Resumo
No cenário internacional, destaque para melhora no cenário de atividade econômica dos EUA, além de, na Europa, imposição de lockdown devido ao novo surto de Covid e inflação ao produtor mais acelerada.
No Brasil, contração na atividade econômica em setembro, piora nas projeções oficiais da Secretaria de Política Econômica para a economia brasileira e dificuldades na tramitação da PEC dos Precatórios no Senado.
Para semana que vem, destaque para o IPCA-15 de novembro, relatório mensal da dívida pública e Caged. No cenário internacional, as atenções estarão voltadas para a ata da última reunião do comitê de política monetária do Fed (FOMC) e para o deflator PCE nos Estados Unidos.
Atualizações Covid-19
No cenário internacional, o recrudescimento da pandemia em alguns países na Europa voltou a chamar atenção. Após maior surto de casos desde o início da pandemia, a Áustria impôs lockdown totale quer tornar a vacinação obrigatória. O país conta com 65% da população completamente imunizada, uma das menores taxas da Europa ocidental. Na mesma direção, a Alemanha estuda restrições, mas apenas aos cidadãos que não se vacinaram, além da ampliação de doses de reforço. Cabe ressaltar que em ambos os países, o avanço de novos óbitos não acompanha o número de novos casos na mesma proporção vista antes da vacinação.
Países com mais de 80% da população totalmente imunizada, como Portugal e Espanha, estão em situação epidemiológica confortável, embora também experimentem ligeiro avanço no número de casos.
No Brasil, a média móvel (7 dias) de novos diagnósticos apresentou queda em relação à semana anterior, enquanto a de óbitos apresentou alta. Ao todo, 74,4% da população brasileira já está vacinada com ao menos a primeira dose, enquanto 60,3% já tomou 2 doses ou dose única da vacina.
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Cenário Internacional
Estados Unidos: recuperação da atividade econômica continua
Nos Estados Unidos, os dados divulgados ao longo da semana sinalizam que a recuperação da atividade econômica e do mercado de trabalho no país continua em andamento, mas que a escassez de matérias primas e mão de obra segue como principal desafio.
Na atividade econômica, as vendas no varejo registraram o maior avanço desde março (de 1,7% no mês), e encontram-se 21,4% acima do nível pré-pandêmico. A alta foi levada pelo aparente início precoce das compras de Natal, com americanos preocupados com a potencial falta de produtos que já ganha certa força.
Também em território positivo, a produção industrial se recuperou mais do que o esperado em outubro (subindo 1,2%), conforme a resistência do furacão Ida diminuiu e a produção de veículos motorizados aumentou. A manufatura, que responde por 12% da economia dos EUA, está sendo sustentada por empresas desesperadas para reconstruir estoques esgotados.
A melhora do tom econômico foi acompanhada por outros dados do Federal Reserve da Filadélfia, mostrando aceleração na atividade manufatureira neste mês. Produtores relataram-se otimistas com as condições de negócios nos próximos seis meses e anteciparam a manutenção de um forte ritmo de investimentos em 2022. Mas a escassez de mão de obra e matéria-prima persistiu, levando a um rápido acúmulo de trabalhos inacabados.
Enquanto isso, no mercado de trabalho, o número de americanos que entraram com novos pedidos de seguro-desemprego na semana passada caiu para perto dos níveis anteriores à pandemia, embora a escassez de trabalhadores continue a ser um obstáculo para um crescimento mais rápido do emprego.
Finalmente, no cenário político, a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou do pacote de infraestrutura social de Biden de US$ 1,75 trilhões (Build Better Act), que agora vai para análise do Senado – onde deve enfrentar maiores resistências. Segundo análise dos técnicos do Congresso, o projeto não deve ser 100% custeado por medidas tributárias contempladas no texto e deve agregar US$ 367 bilhões ao déficit do país em 10 anos.
Europa: novos temores de fechamento pela volta do coronavírus, inflação ao produtor muito acima das expectativas
Na Europa, a imposição de medidas de restrição à mobilidade na Áustria levanta temores relativos ao fechamento em outros países da região, potencialmente prejudicando a atividade econômica.
Enquanto isso, seguem as preocupações com os preços em elevação, puxados por gargalos nas cadeias de suprimentos e fortes pressões nos custos de energia e insumos. Na Alemanha, o índice de preços ao produtor registrou a impressionante marca de 18,4% no acumulado em 12 meses até outubro, enquanto no Reino Unido, os preços ao consumidor atingiram a maior alta em 10 anos (de 4,2%). O Banco da Inglaterra deve se tornar o primeiro dos principais bancos centrais do mundo a aumentar as taxas desde o início da pandemia do coronavírus.
Em atividade econômica, a segunda leitura do PIB da Zona do Euro trouxe dados em linha com as expectativas do mercado, com crescimento de 2,2% no 3º trimestre em relação ao trimestre imediatamente anterior. Na comparação com o 3º trimestre de 2020, a economia da região apresentou expansão de 3,7%.
China: aceleração da atividade econômica
Na China, o destaque da semana ficou para dados de atividade econômica surpreendendo positivamente em outubro, afastando parcialmente temores de uma redução mais brusca no país.
A produção industrial apresentou crescimento interanual de 3,5% em outubro, enquanto as vendas no varejo tiveram expansão interanual de 4,9% no período, acelerando em relação ao ritmo de alta visto em setembro e acima do consenso de mercado.
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Enquanto isso, no Brasil...
Piora nas projeções oficiais de inflação e crescimento
A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia revisou para baixo suas projeções oficiais de inflação e crescimento do PIB em 2021 e 2022, embora elas tenham permanecido melhores do que as expectativas de mercado.
Agora, a SPE estima inflação (IPCA) de 9,7% este ano (antes: 7,9%) e 4,7% no ano que vem (antes: 3,75%). Por sua vez, a estimativa para o crescimento do PIB em 2021 declinou de 5,3% para 5,1%, enquanto a projeção para o PIB de 2022 recuou de 2,5% para 2,1%. Vale lembrar que a mediana das estimativas do mercado para o PIB do próximo ano situa-se ligeiramente abaixo de 1%, de acordo com o boletim Focus do Banco Central (a XP prevê alta de 0,8%).
Entre os fatores positivos que sustentam as perspectivas de crescimento econômico em 2022, membros do Ministério da Economia destacaram a recuperação sólida do mercado de trabalho.
Os novos parâmetros macroeconômicos serão utilizados na Lei Orçamentária Anual.
PEC dos Precatórios no Senado
Após aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara dos Deputados, o projeto agora tramita no Senado. O governo tem enfrentado dificuldades para conseguir número mínimo de votos, gerando incertezas. Fernando Bezerra, líder do Planalto, reconhece a necessidade de alterações no texto para tentar votá-lo na Comissão de Constituição e Justiça na semana que vem e até o dia 30 de novembro em plenário.
Para conseguir cumprir com o prazo, há uma proposta para que alterações sugeridas pelos senadores tramitem como uma PEC paralela, permitindo a promulgação do texto nos moldes aprovados pela Câmara.
Atividade econômica: contração na atividade econômica de setembro
Nesta semana, foi divulgado o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) referente ao mês de setembro, que registrou recuo mensal de 0,27%, ligeiramente melhor que as expectativas. O índice reflete os resultados negativos das pesquisas de comércio, serviços e indústria divulgadas anteriormente. Em comparação a setembro de 2020, o IBC-Br que funciona como proxy mensal do PIB registrou crescimento de 1,52%.
Com o resultado, esperamos que o PIB do 3º trimestre (a ser divulgado em 02/12) mostre estabilidade em relação ao trimestre imediatamente anterior. Vale notar, entretanto, que nossa projeção atual para o crescimento do PIB em 2021 (5,0%) tem ligeiro viés de baixa.
Para o PIB de 2022, por sua vez, projetamos crescimento de 0,8%. Para mais informações sobre nosso cenário de atividade econômica, veja abaixo parte do conteúdo publicadono relatórioNovo Cenário de Atividade Econômica no Brasil: do V ao Vermelho.
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O que esperar para semana que vem?
No cenário internacional, os destaques serão a divulgação da ata da última reunião do FOMC (comitê de política monetária do Banco Central americano, o FED) e o deflator PCE referente a outubro - medida de inflação preferida pelo FED. Além disso, teremos divulgação do PIB dos EUA e da Alemanha, índices de gerentes de compras (PMIs) nos países desenvolvidos (importantes indicadores de atividade econômica) e decisão de juros na China.
Já no cenário doméstico, a prévia da inflação de novembro (IPCA-15) será o grande destaque após a aceleração de outubro. Do lado fiscal, teremos a publicação do Relatório Mensal da Dívida Pública referente a outubro e possivelmente dados da arrecadação federal. Além disso, será divulgado também o CAGED de outubro, com dados sobre a criação de empregos formais.
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