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Coronavírus: a preocupação se elevou. Aversão a risco em alta no mundo

Em pleno Carnaval, as Bolsas ao redor do mundo entraram em colapso com o avanço da epidemia. O que fazer?

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Especialistas da XP comentam impactos do COVID-19 nos mercados

Na última semana de fevereiro, a esperança com a contenção do coronavírus (COVID-19) na China deu lugar à preocupação com a disseminação do vírus em outros países, o que poderia levar a uma epidemia global.

Durante o feriado do Carnaval no Brasil, as Bolsas de valores no mundo sofreram fortes quedas, e um movimento de corrida a ativos seguros (“flight to safety”) se intensificou.

Os mercados globais caíram entre 6% e 7% nos últimos dois dias, enquanto as ações de empresas brasileiras listadas nos EUA (ADRs) tiveram fortes baixas semelhantes nos últimos dias.

Em meio a esse cenário de queda por conta do coronavírus, pesquisas realizadas pela equipe de Fundos de Investimento da XP mostram que os gestores de Fundos de Ações, Multimercados e de Fundos Imobiliários já se movimentam para corrigir e rebalancear as carteiras.

Abaixo, apresentamos uma atualização do mercado, assim como nossas recomendações de investimentos.

Coronavírus e os investimentos
OMS estima que a China registrou quase 80 mil casos, com mais de 2,6 mil mortes.

Após semanas de novos recordes nas Bolsas americanas, os ganhos começaram a deteriorar à medida que as cadeias de suprimentos globais se mostraram mais impactadas do que o inicialmente previsto e com o brusco crescimento dos casos confirmados fora da China, pressionando as Bolsas globais.

Essas preocupações se elevaram no fim de semana depois que uma onda de casos foi relatada na Coréia do Sul, Irã e Itália, gerando paralisação de algumas atividades nos países, enquanto as autoridades tentam manter os recentes surtos sob controle.

Além disso, o primeiro caso de Coronavírus foi confirmado no Brasil em um paciente de São Paulo que voltou de viagem recente à Itália.

A Organização Mundial da Saúde estima que a China registrou um total de 77.780 casos de Coronavírus, incluindo 2.666 mortes. O número de casos está crescendo de forma mais lenta na China, mas fora do país, existem hoje 2459 casos em mais de 28 países e já contabilizaram 34 mortes.

Distribuição dos casos de COVID-19 (OMS)

Aversão ao risco (“Flight-to-safety”)

O movimento dos mercados nos últimos dois dias mostrou clara corrida à ativos com menor risco, conhecido como “flight to safety” em inglês. Citamos os 4 principais indicadores dessa elevada aversão ao risco:

1. Títulos americanos de 10 anos em seu menor nível de juros

O rendimento do Tesouro dos EUA de 10 anos caiu para o seu menor nível da história, para 1.328%, enquanto investidores buscam proteção contra o impacto do vírus no crescimento econômico.

Historicamente, investidores compram títulos do governo americano em períodos de aumento de elevação de risco, fazendo subir seus preços e diminuir os juros embutidos nesses títulos. A curva de juros americana também já precifica novos cortes de juros pelo FED nas próximas reuniões, por conta do arrefecimento dos níveis de atividade após o surto do Coronavírus.

2. Forte rally no ouro

Na mesma linha, o ouro registrou na segunda-feira (24) o maior valor em sete anos, próximo da marca de US$ 1.700 por onça-peso. Segundo a Bloomberg, os fundos de ETF ligados ao ouro físico viram 25 dias consecutivos de fluxo positivo, e com uma demanda total acima de 2.600 toneladas de ouro, um recorde histórico. Alguns especialistas estimam já que a cotação do ouro pode passar a marca das US$1.800 por onça.

3. Grande aumento da volatilidade (VIX)

O Índice de volatilidade VIX atingiu seu nível mais alto desde 2018, em 26.6%. O indicador, também conhecido como “índice do medo”, mede as expectativas dos agentes para movimentações das ações do índice S&P nos próximos 30 dias.

Assim, o VIX tende a aumentar quando os mercados caem e os investidores buscam contratos semelhantes a seguros para proteger suas carteiras. Os contratos futuros que acompanham o índice também saltaram acima dos que expiram nos meses seguintes, um sinal de que muitos investidores estão se preparando para mais volatilidade.

4. Alta do dólar

Por conta de fluxos elevados de capitais para mercados de menor risco, o dólar continuou se apreciando frente a outras moedas, em especial moedas de países emergentes.

Nos últimos dias, moedas de países como África do Sul, Turquia, Rússia, Chile e outras perderam mais 1-2% de valor frente ao dólar americano.

Esperamos que a cotação do dólar siga pressionada frente ao Real brasileiro, dado que os fundamentos seguem suportando a moeda americana. Veja mais sobre o dólar nesse relatório do nosso time de economia.

Governos deverão agir para conter impactos na economia

Segundo o estrategista macro global da XP, Alberto Bernal, os governos no mundo devem agir para conter não apenas a propagação do vírus, mas também os severos impactos econômicos causados no 1° trimestre.

Bernal espera que tanto a Europa quanto a China aumentem o nível de estímulos à economia no curto prazo, e isso pode trazer alívios aos mercados quando forem anunciados. De fato, desde o começo do mês, o governo Chinês tem feito medidas de estímulo através de injeção de liquidez no sistema financeiro.

Nesta quarta-feira (26) pela manhã, o governo de Hong Kong já anunciou um pacote de auxílio de quase US$ 1.300 para cada residente permanente que tiveram suas finanças impactas pelo vírus e pelos protestos que se alastraram por Hong Kong no final de 2019.

O auxílio virá na forma de dinheiro vivo, totalizando quase US$ 10 bilhões de injeção de liquidez na economia local. Esse pode ser apenas o primeiro sinal de vários outros estímulos que virão em outros países.

O que fazer em meio à volatilidade do mercado?

Como sempre ressaltamos, é muito importante manter uma carteira diversificada, principalmente neste cenário de elevada incerteza. Pensando no mercado de ações especificamente, momentos como esse podem levar a fortes baixas nos papéis no curto prazo, mas empresas com bons fundamentos devem se manter sólidas no longo prazo.

Em entrevista à CNBC e em carta aos investidores da Berkshire Hathaway, o investidor Warren Buffet afirmou: “Nós compramos negócios para os próximos 20, 30 anos, sejam negócios completos ou parciais. O longo prazo não mudou com o coronavírus.”

No curto prazo, entretanto, a principal preocupação para as empresas se refere ao potencial impacto que uma desaceleração econômica, a partir das economias impactadas pelo coronavírus, possa ter em seus resultados.

Nos EUA, os primeiros sinais de desgaste no setor de tecnologia surgiram na semana passada, depois que a Apple se tornou a primeira grande empresa a dizer que não atenderá às projeções de receita para o trimestre devido à epidemia. Várias outras empresas, incluindo Procter & Gamble e Royal Caribbean Cruises, também alertaram que esperavam que a epidemia impactasse seus desempenhos financeiros.

No Brasil, o Ibovespa estava fechado devido ao feriado de Carnaval, mas o Índice da bolsa brasileira dolarizado (EWZ) acumulou queda de 6.3% nos últimos 2 dias, enquanto as ações de empresas brasileiras que negociam na bolsa americana (ADR) também tiveram grandes quedas.  

Caso os impactos do surto se prolonguem no médio prazo, poderemos continuar vendo pressão nos preços de ações brasileiras ligadas à economia global, como empresas de commodities (Suzano, Vale), frigoríficos exportadores (JBS, Marfrig, BRF), companhias aéreas e de turismo (Gol, Azul, CVC), além de empresas domésticas de consumo que possam ter seus resultados deteriorados a depender do impacto para a economia brasileira.

Por outro lado, ações de empresas reguladas, como elétricas e saneamento, podem ser boas oportunidades, já que não são dependentes da economia e pagam dividendos robustos.

Apesar das peculiaridades de cada setor, investir em uma carteira de empresas de qualidade e diversificada continua sendo a melhor estratégia no longo prazo. Veja aqui nossas Top 10 ações XP.

Por fim, recomendamos que o investidor tenha sempre um portfólio de investimentos diversificado, com exposição não apenas a renda variável, ajudando-o a tolerar a volatilidade variações de preços no curto prazo. Para mais detalhes sobre um portfólio diversificado em momentos de queda da Bolsa, clique aqui.

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