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IPCA-15 apresenta contração de 0,01% em abril

Em abril de 2020, o IPCA-15 registrou contração de 0,01%, em linha com a nossa expectativa e levemente abaixo das expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (+0,01%). No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou de 3,67% em março para 2,92% em abril. O indicador, coletado de forma remota pelo IBGE (internet e telefone), trouxe alguns destaques que mostraram […]

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Em abril de 2020, o IPCA-15 registrou contração de 0,01%, em linha com a nossa expectativa e levemente abaixo das expectativas de mercado coletadas pela Bloomberg (+0,01%). No acumulado de 12 meses, a inflação desacelerou de 3,67% em março para 2,92% em abril.

O indicador, coletado de forma remota pelo IBGE (internet e telefone), trouxe alguns destaques que mostraram novamente os impactos do coronavírus sobre a economia brasileira.

A inflação de bens não duráveis aumentou consideravelmente na passagem de março para abril, refletindo a rápida e intensa busca por alimentos durante o isolamento social, principalmente de cereais e leguminosas (+3,59%), tubérculos (+22,10%), frutas (+8,84%), hortaliças e verduras (+11,89%), leite (+3,37%) e bebidas (+2,54%).

Os bens duráveis, por sua vez, mostraram boa descompressão na passagem de março (+0,23) para abril (-1,57), com destaque para as categorias de mobiliário (-4,00%) e eletrodomésticos (-7,15%).

A inflação de serviços, ao contrário do que esperávamos, apresentou expansão de +0,25% em abril. O resultado, ao nosso ver, pode ter sido influenciado pela estratégia do IBGE de repetir os preços do mês anterior dos itens que tiveram sua coleta comprometida em abril. Chamou a atenção a inflação de clubes (+3,66%) e de materiais de caça e pesca (+2,39%) em abril.

Todas as principais medidas de núcleo de inflação, que em linhas gerais expurgam os itens com mais volatilidade, recuaram em abril e permaneceram em patamares historicamente baixos.

O resultado reforçou o nosso entendimento de que a inflação deve arrefecer tanto em 2020 quanto em 2021, uma vez que os efeitos da desaceleração econômica e da retração dos preços de commodities devem prevalecer sobre os efeitos inflacionários advindos do câmbio e do choque negativo de oferta global.

Além disso, tanto a menor inflação de duráveis quanto a recente queda do preço de combustíveis devem ter efeitos consideráveis sobre o IPCA do ano.

Apesar do cenário de atividade econômica mais restritivo, temos dificuldade de ver o IPCA abaixo de 2% em 2020 mesmo em um cenário de maior desaceleração da economia. Questões estruturais, tais como a baixa produtividade no Brasil, e questões conjunturais, como a eventual recomposição de estoques no 3T com o câmbio mais alto, tendem a limitar essa queda.

Continuamos acreditando que o IPCA apresentará expansão de 2,50% em 2020 (leve viés de baixa) e que a inflação abaixo do esperado abrirá espaço para que o BC corte mais 0,50 pp na taxa Selic na sua próxima reunião (6 de maio).

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