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Expert XP 2020 | Transformação do mundo dos investimentos ganha holofote no 4° dia do evento

Howard Marks, Aswath Damodaran, Nassim Taleb, Leda Braga, Adena Friedman, Larry Fink e o ex-astro da NBA Earvin ‘Magic’ Johnson foram os grandes destaques desta sexta-feira (17).

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Os novos modelos de vida impostos pela crise que assola o globo desde o começo do ano, e seus impactos nos negócios, na sociedade e no comportamento humano têm sido alavancas cruciais para transformações no mundo dos investimentos.

Se muita coisa estava pensada e planejada para ser mudada nos mercados antes de a pandemia cruzar oceanos em velocidade nunca vista antes, o vírus só colocou uma turbina no processo.

Qual é o tipo de empresa que terá luz à sombra de profundas dificuldades e mudanças? Qual é o negócio a demonstrar tendências prósperas no vale de pouca visibilidade em que vivemos atualmente?

Valores. Antes de apontar tickers, setores ou classes de ativos, eles talvez estejam na frente neste momento.

E provavelmente, a partir disso, as respostas ficarão mais claras. Investimentos mais conscientes, companhias que colocam o ser-humano – colaborador ou consumidor – no centro de suas preocupações, gestão de princípios conectada à alta tecnologia que oferece serviços inovadores, e o respeito pelo meio ambiente e pela sustentabilidade.

Foram nesses temas, em profundidade, que mergulhou o 4° dia do maior evento de investimentos do mundo, a Expert XP 2020, nesta sexta-feira (17), a partir das presenças e vozes de grandes personalidades globais.

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Perspectivas e o futuro do mercado de capitais no Brasil

“Na Bolsa está a elite das empresas brasileiras, que inclusive podem se beneficiar no pós-crise de um ganho de market share. Isso explica parcialmente a diferença entre o que está acontecendo com a economia e as expectativas de mercado”.

Henrique Bredda, portfolio manager da Alaska Asset Management

Quais são os fundamentos que podem fazer a Bolsa se descolar da economia real? E as medidas que podem realmente impulsionar o Brasil? Para debater o futuro do mercado brasileiro de capitais, Gilson Finkelsztain, CEO da B3, recebeu nesta sexta-feira Henrique Bredda, portfolio manager da Alaska Asset Management, e Ana Carla Abrão, market leader da Oliver Wyman e conselheira da B3.

De acordo com os especialistas, as reformas estruturantes em pauta no Brasil podem ser o melhor caminho para o país retomar o crescimento. Das já aprovadas, como a trabalhista, das estatais, a previdenciária e as que ainda virão, segundo eles, tal agenda deve impulsionar o número de empresas brasileiras que querem investir e podem se financiar através da entrada na Bolsa de valores.

Os convidados destacaram a estrutura atual como sendo perversa no orçamento público, e que o estado precisa ser eficiente para gerar um país melhor e com oportunidades mais equilibradas. O consenso parece ser de que, enquanto o orçamento público estiver capturado por grupos de interesse em vez de grandes temas como educação de qualidade e segurança pública, essa missão será difícil.

Antifragilidade e skin in the game

“Países deveriam tratar empreendedores como soldados”

Nassim Taleb, Autor, filósofo, ensaísta e, mais cedo em sua vida, analista de risco e trader de opções

Assumir riscos e ser resiliente. Duas situações e características cruciais para os momentos atuais, e que tangibilizaram a verdadeira aula que Nassim Nicholas Taleb deu nesta tarde na Expert XP 2020, em conversa com o estrategista global da XP Alberto Bernal.

Taleb explicou que os seres humanos são iludidos pelo acaso. “O ser humano tende a atribuir sucessos a si mesmo e fracassos a forças externas, não aprendendo com seus erros e acertos. Isso ocorre por causa do desconhecimento de estatística e dos ciclos de mercado que podem ser muito longos.”

No mundo dos investimentos, para ele convexidade é mais importante do que conhecimento. Ele se referia à assimetria positiva na escolha de investimentos, ou seja, ativos com possibilidade ilimitada de ganho e limitada de perda. “Um gestor que atuar dessa maneira ganhará dinheiro mesmo se errar mais vezes do que se acertar”, afirmou.

Nassim Taleb ainda abordou o que entender ser o maior previsor de falência. Segundo ele, empresas e pessoas com renda estável não sofrem pressão para se ajustar, e perdem sua flexibilidade. “Retornos estáveis antes da crise de 2008 foram o principal previsor de perdas severas durante a crise.”

Estratégias quantitativas e a sua revolução no mercado financeiro

“Toda a estratégia de investimento a princípio pode ser sistematizada, ser transformada em algoritmos. Warren Buffett, por exemplo, tem uma estratégia de investimentos, um processo sólido e bem definido que pode ser sistematizada. É Simplesmente um approach diferente.”

Leda Braga, CEO da Systematica

 Leda Braga, CEO e fundadora da Systematica, gestora de mais de 10 bilhões de dólares, refutou o título de Rainha dos fundos sistemáticos. “Eu sou apenas uma pessoa que trabalha todos os dias com muito esforço”.

Ela explicou que a indústria de fundos quantitativos vem crescendo em tamanho, recebendo 40 bilhões de dólares entre 2016 e 2018. Ainda disse que toda estratégia de investimentos pode ser sistematizada, pois todo processo de decisão acaba seguindo regras.

A gestora deixou claro que não acredita que chegaremos em robôs autônomos de investimentos, fazendo um paralelo com carros dirigidos por inteligência artificial. Ela explicou que os problemas em finanças são complexos demais para que algorítimos consigam desenhar o problema, obter os dados e criar um direcionamento.

O segredo da Systematica é juntar os dois mundos: profissionais capazes que criam teses de investimento que façam sentido e criam métodos numéricos que apoiam e exploram estas teses.

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Navegando por incertezas

“Escritórios são os barcos, e os assessores, os navegadores”

Amyr Klink, velejador

Em painel liderado pelo head de customer experience da XP, Guilherme Kolberg, o velejador Amyr Klink, dono de histórias inspiradoras pelo mundo, contou algumas de suas experiências nas águas com analogias entre navegantes e assessores de investimento.

Para Klink, existe uma grande similaridade entre os navegantes e os assessores de investimentos, uma vez que ambos precisam de autocontrole, planejamento e gestão de risco para conseguir atravessar mares e horizontes nunca navegados ou vistos.

Em tom inspiracional, o velejador comentou que “vencer sempre não é possível, mas que é necessário estar atento e ser ágil para responder rápido e mitigar as perdas“. Tanto o investimento quando a navegação, num ambiente muito pouco previsível, exige uma gama muito grande de preparo e planejamento, pois nem sempre o que deu certo antes vai trazer o mesmo resultado.

Howard Marks e as visões de um dos maiores investidores do mundo

Tudo o que é contra-intuitivo é importante e tudo que é óbvio é inútil”

Howard Marks, fundador da Oaktree Capital Management

Uma lenda no mercado financeiro, o value investor Howard Marks brindou a audiência da Expert XP 2020 nesta tarde com um painel repleto de lições. Marks que é cofundador da Oaktree, gestor de mais de USD 100 bilhões e autor de dois dos mais famosos livros de investimentos que temos, The Most Important Thing e Mastering the Market Cycle.

Em relação ao assunto mais quente do momento, os impactos da crise nos investimentos, Marks tem a expectativa de que haverá recuperação nos próximos anos, mas o gestor acredita que há pouca visibilidade do que vai realmente acontecer e que apenas as ações de liquidez do banco central americano não serão suficientes para resolver os problemas nos fundamentos das empresas.

“Esta crise não faz parte de um ciclo comum. Os investidores se enganam se acham que este é apenas mais o fim de um ciclo”, disse.

Sobre o futuro de um mundo com investimentos mais sustentáveis, Marks citou que, apesar de ESG não ser sua especialidade, acredita que absolutamente todos devem contribuir para um mundo melhor e investimento consciente deve ser uma das formas.

Aswath Damodaran: as empresas, o cenário e seus valuations

“Em toda crise, 3 coisas acontecem. Você perde a perspectiva, a esperança (abandonando princípios e fundamentos) e terceiriza o pensamento.

Aswath Damodaran, escritor e professor da NYU

O que acontece com o valuation das empresas em momentos de choque brusco e crise como o que vivemos na atualidade? Como manter o foco, a resiliência e a calma para atravessar situações difíceis e cuidar corretamente dos investimentos?

Em mais uma aula, desta vez para o público da Expert XP 2020, o professor da NYU Aswath Damodaran, mundialmente reconhecido por seus conhecimentos em finanças corporativas, investimentos e valuation, foi duro com as recomendações de especialistas, que previram comportamento contrário do que aconteceu na crise.

“Eu não sigo especialistas, sigo dados”, disse. “O mercado não enlouqueceu, ele está onde deveria estar, pois todo valuation conta uma história, mas em números”, completou.

Como recomendação aos investidores, Damodaran deixou um recado: “Encontre a sua ação da paz quando for entrar no mercado, seu lugar feliz: Ali você se sente em paz e confortável”.

Os impactos da crise nas empresas listadas em Bolsa

“Ficou claro no Brasil que resultado a qualquer custo não é sustentável. Não é mais aceito lucro a todo custo, mas precisa atender um propósito”.

Tânia Consentino, CEO da Microsoft Brasil

O impacto da covid-19 nas empresas listadas em Bolsa foi enorme, e a discussão sobre caminhos para a recuperação nos investimentos ainda guarda muitos ingredientes. Na busca de soluções e alternativas, contamos com as presenças de Tânia Consentino, CEO da Microsoft Brasil, Rubens Menin, fundador da MRV, Frederico Trajano, CEO da Magazine Luiza e Luis Fernando Porto, CEO e fundador da Unidas.

Dentre os temas debatidos pelos convidados, destacaram-se a mudança do comportamento do consumidor, evolução da penetração do varejo online, maior adoção da tecnologia no cotidiano e o desenvolvimento de preocupações ambientais, sociais e de governança (ESG).

“A transformação digital é irreversível e a pandemia evidenciou isso”, disse Rubens Menin. “Ficou claro no Brasil que resultado a qualquer custo não é sustentável. Não é mais aceito lucro a todo custo, mas precisa atender um propósito”, completou Tania Cosentino.

Ser sistêmico, assertivo e focado no que de fato importa é uma das preocupações de Frederico Trajano. “Mais do que nunca que vamos ter é a cobrança correta da sociedade de uma liderança mais sistêmica dos empresários”, acredita.

O futuro do capitalismo

“A essência do capitalismo está mudando. As responsabilidades das empresas mudaram e estamos nos afastando do propósito de somente crescer a economia, para ter responsabilidades com comunidades, funcionários e uma economia sustentável”

Adena Friedman, CEO da Nasdaq

Em um painel que trouxe o fechamento ao vivo da Nasdaq, a CEO Adena Friedman reforçou os valores de ESG baseando a mudança do capitalismo: menos atenção a acionistas e lucros e mais foco em comunidades e economia sustentável.

“A essência do capitalismo está mudando. As responsabilidades das empresas mudaram e estamos nos afastando do propósito de somente crescer a economia, para ter responsabilidades com comunidades, funcionários e uma economia sustentável”, afirmou.

“O capitalismo vem da ideia de dar as mesmas oportunidades para todas as pessoas e empresas. Não é garantido que todos vão prosperar, mas devemos dar a mesma base, mesmo ponto de partida. E hoje, nenhuma economia tem essa realidade”, completou.

Sobre a retomada da economia e das Bolsas americanas, Adena Friedman foi surpreendida: “Eu não esperava um mercado tão forte após o pico da pandemia. Nos preparamos claro, mas além do lado mercadológico, foi surpreendente a crescente procura por empresas querendo ter seu capital aberto.”

ESG: o retorno de um futuro melhor

As empresas podem desempenhar um papel na sociedade muito maior do que hoje especialmente quando olhamos para questões sociais.”

Larry Fink, CEO da BlackRock

Todos, sem exceção, tiveram de adaptar suas vidas em função de uma nova realidade que, ao que tudo indica, é permanente. Mas e para os investimentos? O que muda, quais são as grandes lições e para onde olhar daqui em diante?

Larry Fink, CEO da BlackRock, respondeu a esses pontos e muito mais em um painel com o Estatregista-chefe e head do Research da XP, Fernando Ferreira, nesta tarde.

“No meu ponto de vista cada vez mais mais clientes de todo o mundo perguntam como devem pensar a respeitos sobre as mudanças climáticas em seus portfólios. Risco climático é risco em investimentos”, disse o executivo.

 “Nós nos adaptamos, nos mudamos, por isso somos seres humanos. Ainda temos muitas incertezas mas descobrimos muitas coisas positivas também: precisamos focar nos nossos colaboradores. Precisamos cada vez mais informar nossos clientes, ter dados e construir melhores portfólios. E tudo isso passa pela tecnologia. As companhias que estão prontas para usar tecnologia terão cada vez mais sucesso”, completou.

A magia de vencer

“Eu acho que sempre foquei em vencer, eu sou um cara competitivo e isso remonta à época que eu era um menino ainda. O meu objetivo era sempre melhorar e ganhar pela minha equipe”.

Earvin ‘Magic’ Johnson

“Eu deixaria o basquete de lado dessa vez para dizer que meu verdadeiro legado foi dar educação, trabalho e levar tecnologia para a periferia e comunidades pobres dos Estados Unidos”.

Com essa frase, o lendário Earvin ‘Magic’ Johnson respondeu a Ana Laura Magalhães, especialista em investimentos da XP, sobre o legado de sua vida e carreira, em painel no final da tarde desta sexta-feira (17) na Expert XP 2020.

Hoje um homem de negócios de sucesso, o ex-atleta da NBA e considerado um dos melhores jogadores de basquete da História, soube multiplicar seu capital investindo em aquisições de negócios e acoplando diversas empresas. 

“Eu acho que sempre foquei em vencer, eu sou um cara competitivo e isso remonta à época que eu era um menino ainda. Eu praticava basquete com mais afinco que a maioria dos meninos, ganhava todos os campeonatos, na escola, no ensino médio e depois na faculdade. O meu objetivo era sempre melhorar e ganhar pela minha equipe”, diz Johnson.

Composto por companhias dos mais diversos setores, a Magic Johnson Entreprises é hoje um conglomerado bilionário. Inclui a Yucaipa Johnson, um fundo de private equity de US$ 500 milhões, a EquiTrust Financial Services, uma empresa de serviços financeiros, a ASPIRE, uma rede de televisão afro-americana, a The Marvel Experience, uma atração virtual em 3D centrada nos personagens da Marvel, o Los Angeles Football Club, um novo time de futebol da Major League, o Dodgers, equipe de basebal, entre vários outros ramos de negócio.

Dividindo o seu tempo nas reuniões empresariais, Magic também é ativista assíduo de algumas causas sociais, como a inclusão de serviços e educação à periferia dos Estados Unidos, combate ao racismo e auxílio aos portadores do vírus HIV, doença a que foi acometido no começo dos anos 1990 e que Magic é tido como uma das personalidades que mais ajudaram a quebrar o preconceito aos soropositivos.

“Eu sempre quis ser um homem de negócios. Eu levei muitos executivos para almoçar comigo quando eu jogava pelos Lakers. Eles eram os mentores do meu sucesso. Me rodeei de grandes mentes executivas. Eu leio os livros, aprendo com eles e adoro isso”, admite.

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