Taesa tem interesse em leilões da Aneel; Como isto impacta suas dívidas

No dia 03 de agosto, durante a conferência de resultados do 2T23, os executivos da Taesa mencionaram o interesse da Companhia em participar dos dois próximos leilões de transmissão organizados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), datados para dezembro de 2023 e março de 2024. Se por um lado a Taesa sair vencedora dos leilões pode gerar complemento ao seu portfólio e estratégia de crescimento, por outro o robusto plano de investimentos envolvido, pode pressionar suas métricas de crédito, como já antecipado pela agência Moody’s Local.

Conferência de Resultados 2T23

No decorrer da teleconferência sobre os resultados, o diretor de negócios e gestão de participações da Taesa, Fábio Fernandes, mencionou que o planejamento estratégico para os próximos dez anos deixa claro que a empresa deve manter participação “ativa e presente” no segmento de transmissão.

Atualmente, a Taesa possui seis empreendimentos em construção, com um investimento total projetado pela ANEEL, considerando apenas a participação da Companhia nestes projetos, de R$ 5,9 bilhões. Juntos, estes seis empreendimentos têm a capacidade de gerar uma RAP (Receita Anual Permitida) proporcional de R$ 755 milhões. Além disso, segundo estimativas da ANEEL, a Taesa precisa alocar R$ 263 milhões para reforços relevantes na concessão Novatrans.

Ainda durante a conferência, o presidente da Companhia, André Moreira, destacou também que a atual alavancagem da empresa é fruto do planejamento estratégico da companhia para os próximos dez anos e é compatível com o momento do negócio. O diretor financeiro de relações com investidores, Rinaldo Pecchio Jr., complementou o presidente, mencionando que a Taesa não planeja reduzir os seus investimentos a fim de desalavancar o seu balanço.

Entretanto, o discurso da liderança vai de encontro ao recente relatório da agência de rating Moody’s Local acerca da Companhia. No dia 19 de julho, a agência de classificação de risco alterou a perspectiva do rating em escala nacional da TAESA para ‘negativa’, ante ‘estável’. De acordo com a Moody’s Local, ao longo dos últimos anos, a Companhia vem participando ativamente de leilões de transmissão, o que requer volumosos investimentos aliados a recente trajetória de deterioração de suas métricas de crédito.

Segundo a Moody’s Local:

“Os ratings podem sofrer um rebaixamento caso ocorram desafios na execução da estratégia de crescimento da Companhia, tais como realização de investimentos acima do previsto ou atrasos substanciais na conclusão dos projetos em construção. Uma deterioração da liquidez também pode resultar em uma ação de rating negativa. Quantitativamente, os ratings podem ser rebaixados caso a pressão de geração de caixa de prolongue um período superior ao esperado, em conjunto a alavancagem bruta ajustada acima de 5,0x ou cobertura de juros (EBIT/despesa financeira) abaixo de 3,5x de forma sustentada.”

A princípio, caso a Taesa saia vencedora destes leilões, não há informações suficientes até o momento para analisar o tamanho do impacto sobre as suas métricas de crédito. No entanto, seguiremos acompanhando o caso e traremos mais informações assim que possível.

Resultados do 2T23

Ao final do segundo trimestre de 2023, a dívida bruta total da Taesa era de R$ 10,2 bilhões, expansão de 17,7% frente a jun/22. A posição de caixa líquida era de R$ 1,6 bilhão, suficiente para a cobertura das amortizações de dívida para quase dois anos. Apesar do crescimento da dívida, a entrada recente de linhas de transmissão em operação comercial pode contribuir para a geração de caixa.

A alavancagem de foi de 3,7x, em linha com o 2T22 (3,8x) e a cobertura de juros (EBIT/Despesas financeiras) totalizou 1,8x. A Taesa possui covenants de cobertura de juros ≥ 1,2x.

Fontes

Valor Econômico

Taesa – RI

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