IBOVESPA -0,08% | 102.830 Pontos
CÂMBIO -1,90% | 5,32/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa fechou o pregão de ontem em leve queda de -0,08%, aos 102.830 pontos. O dólar comercial fechou em alta de 1,90%, aos R$5,32, refletindo um movimento global de valorização da moeda americana frente a mordas de países emergentes. As taxas futuras fecharam praticamente estáveis, após apresentarem viés de alta ao longo do dia por conta do câmbio. Não houve notícias relevantes que levassem a movimentos mais concretos e as apostas para a próxima reunião do Copom se mantêm em corte de 0,25 ponto percentual. DI jan/21 fechou em 1,91%; DI jan/23 ficou em 3,63%; e DI jan/25 encerrou em 5,16%.
Nesta manhã, mercados globais amanhecem em território misto, com bolsas da China encerrando em leve alta, mercados na Europa oscilando entre os -0,5% a +0,3% e futuros nos EUA em leve queda. A fraqueza dos mercados no ocidente reflete principalmente a fraca performance de resultados no 2T20 de grandes grupos, como Diageo e Bayer.
Nos EUA, o foco permanece nas negociações entre os partidos Republicano e Democrata a respeito do pacote de estímulos para compensar os efeitos da pandemia do COVID-19. A pressão para se chegar a um consenso continua crescendo, principalmente tendo em vista que o Senado americano não deve sediar sessões nesta sexta-feira.
Ainda na frente internacional destacamos que a Argentina e seus maiores credores chegaram a um acordo para a reestruturação de um endividamento de US$65 bilhões, o que marcaria a terceira recuperação da nação vizinha de um cenário de default nas últimas duas décadas.
Sobre economia, para tentar diminuir as resistências no Congresso à criação de um novo imposto sobre transações digitais, o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou ao presidente Jair Bolsonaro um plano que propõe a redução pela metade do peso efetivo da tributação que as empresas pagam sobre os salários dos funcionários. Entre as ideias, está a redução de 20% para 10% da alíquota sobre os salários como contribuição à Previdência, redução de 8% para 6% do valor dos salários que é depositado pelas empresas nas contas do FGTS, corte permanente da metade dos encargos que pagam ao Sistema S, entre outras. Para conseguir apoio ao novo tributo, Guedes também pretende ampliar a faixa de renda que fica isenta do Imposto de Renda, dos atuais R$ 1,9 mil para R$ 3 mil, e cessar a cobrança do IPI para eletrodomésticos.
Na política, ganha destaque a discussão dentro do governo, a partir de pressão de congressistas, para prorrogar o pagamento do auxílio emergencial até dezembro. A ideia discutida pela equipe econômica é reduzir o valor das próximas parcelas para R$ 200, o que exigiria nova legislação aprovada pelo Congresso. Também é ponto de atenção a discussão em torno da possibilidade de abertura de exceções para gastos fora do teto em infraestrutura no ano que vem, o que tem apoio de parte dos ministros de Jair Bolsonaro, mas encontra resistência na equipe econômica.
Por fim, também na política, o relator da reforma tributária, deputado Aguinaldo Ribeiro, chamou de “medieval” a possibilidade de recriação da CPMF. O governo tem insistido na criação de um tributo sobre pagamentos para custear a desoneração da folha de salários e a redução de outros tributos.
Em empresas, o destaque foi para a divulgação ontem à noite dos resultados do Itaú Unibanco no 2T20. O resultado em si foi fraco, conforme esperado, principalmente por: i) queda na margem financeira líquida com clientes; ii) custos LatAm aumentando devido a efeito de câmbio; iii) baixos volumes de receitas de serviços e de seguros; e iv) inadimplência caindo menos do que concorrentes. No entanto, mantemos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29,00, pois acreditamos que a qualidade do banco deve entregar a longo prazo.
Do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda na semana (-US$0,6/t), para US$442,3/t. Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (~US$500/t, em nossa opinião).
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Internacional
- Política internacional: negociações avançam entre democratas e governo Trump pelo novo pacote de estímulo
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Empresas
- Itaú (ITUB4): Exatamente como esperado | Revisão do 2T20
- Porto Seguro (PSSA3): Resultado acima das expectativas | Revisão 2T20
- BB Seguridade (BBSE3): Em linha | Revisão 2T20
- IRB (IRBR3): Indícios de resultado negativo para o segundo trimestre de 2020
- Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Multiplan (MULT3): Parceria com B2W
- IRB Re (IRBR3): Sócios cumprem acordo e entram no follow-on
- Frigoríficos (JBSS3, MRFG3, BRFS3): exportações de carne bovina seguem firmes em Junho, enquanto frango sofre
- Frigoríficos (JBSS3, MRFG3): Tyson Foods reporta resultados robustos, com destaque para bovinos e suínos
- BB, Bradesco e Caixa discutem possíveis saídas da Elo
Veja todos os detalhes
Internacional
Política internacional: negociações avançam entre democratas e governo Trump pelo novo pacote de estímulo
- Nos EUA, líderes democratas e autoridades do governo Trump anunciaram nesta segunda-feira (3) que avançaram nas conversas sobre o novo pacote de estímulo. Entretanto, o auxílio extra de USD 600 para americanos que perderam o emprego durante a quarentena continua sendo o principal ponto de embate. Enquanto democratas defendem a extensão do benefício, o governo defende a redução do valor. Devido a demora em chegar a um acordo, o presidente estuda um decreto para impor moratória sobre evicções e uma redução temporária da folha de pagamentos;
- No lado das tensões com a China, Trump prometeu banir o TikTok até o dia 15 de setembro se o aplicativo chinês não for vendido a Microsoft ou outra empresa americana. Ainda, disse que o governo teria que receber recompensação significativa pela transação. Beijing disse que não aceitaria a venda do aplicativo por pressão do governo americano e prometeu retaliar.
Empresas
Itaú (ITUB4): Exatamente como esperado | Revisão do 2T20
- O Itaú acabou de publicar um resultado em linha com as nossas estimativas e as de mercado, com lucro de R$ 4,2 bilhões (vs. R$ 4,3 bilhões em nossas e estimativas de mercado), implicando 13,9% de retorno sob patrimônio líquído;
- Se comparado ao Santander e Bradesco, acreditamos que o mercado possa ter uma reação negativa. Embora os resultados gerais tenham chegado como esperávamos, a combinação de uma queda de NIM dos clientes, taxas/seguros mais baixos e uma queda abaixo da média nas inadimplências e nos custos pode estar abaixo das expectativas dos investidores;
- No entanto, reiteramos nossa recomendação neutra e preço-alvo de R$ 29,00, pois acreditamos que a qualidade do banco deva ser entregue no longo prazo.
Porto Seguro (PSSA3): Resultado acima das expectativas | Revisão 2T20
- Porto Seguro reportou bons resultados no 2T20, acima das expectativas que já eram elevadas;
- O lucro veio acima das estimativas, crescendo 72% A/A atingindo R$ 657 milhões (vs. R$ 502 milhões estimado pelo consenso da Bloomberg), implicando em um ROE de 35% (vs. 22% no 2T19). No entanto, a empresa também efetuou provisões técnicas em R$ 227 milhões e outros R$ 188 milhões em provisões para perdas com operações de crédito;
- Reiteramos nossa recomendação neutra e preço alvo de R$ 57,00, pois vemos o curto prazo mais desafiador com menor crescimento de prêmios.
BB Seguridade (BBSE3): Em linha | Revisão 2T20
- A BB Seguridade acaba de postar um resultado em linha neste segundo trimestre de 2020 (2T20), com o lucro líquido ajustado de R$ 982 milhões (vs. R$967 das estimativas colhidas pelo Bloomberg);
- Porém os volumes desapontaram um pouco, bem como a margem financeira. Anualmente o resultado caiu 9%, mas lembre-se de que R$ 69 milhões do resultado do 2T19 veio do IRB, que foi vendido ainda em 2019. Principais destaques negativos foram previdência e capitalização, cujas receitas caíram 37% e 23% anualmente e respectivamente. Mas destaques negativos também para o resultado financeiro, que veio negativo em R$ 35 milhões devido a distribuição de dividendos ocorrida em 2019 e pela redução da taxa Selic. Por outro lado, a empresa;
- Apesar disso, mantemos nossa recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35,00 devido ao possível crescimento de prêmios com a retomada da economia e resiliência do seguro agro, que é beneficiado pela carteira do Banco do Brasil.
IRB (IRBR3): Indícios de resultado negativo para o segundo trimestre de 2020
- A companhia disponibilizou ontem o relatório periódico mensal enviado à Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Além disso, disponibilizou os dados financeiros referentes ao bimestre de abril-maio de 2020 que mostraram prejuízo de R$ 392,5 milhões no período. No dia, as ações caíram 3,4% e o IRB ressaltou que os dados ainda foram auditados e estão sujeitos a mudanças;
- No bimestre reportado, a companhia divulgou R$ 1.586,4 milhões em prêmios emitidos sendo 60,4% no exterior e 39,4% no Brasil, e R$ 1.103,6 milhões em prêmios ganhos. Os sinistros retidos totalizaram R$ 1.353,7 milhões, implicando em uma sinistralidade de 123%;
- O IRB ainda informou que espera resultados semelhantes ao reportado para o mês de junho também, impactado por i) atualização de valores de perdas para sinistros já avisados por parte de cedentes do exterior; e ii) deterioração no comportamento das contas de seguros de vida. O que foi mal recebido por investidores, uma vez que pode anteceder um resultado possivelmente negativo para o segundo trimestre de 2020.
Papel & Celulose: Queda no preço da celulose de fibra curta na China
- Os preços de celulose de fibra curta na China tiveram queda na semana (-US$0,6/t), para US$442,3/t. No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (~US$500/t, em nossa opinião);
- Esperamos uma reação negativa das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. Temos recomendação de Compra para ambos os nomes, com preço-alvo de R$47 e R$22/ação para Suzano e Klabin, respectivamente.
Multiplan (MULT3): Parceria com B2W
- A Multiplan comunicou ontem que celebrou uma parceria com a B2W e com a Delivery Center para a integração das lojas dos shopping centers às plataformas de varejo online da B2W. O acordo permitirá a venda de suas lojas nos Marketplaces da B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime), dessa forma, as lojas serão habilitadas tanto para envio de produtos quanto para retirada física. Vemos o anúncio como positivo para a companhia, cuja rede de lojistas poderá se beneficiar da tendência crescente do consumo online, além de estar alinhado com a estratégia de integrar os diferentes canais.
IRB Re (IRBR3): Sócios cumprem acordo e entram no follow-on
- O IRB divulgou ontem que os sócios Bradesco e Itaú integralizaram suas participações na oferta primária da resseguradora;
- A capitalização dos sócios atingiu R$600 milhões e foi realizada a um preço atrativo em relação ao fechamento de ontem, com um múltiplo de 1x preço por patrimônio líquido;
- O anúncio, apesar de já esperado devido a anúncios anteriores, pode ser bem percebida por investidores, uma vez que reforça a presença dos bancos na resseguradora.
Frigoríficos (JBSS3, MRFG3, BRFS3): exportações de carne bovina seguem firmes em Junho, enquanto frango sofre
- Conforme dados preliminares de comércio exterior, em Julho, as exportações brasileiras de carne cresceram 5% em volumes na comparação anual, atingindo 597 mil toneladas, compensando uma queda de 3% em preços em dólares;
- Destaque positivo para as exportações de carne bovina, o que deve beneficiar empresas como JBS e Marfrig, ao passo que as exportações de carne de frango sofreram no mês, potencialmente afetando a BRF. Vale lembrar que, apesar de ser mais negativo para a BRF, a empresa é mais concentrada em processados, que têm tido uma performance positiva;
- As exportações de carne bovina cresceram 27% em volumes A/A, atingindo 169 mil toneladas, e também cresceram 2% em preços em dólares. Tal dado de volume é o segundo maior da série histórica, ficando atrás apenas de outubro/2019;
- Já as exportações de carne suína cresceram 47% em volumes A/A, atingindo 90 mil toneladas, mais do que compensando uma queda de 7% em preço em dólares. Assim como em carne bovina, tal dado de volume é o segundo maior da série histórica, perdendo apenas para junho/2020;
- Por fim, as exportações de carne de frango caíram 9% em volumes A/A, atingindo 337 mil toneladas, e também caíram 22% em preços em dólares.
Frigoríficos (JBSS3, MRFG3): Tyson Foods reporta resultados robustos, com destaque para bovinos e suínos
- A Tyson Foods reportou resultados robustos ontem, apesar da volatilidade gerada pela pandemia. As receitas atingiram US$ 10 bilhões (-8% na comparação com o trimestre anterior), e seu lucro líquido foi de US$ 527 milhões (-22% A/A). Adicionalmente, a empresa nomeou Dean Banks para suceder Noel White como CEO a partir de Outubro de 2020, quando White deve se tornar vice-presidente do Conselho de Administração da Tyson;
- Destaque para a área de carne bovina, cujo lucro operacional cresceu 141% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período de 2019, ao chegar a US$ 651 milhões. Outro resultado positivo foi o de carne suína, que registrou alta de 155% A/A, atingindo US$ 107 milhões. Em aves, a empresa registrou um prejuízo operacional no trimestre de US$ 120 milhões ante lucro de US$ 230 milhões um ano antes. Por fim, a área de alimentos prontos teve queda de 36,7% na comparação anual, com lucro operacional de US$ 145 milhões;
- A maior parte dos frigoríficos brasileiros listados (JBS, Marfrig e BRF) divulga resultados na semana que vem. Esperamos resultados fortes tanto para JBS quanto para Marfrig, mas Marfrig deve ser o grande destaque positivo devido a um menor impacto em sua produção. O dólar mais alto e a demanda aquecida na China e Sudeste Asiático seguiram impulsionando as exportações, enquanto a queda na produção nos Estados Unidos, por conta de casos de COVID-19 nas plantas, derrubou os preços do gado e elevou os preços da proteína no varejo, sinalizando margens historicamente altas para o setor.
BB, Bradesco e Caixa discutem possíveis saídas da Elo
- De acordo com a mídia, os bancos controladores da Elo estariam discutindo um possível IPO ou venda da bandeira para uma concorrente;
- Atualmente, a estrutura acionária é composta por 56,9% da Elopar, uma joint venture entre Bradesco e Banco do Brasil, pela Caixa com 36,9% e pelo Bradesco diretamente com 6,1%;
- Nossa visão é que, a depender de preço, pode ser positivo para destravar valor dos bancos e ficar menos exposto a um segmento com risco de disrupção tecnológica.
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