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Caso esteja iniciando sua jornada na Renda Fixa, recomendamos começar pelo conteúdo "Renda Fixa: O que é preciso saber?"
Renda Fixa: tudo sobre o que passou e o que esperar.
No mês de junho, tivemos a terceira elevação consecutiva da taxa básica de juros no Brasil, a Selic. O Banco Central decidiu por elevá-la novamente em 0,75 ponto percentual, para 4,25%. O tom do comunicado e da ata foi considerado hawkish pelo mercado, elevando as expectativas de ajustes nas próximas reuniões, o que teve efeito altista sobre a curva de juros no curto prazo.
Ainda durante o mês, houve elevação no volume de emissões de debêntures, que atingiu R$ 18,3 bilhões, 20% superior a maio. As ações de ratings no mês continuaram majoritariamente positivas (tendência de elevação), com diversos novos ratings indicando novas emissões que devem vir a mercado nos próximos meses.
Para os próximos meses, continua no radar a evolução da inflação, a qual esperamos que deva desacelerar, mas riscos permanecem. Além disso, devemos acompanhar as próximas reuniões do Copom, com expectativa de novas elevações na Selic até o final do ano. As emissões de crédito privado apresentam tendência de elevação, corroborando nossa expectativa no começo do ano.
No Radar
Destaques do mês de junho:
- A curva de juros apresentou abertura em todos os vértices, principalmente nos intermediários.
- Com isso, os títulos tendem a desvalorizar, pela relação inversa entre taxa e preço.
- Juros longos mais altos podem ser boas alternativas de investimentos de prazos mais longos.
- No mês, tivemos a terceira elevação da Selic no ano, em 0,75 ponto percentual, para 4,25% ao ano.
- A ata mais hawkish do Copom, em conjunto com o cenário de risco hidrológico elevado, levou à revisão das perspectivas de indicadores econômicos pelo time de economistas da XP.
- Diante do cenário atual, esperamos Selic em 6,75% em 2021 e 2022 e IPCA de 6,4% em 2021 e de 3,6% em 2022.
Como agir?
- Trazemos indicações em nosso relatório Investindo em Julho 2021: Renda Fixa
- Para investimentos de curto a médio prazo, preferimos ativos pós-fixados, que acompanharão a esperada elevação na Selic.
- Recomendamos também uma pequena parcela de ativos prefixados, que podem se beneficiar de redução nos juros e inflação esperados em relação à precificação atual na curva.
- No caso de investimentos de prazos mais longos, continuamos preferindo ativos indexados à inflação, possibilitando ganhos reais (acima do IPCA).
Alocação recomendada
A alocação recomendada em renda fixa para cada perfil de investidor para o mês de julho é a seguinte:
Conforme destacado no relatório 5 anos em 5 minutos, o grande destaque positivo é o próprio Real, se apreciando quase 5% contra o Dólar dos Estados Unidos. A principal fonte de preocupações veio do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), após indicar que o início do processo de alta de juros na maior economia do mundo viria em 2023, um ano antes do que o antecipado pelo mercado. Uma postura menos leniente do Fed prejudicou inclusive ativos que se beneficiariam de mais inflação, como o ouro, que caiu 8% em dólares.
Ainda segundo o relatório, no Brasil tivemos andamento da vacinação e os primeiros passos da reforma tributária. Ao mesmo tempo, notícias negativas do lado político mantêm o cenário nesse equilíbrio instável de pesos, entre um cenário de reformas e um de populismo. Com a postura mais dura do Fed e sem que o Governo Biden tenha conseguido aprovar o pacote de infraestrutura no tamanho que almejava, as preocupações com uma inflação excessiva nos Estados Unidos se dissiparam parcialmente.
Ativos de renda fixa são recomendados para todos os perfis de investidor. O que muda, basicamente, são três quesitos importantes: o tipo de ativo, o indicador e o percentual a ser alocado. Ou seja: é muito importante manter uma carteira diversificada.
O mercado de Renda Fixa
Poupança
No mês de junho, a Poupança apresentou captação líquida, da ordem R$ 7 bilhões, volume relevante considerando-se o andamento dos primeiros meses do ano. Continuamos ressaltando a retomada do auxílio emergencial, embora em volume e extensão menores do que o programa no ano passado. No entanto, os longos meses sob o cenário de covid-19 pode levar mais pessoas a sacarem recursos da poupança, contrabalanceando os depósitos do auxílio.
Considerando a taxa Selic em 4,25%, combinada ao rendimento da caderneta de poupança de apenas 70% desta taxa, essa aplicação continua pouco atraente.
Veja mais sobre comparações do investimento em Poupança em relação a outras aplicações também conservadoras, como o Tesouro Selic e emissões bancárias.
Tesouro Direto
Captação Líquida
No caso do Tesouro Direto, em maio (último dado disponível) houve captação líquida de R$ 597 milhões. No mês, o principal ativo comprado por investidores foi o Tesouro IPCA+, o que pode novamente ter sido reflexo das maiores preocupações de investidores com relação à inflação.
O número de investidores cadastrados no programa continua crescendo e atingiu 11 milhões em maio, evolução de 57% em relação ao mesmo mês de 2020. O número de mulheres representou 33,3% do total de investidores.
Consideramos o Tesouro Direto uma excelente porta de entrada ao mundo dos investimentos. Sendo assim, o crescimento é um bom indicativo não apenas para esta aplicação, mas para investimentos como um todo.
Rentabilidade
No mês de junho, os títulos do Tesouro Direto apresentaram movimentos mistos, mas em sua maioria houve desvalorização. O movimento pode ser em parte explicado pela abertura da curva de juros ao longo do mês. Outros fatores, como os leilões de títulos públicos, podem ter influenciado no movimento.
Em nosso relatório mensal de investimentos em renda fixa, destacamos três ativos do Tesouro Direto: Tesouro Selic 2024, Tesouro Prefixado 2024 e Tesouro IPCA+ 2026.
Escolhemos o Tesouro Selic para gestão de caixa e reserva de emergência. O Tesouro IPCA+ é uma alternativa interessante e mais conservadora (em caso de manutenção até o vencimento) para proteção da carteira contra o efeito da inflação. Já o Tesouro Prefixado demonstra ser uma boa opção para investidores que buscam este tipo de remuneração, uma vez que o mercado parece precificar alta de juros mais elevada do que esperamos que ocorra de fato. Mantivemos o prazo mais curto por causa das incertezas que ainda se apresentam para prazos mais longos.
Entenda mais sobre a relação entre preços dos títulos e os juros aqui.
Emissões Bancárias
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para "desativar" os ativos não desejados.
O estoque de emissões bancárias permaneceu, novamente, praticamente inalterado em junho, o que pode ser explicado pelo fato de os bancos estarem bem capitalizados após fortes captações em 2020, diminuindo a necessidade de novas emissões. É interessante notar, no entanto, que a cada mês a diferença de estoque de CDB em relação ao mesmo período do ano anterior diminui. Isso pode indicar que, dentro dos próximos meses, a necessidade de captação volte a crescer, seja para novo reforço de caixa ou como reflexo da retomada esperada na economia.
Crédito Privado
Saiba tudo sobre crédito privado
Mercado Primário
Estoque (DEB, CRI e CRA), indexadores e emissão de debêntures
Para enxergar melhor uma curva específica, clique sobre a legenda para "desativar" os ativos não desejados.
O estoque de ativos de crédito privado cresceu em junho em relação a maio, em todos os tipos de ativos. Como pode ser visto no segundo slide (acima), ativos pós-fixados continuam predominando no estoque e foram maioria também em termos de novas debêntures emitidas. Logo em seguida, novamente pudemos observar a participação de títulos atrelados à inflação.
No terceiro slide, vemos que a emissão de debêntures (incentivadas ou não) atingiu R$ 18,3 bilhões no mês, 20% superior ao mês anterior. O prazo médio das emissões ficou praticamente inalterado em relação a maio, em 5,9 anos.
Debêntures incentivadas
O volume emitido de debêntures incentivadas, com foco em financiamento à infraestrutura e isentas de imposto de renda, somou R$ 6 bilhões em maio, sendo cinco emissões do setor de energia (Ipiranga, Rio Paraná, São Martinho, Tereos e Xingu) no montante total de R$ 2,9 bilhões, uma do setor de telecom (Tim S.A.), somando R$ 1,6 bilhão e três emissões de transporte (Ageo Leste, Rodovia MG-050 e Rumo), no volume de R$ 1,6 bilhão.
Mercado secundário
Fluxo
No mês de junho, o volume negociado de debêntures no mercado secundário atingiu R$ 24 bilhões (vs. R$ 25,7 bilhões em maio), com destaque novamente para a debênture participativa da Vale (CVRDA6), cuja participação detida pela União e BNDES foi vendida em abril deste ano e passou a ser negociada no mercado secundário, trazendo forte e contínuo volume.
No caso de CRIs, o volume de negociação foi de R$ 4,7 bilhões. Para CRAs, o volume negociado foi de R$ 2,2 bilhões.
Em nosso relatório mensal de investimentos em renda fixa, destacamos três ativos de crédito privado indexados à inflação (IPCA), que enxergamos ter boa relação risco-retorno: CRA BRF (CRA020002H1), CRA JBS (CRA021000GU) e CRI Rede D'Or (21D0862572).
Ressaltamos que ativos de crédito privado também podem apresentar risco mais elevado e, portanto, boas rentabilidades, sendo uma boa alternativa para quem busca diversificar a carteira.
Ratings
Essas foram as ações de ratings das principais agências de classificadoras de risco no mês, tanto para emissores quanto para emissões.
Note que pode ser necessário rolar a tabela para visualizar tudo.
No mês de junho, houve dois rebaixamentos de empresas (Tecnisa e General Shopping), ao passo em que foram diversas as elevações de ratings e, também, os novos ratings de emissões, indicando potencial volume mais elevado de novas emissões no mercado nos próximos meses.
Próximos vencimentos de debêntures
No mês de julho, que concentra o maior volume de vencimentos dos próximos seis meses, são esperados R$ 7 bilhões em vencimentos de debêntures. O principal vencimento do mês é uma debênture da Cromossomo Participações, que detém 49% da DASA.
Veja mais
Fontes
Anbima
Banco Central do Brasil
Tesouro Direto
CVM
S&P Global
Fitch Ratings
Moody's
B3
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