Atualizações Covid-19
A semana foi marcada pelo avanço da vacinação nos EUA, com previsão para elegibilidade de todos os adultos até maio (até então, 98.2 milhões de doses já foram aplicadas nos EUA), pela suspensão do uso da vacina de Oxford/AstraZeneca foi suspenso na Dinamarca e na Áustria, e pela prorrogação da decisão da União Europeia de bloqueio de exportações de vacinas da região até junho.
No Brasil, destaque para substancial piora no quadro de contágio, hospitalizações e mortes, tendo alcançado a marca de 1.703 óbitos/dia. A ocupação de leitos nos estados também apresentou piora. No momento, são 16 estados com mais de 85% de ocupação; destaque negativo para Rio Grande do Sul (107%) e Mato Grosso do Sul (101%), que já colapsaram. São Paulo, para evitar o mesmo destino, anunciou mais medidas de restrição na tarde de ontem, como a suspensão de escolas, do futebol, imposição de toque de recolher e home office obrigatório a escritórios. Mais informações no material da XP Política.
Cenário Internacional
No cenário internacional, o principal destaque foi a aprovação do Pacote de Resgate Americano, um pacote de estímulo à economia de USD 1.9 trilhão. Em pronunciamento para marcar sua primeira vitória no Legislativo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a sanção do pacote de estímulos à economia de USD 1.9 trilhão. Segundo a Casa Branca, americanos podem receber cheques de USD 1,400 no fim de semana. Olhando para frente, a próxima prioridade do governo americano é um pacote de infraestrutura.
Também nos EUA, os dados de inflação ao consumidor (CPI) referentes a fevereiro indicaram alta de 0,4% no mês e 1,7% na comparação anual, em linha com as projeções de mercado. Na mesma linha, o índice de preços ao produtor (PPI) subiu 0,5% no mês, em linha com o esperado. Os resultados sinalizam que, apear de em patamar elevado, o nível de inflação segue sob controle, contribuindo também os núcleos levemente abaixo do esperado. Os números ajudaram a arrefecer parte da pressão sobre títulos de 10 anos do Tesouro americano, que seguem porém em alta, atingindo 1,6% na manhã de sexta-feira.
Na Zona do Euro, a produção industrial de janeiro decepcionou na Alemanha, recuando 2,5% no mês (esperado -0,4%). Já a produção industrial francesa superou as expectativas (3,3% no mês, frente expectativa de 0,5%). Apesar do último ser uma indicação adicional de que a indústria mostra sinais relativamente positivos, a despeito da segunda onda da Covid-19, os resultados também ilustram a continuidade de uma recuperação heterogênea e volátil na região.
Já em política monetária, o Banco Central Europeu (EBC) foi em linha com nossas expectativas, e sinalizou para o aumento da velocidade de seu programa de compra de ativos para o próximo trimestre. A autoridade monetária destacou os riscos de deterioração das condições financeiras diante do aumento acelerado das taxas de juros de títulos de longo prazo, e mais uma vez reforçou a natureza temporária de pressões inflacionárias observadas, frente ao nível ainda abaixo do esperado da inflação esperada no médio prazo.
Enquanto isso, na China, o destaque da semana foi o resultado da balança comercial referente ao período entre janeiro e fevereiro. As exportações registraram alta de 61% frente ao período anterior (novembro-dezembro), acima das expectativas de mercado. O resultado foi influenciado pela base de comparação mais baixa, mas refletem substancial força nas exportações, especialmente para os EUA com destaque para equipamentos eletrônicos, na esteira de estímulos fiscais vigentes (e diante da expectativa de renovação) e da reposição de baixos estoques industriais no país.
Finalmente, destaque também essa semana para os preços internacionais de petróleo, que fecharam a semana próximos a US$ 70,00 o barril (Brent), a despeito do aumento acima do esperado do estoque nos EUA, divulgado pela Agência de Informação de Energia do país (EIA). A alta foi influenciada pela tentativa de um ataque à estruturas de produção da Árabia Saudita no início da semana, e segue refletindo a pressão sobre commodities oriundas de expectativas de retomada no crescimento global. A alta do petróleo renova o risco de inflação global.
Enquanto isso, no Brasil
No cenário doméstico, o principal destaque no cenário político econômico foi a tramitação da PEC Emergencial no Congresso. Depois de três dias inteiros de sessão na Câmara dos Deputados, a promulgação permitirá a edição das medidas provisórias para o pagamento da nova rodada de auxílio emergencial – estipulada pela PEC no valor total de R$ 44 bilhões no ano.
O texto foi aprovado conforme o acordo bancado pelo governo, com a supressão de dois trechos que vedavam a promoção e a progressão de carreira de todos os servidores em caso de calamidade ou emergência fiscal, que geraria um ganho aproximado de R$ 4,5 bilhões somados União, estados e municípios. Entretanto, foram mantidos os demais gatilhos de redução de gastos, especialmente o congelamento de vencimentos dos servidores federais.
Desta forma, quando atingidos os limites de gastos estabelecidos pela nova lei serão acionadas medidas de ajustes das despesas. Para a União, o limite ficou em 95% para a razão entre a despesa primária obrigatória e despesa primária total; para os estados, municípios e outros poderes, o parâmetro será a mesma razão, entre despesas correntes e receitas correntes. Os demais destaques foram mantidos, inclusive que trata do plano de redução de subsídios, após o acerto sobre os agentes públicos e promessa do governo de não alterar a lei da informática.
A semana também foi marcada pela decisão do ministro Edson Fachin, do STF, de anulação de todos os processos contra os ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato, incluindo as condenações que mantinham o petista inelegível. A Procuradoria-Geral da República recorreu da decisão. Porém, considerando as etapas de outros processos, é improvável que Lula seja condenado novamente em segunda instância a tempo de se tornar inelegível para o pleito de 2022.
Na seara de indicadores, a semana contou com a divulgação da pesquisa mensal de serviços e o resultado para o setor de varejo, ambos referentes a janeiro.
O setor de serviços cresceu 0,6% no mês comparado ao mês anterior (com ajuste), com destaque para transportes e serviços de TI. Já a Pesquisa Mensal de Comércio indicou queda de 0,2% no varejo ampliado na comparação mensal (com ajuste sazonal). Apesar dos resultados positivos, esperamos que a tendência de desaceleração continue, principalmente com o agravamento da pandemia, que pode interromper a recuperação gradual do mercado de trabalho. A nova rodada do Auxílio Emergencial deve suavizar a tendência, mas nossos cálculos sugerem que não será suficiente para compensar a queda na renda total das famílias. Os resultados são consistentes com nosso cenário -0,5% de crescimento do PIB no 1T21; e 3,2% para 2021.
Enquanto isso, a inflação medida pelo IPCA ficou bem acima das expectativas no resultado referente a fevereiro, em 0,86% (XP: 0,66%; BBG 0,72%). A surpresa de alta, porém, concentrou-se principalmente em dois itens: gasolina e cuidados pessoais (0,18 pp acima da nossa projeção). Mantemos nossa previsão de 4,90% para 2021.
Finalmente, publicamos nessa semana nosso Macro Brasil Mensal. Os juros mais elevados dos títulos nos países desenvolvidos, o agravamento da pandemia e o aumento do risco político no Brasil tornam o cenário mais desafiador. Esperamos agora um real mais depreciado, inflação mais alta e uma resposta mais rápida da política monetária. Com isso, reduzimos nossa projeção de PIB para 2021 (de 3,4% para 3,2%) e para 2022 (de 2,0% para 1,5%).
O que esperar?
No cenário internacional, destaque para a divulgação de dados de atividade referentes a fevereiro nos EUA, além de decisão de política monetária do FOMC, resultado de fevereiro da inflação ao consumidor na Zona do Euro e índices de confiança de março na Alemanha. Já no Brasil, a semana será marcada também por decisão de política monetária, em que esperamos elevação da taxa Selic para 2,5% ao ano. Teremos também a divulgação do índice de atividade econômico medido pelo Banco Central (IBC-Br) referente a janeiro, para o qual esperamos expansão de 0,2% (m/m).
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