Os índices do mercado financeiro são extremamente importantes para fins comparativos de desempenho de grande parte dos investimentos e servem também para entender movimentações e tendências ao longo do tempo. Já falamos aqui do Ibovespa, o índice da Bolsa brasileira, e do S&P 500, índice da Bolsa dos Estados Unidos. Mas há no mercado índices que medem o retorno de outras importantes regiões do mundo, de grupos de países, como a Europa, Ásia e Emergentes. São os índices MSCI.
Grandes gestores e investidores pelo mundo olham os índices MSCI diariamente para investir no exterior de forma global e estabelecer um parâmetro para os seus investimentos. São importantes termômetros dos mercados pelo planeta e de economias alternativas.
O que são os índices MSCI?
Os índices MSCI, então, são uma medida do desempenho do mercado de ações em uma determinada área ou representando um conjunto de ações globais que entram, juntas, em um quesito específico. Como outros índices que já falamos, o valor é medido conforme se obtém a média do desempenho das ações que compõem os índices MSCI.
A cada três meses cada índice tem a sua composição revisada por um comitê especializado da empresa MSCI em cada área e assunto relacionado ao índice. Há pelo menos três fatores muito importantes que esses índices englobam e, por isso, são tão valiosos para o mercado:
Referência e Benchmark de mercado
Imagine um fundo de investimento que investe majoritariamente em ações e há uma escolha ativa para a composição da carteira desse fundo, ou seja, o gestor tem a liberdade, de acordo com sua experiência, de pinçar as oportunidades que julgar como as melhores naquele momento. Ao fazer isso, combinando os retornos de cada ativo, ele terá um desempenho tirado dessas escolhas.
Mas como saber se as decisões foram acertadas e se o fundo foi bem ou foi mal? Basta comparar com o desempenho de um índice. No caso, há vários tipos de índices MSCI. Por isso, é preciso fazer um comparativo com aquele que mais se aproxima do objetivo do fundo. Por exemplo, o mais correto para um fundo de ações globais que investe em empresas somente de mercados de países emergentes é comparar com o MSCI Emerging Markets, que olha especificamente para esses países.
Se o fundo apresentar um retorno maior do que o MSCI, sempre colocando nos mesmos períodos, supõe-se que o seu desempenho foi bom, acima da média e que houve escolhas diferentes do índice que fizeram com que o retorno do fundo fosse mais pujante. E o contrário também vale: se o fundo foi pior, é preciso entender qual escolha deu errado e se vale a pena para o gestor manter essa decisão ou mudar de ativo. Ou seja, é um ótimo parâmetro tanto de desempenho quanto de possíveis ajustes a serem feitos.
Formação de ETFs
Aqui, já vamos explicar uma das características mais importantes do índice MSCI aproveitando uma pergunta que possivelmente você deve estar se fazendo: é possível investir nos índices MSCI? De forma direta, não. Porém, há um veículo disponível no mercado específico para investir em índices, os Exchange Traded Funds (ETFs), conhecidos também como fundos de índices negociados na Bolsa.
Esses ativos, que são negociados praticamente da mesma forma que qualquer ação, replicam os índices do mercado financeiro. E a importância dos MSCI é que, por haver centenas de milhares de índices com as suas mais diversas composições, há, portanto, milhares de ETFs em que é possível se expor à mesma estratégia de um determinado índice.
Aqui no Brasil, ainda não é possível investir diretamente por ETFs vinculados aos índices MSCI, porém há fundos de investimento e Certificados de Operações Estruturadas (COE) que conseguem acessar essas estratégias.
Ou seja, os índices MSCI são importantíssimos para os investidores, pois eles permitem a criação de veículos cujo o investimento se torna plenamente possível.
Investimento em tendências
Por acessarem tantas estratégias específicas e mercados acionários do mundo todo, há uma infinidade de tendências em que é possível diversificar a carteira e expor o seu capital.
Por exemplo, o investimento em ações de empresas com fatores ESG (Ambiental, Social e Governança, em tradução livre para o português) é um dos principais focos atuais da MSCI, que vem criando vários índices, cada um com uma estratégia específica em cada região do mundo.
Outro setor que vem sendo um dos mais importantes para os índices MSCI é o de ações de Tecnologia, com empresas que trazem cada vez mais valor e que vem sendo um dos destaques da última década. Por meio dos ETFs que replicam esses índices, é possível acompanhar essas tendências globais.
Breve história da MSCI
O começo dos índices MSCI tem origem em 1969 quando a empresa Capital International introduziu os primeiros índices de ações internacionais – os primeiros a não incluir apenas empresas dos Estados Unidos.
A sigla MSCI começou a ser usada em 1986 quando o banco Morgan Stanley comprou os direitos de licenciamento, tornando-se o maior acionista da empresa.
Em 2004, a MSCI adquiriu a Barra, uma empresa de gerenciamento de riscos e análise de portfólio, por aproximadamente US$ 816 milhões. A fusão de ambas as entidades resultou em uma nova empresa, a MSCI Barra, que fez seu IPO em 2007 e começou a ser negociada na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE) sob o código MSCI.
Os principais índices MSCI
A seguir, veja alguns dos principais índices da MSCI e os que mais mexem com os mercados financeiros por todo o mundo, segundo o site oficial da MSCI.
MSCI World
O índice mundial da MSCI mede o desempenho do mercado de empresas de grande e médio porte com presença global e em países desenvolvidos. É frequentemente usado para descrever como está o mercado de ações em escala mundial, excluindo ações de países emergentes.
Inclui os seguintes países: Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Hong Kong, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Portugal, Singapura, Espanha, Suécia, Suíça, Reino Unido e Estados Unidos.
O mercado de ações norte-americano é disparado o que mais representa o índice, com mais de 60% de participação na composição.
MSCI ACWI
Projetado para representar o desempenho de todo o conjunto de oportunidades de ações de grande e médio porte do mundo, em 23 mercados desenvolvidos e 26 emergentes. É portanto o índice mais abrangente da MSCI em escala global.
MSCI Brazil
Índice que acompanha o desempenho de grandes e médias empresas brasileiras. Atualmente, há 56 delas no MSCI Brazil, sendo que 30% são de ações do setor financeiro.
MSCI Emerging Markets
Índice que acompanha o desempenho das bolsas de valores de 26 países emergentes: Argentina, Brasil, Chile, China, Colômbia, República Tcheca, Egito, Grécia, Hungria, Índia , Indonésia, Coréia, Malásia, México , Paquistão, Peru, Filipinas, Polônia, Catar, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Taiwan, Tailândia, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
Abaixo, veja o retorno do MSCI Emerging Markets e a sua divisão de composição entre setores e países. O Brasil possui pouco mais de 5% de parcela do índice, que tem cerca de 40% só de companhias da China.
Índices ESG da MSCI
Criado em 1990, o MSCI KLD 400 Social Index foi desenhado para expor o investidor a companhias com alto padrão ESG, excluindo da lista aquelas com produtos que podem ocasionar impactos negativos socioambientais, como a indústria do álcool, tabaco e armas.
Abaixo, o desempenho comparativo do Índice MSCI KLD 400 Social contra o S&P 500 desde 1991, uma amostra de como a estratégia ESG pode ser bastante rentável.
Há também um índice de ESG da MSCI focado no Brasil. Criado em 2007, ele é composto, segundo a MSCI, pelas companhias com as melhores práticas ESG do país. No gráfico a seguir, podemos ver um retorno significativamente maior do que MSCI Brazil desde seu início. Além disso, nos últimos 12 anos, o índice ESG superou o tradicional 8 vezes.
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