IBOVESPA -1,30% | 96,991 Pontos
CÂMBIO 0,49% | 5,41/USD
O que pode impactar o mercado hoje
Ontem o Ibovespa encerrou o pregão em queda de -1,3%, aos 96.991 pontos, menor patamar do índice em quase 3 meses. As maiores quedas do índice foram as de GOLL4 (-8,45%), AZUL4 (-7,80%) e EMBR3 (-4,79%), enquanto as maiores altas foram as de BTOW3 (4,01%), SULA11 (2,86%) e WEGE3 (2,27%). A performance negativa da bolsa brasileira acompanhou o pessimismo nos mercados globais com o aumento de casos de coronavírus e possibilidade de realização de novos lockdowns, com Dow Jones, S&P 500 e NASDAQ encerrando em queda de -1,84%, -1,16% e -0,13%, respectivamente.
O setor bancário global também foi fonte de pressão negativa nos mercados globais após notícias de que diversas instituições financeiras desafiaram leis contra a lavagem de dinheiro, com reportagem do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos apresentando investigação na qual se alega que US$ 2 trilhões foram movimentados em operações suspeitas entre 1997 e 2017.
Nesta manhã, futuros do S&P 500 e bolsas europeias operam em leve alta, enquanto bolsas da Ásia encerraram o pregão em queda. Os preços do petróleo Brent operam em alta de 1,09%, aos US$41,89/barril, recuperando parte das fortes perdas de ontem com o noticiário negativo global. As taxas futuras de juros encerraram a sessão de ontem em alta, levando a curva a ganhar inclinação. As preocupações com o cenário fiscal do Brasil e as dificuldades do Tesouro Nacional para financiar sua dívida continuaram pesando sobre as expectativas, principalmente em relação ao longo prazo. DI jan/21 fechou em 1,96%; DI jan/23 encerrou em 4,39%; DI jan/25 foi para 6,32%; e DI jan/27 fechou em 7,29%.
De acordo com o Broadcast, o presidente Jair Bolsonaro tem sido aconselhado a cortar despesas com a mão de obra terceirizada e funcionalismo (incluindo auxílio alimentação, viagens, treinamentos e alguns penduricalhos que reforçam os salários mais altos da administração pública) para reforçar o Renda Brasil, programa social do governo que vai substituir o Bolsa Família, mas que deve receber outro nome. Uma das propostas em análise é também criar o programa condicionando o gasto aprovação de novas medidas. Além disso, apesar de o presidente ter afastado a ideia de congelamento dos benefícios previdenciários, a ideia de desindexação e desvinculação ainda poderia ser retomada para ajudar no financiamento do Renda Brasil. Segundo o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, no cenário ideal o pacto federativo, a desvinculação e desindexação financiariam o Renda Brasil, enquanto o novo imposto sobre transações digitais financiaria a desoneração da folha de pagamentos.
Na agenda econômica de hoje, o destaque será a divulgação da Ata da última reunião de política monetária do Banco Central, que decidiu pela manutenção da Selic em 2,00% ao ano. O documento deve reforçar as mensagens do comunicado, de que “a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado”, mas com pouco espaço para cortes adicionais da SELIC “por questões prudenciais” e deve sinalizar novamente que a SELIC deve permanecer no patamar atual enquanto as expectativas de inflação não se aproximarem das metas, a menos que o cenário fiscal se deteriore (forward guidance). Além disso, o presidente Jair Bolsonaro deve participar da Assembleia Geral da ONU. E no exterior, o presidente do Fed, Jerome Powell, deve participar do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes.
Do lado das empresas, ontem a Petrobras e a Ultrapar confirmaram que a Ultrapar Participações, um consórcio da Raízen e a Sinopec estão na disputa pela aquisição da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). Na perspectiva da Ultrapar, enxergaríamos a entrada da companhia no segmento de refino como positiva, uma vez que a verticalização de seus negócios para além da distribuição de combustíveis implicaria um maior ganho de margens ao longo da cadeia de valor, embora para avaliar o real impacto da transação para as ações seriam necessárias mais informações, como a proposta de valor pela aquisição e a estrutura de capital e societária pretendidas. Já da perspectiva da Petrobras, enxergamos os desinvestimentos de refino como um dos maiores eventos a se monitorar para as ações, e mantemos recomendação de Compra.
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Coronavírus
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Medidas econômicas para combater o coronavirus no Brasil
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Brasil

- Pantanal tem maior número de incêndios em duas décadas; Em discurso na ONU hoje, Bolsonaro deve rebater críticas à sua política ambiental
Internacional

- Política internacional: Indicação à vaga de Ruth Bader Ginsberg na Corte Suprema dos EUA em foco
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Empresas

- Ultrapar e Petrobras (UGPA3 e PETR4): Petrobras confirma que Ultrapar está na disputa pela refinaria Repar
- Petrobras (PETR4): Julgamento do STF tem dois votos para suspender criação e venda de subsidiárias de estatal
- Banco do Brasil (BBAS3): confirmada a renúncia de Rubem Novaes a partir de 22 de setembro
- Proteínas (BRSF3, MRFG3): exportação de suínos cresce 44% em volumes A/A até a 3ª semana de setembro
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Brasil
Pantanal tem maior número de incêndios em duas décadas; Em discurso na ONU hoje, Bolsonaro deve rebater críticas à sua política ambiental
- Além da situação na Amazônia, que em agosto atingiu a segunda maior área sob alerta de desmatamento em cinco anos (link), o cenário no Pantanal também é alarmante. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somados todos os incêndios ocorridos no Pantanal desde o início do ano, 2020 já é o ano com mais queimadas desde 1998 – em menos de nove meses, o bioma chega a 16 mil focos, número este que se compara com 12,5 mil em 2002, ano que até então liderava com o maior número de registros. Com 150 mil quilômetros quadrados, o Pantanal já teve 15% de sua área atingida pelas queimadas;
- Na seara política, ontem, em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a política ambiental do País, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, minimizou a alta nos números de desmatamento e queimadas, disse não haver “comprovação científica” de que há relação com a falta de ação do governo e atribuiu as críticas a uma tentativa de derrubar o presidente Jair Bolsonaro. Por outro lado, cobrado por investidores brasileiros e estrangeiros, Mourão reconheceu em meados do ano que o governo de Bolsonaro demorou a tomar as medidas necessárias para combater o desmatamento na Amazônia e que os índices de desmatamento na região chegaram a um patamar inaceitável em 2019 e que este ano ainda não será melhor do que o anterior;
- Nesta terça-feira, todos os olhos estão voltados para o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que abrirá a 75ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), às 10h. Pressionado por organizações internacionais pelas queimadas recordes na Amazônia e no Pantanal, fontes informam que Bolsonaro usará o discurso de abertura para rebater críticas de que o governo brasileiro segue inerte na questão ambiental. Vemos o cenário atual, que coloca o Brasil nos noticiários do mundo inteiro, ameaçando cada vez mais investimentos estrangeiros no país e o fechamento de acordos comerciais.

Internacional
Política internacional: Indicação à vaga de Ruth Bader Ginsberg na Corte Suprema dos EUA em foco
- A Corte Suprema dos EUA continua em foco após a morte da juíza Ruth Bader Ginsberg na sexta-feira (18). Como já mencionamos por aqui, a indicação e confirmação de candidatos ao colegiado em um ano eleitoral é um tema polêmico, inclusive em 2016, os republicanos bloquearam tentativa de Barack Obama de indicar um candidato 8 meses antes da eleição;
- De todo modo, Donald Trump deve anunciar sua indicação à vaga nesta sexta-feira ou sábado e já se reuniu com uma possível candidata, a conservadora Amy Coney Barrett, apesar de ainda não estar claro se tem o apoio necessário (50 votos) no Senado para aprovação antes da eleição. No lado das relações sino-americanas, Trump voltou a gerar controvérsia ao dizer que só aprovaria de o acordo de venda das operações do aplicativo chinês TikTok se Walmart e Oracle reterem “controle total” da nova empresa. As empresas americanas haviam chegado um acordo para comprar 20% do aplicativo.
Empresas
Ultrapar e Petrobras (UGPA3 e PETR4): Petrobras confirma que Ultrapar está na disputa pela refinaria Repar
- Ontem, a Petrobras e a Ultrapar se pronunciaram, em comunicados ao mercado, que a Ultrapar Participações, um consórcio liderado pela Raízen e a China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec) estão entre os participantes da etapa vinculante para aquisição da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar). A estatal informou ainda que recebeu duas propostas com valores próximos e que fará uma nova rodada de propostas vinculantes, com amparo em sua Sistemática de Desinvestimentos;
- A Petrobras também reforçou que anunciou em 9 de julho a obtenção da aprovação dos órgãos deliberativos para o início da fase de negociação da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia. Conforme o noticiário local, a unidade estaria sendo negociada com o fundo Mubadala, dos Emirados Árabes Unidos;
- Na perspectiva da Ultrapar, enxergaríamos a entrada da companhia no segmento de refino como positiva, uma vez que a verticalização de seus negócios para além da distribuição de combustíveis implicaria um maior ganho de margens ao longo da cadeia de valor, embora para avaliar o real impacto da transação para as ações seriam necessárias mais informações, como a proposta de valor pela aquisição e a estrutura de capital e societária pretendidas. Já da perspectiva da Petrobras, enxergamos os desinvestimentos de refino como um dos maiores eventos a se monitorar para as ações, e mantemos recomendação de Compra.
Petrobras (PETR4): Julgamento do STF tem dois votos para suspender criação e venda de subsidiárias de estatal
- Os ministros do Supremo Edson Fachin e Ricardo Lewandowski votaram para suspender a criação e a alienação de subsidiárias via desmembramento de empresa estatal(empresa-matriz) com o intuito de alienação dos ativos. Está em julgamento no plenário virtual do STF o pedido da Mesa do Congresso para que o STF esclareça se a prática é válida considerando a decisão da própria Corte, de 2019, que liberou a venda de subsidiárias sem consulta legislativa. No julgamento virtual, os demais ministros têm até o dia 25 de setembro para se pronunciar;
- No centro desse debate estão as vendas das refinarias Landulpho Alves (Rlam) e Paraná (Repar). Há no Senado grupos descontentes com a possibilidade privatizar algumas subsidiárias. Os Ministros Fachin e Lewandowski propõem liminar do plenário para suspender a criação e as vendas de subsidiárias, com objetivo de se desfazer de ativos até o julgamento do mérito do assunto;
- Conforme destacamos em nosso recente início de cobertura das ações da Petrobras (link), em junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu em junho de 2019 (por 9 votos a favor e 2 contra) que o desinvestimento de subsidiárias de empresas estatais não necessita de aprovação do Congresso. Tal aprovação apenas seria necessária para caso de privatizações das empresas diretamente detidas pelo Estado. Além disso, notamos que o desinvestimento das refinarias da Petrobras está ocorrendo segundo determinação do órgão antitruste CADE, para encerrar as investigações sobre práticas anticompetitivas da empresa no segmento de refino;
- Acreditamos que o julgamento do STF será tema de grande importância para a avaliação das ações da Petrobras, embora notemos que vemos um risco-retorno positivo nas ações sem assumir a execução do plano de desinvestimentos em nossas estimativas. Mantemos nossa recomendação de Compra, com preços-alvo de12 meses de R$30 e R$29 para PETR4 e PETR3, respectivamente.
Banco do Brasil (BBAS3): confirmada a renúncia de Rubem Novaes a partir de 22 de setembro
- O Banco do Brasil confirmou ontem, em fato relevante, a renúncia do Sr. Rubem Novaes com efeitos a partir de 22 de setembro e o novo presidente, André Brandão, deve tomar posse do cargo a partir de então. A demora desde a indicação ocorreu devido ao processo burocrático de desligamento do HSBC;
- Lembramos que nossa visão é positiva para a chegada de André Brandão pelo fato dele já ter experiência como CEO e ser atualmente um executivo do ramo, em uma instituição onde o corte de custos tem sido foco. Acreditamos que o seu perfil de mercado e experiência sejam bem recebidos pelo mercado
Proteínas (BRSF3, MRFG3): exportação de suínos cresce 44% em volumes A/A até a 3ª semana de setembro
- Confira os destaques do setor no Expresso Alimentos & Bebidas desta semana de 21 de setembro; às terças-feiras, falamos das exportações brasileiras de proteínas. De acordo com os dados preliminares da SECEX, até a 3ª semana de setembro, as exportações de suínos e bovinos seguem robustas (+44% e +10% A/A em volumes, respectivamente), enquanto as exportações de frango passam por momento delicado (-17% em preços em dólares);
- Vale destacar que, após atingirem vales em junho/julho, os preços das três proteínas vem se recuperando sequencialmente, e podem seguir em alta até o Ano Novo Chinês. Seguimos entendendo que, neste momento, frigoríficos exportadores expostos sobretudo à carne bovina e à carne suína devem ser os mais beneficiados;
- Bovinos: usando a média diária da terceira semana de agosto como parâmetro, estimamos que, no mês fechado, sejam exportadas 160 mil toneladas de carne bovina (+15% A/A). Já o preço deve cair cerca de 3% na comparação anual, ficando na casa dos 4.091 dólares por tonelada. Assim, o faturamento deve chegar em US$ 653 milhões (+12% A/A);
- Aves: partindo da mesma metodologia, estimamos que, no mês fechado, sejam exportadas 356 mil toneladas de carne de frango (+6% A/A). Já os preços devem seguir caindo até os 1.354 dólares por tonelada (-17% A/A), mas com melhora sequencial versus agosto (US$ 1.335/ton). Consequentemente, o faturamento deve ficar em US$ 482 milhões (-12% A/A);
- Suínos: grande destaque deste terceiro trimestre, as exportações de suínos devem seguir fortes, atingindo 85 mil toneladas de carne suína (+51% A/A), com preços praticamente estáveis na casa dos 2.327 dólares por tonelada, totalizando um faturamento de US$ 197 milhões, 51% acima do mesmo mês no ano anterior.

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