PIB sobe 0,4% no terceiro trimestre e indica desaceleração da economia brasileira

De acordo com dados divulgados pelo IBGE (nosso principal instituto de pesquisa nacional), o PIB brasileiro cresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2022.

Isso significa que a soma de tudo o que produzimos de bens e serviços na economia brasileira variou de maneira positiva em 0,4% no período entre julho e setembro, em comparação com o produzido entre abril e junho desse ano. O resultado trouxe uma desaceleração em relação ao crescimento de 1% do segundo trimestre desse ano, e representa alta de 3,6% se compararmos com o mesmo período de 2021. Com isso, a economia brasileira encontra-se 4,5% acima do nível registrado logo antes da deflagração da pandemia do coronavírus.

A desaceleração do PIB no terceiro trimestre é explicada por uma série de fatores, incluindo: (I) o fraco desempenho da agropecuária; (II) os juros altos, que enfraquecem a demanda por bens de consumo mais ligados ao crédito; e (III) o elevado grau de endividamento das famílias.

Em relação aos detalhes do resultado, a vasta maioria dos componentes do PIB registrou performance positiva no 3º trimestre em relação ao 2º trimestre.

Do lado da oferta de bens e serviços na economia, o setor de Serviços foi novamente protagonista, ao crescer pelo nono trimestre consecutivo e ficar 6% acima do nível pré-coronavírus. Enquanto isso, a produção industrial caiu 0,8% no período, e o PIB da Agropecuária apresentou desempenho mais fraco que o esperado, refletindo safras mais fracas em produtos como café e algodão. 

Pelo lado da demanda - ou seja, aqueles que puxam o PIB demandando por todos esses bens e serviços produzidos - o consumo das famílias e os investimentos foram os principais motores de crescimento. O fim das medidas de restrição contra a covid-19 e o aumento da renda diante da melhora do mercado de trabalho e de benefícios fiscais ajudaram a alimentar o consumo, enquanto o setor imobiliário foi destaque em investimentos.

Por outro lado, o Setor Externo apresentou uma pequena contribuição negativa para a variação do PIB total, já que as Importações cresceram mais do que as Exportações no período.

O que esperar adiante?

A atividade doméstica deve seguir em rota de desaceleração daqui para frente, especialmente na esteira do impacto dos juros altos, do maior comprometimento de renda das famílias com o serviço das dívidas e do enfraquecimento da economia global.

Nesse contexto, projetamos crescimento do PIB de 0,1% no 4º trimestre (em comparação ao 3º trimestre), e alta de 2,8% para o ano de 2022 - com um ligeiro viés de alta (podendo chegar a 3%).

Por sua vez, nossa estimativa para o PIB de 2023 é de alta de 1,0%. Tal expectativa leva em consideração: (i) um efeito estatístico de +0,5pp, fruto do crescimento do PIB em 2022; (ii) o forte desempenho de atividades menos sensíveis ao ciclo econômico (especialmente agropecuária); e (iii) o aumento adicional – ainda que moderado – da renda real disponível às famílias. Isto posto, as perspectivas de crescimento da economia nos próximos anos dependem, em grande medida, dos próximos passos da política fiscal.

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