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Entenda o cenário de inflação em julho e saiba o que esperar

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: juros devem começar a cair nos EUA nesse semestre, mas seguir altos. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas piora do risco fiscal e ruídos políticos limitam a queda da Selic, que deve seguir em 10,50% até o ano que vem. Confira como investir nesse cenário.

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos.

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.

Inflação deve seguir comportada, mas riscos adiante exigem cautela

Como contamos em detalhes aqui, o IPCA (nosso principal índice de inflação ao consumidor) registrou alta de 0,21% em junho. O resultado mensal levou o índice para 4,23% no acumulado em doze meses, reacelerando em relação aos 3,93% registrados em maio – mas permanecendo dentro do limite superior da meta do Banco Central.

O número de junho trouxe surpresas positivas a analistas, especialmente por conta da desaceleração registrada nos preços de alimentos. A desaceleração na inflação de alimentos é explicada pela “devolução” da forte alta vista em maio no Rio Grande do Sul, diante das enchentes que impactaram a região no período. Para ilustrar, a categoria “alimentação no domicílio” registrou queda de 0,88% em junho, revertendo a forte elevação de 3,64% observada em maio. 

Ou seja, os impactos da tragédia climática no RS sobre os preços de alimentos estão se dissipando mais rápido do que o esperado, trazendo alívio para a inflação de curto prazo.

Além disso, após alguns meses de “luz amarela”, a inflação de serviços voltou a trazer sinais de alívio. Conforme o resultado de junho, a métrica chamada “serviços subjacentes” (que exclui preços mais voláteis, como passagens aéreas) caiu para 4,6% na média dos últimos três meses em junho, de 5,0% no mês anterior.

Vale destacar que os preços de serviços são essenciais para entender comportamento da inflação como um todo, sinalizando tendências adiante. Isso porque eles tendem a ser menos impactados por movimentos que chamamos de “oferta” (como o clima e a redução ou aumento da oferta de determinada commodity); tendo seu movimento mais relacionado ao comportamento da atividade econômica.

Na mesma direção, a recente desaceleração da inflação de serviços intensivos em mão de obra representa boas notícias – especialmente em meio a um mercado de trabalho aquecido.

Olhando adiante, esperamos que a inflação siga relativamente bem-comportada. No entanto, riscos de médio-longo prazo seguem no radar, e limitam a continuidade da queda dos juros.

Além de um mercado de trabalho aquecido e salários em alta, a desvalorização recente do real adicionou mais cautela ao cenário. Os impactos de uma moeda mais fraca sobre a inflação não são imediatos, mas já devem ser percebidos nos preços de alimentos nesse ano (como em derivados do trigo e leite). Já em produtos industrializados (como eletrodomésticos, carros e roupas), esperamos reação nos preços a partir do último trimestre deste ano, mas com maior impacto no ano que vem. 

Finalmente, vale também destacar riscos ainda latentes no cenário internacional. Esses incluem, principalmente, potenciais impactos de conflitos que seguem vigentes no palco geopolítico, podendo ser sentidos em preços como de combustíveis, alimentos e fretes. De fato, por esses e outros fatores, vimos os preços internacionais de commodities em alta nos últimos meses.

Projetamos que o IPCA encerre 2024 em 4,0% e em 4,3% em 2025 – ambos acima da meta do Banco Central, mas dentro do intervalo de tolerância.

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