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Pré-Copom Janeiro 2024: Renda Fixa continua navegando bem

Nos dias 30 e 31 de janeiro, ocorrerá a próxima reunião do Copom. Esperamos corte de 0,50 p.p. na taxa de juros. O que isso significa para a renda fixa?

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Caso não tenha familiaridade com a curva de juros, sugerimos a leitura deste conteúdo: O que é a curva de juros?

Nos dias 30 e 31 de janeiro, ocorrerá a próxima reunião do Copom. O cenário base da XP é de novo corte da taxa Selic em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 11,25%. Para a renda fixa, continuamos com visão construtiva, dadas as taxas de juros ainda elevadas apesar do ciclo de cortes, mas com preferência para títulos atrelados à inflação (IPCA+).

O que esperar para a reunião atual?

Além de precisarmos acompanhar qual será a decisão do Copom sobre a taxa Selic, é necessário nos atentarmos ao comunicado sobre os planos do Banco Central (BC) para a política monetária, que guiarão as expectativas para os juros nos próximos meses. Com base nisso, o que o Copom dirá desta vez?

Cenário base: Corte para 11,25%

Existem ferramentas que precificam as expectativas do mercado em relação às reuniões do Banco Central. Como exemplo, assim como na última reunião (dezembro de 2023), as “apostas” nas Digitais de Copom dessa semana indicavam uma probabilidade quase unânime de corte de 0,50 p.p. na Selic, passando de 11,75% para 11,25%, conforme mostrado na tabela abaixo, sem a presença de um cenário alternativo relevante.

ExpectativaProbabilidade
Corte para 11,25% (-0,50p.p.) – Cenário XP97% a 99%

A XP, assim como a maioria do mercado atualmente, acredita que o Copom deverá reduzir a taxa Selic em 0,50 p.p. para 11,25%, sem motivos para mudança no atual “plano de voo” de retirada gradual da restrição de política monetária, mantendo novas reduções na mesma magnitude nas próximas reuniões. Isto se deve, por um lado, pela tendência benigna de inflação, e por outro, pelo aumento das tensões geopolíticas e aceleração dos salários reais no mercado de trabalho doméstico. Além disso, as taxas de juros nos Estados Unidos, que precificam os ativos ao redor do mundo, permanecem voláteis. Por este motivo, nesse momento, não consideramos um cenário alternativo.

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Como a renda fixa seria impactada?

O cenário é similar ao observado na última reunião: o principal fator que deve direcionar a curva de juros após a reunião é a manutenção (ou não) do guidance (projeção) de corte de 0,50 p.p. para “as próximas reuniões” no comunicado do Copom. Acreditamos que esta orientação futura seja mantida e, caso nosso cenário base se concretize, esperamos um movimento mais brando na curva de juros, uma vez que o corte de 0,50 p.p. já é a expectativa de quase a unanimidade dos agentes de mercado. Sendo assim, uma movimentação seria resultado de correção da pequena parcela daqueles que esperavam corte maior.

Já se não for concedido guidance, ou então o plural seja retirado (“próximas reuniões”), é possível que a curva apresente um movimento de queda mais acentuado nos vértices mais curtos, com o mercado antevendo um movimento de aceleração do afrouxamento monetário pelo BC.

Uma vez que não esperamos mudanças estruturais no cenário em relação ao que já incorporamos em nossas análises de carteiras recomendadas, mesmo no curtíssimo prazo (pós-Copom), nossa visão em relação ao Copom atual é neutra.

Vale ressaltar que continuamos com visão positiva para a renda fixa de maneira geral, principalmente para títulos atrelados à inflação (IPCA+). Mesmo com os cortes recentes e esperados, as taxas de juros nominais permanecem elevadas, acima de dois dígitos, e as taxas reais (acima da inflação) continuam em patamares interessantes, em nossa opinião. Adicionalmente, as projeções indicam que a inflação deve permanecer acima do centro da meta de 3% nos próximos dois anos. Por fim, ainda é necessária cautela, com os riscos locais e globais a serem monitorados, o que favorece a alocação em ativos como a renda fixa (veja mais em nossas carteiras recomendadas).

O que pode acontecer de diferente?

Tudo o que apresentamos aqui leva como base apenas a reunião do Copom dos dias 30 e 31 de janeiro, sua decisão e posterior comunicado. No entanto, é preciso ressaltar que nesta semana a decisão do Copom ocorre na chamada “super quarta”, quando há também decisão de política monetária nos Estados Unidos, o que normalmente traz efeitos sobre a curva de juros local (assim como visto em dezembro).

Vale mencionar que, apesar de o discurso do Federal Reserve ter sido mais “dovish” (política monetária expansionista) na última reunião, o Copom não alterou o tom de cautela na sua Ata naquela ocasião.

Além disso, devemos ter em mente que, além de os cenários analisados serem apenas expectativas (ainda que com base em observações históricas), outras forças que muitas vezes fogem do radar agem no mercado diariamente e podem afetar os preços dos ativos.

Tendo isso em mente, é importante sempre acompanhar as principais movimentações e análises de mercado para ajudar na melhor tomada de decisão. Recomenda-se ainda cautela na alocação, uma vez que os riscos relacionados ao cenário fiscal local e inflacionário global ainda não cessaram (dentre outros). Por fim, sempre considere seu perfil de investidor(a) para melhor estratégia de composição de carteira.

Aprofundando na visão de Economia

Nossos economistas da XP têm como cenário base o corte de 0,5 p.p.:

“Acreditamos que as informações desde a última reunião de política monetária não irão alterar significativamente as projeções de inflação e o balanço de riscos do Copom. Logo, não prevemos mudanças relevantes no comunicado pós-reunião desta semana, com o orientação futura de que ‘os membros do Comitê antecipam, por unanimidade, novas reduções da mesma magnitude nas próximas reuniões’. É possível que o comitê opte por mencionar as tensões geopolíticas e a dinâmica do mercado de trabalho no Brasil para reforçar a necessidade de uma política monetária ainda restritiva adiante. O Copom poderia mencionar também riscos fiscais e parafiscais, mas acreditamos que isso não será feito.”

A comparação entre as expectativas do mercado nas vésperas do Copom de dezembro e agora ajudam a entender o cenário.

IndicadorExpectativas na semana do último Copom (dezembro) Expectativas atuais
DI Jan/2510,3%9,97%
DI Jan/2710,1%9,83%
Câmbio (R$/US$) 2024 (Focus – Mediana) 5,004,92
Câmbio (R$/US$) 2025 (Focus – Mediana) 5,105,00
IPCA 2024 (Focus – Mediana)3,93%3,86%
IPCA 2025 (Focus – Mediana3,50%3,50%
Selic 2024 (Focus – Mediana)9,25%9,00%
Selic 2025 (Focus – Mediana)8,50%8,50%

Fontes: Broadcast e Banco Central (Boletim Focus do dia 19/01). Elaboração: XP.

E o que esperar para a reunião de março de 2024?

Atualmente, o mercado precifica maior probabilidade de um novo corte de 0,50p.p. na próxima reunião (tabela abaixo), a ocorrer nos dias 19 e 20 de março, porém há agentes que esperam cortes de até 0,75p.p – ainda que em minoria.

O cenário base dos economistas da XP para a próxima reunião é de novo corte de 0,50 p.p.

Expectativa do mercado para o Copom de março – Assumindo 11,25% após a reunião atualProbabilidade
Corte para 10,75% (-0,50p.p.) – Cenário XP89% a 92%
Corte para 10,50% (-0,75p.p.)6% a 8%

Fonte: B3 (Opções de Copom). Elaboração: XP.

Agenda de reuniões do Copom – 2024

  • 30 e 31 de janeiro
  • 19 e 20 de março
  • 7 e 8 de maio
  • 18 e 19 junho
  • 30 e 31 de julho
  • 17 e 18 de setembro
  • 5 e 6 de novembro
  • 10 e 11 de dezembro

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