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Risco climático na carteira de crédito: Importante demais para o BCB deixar passar

Ao longo deste relatório, abordamos os principais destaques do Relatório de Estabilidade Financeira (REF) do BCB, focando nos riscos relacionados ao clima e seus efeitos na estabilidade financeira do Sistema Financeiro Nacional (SFN)

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Uma análise do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central que aponta para o crescente impacto do risco climático na carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional

Ontem, 10 de maio, o Banco Central do Brasil (BCB) divulgou seu Relatório de Estabilidade Financeira (REF), incorporando uma análise de riscos relacionados ao clima e seus efeitos na estabilidade financeira do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Os resultados dos testes de estresse climático estimam que ~15% do montante total das operações de crédito estejam expostos a altos riscos climáticos até 2030, percentual este que atinge ~33% em 2050, enquanto a exposição atual ainda é baixa. De forma geral, o documento reforça nossa visão de que o setor financeiro precisa estar cada vez mais atento a sua responsabilidade junto ao clima na concessão de crédito, e neste relatório buscamos destacamos as principais mensagens do REF sob essa perspectiva.


Intensificando o posicionamento na agenda climática. Dada a abundância e dependência do Brasil em recursos naturais, o país é particularmente vulnerável à ameaça das mudanças climáticas, que podem causar danos econômicos e sociais significativos. Reconhecendo a gravidade do problema, destacamos com bons olhos os esforços do BCB em endereçar o problema, com essa agenda ganhando maior foco da instituição desde nov/2022, principalmente visando a proteção da resiliência do sistema financeiro brasileiro contra riscos ambientais.

Exposição da carteira de crédito aos riscos climáticos vem crescendo significativamente… Os resultados dos testes de estresse climático mostram um padrão crescente na exposição da carteira de crédito das instituições financeiras ao risco de chuvas intensas com base nos horizontes de 2030 e 2050, sendo a região Nordeste a que concentra a maior exposição. Sob a perspectiva de todo o país, estima-se que, até 2030, cerca de 15% do montante total das operações de crédito estejam expostos a altos riscos relacionados ao clima, aumentando para ~33% até 2050. Nos cenários previstos, em 2030, 123 instituições financeiras (cerca de 75% da carteira do SFN) teriam entre 12% e 20% de suas carteiras expostas a municípios com alto risco de chuvas intensas, enquanto em 2050, esse número atinge 281 instituições (~90% do crédito do SFN), com exposição da carteira entre 20% e 50%.

…com os períodos de seca e mudanças de temperatura, juntamente com as alterações na intensidade das chuvas, sendo os principais impactos. A pesquisa de Estabilidade Financeira do BC afirmou que, juntamente com as mudanças nos padrões de chuva, os outros dois eventos com maior probabilidade de impacto nas carteiras das instituições financeiras são: (i) períodos de seca; e (ii) mudanças de temperatura, com sua probabilidade de ocorrência aumentando para horizontes que excedem os próximos cinco anos.

Mudanças climáticas: Desafios crescentes adiante. Os resultados dos testes de estresse climático do BC enfatizam a necessidade de integrar a gestão de riscos climáticos no processo decisório de alocação e gestão da carteira de crédito, para, principalmente, evitar o risco de inadimplência, principalmente em setores que recorrem intensamente aos recursos naturais, o que pode ameaçar a estabilidade de longo prazo do sistema financeiro do país.

Nossa visão em poucas palavras. Quando o tema é clima, vemos o setor financeiro cada vez mais preocupado em avaliar seu nível de impacto, ao mesmo tempo em que ampliar a forma com que avaliam as carteiras de crédito, especialmente considerando a crescente pressão dos investidores para melhora da gestão do risco climático, conforme mencionamos no nosso relatório “Setor financeiro | Sólida performance ESG com espaço para melhoria na governança” (acesse aqui). Neste contexto, o esforço contínuo do BCB em identificar e mitigar os riscos relacionados ao clima se faz de suma importância, justificando nossa visão positiva para a atuação-chave da instituição nessa agenda.

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