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Economia em Destaque: Mudança no regime fiscal causa volatilidade nos mercados, alteramos nossas projeções econômicas

Seu resumo semanal de economia no Brasil e no mundo

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Resumo

No cenário internacional, destaque para melhora no mercado de trabalho americano, desaceleração da atividade chinesa e volta de preocupações com a incorporadora Evergrande.

No Brasil, a flexibilização do teto de gastos para acomodar mais gastos sociais parece representar uma mudança de direção na política fiscal brasileira. O mercado reagiu com volatilidade. A taxa de câmbio se aproximou de 5,7 reais por dólar e o Ibovespa teve sua pior semana no ano (queda de 7,3%).

Para a próxima semana, os destaques serão a decisão de juros do Comitê de Política Monetária (Copom), o IPCA-15 e o IGP-M de outubro, dados fiscais e de mercado de trabalho. Na política, o mercado acompanhará a tramitação da PEC dos Precatórios.

Atualizações Covid-19

No Brasil, o número de novos diagnósticos e óbitos voltou a subir, quebrando a tendência de queda de semanas. Houve alta de 6,8% nos novos casos confirmados, chegando a 12.158 frente aos 11.383 da semana anterior, e alta de 12,7% nos óbitos, com 369 contra 327 de semana passada.

72,1% da população brasileira já está vacinada com ao menos a primeira dose, enquanto 51,1% já tomou 2 doses ou dose única da vacina.

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Semana agitada no Brasil: novas regras fiscais sugerem cenário mais complexo adiante

Mercado reage a mudança nas regras fiscais. O que vem pela frente?

O governo buscava uma solução para possibilitar a criação do Auxílio Brasil dado orçamento apertado. Após algumas idas e vindas, a opção foi por alterar a regra do teto de gastos, para permitir despesas adicionais no ano que vem. A decisão desagradou parte da equipe econômica, e culminou no pedido de demissão de quatro secretários, entre eles Bruno Funchal, secretário especial do Tesouro e Orçamento e Jefferson Bittencourt, secretário do Tesouro Nacional.

A equipe preferia reduzir outras despesas, ao invés de mudar a regra para permitir o gasto adicional. Faz sentido, uma vez que o país segue com dívida elevada e déficit nas contas públicas. O mercado reagiu mal, com a bolsa acumulando perdas de 7,3%, o câmbio se aproximando de 5,7 reais por dólar e as taxas de juros longas superando 12%. Alguns contratos de juros futuros chegaram a atingir o limite de oscilação no dia.

A proposta de mudança das regras fiscais veio no parecer do deputado federal Hugo Motta, relator da PEC dos Precatórios. Além de restringir o pagamento das sentenças judiciais, o que já era esperado, a proposta altera a regra de correção anual do teto de gastos. Atualmente, a fórmula considera o IPCA acumulado em 12 meses até junho do ano anterior para reajustar o valor do limite. Com a mudança proposta, haveria utilização do IPCA acumulado até dezembro. Segundo estimativas apresentadas pelo relator, a modificação da fórmula de correção do teto de gastos combinada ao limite de pagamento dos precatórios libera R$ 83 bilhões para despesas públicas em 2022.

Este espaço acomodará a extensão do programa de transferência de renda, e um novo auxílio de R$ 400,00 a cerca de 750 mil caminhoneiros autônomos para compensar a elevação do preço do diesel.

A tramitação desta PEC será monitorada de perto pelos mercados.

No final da tarde foram anunciados Esteves Colnago para a secretaria do orçamento e Paulo Valle para o Tesouro Nacional. Dois nomes experientes, que podem ajudar a conter deterioração das expectativas.

Diante da mudança de regras fiscais, mudamos nossas projeções econômicas

Eventos recentes indicam enfraquecimento do arcabouço fiscal vigente no Brasil. Isso significa que os prêmios de risco devem permanecer elevados por mais tempo, sugerindo uma taxa de câmbio mais depreciado, juros e inflação mais elevados.

Publicamos uma nota detalhando nossas novas projeções ( Acesse o relatório completo aqui). A tabela abaixo resume os novos números.

CPI da Pandemia

O relatório final da CPI da Pandemia foi apresentado na segunda-feira e inclui indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por 9 crimes e de mais 65 pessoas. A votação do relatório será feita na próxima semana, e o texto ainda pode receber alterações.

Setor externo: piora da conta corrente em outubro, dinâmica segue positiva em 2021

A conta corrente brasileira registrou um déficit de US$ 1,7 bilhão em setembro (consenso: US$ 1,5 bi). A balança comercial desacelerou para superávit de US$ 2,5 bi, devido ao aumento das importações e de US$ 1,0 bi em operações do Repetro. Na conta de Serviços, as Viagens seguiram com déficit baixo (US$ 0,2 bi), mas devem ver piora a partir de novembro, quando as viagens internacionais serão quase totalmente retomadas. Acreditamos que a demanda será alta mesmo em cenário de Real depreciado como agora (~5,70 por dólar).

Para este mês, o BCB espera déficit de conta corrente de US$ 4,2 bi. Para o IDP, é esperada entrada líquida de US$ 4,0 bi.

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Cenário Internacional

Estados Unidos: continua a busca por consenso para dar prosseguimento à agenda econômica de Biden e mercado de trabalho na rota da normalização

Os pedidos semanais de auxílio-desemprego nos Estados Unidos atingiram na semana passada o menor nível desde o início da pandemia, possivelmente refletindo o fim de benefícios governamentais (transferências de renda) instituídos após a eclosão da crise sanitária. As solicitações totalizaram 290 mil, 6 mil a menos em relação à semana anterior e abaixo da média de projeções do mercado (300 mil).

Os dados sugerem que o mercado de trabalho americano tem caminhado gradualmente em direção à normalidade, o que dá mais confiança ao banco central para reduzir os estímulos monetários

No Congresso, democratas continuam procurando alternativas para financiar o Plano das Famílias Americanas em meio a resistência da senadora Krysten Sinema aos aumentos ao imposto de renda para pessoa física, pessoa jurídica e ganhos de capitais. Com calendário apertado antes de que pautas orçamentárias precisem ser retomadas, o embate eleva as tensões no partido democrata. Entre as alternativas estudadas, o noticiário destaca um possível imposto sobre lucro não realizado para bilionários e imposto sobre a recompra de ações.

Do lado da diplomacia, tensões sino-americanas continuam, agora com declaração de Joe Biden de que os EUA sairiam em defesa de Taiwan em caso de um ataque chinês.

Europa: indicadores apontam estabilidade

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto da Zona do Euro recuou no mês de outubro, de 56,2 para 54,3 entre setembro e outubro, (consenso: 55,2). Apesar da queda na comparação mensal, o PMI da região ainda está confortavelmente acima da marca de 50 pontos, que separa crescimento de contração.

A inflação ao consumidor (CPI) de setembro do Reino Unido e da Zona do Euro ficaram em linha com as expectativas, em 2,9% e 3,4%, respectivamente. Os resultados ajudam a reduzir as preocupações de uma reversão iminente dos estímulos monetários na Europa.

Por fim, especialistas em saúde pública pedem restrições imediatas da Covid na Inglaterra, já que o número diário de mortes causadas pela doença atingiu o nível mais elevado desde março. A notícia vem para lembrar que a economia global ainda não está fora de perigo no que diz respeito à pandemia.

China: desaceleração do crescimento no terceiro trimestre e novas preocupações com o setor imobiliário

O crescimento econômico da China no terceiro trimestre recuou para seu ritmo mais lento em um ano, devido à desaceleração do setor imobiliário e à escassez de energia. O PIB cresceu apenas 0,2% em relação ao trimestre anterior, ainda mais baixo do que os (já baixos) 0,4% esperados por analistas de mercado. As vendas no varejo e a produção industrial de setembro também mostraram sinais de fraqueza.

A Evergrande, gigante do setor imobiliário chinês, informou que não conseguiu fechar venda de 50,1% de sua unidade Evergrande Property Services, num acordo que renderia cerca de US$ 2,6 bilhões e ajudaria a empresa a evitar um calote. Sobre o tema, o presidente do banco central, Yi Gang, sinalizou que as autoridades locais podem tomar medidas para conter os riscos impostos pelas lutas da companhia.

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O que esperar para semana que vem?

Para a próxima semana, os destaques internacionais serão a reunião do Banco Central Europeu (BCE), que irá decidir sobre a taxa de juros da União Europeia, além da prévia da inflação ao consumidor de outubro e dados do PIB do terceiro trimestre. Nos EUA, divulgação do PIB do terceiro trimestre e deflator do consumo pessoal (PCE) referente a setembro, medida de inflação preferida pelo Fed.

No Brasil, o mercado vai monitorar de perto a tramitação da PEC dos Precatórios, que traz as propostas de mudanças do regime fiscal.

O Comitê de Política Monetária (Copom) irá se reunir na próxima, e nossa expectativa agora é de aumento no ritmo de contração monetária, com alta de juros mais acentuada (de 1,5%, o que resultará em Selic de 7,75%).

Entre os indicadores, destaque para o IPCA-15 e IGP-M de outubro em indicadores de inflação, taxa de desemprego (PNAD) de agosto e geração de empregos formais (Caged) de setembro, além da arrecadação federal do mês de setembro.

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