IBOVESPA 1,90% | 110.275 Pontos
CÂMBIO -0,9% | 5,27/USD
O que pode impactar o mercado hoje
O Ibovespa encerrou o pregão de ontem em alta de 1,9%, aos 100.274 pontos, acompanhando um movimento de otimismo de mercados globais. As maiores altas do índice foram de YDUQ3 (+7,95%), GOLL4 (+7,28%) e CIEL3 (+6,98%), enquanto as maiores quedas foram de PRIO3 (-1,54%), PETR3 (-0,99%) e PETR4 (-0,91%). Em semana de decisão do Copom, as taxas futuras de juros fecharam o dia de ontem em queda, seguindo o bom humor dos mercados internacionais e o bom desempenho do real perante o dólar. DI jan/21 fechou em 1,95%; DI jan/23 encerrou em 4,09%; DI jan/25 foi para 5,95%; e DI jan/27 fechou em 6,95%.
Bolsas globais operam em território majoritariamente positivo nesta manhã, com bolsas europeias em alta de +0,5% a 1%, assim como futuros do S&P 500. A tendência positiva acompanha o movimento de recuperação de mercados após a pior semana desde março, com destaque para a alta das ações do setor de tecnologia.
O otimismo dos mercados globais também é pautado por dados de atividade na China, com a produção industrial do país em agosto tendo subido 5,6% A/A, acima das expectativas de 5,2% A/A com base no consenso de mercado compilado pelo Wall Street Journal e acima dos patamares de julho de 4,8% A/A. Segundo o National Bureau of Statistics da China, as vendas do varejo no mesmo período cresceram 0,5%, primeiro resultado positivo do ano.
Em compasso a esse movimento de otimismo com dados da China, os preços de petróleo Brent avançam +1,69% esta manhã, aos US$40,28/barril (WTI avança +1,99%, aos US$38,00/barril).
Em economia, o Índice de Atividade Econômica divulgado ontem pelo Banco Central (IBC-Br) apresentou contração de 4,9% a/a em julho, o equivalente a uma expansão de 2,15% m/m. O resultado, sustentado principalmente pela indústria e pelo varejo, foi levemente melhor que as expectativas, mas não altera a nossa projeção de PIB nem para o para o terceiro trimestre desse ano (-5,4% A/A e +6,8% T/T), nem para 2020 (-4,8%).
Para abrir espaço no orçamento de 2021 para o Renda Brasil, a equipe econômica tenta aprovar no Congresso a desvinculação do salário mínimo dos benefícios previdenciários e o congelamento de aposentarias e pensões por dois anos. Segundo o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, a desindexação dos benefícios previdenciários (inclusive dos benefícios menores que o piso) seria destinada para quem ganha um valor igual ou superior a um salário mínimo. A ideia é incluir a desvinculação das aposentadorias e pensões no relatório da PEC do pacto federativo, que tem como relator o senador Márcio Bittar e que deve ser enviado com o Renda Brasil ainda nesta semana. Waldery disse que o congelamento está sendo debatido com os ministérios da Casa Civil e da Cidadania, mas ponderou que o presidente Bolsonaro ainda não deu o aval para enviar a medida ao Congresso. De acordo com o presidente da Câmara, congelar os benefícios previdenciários para quem ganha acima do mínimo abriria espaço de aproximadamente R$ 20 bilhões em 2021 e R$ 40 bilhões em 2022.
Em política, com a semana esvaziada no Congresso até quarta-feira, data limite para as convenções municipais, o noticiário segue concentrado nas decisões sobre o relatório da PEC do Pacto Federativo e o espaço fiscal que pode ser criado para o Renda Brasil. Os ministérios da Cidadania e da Economia estudam um pente fino na concessão do Benefício de Prestação Continuada, o que pode ser feito via decreto, para economizar R$ 5 bilhões em 2021 e R$ 10 bilhões 2022. E a Economia, entre outras proposta, fala em desvincular os benefícios previdenciários do salário mínimo.
Depois do incentivo de Jair Bolsonaro, a bancada evangélica já vê votos suficientes para derrubar o veto do presidente ao perdão das dívidas dos templos, e o Presidente do Senado Davi Alcolumbre não deve convocar para amanhã sessão do Congresso em que poderia ser analisado o veto à extensão da política de desonerações até o fim de 2021.
Na frente de empresas, a Petrobras informou, via fato relevante, a revisão do portfólio do segmento de Exploração & Produção (E&P) frente à crise provocada pela COVID-19. Como resultado da revisão do portfólio, a Petrobras estima um investimento para E&P de aproximadamente US$ 40-50 bilhões para 2021-2025, ante US$ 64 bilhões anunciados no Plano Estratégico de 2020-2024 e nossa estimativa de US$56 bilhões para o período entre 2021-2025. Conforme mencionamos em nosso início de cobertura, acreditávamos que seria provável que a Petrobras anunciasse reduções de orçamento de investimentos como forma de preservar a geração de caixa da companhia. Ainda que tal revisão possa impactar as expectativas de produção de petróleo futuras do mercado, não vemos risco material para nossas estimativas, uma vez que já não incluímos em nosso modelo todas as plataformas previstas no plano de negócios da Petrobras. Mantemos recomendação de Compra nas ações da Petrobras.
Do lado das commodities, os preços de celulose de fibra curta na China tiveram alta na semana (+US$1,7/t), para US$444,12/t. Esperamos uma reação positiva das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (~US$500/t, em nossa opinião). Adicionalmente, esperamos que uma recuperação da demanda na China seja gatilho para um movimento de recomposição de estoques.
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Coronavírus
Revisamos em agosto o target do Ibovespa para 115.000 pontos
Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Internacional

- Política internacional: Mnuchin diz que não é hora de se preocupar com reduzir déficit
Acesse aqui o relatório internacional
Empresas

- Petrobras (PETR4): Anuncia redução nos investimentos em E&P de 2021 a 2025 e inclui novos ativos na sua carteira de desinvestimentos
- Bradesco (BBDC4) e Cielo (CIEL3): BITZ, nova empresa focada em carteira digital e conta de pagamento
- Papel & Celulose: Alta no preço da celulose de fibra curta na China
- Banco do Brasil (BBAS3): André Brandão deve assumir o cargo de CEO a partir de 21 de setembro
- Proteínas (MRFG3, BRFS3): preço da tonelada de carne suína exportada pelo Brasil cresce 13% versus semana passada
- Banrisul (BRSR6): Plano de desligamento voluntário (PDV) de até 1500 colaboradores
Veja todos os detalhes
Internacional
Política internacional: Mnuchin diz que não é hora de se preocupar com reduzir déficit
- Em recado a republicanos conservadores na pauta fiscal, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, disse que a economia necessita de novo estímulo e não é a hora de se preocupar com reduzir o déficit do país;
- Na seara eleitoral, incêndios nos EUA se tornaram novo foco do debate eleitoral. Joe Biden e Donald Trump apresentam narrativas divergentes sobre o tema e responsabilizam um ao outro pela tragédia;
- E no lado do comércio global, a União Europeia disse a China que deve avançar na abertura de seu mercado a investidores estrangeiros para selar acordo de investimentos, insistindo que é a hora de Beijing de atuar.
Empresas
Petrobras (PETR4): Anuncia redução nos investimentos em E&P de 2021 a 2025 e inclui novos ativos na sua carteira de desinvestimentos
- Ontem a Petrobras informou, via fato relevante, a revisão do portfólio do segmento de Exploração & Produção (E&P) frente à crise provocada pela COVID-19. Como resultado da revisão do portfólio, a Petrobras estima um investimento para E&P de aproximadamente US$ 40-50 bilhões para 2021-2025, ante US$ 64 bilhões anunciados no Plano Estratégico de 2020-2024. Além disso, a Petrobras decidiu incluir novos ativos na sua carteira de desinvestimentos, embora ainda não tenha informado em detalhe quais ativos planeja vender;
- Segundo a estatal, a redução do investimento ocorre por conta do efeito da desvalorização do real, a busca pela otimização no investimento exploratório e a revisão da carteira de investimentos, “considerando otimizações, postergações e cancelamentos”;
- Para a revisão do portfólio, segundo a Petrobras, foram consideradas as seguintes diretrizes: (a) foco na desalavancagem, atingindo a meta de dívida bruta de US$ 60 bilhões em 2022; (b) foco na resiliência, priorizando projetos com breakeven de preço de Brent de no máximo US$ 35/ barril e aderentes à estratégia da companhia e; (c) revisão de toda a carteira de investimentos e desinvestimentos;
- Por fim, a Petrobras afirma que Búzios e os demais ativos do pré-sal passarão a ter uma importância ainda maior na carteira da companhia, representando aproximadamente 71% do investimento total de E&P para 2021-2025, contra 59% no Plano Estratégico de 2020-2024;
- A redução de investimentos em E&P para o período de 2021 a 2025 para US$40-50 bilhões se compara à nossa estimativa de US$56 bilhões para o mesmo período. Ainda que a revisão de orçamento em E&P possa impactar negativamente as estimativas de produção de petróleo futura da Petrobras do mercado, acreditamos que nossas estimativas já incorporam tal efeitos, uma vez que não incorporamos em nossas estimativas todas as plataformas de petróleo previstas pela Petrobras no futuro (apenas àquelas para a qual já foi contratada a construção). Na nossa visão, a revisão de orçamento pela companhia é uma sinalização positiva para a geração de caixa da Petrobras, assim como uma postura mais pragmática e mais ambiciosa em relação ao plano de desinvestimentos de ativos. Mantemos recomendação de Compra nas ações da Petrobras.
Bradesco (BBDC4) e Cielo (CIEL3): BITZ, nova empresa focada em carteira digital e conta de pagamento
- Ontem, o Bradesco comunicou ao mercado a chegada do BITZ Serviços Financeiros, uma nova empresa focada no mercado de carteiras digitais e contas de pagamento para clientes PF e MEIs. A plataforma possibilitará aos clientes: i) armazenar dinheiro; ii) realizar pagamentos, recebimentos e outras transferências (QR code inclusive); iii) recarga de celular; iv) compras online; e v) será integrado ao PIX;
- Acreditamos que o nível de competição no mercado de carteiras digitais vem aumentando e a entrada do Bradesco intensifica esse movimento, pois o banco oferece uma ampla rede de distribuição e a maior adquirente como prestadora de serviço. No entanto, lembramos concorrentes tentaram implementar estratégias semelhantes (Iti/Itaú), mas com baixa aderência de mercado e dificuldades para engajamento nas plataformas. Além disso, ainda ontem foi anunciada também a plataforma de varejo de outro concorrente digital, o BTG Pactual;
- Já em relação a Cielo, vemos a reação do mercado como exagerada, uma vez que a ação da adquirente subiu 7% no pregão de ontem devido a exclusividade como prestadora de serviços e de tecnologia ao Bitz via POS da adquirente (e deve receber 1,99% no débito e 4,99% no crédito para tal). Nossa opinião se baseia em: i) baixa visibilidade dos volumes que podem ser entregues pela plataforma; ii) sem contrato de exclusividade; e iii) o PIX, que deveria ser um dos principais motivos para a criação da plataforma, não deve cobrar tarifas.
Papel & Celulose: Alta no preço da celulose de fibra curta na China
- Os preços da celulose de fibra curta tiveram alta na semana (+US$1,7/t), para US$444,12/t. No longo prazo, acreditamos que os níveis de preço atuais não sejam sustentáveis, na medida em que se encontram há muito tempo abaixo do custo marginal (~US$500/t, em nossa opinião). Adicionalmente, esperamos que uma recuperação da demanda na China seja gatilho para um movimento de recomposição de estoques;
- Esperamos uma reação positiva das ações de Suzano e Klabin no pregão de hoje. Temos recomendação de Compra para ambos os nomes, com preço-alvo de R$65 e R$32/ação para Suzano e Klabin, respectivamente.
Banco do Brasil (BBAS3): André Brandão deve assumir o cargo de CEO a partir de 21 de setembro
- De acordo com a mídia, o novo presidente do Banco do Brasil, André Brandão, deve tomar posse a partir de 21 de setembro, a demora desde a indicação ocorreu devido ao processo burocrático de desligamento do HSBC. Enquanto isso, o atual presidente, Rubem Novaes, continua atuando no banco e a expectativa é que, após sua saída, ele continue como assessor de Paulo Guedes no Rio de Janeiro;
- Nossa visão é positiva para a chegada de André Brandão pelo fato dele já ter experiência como CEO e ser atualmente um executivo do ramo, em uma instituição onde o corte de custos tem sido foco. Acreditamos que o seu perfil de mercado e experiência sejam bem recebidos pelo mercado.
Proteínas (MRFG3, BRFS3): preço da tonelada de carne suína exportada pelo Brasil cresce 13% versus semana passada
- Segundo dados preliminares semanais da SECEX, as exportações brasileiras de carne bovina e suína seguem fortes, impulsionadas sobretudo por volumes robustos (+25% e +55% A/A, respectivamente), enquanto as exportação de carne de frango continuam sofrendo com queda de preços em dólar (-16% A/A), mas são compensadas pela desvalorização do real no período (em reais, os preços registram alta de 8,5% A/A);
- Destaque para o fato de que o preço médio da carne suína atingiu US$ 2.457 por tonelada na segunda semana de setembro, patamar 13% superior à média de preço registrada na semana passada (US$ 2.169 por tonelada). Em reais, houve aumento de 37% em preços, na comparação anual;
- Entendemos que tal alta nos preços de exportação da carne suína pode refletir o recente movimento da China de proibir importações de carne suína da Alemanha, o que deveria beneficiar outros países exportadores do produto, inclusive Estados Unidos e Brasil. Por fim, segundo o Valor Econômico, o Brasil também suspendeu suas importações de carne suína da Alemanha. Vale lembrar que o Brasil importa um volume muito pequeno do país – de janeiro a agosto, as compras somaram 1,8 mil toneladas, ou US$ 16,8 milhões, segundo o jornal. Confira todos os detalhes no nosso relatório Expresso Alimentos & Bebidas desta semana.
Banrisul (BRSR6): Plano de desligamento voluntário (PDV) de até 1500 colaboradores
- O Banrisul anunciou ontem que o Plano de Desligamento Voluntário (PDV) que estava sendo negociado com as entidades sindicais, contemplará até 1500 colaboradores e terá preferência para aposentados pelo INSS ou aptos para tanto;
- Os 1500 funcionários representam 15% da base de funcionários e, se simularmos o gasto com despesas de pessoas de 2019, teríamos uma redução de aproximadamente R$ 300 milhões na folha;
- Caso aprovado o acordo, vemos como positivo para a companhia dado o potencial ganho de eficiência. Lembramos que o Banrisul é o banco com o maior índice de eficiência entre os incumbentes (negativo), o que acreditamos ser espaço para melhorias tais como a anunciada.

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