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Expert XP 2020 | Para onde vamos na Economia? 3° dia traça panorama global e dá raio-x do Brasil

Ministro Paulo Guedes, Esther Duflo, a mais jovem vencedora do Nobel de Economia, ministro Luís Barroso, Ricardo Amorim e especialistas em sustentabilidade foram os destaques desta quinta-feira.

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Pilar fundamental para o desenvolvimento de qualquer nação, a Economia esteve no epicentro do terceiro dia da Expert XP 2020, nesta quinta-feira (16), em transmissões online e gratuitas que já impactaram mais de 1 milhão de pessoas.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, abordou sua visão para o momento econômico brasileiro, lembrando dos desafios impostos pela pandemia e apontando para os ventos que levarão o país a trilhar uma rota de recuperação e crescimento.

Ninguém menos do que a economista franco-americana Esther Duflo, que se dedica ao estudo do desenvolvimento socio-econômico das ações e ao combate da pobreza global, brindou a audiência com um tema central para os dias atuais.

Ao falar sobre economia útil para tempos difíceis, a segunda mulher a vencer o Prêmio Nobel de Economia (2019) na história trouxe à tona lições ricas para o novo modelo de vida global.

O ministro do STF Luís Roberto Barroso, o empresário Ricardo Amorim e grandes lideranças empresariais focadas na construção de um Brasil sustentável foram os destaques desta quinta-feira.

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 O momento econômico brasileiro

“Vamos entregar a reforma tributária na terça-feira, na casa do Davi Alcolumbre.”

Paulo Guedes, ministro da Economia

Paulo Guedes demonstrou comprometimento com a sustentabilidade fiscal do país, e retificou que “o descontrole de gastos corrompeu e estagnou a economia brasileira”.

“Nós entramos na crise cavando um buraco fiscal. Como vamos sair desta crise cavando mais ainda? Só há uma saída, seguir na transformação do Estado brasileiro”, disse.

Na explicação sobre os planos nacionais para retomar a economia, o ministro explicou: “Você está me perguntando se temos um plano B? Já estamos nele, que são os esforços da crise atual. Já estamos planejando o Plano C, que é a continuidade do auxílio emergencial”.

Sobre a reforma tributária, Guedes afirmou que é necessário analisar bases mais amplas para a adoção de novos impostos. “Não é a volta da CPMF. Vamos conversar com todos a partir de onde temos acordo, não desacordos”.

“Mas estamos estudando uma ampla base para tributação sobre transações. É para mais gente pagar menos. Mas todos pagarem”. Guedes informou que levará, na próxima terça-feira, a proposta de reforma tributará a Davi Alcolumbre, presidente do Senado.

“O pedaço de tributação de dividendos não entregaremos na terça-feira. No mundo inteiro a alíquota média de IR está indo para 20%. Não dá para o Brasil ficar num patamar tão alto. Como alguém vai querer abrir uma empresa no Brasil? Desce o imposto de renda de pessoa jurídica, sobe o imposto sobre dividendos”.

Economia útil para tempos difíceis

“Tem sido fantástico pois foi um prêmio por um movimento e não para nós. Isso dá energia para o campo de pesquisa clínica na economia. Ver esse movimento reconhecido foi realmente incrível por todas as oportunidades de mostrar o que fazemos.”

Esther Duflo, economista

Economista franco-americana vencedora do Nobel de Economia no ano passado, Esther Duflo abordou a essência de sua pesquisa, focada na pobreza e os mecanismos para sua erradicação, em conversa com a economista da XP Rachel Sá e a analista de ações da XP Betina Roxo.

“Há uma percepção errada de que sistemas de proteção social tornavam os pobres preguiçosos. Nós nunca observamos isso nas pesquisas, na verdade vimos o contrário, disse Duflo sobre seu trabalho”.

“Para grandes economias como Brasil e Índia é importante que seja possível que pobres tenham acesso à renda durante lockdown e isolamento social. Devem comprometer-se a criar condições de vida para que a pessoa conviva com os riscos do vírus sem parar de trabalhar”, completou, ao abordar um dos grandes dilemas e impactos da crise na vida dos brasileiros.

Esther encerrou o painel com uma mensagem de esperança: “Nos últimos 30 anos, a mortalidade infantil e a pobreza extrema caíram pela metade, a mortalidade materna também foi drasticamente reduzida. Os últimos 30 anos têm sido bons! Claro que o COVID está ameaçando tudo isso, mas começaremos em uma posição bem diferente da qual estávamos há muitas décadas.”

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Eleições e o papel da Justiça no pós-pandemia

“Precisamos ter um pacto em que o honesto é normalidade e não exceção.”

Luís Roberto Barroso, ministro do STF

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, propôs nesta quinta-feira (16), no palco principal da Expert XP 2020, uma agenda institucional para o pós-pandemia.

“Vai haver uma agenda sanitária, uma política e eu citaria uma institucional. E, para mim, ela tem seis itens fundamentais”.

1: Integridade, que vem antes da ideologia e das escolhas políticas. Não desviar dinheiro no espaço público, no privado não passar ninguém para trás.

2: Solidariedade: nem todo mundo foi afetado, e temos ricos financeiros suficientes para ter mais filantropia no Brasil.

3: Facho de luz sobre a pobreza. Dentro dos limites da situação fiscal, devemos ter como prioridade enfrentar a pobreza extrema no Brasil.

4: Competência. Precisamos ir buscar quem estudou, sabe o que está fazendo e acabar com nepotismo. Escolher as melhores pessoas para os melhores lugares.

5: Educação básica. Estamos negligenciando ela, a que vai da pré-escola até a infantil. Tem que ser item na agenda de desenvolvimento, pois isso nos atrasou na história.

6: Ciência e tecnologia. Precisamos investir muito nisso também, com a prioridade possível, e em ciência e tecnologia precisamos colocar muito foco.

Os investidores e a construção de um Brasil sustentável

Em um painel que focou em como fatores ESG são importantes e desmistificam a falta de rentabilidade de ações socioambientais, Marina Cançado, head de Sustainable Weatlh na XP Private, liderou a conversa com grandes personalidades.

“A liderança que não entender a transição para a economia sustentável, andará na contra-mão das exigências do nosso tempo”, disse a ativista e professora Marina Silva.

“Desde Green Bounds a Fundos de investimentos de impacto, de filantropia, as famílias brasileiras começaram uma transição para poder contribuir para essas questões sociais”, apontou Beatriz Johannpeter, consultora associada da Cambridge Family Enterprise Group.

Alex Seibel, empreendedor socioambiental, contribuiu com a opinião de que não vê “nenhum conflito entre rentabilidade e resolver problemas gigante da sociedade como poluição, pobreza e regeneração ambiental”.

“Só é bom se for bom pra todo mundo. Investimento social não é mais esmola, é uma forma de poder mudar a realidade”, acredita Rodrigo Pipponzi, diretor da editoria Mol.

As consequências, desafios e oportunidades sob a luz do novo coronavírus

“As maiores oportunidades de investimentos surgem nas crises”

Ricardo Amorim, economista

O economista Ricardo Amorim aproveitou seu painel para lembrar que a situação atual do Brasil é única.

“Estamos vivendo uma situação única. Nunca tivemos uma retração econômica dessa forma e também nunca tivemos uma resposta das autoridades e governos. Esses estímulos permitiram que as economias no Brasil e no mundo conseguiram a dar sinais de recuperação. Mas ainda estamos num nível de atividade econômica baixa”.

Mas como isso se reflete na Bolsa de Valores? De acordo com Amorim, há uma alta de ativos desproporcional à economia. “No curto prazo nada é mais determinante do que o humor dos investidores. Não importa se isso é justificado ou não. No longo prazo o que determina o resultado das ações é o resultado das empresas e como os setores onde elas atuam respondem. Em algum momento isso vai se encontrar, ninguém sabe quando mas irão”.

“As maiores oportunidades surgem em momentos de crise. A crise sozinha não cria oportunidade. Mas ela cria uma redução brutal dos preços, o que seria a oportunidade. E, junto com ela o medo e a incerteza, o que faz muito venderem ativos e não comprarem nesse momento”, completou.

Reflexos da pandemia em todas as esferas da sociedade e propostas para avançarmos

Em painel realizado pela manhã nas redes sociais da XP, a economista Ana Carla Abrão foi enfática ao dizer que “a pandemia escancarou a desigualdade social como o principal problema do Brasil”.

Esse foi apenas um dos destaques que colocaram um verdadeiro holofote nos reflexos que a pandemia do novo coronavírus ainda terão no Brasil, e as propostas de grandes personalidades para avançarmos.

O imunologista Wilson Savino, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por exemplo, apontou que “a pandemia pode revolucionar o investimento privado na ciência brasileira”, ao citar que este deve ser o grande legado da crise para a Ciência.

No mercado financeiro ainda discute-se muito saídas para crise, retomada de rentabilidades melhores e estabilização. Por isso, grandes gestores aproveitaram o evento para apontarem suas preferências no mercado de ações pós-covid-19.

Robert Wood, analista da The Economist, falou sobre suas percepções de como o mundo enxerga o Brasil hoje, além de projetar caminhos para a volta dos investidores estrangeiros ao nosso mercado.

A renda fixa morreu? Definitivamente não, e para mostrar argumentos sólidos e provar que muitos se enganam nessa era de juros baixos, Camilla Dolle, analista de Renda Fixa da XP, liderou um painel com especialistas da XP que abordaram a evolução do spread de crédito e oportunidades em Renda Fixa.

E o agronegócio? Setor que deve crescer mesmo com a queda brusca que está apontada para o PIB brasileiro, o agro também encontra seus desafios nesses tempos difíceis. Mereceu inclusive um painel exclusivo sobre o assunto, em que especialistas apontaram que o grande desafio é ter tecnologia e crédito para todos os produtores.

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