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O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou o dia em queda ontem, seguindo aversão a risco no cenário internacional e dados fracos de produção industrial no Brasil, que desapontaram o mercado. Entretanto, a quarta-feira amanhece com tom mais otimista, principalmente advindo do internacional.
Na Ásia, a suspensão oficial da lei de extradição em Hong Kong trouxe alívio aos mercados, após semanas de protesto e instabilidade na principal capital financeira da Ásia. Em paralelo, os dados de atividade na China (PMI composto) surpreenderam positivamente, subindo de 50,9 em julho para 51,6 em agosto, sugerindo leve retomada da economia chinesa, o que é bem recebido.
Na Europa, o parlamento britânico derrota o primeiro ministro e deve votar pelo adiamento do Brexit, o que também é bem recebido pelos mercados. O PMI composto também apresentou performance melhor do que o esperado na Zona do Euro, avançando de 51,5 em julho para 51,9 em agosto, trazendo alívio aos mercados nesta manhã.
No Brasil, o foco ontem ficou para os dados de atividade industrial, com queda de 0,35% na comparação mensal em julho e queda de 2,5% na comparação anual, frustrando as nossas expectativas (+0,7% e -1%) e a mediana do mercado (+0,5% e -1,2%).
A discussão em relação à reforma tributária segue acalorada, mas sem grandes novidades. As notícias indicam que os governadores estão próximos de um consenso, o que é positivo.
Ontem, o Senado aprovou o projeto de lei que acerta a divisão dos recursos do leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa. Do total em bônus de assinatura de R$106,561 bilhões, a Petrobras ficará com R$ 33,6 bilhões e Estados e municípios ficam cada um com 15% dos recursos arrecadados. A liderança do governo no Senado concordou em destinar outros 3% para o estado do Rio de Janeiro.
Os recursos do leilão devem entrar no caixa da União até o final do ano, embora o Tribunal de Contas da União ainda não tenha aprovado o edital da Cessão Onerosa.
Por fim, do lado das commodities, os preços de petróleo aliviam após iniciarem a semana em queda e operam em leve alta (+0,43%) nessa manhã de quarta-feira, em US$58,7/barril. O minério, por sua vez, se manteve estável no patamar dos US$90/t.
Tópicos do dia
Brasil

- Política Brasil: Governadores estão próximos do consenso em torno de uma proposta de reforma tributária
- Governo não desiste da CPMF a despeito da ampla oposição
Internacional

- Dados de PMI sugeriram expansão da atividade na China, Zona do Euro e Reino Unido
- Brexit: Parlamento derrota Johnson; Votação hoje para adiar o Brexit
Empresas

- Cessão Onerosa: Senado aprova proposta que divide recursos do leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa
- Frigoríficos: Habilitação de 34 plantas brasileiras é esperada para ocorrer nas próximas semanas
- Weg (WEGE3): Aquisição de 51% da PPI-Multitask
- SulAmérica (SULA11): Swiss Re vende participação de 15%
- Marfrig (MRFG3): Burguer King inicia a comercialização do hambúrguer vegetal
Renda Fixa

- Disputa para importação de etanol cresce
- Cemig GT deve emitir R$3 bilhões em debêntures
Veja todos os detalhes
Brasil
Política Brasil: Governadores estão próximos do consenso em torno de uma proposta de reforma tributária
- Governadores estão próximos do consenso em torno de uma proposta de reforma tributária. Uma versão do texto já tem o apoio de 20 dos 27 governadores e deve obter o aval de todos eles até o fim da semana. Nela IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS seriam unificados na cobrança do Impostos sobre Bens e Serviços, cuja alíquota seria decidida pelos estados e municípios, sem interferência do governo federal, além de criar um fundo que garanta que nenhum estado tenha perda de arrecadação pelos próximos 20 anos e que se mantenha a Zona Franca de Manaus. Nesses termos, é fácil que haja consenso entre os entes, mas certamente haverá pressão contrária da União;
- Temos levantado que apesar de haver quase um consenso entre empresários e políticos de que uma reforma tributária é necessária, são mudanças que gerarão ganhadores e perdedores. Portanto, a tramitação deve ser complicada, o que em termos políticos, significa lentidão;
- Casa Civil e militares pressionam o governo para flexibilizar o teto de gastos, que imporá austeridade nos gastos discricionários do governo. Para mitigar os efeitos no orçamento de 2020, a equipe econômica busca maneiras de mexer em despesas obrigatórias;
- Governo estuda alterar Imposto de Renda Pessoa Física, com redução de todas as alíquotas e correção da tabela. A perda de arrecadação seria compensada pela limitação da dedução com gastos com saúde, além da possível tributação de dividendos e fim de isenções para LCI, LCA, CRI, CRA e para pessoas com doenças graves
Governo não desiste da CPMF a despeito da ampla oposição
- O noticiário local recente mostra que o governo não pretende desistir facilmente da CPMF apesar da oposição da presidência, do congresso e da maioria dos analistas de mercado;
- Ao que tudo indica, o governo vem se munindo de estudos e argumentos para mostrar que a CPMF não implicará aumento de carga tributária para as empresas e que ela virá atrelada de benefícios sociais, tais com incentivos fiscais a contratação de jovens e possível restituição do tributo para pessoas com rendimento anual de até R$5.000;
- Por ser um imposto regressivo (que penaliza pessoas de baixa e média renda) e possuir um fato gerador questionável, a volta da CPMF não agrada a população e deve seguir sofrendo resistência do congresso e de analistas de mercado.
Internacional
Dados de PMI sugeriram expansão da atividade na China, Zona do Euro e Reino Unido
- O PMI composto da China, que engloba tanto o setor industrial quanto o de serviços, avançou de 50,9 em julho para 51,6 em agosto, sugerindo leve recuperação da economia chinesa após a implementação de uma série de medidas de estímulo nas últimas semanas. O PMI chinês de serviços também registrou alta, subindo de 51,6 em julho para 52,1 em agosto, maior crescimento em três meses;
- Na Zona do Euro, o PMI composto também apresentou performance melhor do que o esperado, passando de 51,5 em julho para 51,9 em agosto. A leitura acima de 50 indicou expansão da atividade na região;
- Já no Reino Unido, a leitura final do PMI de serviços apresentou queda na passagem de julho para agosto, passando de 51,4 para 50,6 e atingindo o menor nível em três meses. Apesar da queda, a leitura acima de 50 indicou que o setor de serviços britânico se expandiu pelo quinto mês consecutivo.
Brexit: Parlamento derrota Johnson; Votação hoje para adiar o Brexit
- Ontem, Boris Johnson perdeu sua primeira votação parlamentar como primeiro ministro. A câmara autorizou o debate sobre uma lei que obrigaria Johnson a solicitar à União Europeia o adiantamento do Brexit até 31 de janeiro de 2020, caso não haja nenhum acordo sobre a saída do Reino Unido até meados de outubro, o que trouxe alívio para os mercados;
- A convocação de novas eleições ao Parlamento deve ser apresentada hoje, porém exige a aprovação de dois terços da câmara. As chances de sucesso da convocação são limitadas dado que a oposição disse que não apoiará uma eleição enquanto a saída sem acordo em 31 de outubro não for descartada.
Empresas
Cessão Onerosa: Senado aprova proposta que divide recursos do leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa
- Ontem, o Senado aprovou o projeto de lei que acerta a divisão dos recursos do leilão dos barris excedentes da Cessão Onerosa. Do total em bônus de assinatura de R$106,561 bilhões, a Petrobras ficará com R$ 33,6 bilhões e Estados e municípios ficam cada um com 15% dos recursos arrecadados, descontada a quantia devida pela União à Petrobras;
- No entanto, a liderança do governo no Senado concordou em apoiar uma emenda encabeçada pelo senador Flavio Bolsonaro (PSL-RJ), destinando, além dos 30% para governos estaduais e municipais, outros 3% para “Estados onde estejam geograficamente localizadas as jazidas de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos (…)”, beneficiando o estado do Rio de Janeiro com R$2,19 bilhões;
- Os recursos do leilão devem entrar no caixa da União até o final do ano, embora o Tribunal de Contas da União ainda não tenha aprovado o edital da Cessão Onerosa.
Frigoríficos: Habilitação de 34 plantas brasileiras é esperada para ocorrer nas próximas semanas
- Segundo o Valor Econômico, a China poderá habilitar 34 novos frigoríficos brasileiros de carne bovina, suína e de frango para exportar carnes a seu mercado no fim de outubro, durante visita do presidente Jair Bolsonaro a Pequim. Agora, a expectativa “realista” é que nas próximas semanas o processo seja concluído, mas existem riscos;
- Hoje, 64 estabelecimentos brasileiros podem vender carnes ao mercado chinês (US$2,5bi em 2018, com potencial de atingir US$1bi/ano frente às novas habilitações), com a China já sendo hoje o principal destino dos embarques brasileiros de carnes — junto com Hong Kong, corresponde por mais de 40% das vendas;
- Se confirmada, vemos a habilitação de mais frigoríficos brasileiros como um avanço importante e positivo para as empresas. Mantemos nosso otimisto com o setor e reiteramos nossa preferência pela JBS, seguida da BRF e, por fim, Marfrig.
Weg (WEGE3): Aquisição de 51% da PPI-Multitask
- A Weg anunciou ontem o acordo para aquisição de 51% do capital do grupo PPI-Multitask, especializado em Integração de Sistemas de Automação Industrial, Soluções MES (Manufacturing Execution System), IIoT (Industrial Internet of Things) e softwares para a indústria;
- A PPI-Multitask possui longa experiência na integração de sistemas de automação para controle de máquinas e processos industriais, possuindo um dos mais conceituados softwares de MES desenvolvidos no Brasil. Suas soluções fazem a automação da coleta de dados e monitoramento online do chão de fábrica, conectam-se aos demais sistemas de gestão da empresa e preparam o parque industrial para atender às novas demandas da Indústria 4.0, de acordo com a Weg;
- Apesar de não ter fornecido valores relativos à operação ou à empresa, a aquisição está alinhada com a estratégia da companhia de se aprofundar no segmento de desenvolvimento de soluções em softwares e tecnologias relativas ao segmento industrial.
SulAmérica (SULA11): Swiss Re vende participação de 15%
- Após forte valorização das ações da SulAmérica decorrente de melhorias operacionais e da transação com a Allianz (+61,4 desde o início do ano), a empresa de resseguros suíça, Swiss Re, informou ontem em Comunicado ao Mercado a alienação total da fatia de 14,9% na companhia. A empresa deixa de ser acionista e perde seus direitos e obrigações. A ação caiu -4,2% no pregão de ontem;
- De acordo com o Brazil Journal, o valor do bloco saiu a R$46,01/ação representando uma operação total avaliada em R$2,7 bilhões. Apesar da pressão técnica causada pela venda, mantemos nossa visão otimista e recomendação de Compra para SulAmérica.
Marfrig (MRFG3): Burguer King inicia a comercialização do hambúrguer vegetal
- A rede de fast food Burguer King será a primeira a comercializar o hambúrguer vegetal desenvolvido por Marfrig e ADM. A parceria já havia sido anunciada no início de agosto. Conforme o acordo, a Marfrig é responsável pela produção, distribuição e comercialização do produto no varejo e a ADM, por sua vez, fornece a principal matéria-prima usada no processo;
- O sanduíche Rebel Whopper® será vendido, inicialmente, em apenas uma unidade do Burger King em São Paulo. Em 10 de setembro, estará disponível em 75 lojas do Estado, e em novembro passará a ser vendido em todas as unidades do país, por um preço de R$ 29,90. Segundo Ariel Grunkraut, diretor de marketing e vendas do Burger King Brasil, o interesse e a disposição dos consumidores brasileiros em comprar produtos à base de plantas chega a ser maior do que países como China, Estados Unidos ou Inglaterra. De acordo com as empresas, o produto 100% vegetal tem sabor e textura similares ao da carne;
- Conforme temos mencionado, não assumimos em nossos modelos qualquer ganho potencial advindo dessa frente, mas vemos as iniciativas com bons olhos, dadas as margens mais altas dos produtos de carne vegetal, embora a representatividade nas vendas no curto prazo ainda seja pequena. Mantemos Compra em Marfrig, preço-alvo de R$10/ação.
Renda Fixa
Disputa para importação de etanol cresce
- De acordo com o Valor Econômico, pode haver aumento de concorrência na importação de etanol anidro com a isenção de 20% na tarifa no Mercosul. As novas regras podem dificultar as atividades das principais empresas que atuam no setor;
- As mudanças envolvem redução da distribuição das novas cotas, retirando reserva de mercado de metade de volume isento aos importadores “históricos”. Além disso, reduziu o volume de importação de uma empresa em um mesmo trimestre. O teto foi reduzido de 7,5 milhões de litros para 2,5 milhões de litros. Na visão de importadoras e distribuidoras de combustíveis, as novas regras acabam com privilégios;
- É necessário acompanhar os efeitos dessas mudanças sobre as principais empresas do setor, que ainda avaliam os impactos. No entanto, pode-se esperar que empresas com mais experiência no mercado nacional de biocombustíveis tenham maior capacidade de absorver as mudanças.
Cemig GT deve emitir R$3 bilhões em debêntures
- O braço de geração e transmissão da Cemig, a Cemig GT, se prepara para a captação de até R$3 bilhões em debêntures. Os recursos deverão ser usados para melhorar seu custo de dívida e pode incluir recompra total ou parcial de US$1 bilhão em bônus emitidos em 2017, que vencem em 2024 e têm custo de 9,5% ao ano (elevado, se considerarmos juros no Brasil na faixa de 6,0% hoje). A empresa ainda não confirmou. As informações são do Estadão;
- Se espera que a empresa capte a um custo superior ao da emissão da Cemig D, realizada em julho deste ano, de R$3,66 bilhões. A expectativa se dá devido aos recentes cortes na Selic, que levaram investidores a pedir mais prêmio em ofertas de debêntures;
- Hoje a Cemig GT possui R$7,2 bilhões de dívida líquida, representando 56% do total da dívida do grupo Cemig. Caso a emissão se concretize, haverá alívio na composição do endividamento, reduzindo a exposição ao dólar de 42% para menos de 15% (em caso de recompra total dos bônus), além de diminuição das despesas com juros, sendo positivo para o perfil financeiro da empresa.

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