Atualizações Covid-19
No Brasil, a média móvel subiu de 1.901 óbitos na segunda-feira para 1.954 ao final da semana.
Do lado positivo, tivemos a chegada de mais 629 mil doses da Pfizer, o que junto com a entrega prevista para o dia 26/05 totalizará cerca de 3,5 milhões de doses do imunizante. O Ministério da Saúde trouxe ontem a notícia de que 4 milhões de doses da AstraZeneca, oriundas do projeto Covax Facility e previstas para o terceiro trimestre, serão entregues já em junho. O calendário oficial deve incorporar a mudança na próxima semana, mas, caso as demais entregas se mantenham estáveis, o Brasil deve receber 56,2 milhões de doses no mês que vem.
Ao todo, o país acumula 41,1 milhões de habitantes com ao menos a primeira dose de vacina contra a covid-19 recebida, e 20,2 milhões com as duas.
Cenário Internacional
O debate sobre inflação e política monetária seguiu novamente no centro das atenções no cenário internacional nessa semana.
O principal destaque foi a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do FED (FOMC). No documento, chamou atenção a primeira referência por parte de “alguns dirigentes” da autoridade monetária sobre a intenção de começar nas próximas reuniões a discutir uma redução na compra de ativos. O comitê também sinalizou estar atento a possíveis impactos do longo período de expansionismo monetária na estabilidade financeira do país – mesmo que destacando ainda não ser o suficiente para determinar os rumos desta.
Apesar da reação negativa de curto prazo observada nos mercados, entendemos que o movimento é saudável, ao indicar que o FED segue atento para evitar um possível superaquecimento da economia, com inflação demasiadamente alta diante de uma recuperação sólida da economia (caso essa se confirme nos dados dos próximos meses).
Ainda nos EUA, o volume de construções residenciais iniciadas em abril surpreendeu negativamente o consenso de mercado, ao contrair 9,5% frente ao mês anterior. A queda reflete restrições na cadeia de produção e elevados preços de insumos de construção, e chama atenção para uma possível desaceleração no forte ritmo do setor observado no último ano.
Por outro lado, os pedidos semanais de seguro desemprego nos EUA caíram para 444 mil, nova mínima pós-pandemia (esperado 450 mil, antes de 473 mil). O resultado reforça a forte demanda por trabalho, com a reabertura da economia. Diante dessa realidade, Texas, Oklahoma e Indiana se juntaram essa semana à lista de estados governados por republicanos que estão cortando o acesso a benefícios federais para evitar a escassez de mão de obra.
Europa
Na Zona do Euro, o destaque da semana ficou para a divulgação das prévias do Índices de Gerente de Compras (PMIs) de maio. As pesquisas referentes tanto ao setor de serviços quanto indústria ficaram acima das expectativas nas economias europeias mais relevantes. O indicador consolidado da Zona Euro ficou em 62,8 (indústria) e 55,1 (serviços). Leituras acima de 50 indicam expansão.
Foi também a vez da divulgação de indicadores de inflação na Europa. Diferente dos dados da semana passada dos EUA, entretanto, a inflação ao consumidor na Zona do Euro veio em linha com as estimativas de mercado, e exibiu elevação anual de 1,6% na leitura final de abril (março: 1,3%). O resultado corrobora nossa avaliação de que o aumento recente nos índices inflacionários na região tem sido puxado sobretudo pela alta de preços de energia e por fatores transitórios relacionados à Covid-19. Acreditamos que a inflação do bloco subirá adicionalmente nos próximos meses, e que encerrará 2021 ao redor de 2%
A inflação veio também em linha com o esperado no Reino Unido, onde o índice de inflação ao consumidor presentou elevação anual de 1,5%, refletindo a forte retomada da atividade econômica britânica. Entretanto, a forte alta em relação a leitura de março (quando a inflação geral foi de 0,7% na comparação anual) acendeu discussões sobre potenciais riscos inflacionários no país.
Finalmente, foi divulgado também o número final do PIB do primeiro trimestre da Zona do Euro, que confirmou a queda de 0,6% apontada já na prévia do indicador. A queda confirma recessão técnica, após contração também no trimestre anterior. Já no Reino Unido, seguem sinais de fortalecimento da recuperação. A taxa de desemprego caiu para 4,8% entre janeiro e março, e as contratações aumentaram ainda mais em abril, de acordo com dados que mostraram os empregadores se preparando para reduzir as restrições.
Ásia
Na China, embora a produção e o investimento estejam se acomodando frente ao ritmo muito acelerado do início do ano, o crescimento na China permanece robusto. A produção industrial no país desacelerou para 9,8% em abril, comparado ao mesmo mês do ano passado (esperado 10,0%), de 14,1% em março. O crescimento das vendas no varejo desacelerou para 17,7% no mesmo período, de 34,2% em março – também abaixo do consenso, 25,0%.
As medidas de redução de estímulos fiscal e monetário do governo mostram-se eficazes em controlar os riscos atrelados à intensidade do crescimento no país. Nesse sentido, a autoridade monetária Chinesa manteve os juros de referência de 1 e 5 anos em 3.85% e 4.65%, respectivamente, como era esperado.
Já no Japão, a economia do país encolheu mais do que o esperado no primeiro trimestre, refletindo o lento avanço da vacinação e aumentando a preocupação de que o país asiático ficará atrás de outros desenvolvidos na saída da pandemia. Por outro lado, as exportações surpreenderam para cima, e cresceram 38% y/y em abril (est. 30.8%) enquanto importações avançaram 12.8% (est. 9%).
Também foi destaque na semana a escalada das tensões no Oriente Médio, entre Israel e Palestina, que aumenta a aversão ao risco em mercados relacionados à região.
Enquanto isso, no Brasil
Indicadores
No Brasil, a semana começou com revisão de projeções para o crescimento nesse ano. Dados de atividade mais fortes do que o esperado na semana passada levaram muitos participantes do mercado a esperarem agora um crescimento do PIB acima de 4% este ano. Nossa projeção é de 4,1%.
Em inflação, o IGP-10 subiu 3,24% em maio, acima da expectativa de mercado de 2,7%. No mês anterior, o índice havia apresentado taxa de 1,58%. A alta de commodities continua a sustentar a forte aceleração do grupo matérias-primas brutas do IPA, que responde por 38% do índice ao produtor, e cuja variação saltou de -0,3% para 7,66%.
Do lado fiscal, a arrecadação total de impostos federais atingiu R$ 156,8 bilhões em abril. O resultado veio melhor do que a nossa expectativa e consenso de mercado (em R$ 141,3 bi) e reflete a resiliência da atividade econômica observada no 1T21 e a inflação pressionada – principalmente sobre os preços ao produtor. De maneira geral, a dinâmica entre inflação mais alta e despesas ancoradas nos (menores) preços do ano passado deve seguir beneficiando as contas públicas nesse ano. O câmbio desvalorizado (a despeito da alta recente) também contribui para o quadro positivo, por meio da elevação de arrecadação com impostos de importação.
Ainda em fiscal, foi destaque também essa semana a publicação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas do Ministério da Economia. No documento, o governo reduziu e remanejou parte das despesas obrigatórias para acomodar potenciais faltas em ministérios, após o veto presidencial à peça orçamentária ao final de abril. O desfecho é positivo para o imbróglio ainda vigente sobre o orçamento para esse ano, e deve facilitar a execução orçamentária ao longo do ano. O documento também revisa a projeção de déficit primário esperado para 2021, destacando a alta da arrecadação projetada na esteira da recuperação robusta da atividade.
Cenário Político Econômico
No cenário político econômico, o destaque ficou para a aprovação da Medida Provisória que permite o processo da capitalização da Eletrobrás. Segundo o modelo de desestatização proposto, será realizada a emissão de novas ações da empresa, a serem vendidas no mercado sem a participação da estatal, reduzindo assim o controle acionário mantido atualmente pela União – de 61% para 45%. A União, entretanto, ficará com uma ação de classe especial (conhecido como golden share), que garante poder de veto, evitando que qualquer acionista (ou um grupo de vários) detenha mais de 10% do capital votante da companhia.
O potencial de arrecadação da transação para a União é de R$ 60 bilhões. A expectativa é que R$ 25,5 bilhões irá para o Tesouro Nacional, enquanto outros R$ 25 bilhões serão destinados para a Conta de Desenvolvimento Energético, com o objetivo de reduzir as contas de luz para consumidores residenciais. Além disso, haverá destinação de recursos para a revitalização de bacias hidrográficas. O texto segue agora ao Senado, onde o governo ainda inicia as articulações. Os senadores terão pouco mais de um mês para aprovar o texto, que perde a validade em 23 de junho.
Ainda em política, a Comissão de Constituição e Justiça na Câmara adiou para a semana que vem o início da discussão sobre a reforma administrativa, que ocorreria ontem. A perspectiva é de que os debates sobre o parecer pela admissibilidade da proposta comecem na segunda-feira.
Finalmente, a semana contou também com a continuação de depoimentos na CPI da Pandemia no Congresso, incluindo do ex Ministro da Saúde, Eduardo Pazzuelo e o ex Chanceler Ernesto Araujo. A despeito da relevância, as discussões seguem focadas no palco político, com impacto por ora limitado no cenário econômico e de mercados. Mais informações no material da XP Política.
Publicações
Publicamos nessa semana relatório que detalha a revisão do nosso cenário de atividade econômica no Brasil (“Vamos crescer mais do que 4% este ano! Contudo, riscos permanecem no radar”). Projetamos que o PIB Brasileiro crescerá 4,1% em 2021 e 2,0% em 2022 (as previsões anteriores eram 3,2% e 1,8%, respectivamente). Para acessar o material, clique aqui.
Publicamos também relatório sobre a situação hídrica no país e os riscos para a inflação. Detalhamos como o baixo volume de chuvas entre Setembro/20 e Abril/21 levou o nível dos reservatórios das hidrelétricas a patamares próximos aos de 2001 e 2014, os piores anos da história recente. Esta realidade, que deve persistir nos próximos meses, pressiona preços da energia elétrica e reacende a preocupação sobre a capacidade de abastecimento no país. Porém, destacamos que o risco de um novo racionamento é baixo. Para acessar o material, clique aqui.
O que esperar?
No cenário internacional, destaque para a divulgação do indicador de inflação ao consumidor medido pelo PCE nos EUA – que deve ganhar atenção redobrada diante dos últimos resultados de inflação acima do esperado e da discussão de política monetária no país. A semana contará também com discursos de dirigentes do FED e vendas de novas casas nos EUA, além do indicador de clima de negócios de maio e da leitura final do PIB na Alemanha.
No Brasil, a semana será marcada por uma bateria de indicadores macroeconômicos, além da continuação de discussões no Congresso da MP da Eletrobrás, e das Reformas Administrativa e Tributária. Na seara de dados, teremos a divulgação de dados de mercado de trabalho (com Caged de abril e PNAD de março), além de inflação medida pelo IPCA-15 referente a maio, além do saldo das contas externas e do resultado primário do governo central referentes a abril.
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