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Renda Fixa IPCA+: A deflação não veio para ficar

Junho foi um mês de deflação no Brasil. O índice negativo pode impactar os preços dos títulos de renda fixa. Mas calma! Entenda aqui o que fazer.

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  • O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente a junho de 2023 apresentou deflação mensal de -0,08%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice caiu para 3,16% (contra 3,94% em maio).
  • Para o IPCA de julho (que será conhecido em agosto), é possível que ainda se observe deflação, embora também próxima de zero.
  • O movimento pode gerar dúvidas nos investidores de títulos IPCA+, similar ao ocorrido em meados de 2022. Entenda o que fazer.

Deflação em junho

Na manhã do dia 11 de julho foi divulgado o IPCA referente a junho, que recuou 0,08% na comparação mensal, acima da expectativa da XP (-0,13%) e do consenso do mercado (-0,10%). Em relação à variação acumulada em doze meses, o índice de inflação recuou para 3,16% em junho, ante 3,94% em maio.

O principal desvio de alta em relação à projeção dos economistas da XP veio da linha de ‘veículo próprio’ (+0,09 ponto percentual). Por outro lado, conforme o esperado, a deflação de junho em relação a maio foi puxada por automóveis novos, gasolina, gás de botijão e alimentos.

IPCA negativo não deve durar

Apesar de não ser muito comum aos brasileiros se depararem com deflação, em meados de 2022 passamos por três meses de inflação negativa, em julho (-0,68%), agosto (-0,36%) e setembro (-0,29%). Na ocasião, o efeito foi resultado do corte nos impostos sobre a gasolina, a energia elétrica e de serviços de telecomunicações, que têm peso relevante na composição do IPCA. Ou seja, tudo já indicava que seria um movimento pontual.

Em relação ao cenário atual, a expectativa de duração é semelhante ou até mais curta. Ou seja, apesar de um índice negativo em junho, nossos economistas mantêm suas projeções para o IPCA, de 4,7% em 2023 e 4,1% em 2024 – ainda acima da meta do Banco Central.

Títulos IPCA+ podem ter pequeno impacto no curto prazo

Quando ocorre uma deflação em certo período, o rendimento final dos títulos atrelados à inflação é reduzido através de uma correção negativa no valor do ativo. Esse efeito pode ou não ser compensado pela oscilação na parcela prefixada do título (juro real), devido à marcação a mercado.

Em 2022, por exemplo, a deflação que ocorreu foi uma surpresa inicialmente para os mercados, o que fez com que as taxas de juros reais se elevassem no período. Com isso, o preço dos títulos desvalorizou tanto por conta do efeito da marcação a mercado (elevação do juro real) quanto do carrego (acúmulo de IPCA negativo naquele mês):

*PU = Preço Unitário, em R$

Em nossa visão, o potencial para ocorrer um efeito semelhante a 2022 é baixo. Destacamos que i) a deflação observada em junho foi pouco expressiva, principalmente se comparada à do ano anterior – assim, eventuais impactos sobre os títulos devem ser pequenos; ii) a deflação não foi uma surpresa e, inclusive, foi mais branda do que a antecipada pelo mercado; e iii) estimamos que a inflação se mantenha acima da meta do Banco Central nos próximos dois anos.

As incertezas no cenário externo, com ciclo de aperto monetário e risco de recessão nos EUA, e cenário doméstico desafiador – ainda que tenha melhorado recentemente, nos leva a manter a recomendação de alocação em títulos IPCA+, principalmente para as carteiras com horizontes de tempo mais alongados.

O que fazer?

Em momentos em que os preços dos títulos de renda fixa caem, é comum observar movimento de aversão a estes ativos por parte dos investidores. Mas este comportamento muitas vezes é precipitado, em nossa visão, dado que a razão por trás da queda nos preços pode ser passageira.

Conforme demonstrado, a deflação atual tem natureza de curto prazo e, ao que tudo indica, deve se dissipar já no próximo mês. Sendo assim, e considerando-se os elevados níveis atuais de taxas de juro real, os títulos IPCA+ continuam sendo boas opções de alocação, principalmente para prazos médios e longos.

Ao basear decisões de investimentos apenas no cenário de curtíssimo prazo, boas oportunidades de taxas podem ser deixadas de lado pelos investidores. O ideal é visar o longo prazo e evitar realizar movimentações nas carteiras a todo momento – o que pode significar perdas desnecessárias.

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