa também está empenhada na redução das emissões de GEE: o primeiro passo foi mensurar as emissões e realizar seu Inventário de GEE de acordo com as normas ISO 14.064-1 e o GHG Protocol. Em 2019, o inventário de emissões anuais de GEE (Escopos 1, 2 e 3) era de 267.985,35 tCO2e. Adicionalmente, a Unidas compensa 100% das emissões relacionadas à utilização da sua frota, através de seu programa Carbono Zero, com a aquisição de créditos de carbono, o que vemos como um destaque positivo. Em relação à eletrificação de sua frota, destacamos que no terceiro trimestre de 2020, a Unidas adquiriu 100 veículos elétricos, em parceria com a EDP.

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(ii) Consumo de energia: Apesar de termos sentido falta de dados em relação ao consumo de energia da Unidas, reconhecemos positivamente os esforços da empresa para reduzi-lo, principalmente por meio de: (i) temporizadores instalados para controlar as unidades de ar condicionado; (ii) a substituição de de ar condicionado split por modelos autônomos, que são mais eficientes para resfriar espaços comerciais de médio e grande porte; e (iii) investimentos em iluminação de LED para suas lojas, bem como a matriz.

(iii) Uso da água: A preocupação da empresa em reduzir o consumo de água é uma diretriz antiga. Em abril de 2017, a Unidas conquistou o segundo lugar na categoria Sustentabilidade Ambiental com o projeto “Lavagem a Seco dos Veículos da Frota”, da Associação Brasileira de Franquias. Uma de suas medidas, por exemplo, é usar cera em vez de água para lavar carros - o que permite uma economia, em média, de 50 litros de água por carro. Em casos mais extremos, quando o enxágue é necessário, eles reutilizam a água.

Social: Bem posicionada; eNPS é o principal destaque

Como mencionamos anteriormente, a Unidas está comprometida com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), a Agenda 2030 e o Pacto Global, três importantes iniciativas da ONU, o que reconhecemos como positivo. Nessa frente, destacamos as iniciativas da empresa em duas frentes principais:

(i) Gestão da mão de obra: A Unidas encerrou 2019 com 3.314 funcionários, um aumento de 27,4% A/A, com mulheres representando 40,9% da força de trabalho total da empresa. Por outro lado, a taxa de rotatividade dos colaboradores da Unidas foi de 56,0% em 2019, +15,9 p.p. vs. 2018. Por outro lado, destacamos que a Unidas possui um eNPS (Employee Net Promoter Score), pesquisa que é realizada anualmente para avaliar a satisfação dos funcionários com a empresa, e os resultados são ótimos: 96% dos funcionários da Unidas acreditam que são tratados com respeito e 97% acreditam que são tratados com igualdade.

(ii) Diversidade e inclusão: Nesse tópico, destacamos (i) o programa da empresa "Unidos por um Mundo Melhor", que promove campanhas internas com seus colaboradores, incluindo a agenda de Diversidade e Inclusão; e (ii) a parceria da Unidas com a associação Ser Especial para promover a inclusão social e profissional das pessoas com deficiência no mercado de trabalho por meio da inclusão monitorada.

Governança: Cadeira de presidente do Conselho ocupada por um membro independente

A Unidas possui suas ações (LCAM3) listadas no Novo Mercado, o mais alto padrão de governança corporativa do mercado brasileiro (B3), além de adotar práticas de governança corporativa recomendadas pelo Código de Boas Práticas de Governança Corporativa, publicado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o que vemos com bons olhos. Em relação à estrutura societária, os acionistas controladores da Unidas detêm 36,21% das ações, sendo o restante composto por ações em tesouraria (0,62%) e em livre circulação - free float - (63,17%).

Em relação ao Conselho de Administração da empresa, apesar do mesmo carecer de maioria independente (2 dos 6 membros), destacamos que o cargo de Presidente é ocupado por um membro independente, o Sr. Eduardo Luiz Wurzmann, o que é positivo, em nossa visão. No que se refere à diversidade, vemos que há espaço para melhorias, já que as mulheres representam apenas 17% do Conselho da Unidas (1 em 6 membros) e 13% da Diretoria Executiva (1 em 8 membros). Do lado positivo, quando considerado todos os cargos de liderança da empresa, as mulheres representam 42%, com a Unidas tendo a meta de atingir 51% até 2023. Por fim, reconhecemos positivamente que em 2020 a Unidas criou um Comitê de Sustentabilidade.

MSCI ESG Ratings

A Unidas possui uma classificação BBB pela MSCI ESG Ratings. Numa perspectiva global, a classificação BBB coloca a LCAM dentre os 28% das empresas com esta classificação no índice MSCI ACWI constituintes da categoria de empresas comercializadoras e de distribuição (18 empresas).


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