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Caso não tenha familiaridade com o setor bancário, sugerimos leitura dos seguintes artigos: Balanço de bancos: saiba como analisar a saúde financeira das instituições, Bancos Médios: conheça as principais frentes de atuação das instituições e Saiba tudo sobre o FGC.
Resumo: O BS2 (antigo Banco Bonsucesso) é uma instituição financeira com foco em atendimento a PMEs, oferecendo conta empresarial, soluções para capital de giro, aquisição de direitos creditórios, câmbio, conta de investimento e operações de adquirência. Do lado de pessoa física, seus serviços são concentrados no aplicativo de banco digital, e a instituição também atua na compra de precatórios. Nota-se que a implementação da plataforma de digital banking em 2019 pressionou a rentabilidade do conglomerado desde então, e seu lucro no 1S21 foi beneficiado por eventos não recorrentes. Sendo assim, vale monitorar a trajetória até o alcance do ponto de equilíbrio operacional.
Destaques positivos
- Diversificação de receitas.
- Acionistas comprometidos com injeção de capital.
Pontos de atenção
- Mudanças de estratégia de negócios.
- Lucratividade temporariamente pressionada pela plataforma de digital banking.
- Operações de compras de precatórios.
Ao investir em um dos ativos do BS2 elegíveis à garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), como CDB, LC, LCI e LCA, o investidor está coberto até o limite de R$250 mil*.
Letras Financeiras (LFs) não são garantidas pelo FGC.
Quem é o BS2?
História
O BS2 (antigo Banco Bonsucesso) começou como uma instituição financeira da família Guimarães, focada em financiamento a veículos, em 1992. Em 1998, entrou no negócio de crédito consignado.
Em 2014, o banco se juntou ao Banco Santander para criar a joint venture Olé Consignado (40% Bonsucesso; 60% Santander).
A partir de 2015, o banco passou a diversificar seus meios de atuação, com soluções de câmbio, meios de pagamento e distribuição de títulos de investimento.
Em novembro de 2017, mês em que completou 25 anos, o Banco Bonsucesso anunciou sua nova marca: BS2, se reposicionando como um hub de produtos e serviços financeiros.
Sua plataforma digital para pessoas físicas, BS2 Hub, foi lançada em março de 2019.
Em dezembro de 2019, o BS2 vendeu sua participação na Olé Consignado para o Santander por R$ 1,6 bilhão.
O BS2 anunciou o executivo Marcos Magalhães como seu novo CEO e membro do Conselho de Administração em abril de 2021. É esperado que, com sua entrada, a instituição aumente sua presença no negócio de adquirência, dada a sua experiência como presidente da Rede (adquirente do Itaú Unibanco) por três anos.
No último mês de junho, o conglomerado adquiriu a fintech israelense de dados e crédito Weel, especializada em soluções para pequenas e médias empresas.
O BS2 anunciou a mudança do foco de atuação para o atendimento a pequenas e médias empresas (PMEs) em setembro. Apesar do novo foco, a frente de atendimento a pessoas físicas não será encerrada.
Atuação
O foco de atuação do BS2 é o oferecimento de soluções para empresas. Nesse braço de pessoa jurídica, o banco fornece conta empresarial, com soluções financeiras como TEDs, pagamentos, emissão de boletos e máquina de cartão de crédito BS2 Pay; soluções para capital de giro, como antecipação de recebíveis (BS2 Corporate); aquisição de direitos creditórios; câmbio; conta de investimento; e operações de adquirência.
Do lado de pessoa física, seus serviços são concentrados no aplicativo de banco digital (Banco BS2), o qual oferece contas digitais gratuitas, contas internacionais e plataforma aberta de investimentos. Para esse serviço, não há agências (o que leva à redução de custos e despesas).
O BS2 também atua na compra de precatórios, que representam requisições de pagamentos em que os devedores são a União, os Estados ou municípios, após serem condenados em definitivo em um processo na Justiça.
Presença
O Banco BS2 possui duas agências físicas voltadas ao atendimento de instituições, localizadas nas cidades de Belo Horizonte (sua matriz) e São Paulo.
Principais fatores de crédito
Para melhor entendimento, esclarecemos que a nomenclatura “2T21” significa “segundo trimestre de 2021” e 1S21 “primeiro semestre de 2021”. Suas variações também se aplicam (ex: 4T20 seria o quarto trimestre de 2020).
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Carteira de crédito
Fonte: Banco BS2. Elaboração: XP.
Ao fim do primeiro semestre de 2021, a carteira de crédito classificada do Banco BS2 atingiu R$ 698,4 milhões, avanço de 8,7% ante o saldo de 2020. A maior parte da variação pode ser explicada pelo crescimento de 21,0% da carteira de precatórios no intervalo, que encerrou o semestre em R$ 280,6 milhões.
As operações de precatórios representam a segunda maior linha da carteira classificada do banco, atrás da carteira de capital de giro, que encerrou o 1S21 em R$ 288,5 milhões. O BS2 atua na compra destas ordens de pagamento, pagando apenas um percentual do montante que o cliente tem a receber. Apesar de representar uma condenação definitiva, o processo na prática é lento. Portanto, o principal ponto de atenção dessas operações é a pouca visibilidade do prazo de recebimento dos valores devidos.
A carteira de crédito expandida da instituição, que soma à carteira classificada operações de antecipação de recebíveis, alcançou R$ 4,2 bilhões ao fim do 1S21, ante R$ 4,1 bilhões em 31 de dezembro de 2020.
Fonte: Banco BS2. Elaboração: XP.
O BS2 apresentou bons índices de qualidade da sua carteira de ativos no semestre: a relação entre créditos entre os níveis D a H, segundo a Resolução BC 2.682/99, e a carteira de crédito classificada caiu de 5% no fechamento de 2020 para 1,7% em junho.
A provisão para devedores duvidosos encerrou o semestre em R$ 12,0 milhões, contração de 13,7% ante o saldo de 2020. O percentual da carteira provisionada ao fim de junho foi de 1,7%, condizente com a redução de créditos D-H no período.
Rentabilidade
Fonte: Banco BS2. Elaboração: XP.
O resultado operacional do Banco BS2 somou R$ 20,0 milhões nos seis primeiros meses de 2021, ante prejuízo operacional de R$ 93 milhões no 1S20. O lucro líquido somou R$ 30,4 milhões, também melhora significativa frente ao prejuízo de R$ 46 milhões no mesmo período de 2020.
Nota-se que a implementação da plataforma de digital banking em 2019 pressionou a rentabilidade do conglomerado desde então. Além disso, o resultado positivo no semestre foi beneficiado por eventos não recorrentes. Sendo assim, vale monitorar a trajetória até o alcance do ponto de equilíbrio operacional do BS2.
Capital
Fonte: Banco BS2. Elaboração: XP.
O índice Basileia (indicativo de solvência) do BS2 foi de 11,63% ao fim de junho, levemente acima do apurado ao fim de 2020 e em conformidade com o atualmente exigido pelo Banco Central (acima de 9,625%).
O aumento pode ser explicado pelo aporte de capital realizado pelos acionistas controladores de R$ 52,1 milhões em abril de 2021, parcialmente compensado pelo aumento da carteira de crédito no intervalo (o que consome capital do banco).
A instituição vem recebendo injeções de capital por seus controladores para cobrir a queima de caixa desde 2018, o que, em nossa visão, reforça seu compromisso com a estratégia de crescimento do conglomerado e reduz riscos de insolvência.
Liquidez
Ao fim do 1S21, o BS2 possuía R$ 1,3 bilhão de reais em caixa e equivalentes, valor 60,9% superior ao saldo de 2020 – crescimento decorrente, em sua maior parte, do volume de captações realizado no intervalo.
Por outro lado, o índice de liquidez de curto prazo caiu de 1,5x para 0,9x na mesma janela, o que pode ser atribuído ao crescimento da carteira, concentrado em créditos de prazo mais longo. O indicador mede a capacidade de pagamento da instituição nos próximos 12 meses. Como mitigantes, ressaltamos o bom acesso do banco a plataformas para captação e o compromisso de seu controlador com injeções de capital em caso de necessidade.
Composição acionária
O BS2 é controlado pela Família Pentagna Guimarães.
*Ao investir em um de seus ativos, o investidor está coberto pelo Fundo Garantidor de Créditos – FGC – para aplicações até o limite de R$ 250 mil por CPF ou CNPJ por conjunto de depósitos e investimentos em cada instituição ou conglomerado financeiro, limitado ao teto de R$ 1 milhão, a cada período de 4 anos, para garantias pagas para cada CPF ou CNPJ.
Glossário
Liquidez: A relação entre os ativos mais líquidos de curto prazo e os passivos exigíveis no curto prazo. Esta é uma medida de cobertura de seu saldo devedor mais curto. Quanto maior o índice, melhor a situação da instituição financeira.
Basileia: parte de acordos bancários firmados entre diversos bancos centrais do mundo para prevenção de risco de crédito. Mede a relação entre capital próprio e o capital de terceiros que será exposto a risco por meio da carteira de crédito do banco.
ROE: é o quociente entre lucro líquido e patrimônio líquido da instituição. É uma medida de rentabilidade.
Carteira D-H: Classificação determinada pelo Banco Central na resolução nº 2.682. Os créditos bancários são classificados em nove níveis, sendo eles: AA (menor risco), A, B, C, D, E, F, G e H (maior risco). Sendo assim, a carteira E-H inclui os créditos mais arriscados e aqueles com atraso de pagamento a partir de 61 dias. Esses créditos exigem provisão entre 10% e 100% sobre o valor das operações.
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Fonte
Banco BS2
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