- Nos dias 21 e 22 de setembro, ocorrerá a próxima reunião do Copom.
- Vemos dois cenários como mais prováveis. Em ambos, a elevação deverá ser de 1,0 ponto percentual (pp).
- Comunicado indicando que a expectativa de juros refletida do Focus (8,5% em 2022) seria suficiente para a convergência da inflação à meta; e
- Comunicado indicando necessidade ainda maior de elevações do que o esperado pelo Focus.
- Caso o cenário-base se concretize, esperamos pouca movimentação na curva de juros ou alguma inclinação, dependendo da forma com que o mercado interpretar a sinalização.
- No cenário alternativo, esperamos perda de inclinação na curva de juros, possivelmente com elevações nos vértices mais curtos.
- A expectativa é de que a Selic atinja 8,0% em 2021, com duas altas de 1,0 pp (setembro e outubro) e uma de 0,75 pp em dezembro. Esperamos ainda que encerre o ciclo de alta em 8,5%, com uma última elevação de 0,50 pp no início de 2022.
Na próxima semana, nos dias 21 e 22 de setembro ocorrerá a sexta reunião do Copom em 2021. Para a decisão, a grande maioria do mercado, incluindo os economistas da XP, aguarda um aumento de 1,0 pp, o que elevaria a Selic a 6,25%.
Existem ferramentas no mercado que precificam essas expectativas dos agentes. Como exemplo, no dia 17/09, as "apostas" nas Digitais de Copom se davam como segue:
Expectativa | Probabilidade |
---|---|
Elevação para 6,25% (+100bps) | ~88% |
Elevação para 6,5% (+125bps) | ~10% |
Ou seja, havia uma probabilidade, na visão do mercado, de cerca de 88% de que a Selic seja elevada em 1,0 pp na próxima reunião do Copom, em linha com nossas expectativas. Já a probabilidade de elevação ainda maior, de 1,25 pp, era de apenas 10% na mesma data.
Como pode ser observado pelos dados abaixo, o cenário vem se tornando mais desafiador desde a última reunião do Copom, o que ajuda a explicar as expectativas do mercado de uma nova alta relevante na reunião desta semana:
Indicador | Expectativas na semana do último Copom (agosto) | Expectativas atuais |
---|---|---|
DI Jan/23 | 7,85% | 9,015% |
DI Jan/27 | 9,04% | 10,58% |
Câmbio (R$/US$) 2021 (Focus - Mediana) | 5,10 | 5,20 |
IPCA 2021 (Focus - Mediana ) | 6,79% | 8,35% |
Selic 2021 (Focus - Mediana ) | 7,00% | 8,25% |
Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom em relação à elevação da taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do BC para próximos passos da política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses.
Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez? Acreditamos que sejam dois os cenários mais prováveis:
Cenário 1: +100bps; em linha com Focus
Elevação de 1,0 pp, para 6,25%, com comunicação indicando que as expectativas do Focus são próximas àquelas que levam a inflação para a meta. Esta sinalização se daria provavelmente através das projeções do Copom em seu cenário-base, que contempla as hipóteses do Focus (as projeções são divulgadas no comunicado pós-reunião).
Em nossa visão, o "Cenário 1” teria menos potencial de movimentar a curva de juros. Porém, a leitura da parte do mercado que não concorda com o cenário Focus pode ser de que o Copom terá que rever o cenário mais adiante e elevar mais os juros, como ocorreu em outras momentos este ano. Se isso acontecer, é provável que aumente a inclinação na curva de juros, com o mercado precificando maiores prêmios para o próximo ano.
Quais ativos vão melhor neste cenário?
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos curtos: valorização ou manutenção
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos longos: desvalorização ou manutenção
Em caso de concretização do "Cenário 1", os investimentos prefixados e indexados à inflação de prazos mais longos apresentariam desvalorização neste primeiro momento, com elevação nas taxas dos títulos. Para quem busca alocação em títulos de curto prazo com estes indexadores, poderia representar uma boa oportunidade, uma vez que passariam a pagar remunerações mais elevadas e preços mais baixos.
Para o curto prazo, com a elevação esperada dos juros, os títulos se valorizariam. Para quem já detém este tipo de ativo, poderia ser uma oportunidade de ganhos de capital.
De qualquer forma, enxergamos o cenário atual como positivo para alocação nos títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, uma vez que a expectativa para a taxa Selic é de elevação em qualquer um dos cenários apresentados.
Cenário 2: +100bps; acima do Focus
Elevação da taxa Selic em 1,0 pp, para 6,25%. Em relação ao comunicado, tom mais hawkish, indicando que as estimativas atuais do Focus não seriam suficientes para controle da inflação em 2022 e 2023. Este cenário se materializará se as projeções de inflação do Copom ficarem significativamente acima da meta em seu cenário-base (digamos, acima de 3,7% para 2022).
Acreditamos que caso o "Cenário 2” se concretize, a curva de juros tende a perder inclinação. O mercado passaria a antecipar uma alta mais intensa de juros no curto prazo, reduzindo a necessidade de ajustes “corretivos” mais à frente. Os prêmios em vértices mais longos da curva se reduziriam.
O mesmo movimento aconteceria diante de um cenário menos provável, mas ainda plausível, de elevação em 1,25 pp.
Quais ativos vão melhor neste cenário?
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos curtos: desvalorização
Títulos prefixados e indexados à inflação de prazos longos: valorização
Em caso de concretização deste cenário, os títulos prefixados e indexados ao IPCA de prazos mais curtos apresentariam desvalorização. Ou seja, quem buscasse por esses títulos a partir desse movimento, conseguiria rentabilidades mais interessantes para prazos mais curtos, a preços mais baixos em relação ao período pré-Copom.
Neste cenário, com a elevação dos prêmios (taxas) de longo prazo, os títulos de prazos mais longos se valorizariam no mercado secundário, o que resultaria em possibilidade de ganhos de capital para quem já tivesse os títulos e decidisse vendê-los antes do vencimento, para capturar esta possível oportunidade.
Para os títulos pós-fixados, que acompanham a taxa de juros, nossa visão não se altera neste cenário em relação ao "Cenário 1". A diferença é de que, em caso de um comunicado mais duro, a expectativa seria de juros ainda mais altos do que aqueles esperados no cenário-base.
Exemplos de investimentos
Curto prazo (Pré e IPCA+): títulos com vencimento nos próximos 12 meses. No caso de títulos públicos, há as LTNs com vencimento em outubro de 2021, janeiro de 2022, abril de 2022 e julho de 2022. Estes títulos são prefixados, porém não estão disponíveis no Tesouro Direto, necessitando, portanto, de um intermediário para a compra.
Longo Prazo (Pré e IPCA+): Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2031 e Tesouro IPCA+ 2026, que está em nossa carteira recomendada para o mês de setembro.
Há também títulos bancários e de crédito privado atrelados ao IPCA ou prefixados e que podem apresentar comportamento semelhante aos citados para títulos públicos.
Pós-fixados: Tesouro Selic 2024, Tesouro Selic 2027, além de LFTs negociadas no mercado secundário. Vale notar, no entanto, que estes títulos podem sofrer oscilações, embora menores do que os prefixados e indexados à inflação. Para reduzir o risco de variações antes do vencimento, procure títulos de prazos mais curtos.
O que pode acontecer de diferente?
Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 21 e 22 de setembro, sua decisão e posterior comunicado. No entanto, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações anteriores), outras forças agem no mercado diariamente que muitas vezes fogem do radar.
Como exemplo, podemos citar movimentos nos mercados externos que podem ter efeito sobre a percepção de risco local (como por exemplo a recente complicação no crédito da gigante chinesa Evergrande) ou até mesmo acontecimentos no cenário político-econômico nacional (como a discussão dos precatórios) que podem exaltar ou acalmar os ânimos dos agentes para além do que for decidido na reunião, assim como piora na percepção do risco fiscal.
Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão, além de sempre considerar seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.
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Glossário
Entendendo os termos sobre as condutas do Banco Central
Dovish: A origem vem da palavra dove, pomba em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central mais confiante de que o cenário de inflação não será um problema, e, portanto, pendente a adotar uma política monetária expansionista ou menos restritiva para estimular a economia.
Hawkish: A origem vem da palavra hawk, falcão em português. Sinaliza uma conduta do Banco Central preocupada com os riscos inflacionários, e, portanto, pendente a adotar uma postura monetária mais dura, com subidas mais fortes na taxa de juros, ainda que isso possa prejudicar o emprego e a atividade no curto prazo.
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