Atualizações Covid-19
A dinâmica da Covid na Índia continua sendo uma causa de preocupação global. As mortes diárias atingiram um recorde de 3.689 no domingo. Os novos casos diminuíram um pouco, mas permanecem elevados.
Enquanto isso, a Casa Branca anunciou que apoiaria a quebra de patentes para as vacinas contra a Covid-19, o que deve impulsionar o debate sobre a pauta na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em carta pública, a representante de Comércio dos EUA, Katherine Tai, afirmou que as “circunstâncias extraordinários exigem medidas extraordinárias”. A chanceler alemã, Angela Merkel, disse ser contra a medida. Seu posicionamento e a influência da indústria farmacêutica em Washington colocam em xeque o andamento da agenda.
No Brasil, encerramos a semana com recuo na média móvel de novos óbitos (em 2.252 óbitos diários), retornando ao menor patamar desde o dia 20 de março. Na campanha de vacinação, o país voltou a vacinar mais de 1 milhão de pessoas em 24 horas. Entretanto, a média móvel de doses aplicadas está em 742,6 mil ao dia, 27% abaixo do ritmo visto há 7 dias.
No lado positivo, o governo federal anunciou a compra de mais 100 milhões de doses da Pfizer. O primeiro contrato firmado com a farmacêutica prevê a entrega da mesma quantidade até setembro, enquanto as novas doses devem chegar até o final do ano.
Cenário Internacional
Em semana agitada para as relações internacionais, a Comissão Europeia informou que os esforços para concluir o acordo de investimento da União Europeia com a China foram "suspensos" devido à deterioração das relações entre os países. Na mesma linha, em ocasião da reunião de ministros das relações exteriores dos países do G-7, os EUA propôs aos aliados um mecanismo para consultar estratégias de resposta a possíveis pressões ou desafios colocados pela China. Apesar das crescentes tensões, o secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, descartou uma Guerra Fria entre as maiores economias do mundo.
Outro destaque na semana foi a alta no preço das commodities, especialmente minerais, impulsionados pela forte recuperação global e pelo crescimento das exportações na China. Os preços do cobre atingiram níveis históricos. O minério de ferro subiu 22% nos últimos 30 dias.
Estados Unidos
Nos EUA, a semana começou com discussões sobre inflação, que tem ganhado força após os dados de Renda e Gastos Pessoais dos EUA, divulgados na semana passada. O deflator do PCE, o indicador de inflação preferido do Banco Central americano (Fed), atingiu o nível mais alto desde 2018, suscitando questionamentos se os aumentos de impostos propostos por Biden de fato seriam suficientes para financiar todo o plano de estímulo. A Secretária do Tesouro, Janet Yellen, reforçou no fim de semana que os planos de despesas do presidente americano não devem gerar inflação.
Na seara de indicadores, a semana contou com dados iniciais de abril, que reforçaram o fortalecimento robusta da economia, mas ainda com preocupações sobre desequilíbrios causados pela pandemia. O ISM de manufatura caiu para 60,7 em abril, com registro de crescimento em todos os setores contido pela escassez de insumos, à medida que o aumento da vacinação contra o COVID-19 e o estímulo fiscal massivo desencadearam a demanda reprimida. Já o PMI de Serviços subiu para 64,7 em abril, atingindo nova máxima da série histórica, e levando o PMI Composto para 63,5 no mês. Porém, assim como a indústria, o setor de serviços sofre com problemas de oferta de insumos, inclusive mão de obra.
Por outro lado, apesar do resultado positivo do relatório de emprego privado nos EUA (ADP), o resultado do desemprego em abril no país surpreendeu negativamente – ao registrar alta para 6,1% (de 6% em março) diante da criação de 266 mil empregos, perante expectativas de queda no desemprego para 5,8% no período (com criação de 1 milhão de vagas). O dado mais fraco reforça o posicionamento cauteloso do FED, tendo dirigentes da autoridade monetária reiterado repetidas vezes nas últimas semanas/meses que a economia norte-americana "ainda não está fora de perigo”, chamando atenção mais recentemente também para a desigualdade entre classes na retomada do mercado de mercado.
Finalmente, na seara política, o Departamento do Tesouro dos EUA recomendou ao Congresso agir rapidamente para aumentar o limite de endividamento federal, alertando que o governo poderia ficar sem recursos mais cedo que em anos anteriores.
Zona do Euro
Na Zona do Euro, os dados do início do segundo trimestre mostram que a recuperação da região já começa a se fortalecer após queda no primeiro trimestre, na esteira do avanço da vacinação, retorno gradual da confiança, e da normalização da atividade.
As vendas no varejo de março superaram as expectativas na Zona do Euro, com alta de 2,7% frente expectativa de 1,6%. Destaque positivo também para as encomendas à indústria e varejo na Alemanha, que avançaram acima do esperado no mês. Na mesma tendência, o PMI composto da região atingiu o maior patamar desde julho de 2020, em 53,8 pontos no mês. Já no Reino Unido, o Banco da Inglaterra (BoE) manteve a política monetária inalterada, mas elevou suas projeções de crescimento do PIB do país para 7,25% (de 5%) nesse ano – ilustrando a recuperação robusta esperada no país após a célere e eficaz campanha de vacinação da população.
China
O superávit comercial da China foi mais de duas vezes maior do que o esperado em abril (276bi vs 129 bi Yuan), com exportações crescendo 32,3% em relação ao mesmo mes do ano passado, e importações com alta de 43,1% na mesma métrica. As exportações da China são um bom indicador antecedente para a produção industrial global. Outro indicador importante foi o Caixin PMI de serviços, que saltou para 54,3 em março para 56,3 em abril - o aumento mais rápido em cinco meses.
Enquanto isso, no Brasil
Copom
No Brasil, o principal destaque da semana foi a decisão de política monetária do Banco Central. O COPOM elevou a taxa Selic em 0,75 pp, para 3,50% a.a., conforme amplamente esperado. No comunicado pós-decisão, o Comitê reafirmou seu plano de fazer um ajuste parcial das condições monetárias, mas destacou que este plano depende da evolução do cenário econômico. O único compromisso é atingir a meta de inflação de 3,5% em 2022. Para a próxima reunião, o Copom antevê outro ajuste de mesma magnitude (0,75 pp) na taxa básica de juros.
A sondagem pós-Copom da XP, com 162 investidores institucionais, mostrou que o comunicado do Comitê foi lido como neutro pela maioria dos respondentes. A principal mudança nas expectativas ante a sondagem pré-Copom ocorreu em relação às reuniões de política monetária em junho - para a qual agora 96% dos participantes esperam outra elevação de 0,75 pp – e agosto, cuja chance de 0,75 pp subiu 11 pp. Não houve alteração relevante na expectativa para a taxa de juros terminal.
Indicadores Macroeconômicos
A semana contou com a divulgação da Pesquisa Mensal de Indústria (PMI) de março, que indicou contração de 2,4% na produção industrial brasileira em relação ao mês anterior (com ajuste sazonal). A escassez de matérias-primas importantes, sobretudo no setor automotivo, e o aperto de medidas de mobilidade levaram ao resultado, com destaque negativo para bens duráveis. Ainda assim, a produção do setor secundário ficou perto da estabilidade no 1º trimestre, registrando leve queda de 0,4% ante o 4º trimestre de 2020 (após ajuste sazonal). Prevemos retomada do crescimento nos próximos meses, em linha com o processo de recomposição de estoques, a recuperação firme da demanda global e o afrouxamento das restrições de distanciamento social.
Já o resultado de varejo no mês surpreendeu positivamente, ao registrar queda de 5,3% entre fevereiro e março no conceito ampliado (com ajuste sazonal) - muito mais leve do que projetada tanto por nós quanto pelo consenso de mercado. O resultado foi puxado especialmente pelas vendas de supermercados (3,2% m/m; -3,4% a/a), único setor com expansão na leitura de março. Olhando adiante, acreditamos que as vendas reais no varejo permanecerão em trajetória de recuperação. Relaxamento adicional das restrições de mobilidade social, nova rodada de auxílio emergencial - embora em volume substancialmente inferior em comparação com as transferências de 2020 - antecipação do pagamento de benefícios do INSS (13º salário para aposentados e pensionistas) e recuperação da confiança do consumidor devem dar suporte ao consumo das famílias nos próximos meses.
Cenário Político Econômico
Destaque na semana para discussões no Congresso acerca de uma reforma tributária. Após o encerramento da comissão mista que tratava do tema, a Câmara, Senado e governo ainda discutem o melhor caminho para a tramitação da reforma – se faseada em partes distintas, ou não. O governo também negocia com o Congresso uma maneira de chegar a um entendimento que preserve o PLN 4, projeto enviado no mês passado que recompõe despesas obrigatórias para o Orçamento de 2021. Está em estudo a possibilidade de um novo projeto de lei fazendo um remanejamento entre despesas discricionárias para contemplar as demandas das áreas de infraestrutura e meio ambiente, o que poderia preservar os R$ 19,8 bilhões de gastos obrigatórios que o governo precisa recompor.
Ainda na seara político econômica, como já antecipado, o presidente Jair Bolsonaro assinou o decreto que antecipa o pagamento do 13º salário a aposentados do INSS. A decisão injeta até julho R$ 52,7 bilhões na economia. Vale notar que a medida não tem impacto fiscal, dado tratar de uma realocação intertemporal nas despesas já orçadas para o ano. Já a Câmara aprovou projeto de lei que torna permanente o Pronampe, uma linha de crédito com condições especiais para micro e pequenas empresas. Neste ano, o governo pretende injetar R$ 5 bilhões no fundo garantidor por meio de emissão de crédito extraordinário.
Finalmente, a semana contou também com depoimentos iniciais na CPI da Pandemia, com a presença de ministros da Saúde do governo Bolsonaro. Por ora, as discussões tem tido repercussão limitada na economia e mercados, mais voltados às discussões assinaladas acima. Mais informações no material do time de XP Política.
O que esperar?
No cenário internacional, as discussões sobre patentes de vacinas contra a Covid-19 devem seguir no radar, assim como questões geopolíticas envolvendo países desenvolvidos e a China. Na seara de indicadores, a semana terá números de inflação na China (CPI e PPI), além de inflação ao consumidor (CPI) também nos EUA, vendas no varejo de abril, discursos de dirigentes do FED, e resultado da produção industrial na Zona do Euro referente a março.
No Brasil, discussões sobre a reforma tributária devem seguir um dos principais destaques no cenário político econômico, assim como as negociações finais do orçamento deste ano entre Executivo e Congresso. Na seara de indicadores, a semana contará com a divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços de março, e do indicador de atividade do Banco Central do mesmo mês (IBC-Br), além da ata da reunião do Copom, e do IPCA de abril.
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