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Entenda o cenário de atividade em julho e saiba o que esperar

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: juros devem começar a cair nos EUA nesse semestre, mas seguir altos. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas piora do risco fiscal e ruídos políticos limitam a queda da Selic, que deve seguir em 10,50% até o ano que vem. Confira como investir nesse cenário.

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos.

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.

Mercado de trabalho forte impulsiona economia

Por aqui, depois de um forte resultado do PIB no primeiro trimestre do ano, a demanda interna segue firme como principal motor da economia brasileira. Conforme detalhamos aqui, o consumo das famílias foi um dos principais fatores de crescimento da economia nos primeiros meses do ano- registrando crescimento de 4,4% quando comparado ao mesmo trimestre do ano passado.

A elevação do consumo é explicada, primordialmente, pelo crescimento da “massa de renda disponível” das famílias - grosso modo, a renda após o pagamento de impostos. Para se ter uma ideia, esse indicador cresceu nada menos do que 4,5% acima da inflação nos primeiros três meses de 2024, e projetamos que alcance crescimento de 6,0% no ano.

A alta da renda das famílias, por sua vez, reflete uma série de fatores, dentre os quais:

  • A antecipação de benefícios como o 13° salário e a nova política de reajuste do salário-mínimo (conforme a inflação e o crescimento do PIB).
  • Um mercado de trabalho aquecido - a taxa de desemprego alcançou o menor patamar em dez anos, com destaque para a criação de empregos formais e para a elevação dos salários (que acumulam alta de 4% no terceiro trimestre do ano);
  • Maiores programas de transferência de renda, com destaque para o aumento da concessão de benefícios ligados ao INSS;

Em bom português: famílias viram crescer sua renda no período, e se utilizaram desse impulso para consumir mais bens e serviços.

Por outro lado, a tragédia climática no Rio Grande do Sul deve impactar o crescimento nesse ano – embora de maneira mais branda do que inicialmente projetado. Divulgações recentes mostraram o impacto das enchentes, como, por exemplo, na produção industrial, que mostrou forte queda em maio. Estimamos que o PIB tenha aumentado cerca de 0,5% no 2º trimestre em comparação ao trimestre anterior. Não fosse o impacto das enchentes, o ritmo de crescimento registrado no 1º trimestre (0,8%) poderia ser mantido ou até mesmo superado.

Nesse cenário, projetamos que o PIB cresça 2,2% em 2024.

Olhando para frente, esperamos que a economia perca ímpeto gradualmente, embora deva seguir em terreno positivo. O enfraquecimento esperado é explicado por dois principais fatores:

  • O efeito do fim da queda dos juros: diante de incertezas tanto globais quanto domésticas, entendemos que o Banco Central encerrou o atual ciclo de redução da taxa Selic, devendo manter a taxa em 10,50% até o fim do ano que vem. Ou seja, os juros seguirão em patamar contracionista, impactando principalmente investimentos produtivos e o consumo especialmente de bens duráveis (como eletrodomésticos, carros e imóveis).
  • Maior percepção de risco em relação ao cenário doméstico: nos últimos meses, ruídos políticos e o aumento da incerteza fiscal (como, por exemplo, intervenções do governo em empresas listadas, questionamentos sobre a independência do Banco Central e falta de clareza na gestão das contas públicas) elevaram a percepção de risco de investidores em relação ao Brasil. Essa incerteza tende a impactar ativos brasileiros (como já pode ser visto), incluindo a nossa moeda e os juros de longo prazo, além do nível de investimento e da confiança por aqui – prejudicando o crescimento econômico.

Assim, vemos a economia desacelerando gradualmente entre o fim desse ano e o ano que vem, com o PIB subindo 1,7% em 2025.

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