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Bradesco (BBDC4): Lucro de alta qualidade com provisões mais positivas | Revisão 3T20

O Bradesco reportou bons resultados no 3T20, com lucro exatamente como o esperado, em R$ 5 bilhões, implicando em um ROE de 15%. Veja mais detalhes dos números do banco.

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O Bradesco acaba de reportar bons resultados no terceiro trimestre de 2020 (3T20), com lucro exatamente como o esperado, em R$ 5 bilhões (vs. R$ 4,6 do consenso da Bloomberg), implicando em um ROE de 15%. Os destaques do resultado foram: i) menor custo de crédito, uma vez que as recuperações vieram acima das expectativas e houve redução de provisões; ii) maiores receitas de serviços, dado que o banco se beneficiou de um maior nível de atividade econômica no trimestre; e iii) custos surpreendentemente controlados, uma vez que o banco manteve seus custos estáveis ​​no trimestre, embora o segundo trimestre tenha sido um período de menor atividade. No entanto: i) a margem financeira do banco surpreendeu negativamente caindo 8% T/T embora os ativos rentáveis tenham crescido 7% no mesmo período, devido a uma queda de 72bps na margem financeira sobre os ativos rentáveis (NIM); e ii) um número mais normalizado de sinistros e resultados financeiros deterioraram a operação de seguros que, apesar disso, acreditamos que a seguradora ainda se beneficia da baixa utilização pelos clientes. No geral, temos uma visão positiva e de alta qualidade para os resultados, pois não acreditamos que a margem financeira com o mercado e a sinistralidade de seguros do 2T sejam sustentáveis. No entanto, o sinal do banco sobre possíveis menores provisões pode tornar as estimativas de mercado conservadoras, implicando em um P/L de 2021 atraente. Dito isso, reiteramos nossa recomendação de Compra e preço-alvo de R$ 27 pela ação BBDC4 , com o banco negociando a atrativos 1,3x P/PL e 9,3x P/E.

Sinais positivos para a Qualidade dos Ativos

O banco divulgou quatro análises positivas sobre a qualidade dos ativos: i) índice de inadimplência entre 15 e 90 dias estável; ii) modelos de risco indicando que provisões podem diminuir; iii) índice de cobertura acima de 90 dias em ~400%; e iv) sinais positivos para as operações prorrogadas.

  • Ao contrário do Santander, o índice de inadimplência entre 15-90 dias do Bradesco ficou estável em 2,6%, o que acreditamos ser um bom sinal, pois 75% das operações prorrogadas já foram realizadas e estão em situação regular (com 98% em dia).
  • A administração informou ainda que os estudos / modelos estatísticos internos previram cenários em que o montante das provisões necessárias deveria ser inferior ao de trimestres anteriores.
  • O índice de cobertura acima de 90 dias saltou quase 100p.p. no trimestre para 398%, uma cobertura que acreditamos ser adequada mesmo se considerarmos o pico de inadimplência do banco durante a crise de Dilma. Simulando a inadimplência do banco no índice de 5,63% (1T17), o índice de cobertura do Bradesco seria de 162%, cujo número nos sentimos confortáveis ​​daqui para frente.
  • Também tivemos uma visão positiva sobre o nível das operações prorrogadas, com a administração mostrando que: i) dos R$ 73 bilhões prorrogados, 60,4 já estão em dia e apenas R$ 1,4 bi em atraso (mais de 30 dias); ii) 70% das operações possuem garantias reais; iii) os clientes possuem em média 13 anos de relacionamento; e iv) 94% dos clientes são classificados pelo níveis de risco de AA a C.
  • No geral, acreditamos que a combinação de uma operação melhor do que o esperado com menores provisões poderia impulsionar os lucros do banco no futuro.

Mais digital e eficiente

Como resultado do isolamento social, a operação digital do Bradesco seguiu melhorando, com o número de empréstimos autorizados por canais digitais saltando de 48% no 3T19 para 79% no período 9M20. Além disso, o banco continua a se concentrar na redução de sua operação física, com a divulgação por meio de seu podcast que o número de agências a serem fechadas em 2020 deve ultrapassar 1.200. Dito isso, em conjunto com seu desempenho recente em despesas não decorrentes de juros e sua orientação suave de queda nominal na linha, nos deu a certeza de que o Bradesco sabe como será importante para o setor ter consciência dos custos daqui para frente, pois as receitas de varejo estão sob pressão.

Os resultados de tesouraria não são uma preocupação

No geral, o resultado operacional ex-custo de crédito veio 11% abaixo do esperado, em R$ 14,8 bilhões, o que pode ser entendido como uma deterioração da qualidade do resultado no trimestre. Os investidores devem ter em mente que a margem financeira do Bradesco foi afetada principalmente pela tesouraria, cujo margem financeira foi 29% pior no trimestre, para R$ 2,5 bilhões. Em nossa visão, a margem do último trimestre com o mercado não era sustentável e, como a margem com os clientes ficou quase estável no trimestre, vemos uma boa qualidade dos resultados do Bradesco.

Destaques

  • Os ativos rentáveis ​​continuam a evoluir, crescendo 7% no trimestre, para R$ 1,4 bilhão, uma vez que os bancos ainda se beneficiam do movimento de fuga para a qualidade e das ajudas emergenciais do governo, que aumentaram os depósitos e, consequentemente, crescimento de TVM. Por outro lado, os empréstimos líquidos cresceram apenas 2% no trimestre, para R$ 490 bilhões, dado que os empréstimos para grandes empresas demandaram menos liquidez após dois trimestres de alta demanda. No crédito, destaque para a linha de PMEs, que cresceu 11% no trimestre impulsionado pelas linhas de apoio do governo ao segmento. Lembramos de que essas linhas têm uma rentabilidade menor.
  • Margem financeira bruta (NII) e margem financeira sobre os ativos rentáveis (NIM). A desvantagem do trimestre, o NII ficou 14% abaixo de nossas expectativas e 8% menor no trimestre para R$ 15,3 bilhões, enquanto a margem com o mercado despencou 29% no trimestre, para R$ 2,5 bilhões. Ambos o pior mix de crédito causado pelo aumento de PMEs e o resultado de tesouraria agora normalizado, afetaram o NIM que caiu 72 bps no trimestre para 4,4%.
  • Receitas Não Decorrentes de Juros. As receitas de serviços apresentaram um bom crescimento de 7% no trimestre, uma vez que os volumes aumentaram com a recuperação econômica. Destaque para o segmento de cartões que cresceu 8% T/T para R$ 2,5 bilhões e o consórcio que continua apresentando bom desempenho durante a pandemia com um crescimento de 10% T/T para R$ 481 milhões. Por outro lado, seguros vieram 4% abaixo de nossas estimativas, em R$ 3,131 bilhões (vs. R$ 3,275 milhões estimado), já que o banco fez R$ 151 milhões em provisões complementares. Ressaltamos também que a Bradesco Seguros está honrando os sinistros de vida relacionados ao COVID-19.
  • Despesas Não Decorrentes de Juros. O destaque positivo do trimestre, os custos vieram surpreendentemente bem estáveis ​​no trimestre, embora o segundo trimestre tenha sido marcado por volumes e atividades menores. Destaque para as despesas de pessoal que reduziram 13% T/T para R$ 4,9 bilhões, uma vez que o banco se beneficia de seu programa de desligamento voluntário (PDV) de 2019 e está reduzindo sua operação física.
  • Qualidade dos Ativos. A qualidade dos ativos ajudou o resultado, com as provisões vindo 21% abaixo de nossas expectativas, enquanto as recuperações de crédito saltaram 66% no trimestre, para R$ 1,8 bilhão. Como a inadimplência acima de 90 dias ainda é artificialmente baixa, o banco atingiu um índice de cobertura de 398% no trimestre. Ressaltamos, porém, que o Bradesco ainda teria um índice de cobertura de 162%, mesmo simulando um pico de 5,63% na inadimplência, como em 1T17.

Confira os nossos comentários sobre os demais resultados desse trimestre

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