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Taxa referencial (TR): como calcular e impacto nos investimentos

A taxa referencial (TR), originalmente ligada ao controle da inflação, é amplamente usada para corrigir investimentos como a poupança e fundos de renda fixa.

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Taxa referencial (TR): como calcular e impacto nos investimentos

No universo das finanças, existem diversos termos que podem parecer complexos à primeira vista, mas que desempenham um papel fundamental no cenário econômico.

Dentre esses termos, temos a taxa referencial, que muitas vezes aparece em notícias, documentos financeiros e investimentos, mas que muitos investidores ainda não sabem exatamente o que ela significa e o seu impacto nos investimentos.

A taxa referencial, conhecida como TR, foi criada na década de 1990 para servir de referência para as demais taxas de juros no Brasil. No entanto, atualmente, a taxa Selic desempenha o papel de taxa básica da economia brasileira.

Essa taxa ainda é utilizada como parte da indexação de ativos como, por exemplo, FGTS, poupança e títulos de capitalização.

Neste artigo, abordaremos o que é taxa referencial e como ela afeta diretamente os investimentos, empréstimos e decisões político-econômicas.

O que é Taxa Referencial (TR)?

A Taxa Referencial é uma taxa de juros criada com o objetivo de controlar a inflação e desindexar a economia.

Na década de 1990, durante o governo Collor, o Brasil sofreu com a hiperinflação. Em 1993, a inflação chegou a 2.447,15% ao ano.

Lembre-se que a maioria dos contratos, como salários e poupanças, costumam ser corrigidos ou indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

Assim, considere uma inflação de 1.620% ao ano, como foi a registrada em 1990. Se seu salário fosse de R$ 5.000,00 por mês, em 1991 ele seria corrigido para R$ 81.000,00.

Mesmo o salário tendo sido ajustado, os gastos cresceram em velocidade tão alta quanto ele. Assim, a indexação causou ainda mais inflação.

Para conter esse movimento, a equipe econômica de Collor criou a Taxa Referencial para substituir as correções pelo IPCA.

Mesmo assim, o plano fracassou e a inflação só foi devidamente controlada em 1994, com a criação do Plano Real no governo de Itamar Franco.

No novo modelo, implantado pelo então Ministro da Fazenda (e, posteriormente, Presidente da República) Fernando Henrique Cardoso, a Taxa Referencial deixou de ser utilizada para controlar o IPCA, dando lugar à taxa Selic.

Hoje, quando a inflação está em ritmo de subida, a taxa Selic também aumenta, com o objetivo de barrar esse movimento. Se o objetivo é incentivar o consumo, a taxa básica de juros cai.

Ao longo do anos, a TR sofreu diversas mudanças no seu cálculo, até chegar ao modelo utilizado atualmente, que será mostrado neste artigo.

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Como calcular a taxa referencial?

A taxa referencial é calculada e divulgada diária e mensalmente pelo Banco Central. Ao longo dos anos, a TR sofreu diversas mudanças no seu cálculo, até chegar ao modelo utilizado atualmente, adotado em 2018.

Anteriormente, o cálculo se baseava na média dos juros diários dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs) prefixados pelas 30 principais instituições financeiras durante os últimos 30 dias.

Com o novo modelo adotado em fevereiro de 2018, o primeiro passo é calcular o redutor (R), criado com o intuito de eliminar a influência dos impostos sobre a TR:

R = a + b x TBF

A variável a corresponde a um valor constante de 1,005, definido para que a taxa referencial não tenha valores negativos e seja igual a zero. A variável b é vinculada à TBF e divulgada pelo Banco Central. Já a Tarifa Básica Financeira (TBF) é um índice de referência utilizado para correção monetária de algumas operações financeiras.

Após encontrar o valor do redutor, basta substituir na seguinte equação:

TR = 100 x {[((1 + TBF) / 100) / R] – 1}

Infográfico contendo a fórmula para o cálculo da taxa referencial.

Qual a diferença entre TR diária e TR mensal?

A diferença entre a TR diária e a TR mensal está na periodicidade em que elas são calculadas e utilizadas para fins de correção monetária.

A TR diária é calculada pelo Banco Central, baseada na Tarifa Básica Financeira daquele dia. Essa taxa é empregada no cálculo do resgate de um investimento realizado por um período inferior a 30 dias.

Já a TR mensal é o valor acumulado das TRs diárias de um determinado mês. Essa taxa é comumente utilizada para a correção monetária de investimentos de médio e longo prazos, como a poupança, FGTS e títulos do Tesouro Nacional.

Qual o valor da TR?

O valor atual da taxa referencial, referente a dezembro de 2023, é de 0,07% ao mês. Já o valor acumulado dos últimos 12 meses é de 1,76%, e o acumulado no ano de 2023 até dezembro é de 1,76%.

Você também pode consultar diariamente o valor da taxa referencial através da Calculadora do cidadão, disponibilizada pelo Banco Central.

Como a TR afeta os investimentos? 

Mesmo que a taxa Referencial tenha menor abrangência no mercado, ela ainda é utilizada como parte da rentabilidade de alguns ativos financeiros, como:

Poupança

Desde 1991, a taxa referencial tem sido utilizada como parte do rendimento da poupança. Em 2012, com a mudança no cálculo da sua remuneração, o rendimento da poupança funciona assim:

  • ●      Selic maior ou igual a 8,5% ao ano: rendimento de 0,5% ao mês + TR;
  • ●      Selic inferior a 8,5% ao ano: rentabilidade de 70% da taxa Selic + TR.

Vale lembrar que os juros da poupança também dependem do valor anunciado para a taxa Selic, divulgado a cada reunião do Copom.

Quando a TR está em 0,0%, a rentabilidade é proveniente apenas da taxa Selic.

FGTS

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) é um fundo criado pelo Governo Federal para proteger os direitos dos trabalhadores em caso de demissão sem justa causa. Seu saque é realizado em situações específicas, como: aquisição da casa própria, aposentadoria, doenças graves, entre outras.

A alíquota de 8% do salário bruto é descontada mensalmente e alocada para esse fundo, que possui rentabilidade de 3% ao ano + taxa referencial.

É importante ficar atento às mudanças e atualizações nas políticas relacionadas à TR e ao FGTS, uma vez que elas podem impactar diretamente a vida financeira dos trabalhadores.

Títulos de capitalização

Os títulos de capitalização são aplicações oferecidas pelos bancos, no qual o poupador pode concorrer ao sorteio de prêmios enquanto o dinheiro está aplicado.

Nesse tipo de aplicação, não é possível fazer o resgate antes do vencimento. Caso isso aconteça, será necessário arcar com multa de até 10% do valor aplicado.

A rentabilidade dos títulos de capitalização costuma ser a taxa referencial + taxa de juros definida pela instituição financeira.

Geralmente, os títulos de capitalização apresentam baixos rendimentos, pois parte do dinheiro pago é utilizado para cobrir os prêmios dos sorteios e as taxas administrativas.

Atualmente, existem opções mais eficazes para economizar e investir seu dinheiro, como: Tesouro Direto, ações e Fundos de Investimentos.

Financiamentos Imobiliários

Desde 2018, a taxa referencial é aplicada apenas aos financiamentos de imóveis que integram o Sistema Financeiro de Habitação (SFH).

Nesse caso, o montante é ajustado pela TR + taxa de juros determinada pela instituição financeira, com o intuito de reajustar o valor dos financiamentos.

Títulos públicos

Os títulos públicos funcionam como empréstimos ao Governo Federal. Ao comprar um título, você empresta dinheiro ao governo e, na data de vencimento, você recebe o valor investido acrescido de juros.

Antigamente, certos títulos como o NTN-H e o NTN-P possuíam parte dos seus rendimentos atrelados à taxa referencial. No entanto, esses não estão mais disponíveis para compra, mas ainda há investidores que ainda os têm em suas carteiras.

Atualmente, outros títulos públicos oferecem grande potencial de rentabilidade, como: Tesouro Prefixado (LTN), Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F), Tesouro IPCA (NTN-B Principal), Tesouro IPCA com Juros Semestrais (NTN-B) e Tesouro Selic (LFT).

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Conclusão

A taxa referencial desempenha um papel crucial no cenário financeiro, afetando tanto instituições quanto consumidores em diversos aspectos. Entretanto, com a adoção da taxa Selic, ela tem perdido abrangência no mercado.

Ainda existem algumas aplicações que utilizam a TR como parte dos rendimentos. Independentemente do seu perfil de investidor, é recomendável buscar por investimentos atrelados ao CDI ou ao IPCA, como os títulos públicos, fundos imobiliários e CDBs.

Na XP, você encontra diversos investimentos que possibilitam você rentabilizar seu capital de forma segura e sustentável. Leia também estes outros artigos sobre o mercado financeiro do nosso blog:

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