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Entenda o cenário internacional em junho e saiba o que esperar

Mensalmente, um conteúdo que te explica o que aconteceu com os principais indicadores econômicos

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O que vemos agora? No mundo: cenário de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos persiste. No Brasil: desemprego baixo e renda em alta impulsionam economia, mas piora do risco fiscal e cenário externo colocam inflação sob risco, e Selic deve parar de cair. 

Projeções macroeconômicas são importantes para todo investidor, porque ajudam a nos prepararmos para o que vem adiante. Ou seja, não ser pego de “calças curtas”, especialmente em momentos desafiadores para os investimentos.  

Isso não significa que você saberá “o dia exato em que o dólar vai cair ou subir”. Pois isso, infelizmente, será praticamente impossível. Mas quer dizer que você entenderá melhor as tendências da economia e poderá pensar em como adaptar seus investimentos (ou manter tudo como está, se for o caso), pensando no seu perfil e objetivos. 

Com isso em mente, detalhamos abaixo nossas principais projeções para este ano e o próximo. Abaixo, te contamos o porquê de tudo isso, e como investir nesse cenário.  

Mundo: seguimos de juros altos por mais tempo nos Estados Unidos 

No cenário internacional, a pergunta que segue movendo os mercados é: “quando os juros vão começar a cair?”. A diferença dos últimos meses para cá é que essa dúvida passou a se referir, mais do que nunca, aos Estados Unidos.  

Isso porque, enquanto Bancos Centrais como o do Canadá, zona do euro e Reino Unido já iniciaram o processo de afrouxamento monetário ou sinalizaram que isso deve ocorrer nos próximos meses, tudo indica que o primeiro corte de juros nos Estados Unidos ainda segue distante.  

Na maior economia do mundo, a alta de preços continua “teimosa”, apesar de dados mais animadores do indicador de inflação ao consumidor (o famoso CPI) em maio.   

Para ilustrar a preocupação ainda latente, a inflação medida pelo deflator do consumo pessoal (o indicador conhecido como favorito do Banco Central americano – o Fed) segue bastante acima da meta de 2,0%, quando consideramos a média dos últimos três meses – embora já seja possível ver uma leve desaceleração recente, após forte alta no início do ano.  

Juros elevados têm o objetivo de controlar a alta de preços, encarecendo o crédito, desincentivando o consumo, e desaquecendo a economia e a demanda por bens e serviços. 

Além dos Estados Unidos, incertezas geopolíticas se somam aos riscos para uma reaceleração na inflação, adiando o início da queda de juros. Conflitos geopolíticos envolvendo grandes produtores de commodities, como Rússia e Ucrânia, podem voltar a pressionar importantes custos para a produção industrial global, como petróleo e fretes marítimos.  

Além disso, as tensões comerciais entre China e EUA estão aumentando, o que também pode pressionar os preços de produtos importados. Afinal, quanto mais tarifas impostas ao comércio entre os dois países, maior a pressão sobre o preço de bens que utilizam importados ou mesmo equivalentes domésticos (usualmente mais caros).  

Nesse cenário, esperamos que o Fed (Banco Central americano) comece a reduzir a taxa básica de juros apenas em dezembro, encerrando o ano no intervalo entre 5,00% e 5,25% ao ano.  

Adiante, vemos os juros básicos no país se estabilizando em 3,5% em 2026. 

Vale destacar que o início mais tardio do começo da queda de juros nos Estados Unidos não deve impedir cortes de juros em outras regiões – mas deve limitá-los. Olhando para países emergentes, como os latino-americanos, o ritmo de redução dos juros deve continuar sendo determinado por fatores domésticos, como a inflação corrente e a performance do mercado de trabalho. Entretanto, com os juros permanecendo altos por mais tempo nos Estados Unidos, a magnitude da queda pode ser limitada – especialmente por conta do impacto nas taxas de câmbio. Afinal, quanto maiores os juros nos EUA (e quanto mais tempo elevados), mais forte tende a ser o dólar, impactando a inflação mundo afora.   

Enquanto isso, do outro lado do mundo, a China deve seguir lutando contra um crescimento mais fraco. O país ainda enfrenta desafios para retomar um ritmo de crescimento robusto, diante da crise que se arrasta no setor imobiliário e da baixa confiança entre consumidores, produtores e investidores.  

Assim, mesmo com esforços do governo em impulsionar setores como o mercado imobiliário (a exemplo da redução das taxas de juros de hipotecas e de subsídios para compras de imóveis por governos locais), a meta de crescimento de 5,0% para esse ano segue desafiadora. Adiante, o país deve crescer menos do que o observado nos últimos anos.   

Vemos o impacto dessa desaceleração, entretanto, como limitado para a economia brasileira, além de ser um ponto benéfico para a inflação global (não adicionando mais pressão sobre os preços).  Entendemos que nossas exportações devem seguir fortes para o país asiático, contribuindo para a manutenção das nossas contas externas sólidas e, assim, servindo como espécie de “âncora” para nossa moeda.  

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