“Dinheiro não leva desaforo”: as lições de uma empreendedora em um mercado masculino

Quem foi ao segundo dia da 15ª edição da Expert XP pode acompanhar um episódio ao vivo do videocast “O que tem na sua carteira?”, que convida mulheres a falarem sobre sua relação com dinheiro e investimentos.  As apresentadoras Manuela Bordasch, do Steal the Look, e Ana Buchaim, da B3, convidaram Mariana Morelli, CEO do Grupo Supley, para uma conversa sobre empreendedorismo e escolhas que fazem a diferença.

A palestra com Mariana abordou sua trajetória como empreendedora no setor de suplementos e nutrição esportiva, tradicionalmente dominado por homens. Fundadora do Grupo Supley aos 19 anos, enquanto ainda cursava Direito, Mariana compartilhou como sua história familiar, marcada por instabilidade financeira e ausência paterna, moldou sua visão sobre dinheiro e independência. As primeiras lições vieram da observação da falência recorrente do pai empreendedor e da resiliência da mãe, que sustentava a casa como podia. Desde cedo, entendeu que independência financeira era fundamental  — tanto como proteção pessoal quanto como ferramenta de transformação social.

Investir com propósito

O Supley nasceu do desejo de investir com propósito, mas logo se tornou também um projeto de liderança. Mariana destacou que, apesar das falhas do pai, enxergava que o problema não era empreender, mas sim a falta de responsabilidade na gestão financeira. Com mais de 20 anos de atuação, o grupo já soma um faturamento bilionário e reúne marcas como Max Titanium, Probiótica e Dr. Peanut – e o portfólio foi se reinventando ao longo do tempo para se adequar as demandas do consumidor. A longevidade da sociedade entre os sócios (juntos há 20 anos) se apoia em valores como transparência, coragem para conversas difíceis e tolerância a erros — desde que eles sejam baratos e rapidamente corrigidos.

Impacto social e humano

As decisões de investimento são sempre tomadas com base em projeções financeiras rigorosas, mas também considerando aspectos humanos e culturais. Durante aquisições como a da Probiótica e da Dr. Peanut, o maior aprendizado foi que integração não se faz apenas com planilhas: é preciso cuidar das pessoas. Mariana compartilhou que sua abordagem para novos produtos e iniciativas passa por racionalidade, análise de risco e diálogo — não basta o retorno financeiro estar na planilha, é preciso avaliar se há sinergia com o time, a cultura e o portfólio da empresa. O foco é construir uma companhia sustentável, com disciplina e consistência, mas sem perder o olhar para o impacto social e humano.

Por fim, Mariana falou sobre saúde como condição essencial — física, emocional, relacional e financeira. Comparou a saúde de uma pessoa ao caixa de uma empresa: quando está mal, tudo vira urgência. Comentou ainda sobre sua estratégia financeira pessoal, marcada por mais conservadorismo, já que entende que seu risco já está na empresa. Aproveitando a conversa com a VP da B3, Mariana reforçou que a Supley vem se preparando há anos para um possível IPO no futuro, apostando no crescimento do setor de saudabilidade e com a convicção de que não dá para falar em qualidade de vida sem falar de suplementação e atividade física.

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