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Carry trade: o que é e ​​​​qual a relação com o câmbio?​

Você já ouviu falar em carry trade? Confira o que é, como funciona e qual a relação dessa estratégia com o câmbio e os investimentos.

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Carry trade: o que é e ​​​​qual a relação com o câmbio?​

Carry trade é uma estratégia com mais de 100 anos, mas que ainda atrai milhares de investidores do mundo todo pelo seu potencial de retorno.  

O raciocínio é bem simples: imagine que um país esteja com uma taxa de juros de 10% e outro esteja com a taxa de 50%. Você pode pedir um empréstimo no primeiro país, investir no outro e ganhar com a diferença.  

Mas, apesar de ser bem simples, existem alguns riscos que podem transformar lucros em perdas — até mesmo para um país inteiro, como veremos mais adiante.  

Continue lendo para entender em detalhes o que é carry trade e como essa estratégia funciona! 

O que é carry trade? 

Carry trade é uma estratégia de traders profissionais que consiste em pegar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos, converter o dinheiro e aplicar em ativos de países com taxa de juros mais altas.  

Por exemplo, você decide pegar empréstimo em dólar americano, cujos juros são mais baixos, e investir em títulos brasileiros, onde os juros são significativamente maiores.  

Nos anos 1990, pessoas pegaram empréstimo em iene japonês, que tinha juros baixos, para financiar investimentos em moedas de países emergentes com juros elevados.  

Contudo, eventos como a Crise Financeira Asiática em 1997 e a Crise Financeira Global em 2008 acabaram evidenciando o risco da estratégia.  

Hoje, o carry trade evoluiu e ficou popular entre traders e gestores de fundos.  

Como funciona o carry trade? 

Confira abaixo como funciona o processo de carry trade: 

Mecanismo Operacional 

É o processo manual. Nesse caso, você vai identificar uma oportunidade de lucro baseada na diferença entre as taxas de juros de dois países. 

Primeiro, você toma um empréstimo em um país onde a taxa de juros é baixa, como o Japão ou a Suíça.  

Depois, é necessário fazer a conversão cambial para o país com taxas de juros mais altas (como o próprio Brasil ou a Argentina).  

Por fim, o investidor aplica o montante em ativos do país com juros altos, como títulos de renda fixa.  

Seu lucro com o carry trade é dado pela diferença entre os juros pagos no empréstimo e os juros recebidos no investimento entre um país e outro.  

Suponha que você pegue empréstimo em reais, considerando que a taxa básica de juros esteja em cerca de 13% ao ano. Em seguida, você aplica esse valor em um título que rende aproximadamente 13,79% ao ano.  

Nesse cenário, o lucro bruto potencial seria de cerca de 0,79% ao ano, antes de considerar custos cambiais, impostos, inflação ou variação da moeda.  

Esse exemplo demonstra como o diferencial entre o custo do dinheiro e o rendimento do investimento determina o ganho bruto em operações de carry trade. 

Moedas e Ativos Envolvidos 

As principais moedas utilizadas no carry trade incluem o iene japonês, o franco suíço e, em alguns casos, o dólar americano.  

Essas moedas são favoritas por serem oficiais em países com taxa de juros predominantemente baixas. 

Por outro lado, moedas de países emergentes, como o peso argentino, o peso mexicano e a lira turca, costumam ser escolhidas devido às suas altas taxas de juros e, como resultado, maior potencial de lucro.  

E o real? Depende em relação a qual moeda estamos comparando. Por exemplo, em relação ao peso argentino, nossa taxa de juros é mais baixa, mas quando o Japão é comparativo a nossa taxa de juros é maior.  

Nesse sentido, o que observamos ao escolher o país para solicitar o empréstimo e o país para investir?  

  1. Diferença entre as taxas de juros; 
  1. Estabilidade econômica do país emissor; 
  1. Liquidez dos ativos.  

E, claro, a facilidade de conseguir o empréstimo e investir.  

Vantagens do carry trade 

Não é à toa que a estratégia ficou bem conhecida. Confira as possibilidades que o carry trading oferece: 

  • Lucratividade: com essa estratégia, é possível que o investidor tenha um excelente potencial de lucros, principalmente em cenários de baixa da taxa de juros; 
  • Diversificação: você pode diversificar o seu portfólio em vários países e moedas. Com isso, é possível ficar exposto a diferentes economias e mercados; 
  • Flexibilidade: é possível ajustar suas posições rapidamente em resposta a mudanças nas condições econômicas globais, como alterações nas taxas de câmbio ou vitória de algum presidente novo. 

Riscos do carry trade 

Como estamos falando de trade, que consiste em especulação, é sempre importante ressaltar os riscos da operação:  

Riscos financeiros 

  • Volatilidade cambial: o valor de uma moeda no mercado pode oscilar por conta de diversos fatores. Se a moeda do país escolhida para investir desvalorizar em relação à moeda do empréstimo, você pode perder o lucro ou até ficar negativo; 
  • Taxas de juros: mudanças inesperadas nas taxas de juros no país de origem do empréstimo ou no país de investimento podem influenciar diretamente na queda dos lucros. Nesse caso, se o Banco Central do Brasil decidisse aumentar a nossa taxa de juros ou a Argentina decidisse baixar, isso influenciaria na rentabilidade do carry trade.  

Riscos econômicos e geopolíticos 

  • Crises econômicas: você precisa saber que países emergentes possuem economias bem voláteis, então existe a possibilidade de desvalorização rápida da moeda e queda nos preços dos ativos locais; 
  • Instabilidades políticas: mudanças políticas podem causar incertezas no mercado e oscilações cambiais. 

Riscos dos ativos 

  • Calote: quando você compra títulos em um país que está passando por um período de recessão, pode acabar levando “calote” do ativo. Citando um exemplo: caso compre um CDB de um banco argentino e a instituição quebre, você pode perder o dinheiro; 
  • Liquidez: o investidor pode não conseguir vender o ativo no momento certo e ficar no prejuízo diante de alguma instabilidade.  

Carry trade e câmbio: qual a relação? 

As operações de carry trade podem ter um impacto significativo nas taxas de câmbio, o que, por sua vez, acaba influenciando as taxas de juros. 

Ou seja, é uma operação que em larga escala pode impactar diretamente na economia dos países envolvidos.  

Basicamente, quando muitas pessoas tomam empréstimo e convertem o dinheiro para outra moeda, a demanda por essa última moeda aumenta — e, consequentemente, ela se valoriza. Por outro lado, a moeda do país com baixa taxa de juros se desvaloriza. 

Desse modo, alteramos a dinâmica natural de oferta e demanda no mercado cambial. Isso pode acarretar diversas consequências e influenciar nas políticas monetárias, inflação, exportações e importações, entre outras. 

Inclusive, isso já aconteceu antes. O Japão é um dos exemplos mais emblemáticos de como o carry trade pode influenciar uma economia. 

Durante as décadas de 1990 e 2000, o Japão manteve taxas de juros extremamente baixas devido à estagnação econômica após a bolha imobiliária. Isso levou diversos investidores internacionais a solicitar empréstimos em ienes a uma baixa taxa de juros e investir em outros países.  

Com isso, o carry trade causou uma pressão de desvalorização do iene japonês e tornou a economia japonesa vulnerável a mudanças cambiais bruscas.  

Quando algo assim acontece, cabe ao banco central do país adotar várias estratégias para reduzir os efeitos negativos.  

Nesse caso, uma das principais é ajustar a taxa básica de juros e incentivar a compra de títulos locais para controlar as solicitações de empréstimos. 

Em contrapartida, também é possível pensar em formas de incentivar a entrada de capital, principalmente em países emergentes.  

De todo modo, a estratégia pode ter implicações profundas para a estabilidade econômica de um país, mas, como falamos, acontece mais em casos de larga escala.  

Dicas para reduzir riscos em operações carry trade 

Existem vários riscos associados a flutuações cambiais e volatilidade de mercado, mas investidores inteligentes conseguem aumentar a segurança e o potencial de retorno de algumas formas no carry trade: 

  • Diversificação de portfólio: você pode distribuir seu capital em diferentes moedas e classes de ativos, reduzindo a dependência de uma única economia ou mercado. Por exemplo, você pode aplicar essa estratégia em países emergentes, mas, ao mesmo tempo, ter títulos de mercados desenvolvidos; 
  • Monitoramento contínuo do mercado: como o carry trading envolve câmbio e, portanto, a economia e política de dois países, é importante acompanhar os mercados para ajustar suas estratégias com rapidez;  
  • Estratégias de hedge: consiste em operações que compensam possíveis perdas em um investimento, como contratos futuros ou opções de moeda, que podem fixar a taxa de câmbio em um nível predeterminado. Se você sente que a moeda vai desvalorizar, pode usar um contrato de hedge para garantir que, caso aconteça, as perdas sejam limitadas; 
  • Ativos com liquidez: escolha ativos que possam ser vendidos rapidamente sem grandes perdas de valor; 
  • Equilibre o risco: se a operação já é variável em si, você pode escolher ativos menos voláteis para ganhar mais estabilidade; 
  • Análise técnica e fundamentalista: mesmo sendo em outro país, é necessário estudar os ativos para prever movimentos do mercado e fazer as escolhas certas. 

Conclusão 

O carry trade é uma estratégia de investimento que permite aos investidores lucrar com a diferença entre as taxas de juros de diferentes países. Tem diversas vantagens, mas também riscos importantes envolvidos. Por isso, é fundamental saber operar da forma certa.  

Além disso, o mecanismo pode influenciar diretamente na economia dos países envolvidos. Você precisa ficar de olho nas atualizações para evitar grandes perdas e aumentar as chances de retorno.  

De todo modo, quando bem aplicada, pode trazer grandes vantagens para seus investimentos.  

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