O que aconteceu nesta semana na renda fixa?
A cautela e a aversão a risco por parte dos investidores permanecem elevadas no mercado de juros. No entanto, nesta semana, houve o incremento de mais um ponto de atenção: o ruído entre o órgão monetário, Banco Central (BC), e o poder executivo.
Além do Brasil, o mercado americano também apresentou aversão ao risco. O rendimento da T-note de 2 anos subiu de 4,3% (fechamento da semana anterior) para 4,5%, enquanto o juro da T-note de 10 anos avançou de 3,53% para 3,74%, no mesmo período.
O que esperar para a próxima semana?
No Brasil, a semana terá a divulgação do IGP-10 de janeiro e o IBC-Br de dezembro. Do lado político, as sinalizações do governo acerca da mudança da meta de inflação para os próximos anos e autonomia do Banco Central devem ser destaque nos noticiários.
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Cenário macroeconômico
Nesta semana, no âmbito doméstico, o Banco Central divulgou a ata da última reunião de política monetária. Entre os pontos destacados está a desancoragem das expectativas de inflação em horizontes mais longos (2025 e 2026), por conta de fatores como “política fiscal expansionista” e “possível mudança nas metas de inflação”.
No campo da inflação, o IPCA registrou alta de 0,53% em janeiro ante dezembro, abaixo da nossa projeção e do consenso de mercado. Além disso, o nosso time de economia publicou um relatório mensal (link) destacando a sinalização divergente entre aperto monetário e a expansão fiscal, que tende a tornar a tarefa do Banco Central ainda mais desafiadora.
Em território americano, o presidente do Federal Reserve deu palestra considerada dovish pelo mercado, em linha ao comunicado emitido na última decisão de política monetária. Na Europa, a produção industrial na Alemanha em queda maior que o esperado, caindo 3,1 m/m, em meio a pressão inflacionária.
Enquanto isso, na China, o Índice de Preços ao Consumidor (PPI, em inglês) caiu 0,8% a/a. Por outro lado, o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) subiu 2,1% a/a, acima da alta de 1,8% a/a registrado em dezembro. Esse número foi puxado pela alta sazonal no consumo das famílias durante o Ano Novo Lunar. Com o fim da política de tolerância zero à Covid, o mercado espera que a inflação acumulada em 2023 seja de 3%, bem abaixo das estimativas para as economias ocidentais.
Leia o resumo completo de economia da semana
Juros e inflação
A cautela e a aversão a risco por parte dos investidores permanecem elevadas no mercado de juros. No entanto, nesta semana, houve o incremento de mais um ponto de atenção: o ruído entre o órgão monetário, Banco Central (BC), e o poder executivo.
Os vértices curtos encerraram a semana em queda, diante da divulgação do IPCA abaixo do consenso, e da possibilidade de uma mudança nas metas de inflação abrir espaço para corte de juros precoce. Já a ponta longa fechou em alta, em meio às críticas do governo ao BC, aos ruídos políticos em torno da possibilidade de interferências do governo na política monetária e ao ajuste dos investidores à perspectiva de uma inflação maior no futuro.
Assim, o aumento da cautela dos agentes diante do ambiente político pressionou a ponta longa da curva, que permaneceu acima do nível de 13%.
Além do Brasil, o mercado americano também apresentou aversão ao risco. O rendimento da T-note de 2 anos subiu de 4,3% (fechamento da semana anterior) para 4,5%, enquanto o juro da T-note de 10 anos avançou de 3,53% para 3,74%, no mesmo período.
A curva de juros pode ser compreendida como as expectativas dos rendimentos médios de títulos públicos prefixados sem cupom (ou seja, sem pagamentos semestrais), de hoje até uma determinada data futura, a partir dos contratos futuros de juros (ou DI). Enquanto isso, a Taxa Selic Esperada é a rentabilidade da taxa básica de juros esperada no final de cada período. Entenda mais aqui.
Títulos públicos
Mercado primário (leilões)
Para mais informações sobre o funcionamento de leilões de títulos públicos, clique aqui.
Leilão do dia 07/02 – NTN-B e LFT
Na terça-feira, o Tesouro Nacional (TN) ofertou 450 mil Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). Além disso, ofertou 1 milhão de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), reduzindo a oferta para ambas categorias, contudo, de forma mais expressiva para as NTN-Bs.
As NTN-Bs ofertadas foram parcialmente absorvidas em todos os vencimentos. Nos três vencimentos, as taxas ficaram acima de 6,3% a.a. e o volume financeiro foi de, aproximadamente, R$ 679 milhões.
O TN obteve performance semelhante com as LFTs. No vencimentos, o volume financeiro somado foi cerca de R$ 4,3 bilhões.
Leilão do dia 09/02 – LTN e NTN-F
No leilão de quinta-feira, houve oferta de 10 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN), com vencimentos para os próximos três anos, e 2 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série F (NTN-F), divididas em duas séries de vencimentos em 2029 e 2033. Para ambos os títulos, houve aumento da oferta.
O TN obteve demanda para a totalidade das LTNs ofertadas. O volume financeiro totalizou R$ 7,3 bilhões, valor significativamente maior ao da semana anterior (744 milhões).
As NTN-Fs, por sua vez, também foram totalmente colocadas. Nos dois vencimentos, as taxas ficaram acima de 13% a.a. e o volume financeiro foi de R$ 1,7 bilhão.
Mercado Secundário
O IMA-B representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos indexados ao IPCA (NTN-B). O IRF-M representa a evolução, a preços de mercado, da carteira de títulos públicos prefixados (LTN e NTN-F).
Ambos são calculados pela Anbima e podem sofrer variações devido à dinâmica de oferta e demanda de títulos no mercado, reflexo das movimentações no cenário econômico.
O preço dos títulos sobe quando a expectativa de juro futuro cai (e vice-versa) devido à relação inversa entre os dois. Esse mecanismo que mostra o efeito dos juros sobre preços é a marcação a mercado. Entenda mais aqui.
A cautela e a aversão a risco por parte dos investidores permanecem elevadas no mercado de juros. No entanto, nesta semana, houve o incremento de mais um ponto de atenção: o ruído entre o órgão monetário, Banco Central (BC), e o poder executivo - vide seção "Juros e Inflação" para mais detalhes. Nessa semana, parte dos títulos públicos federais apresentaram valorização. Além disso, as taxas de títulos mais longos de inflação ficaram acima do patamar de IPCA + 6,3% e os prefixados fecharam abaixo de 13%.
Acompanhe as taxas do títulos do Tesouro Direto disponíveis para compra e para resgate
Crédito Privado
Fluxo
Nesta seção, analisamos os dados da Anbima de negociações definitivas de crédito privado, realizando um filtro cujo spread (diferença) entre os preços máximo e mínimo negociados representam mais do que 0,01% do volume negociado no dia, com o intuito de descartar o que acreditamos serem as operações diretas dentro de instituições.
Na última semana, o fluxo médio diário de negociações em debêntures não incentivadas foi de R$ 1.351 milhões (ante R$ 677 milhões na semana anterior), R$ 285 milhões em debêntures incentivadas (vs. R$ 388 milhões), R$ 95 milhões em CRIs (vs. 433 milhões) e R$ 210 milhões em CRAs (vs. R$ 350 milhões).
Os papéis mais negociados por classe de ativos foram as debêntures da Cogna Educacional (SSED21), a debênture incentivada da Petro Rio (PEJA11), CRI do Porto Ponta do Félix e, por fim, CRA da Minerva.
Como não são disponibilizados a tempo da publicação do relatório, os dados desta sexta-feira não são considerados.
Ações de rating
Ratings são notas atribuídas por agências classificadoras de risco de crédito que podem impactar diretamente seus investimentos em Renda Fixa. Entenda mais aqui.
O que esperar - Semana de 13/02 a 17/02
Agenda econômica
Na semana que vem, a atenção estará voltada para os dados de inflação nos EUA (CPI e PPI) de janeiro, além dos dados referentes ao varejo e setor industrial. Além disso, será divulgada a prévia do PIB da Zona do Euro no último trimestre, além do boletim econômico do Banco Central Europeu e índice de preços ao atacado na Alemanha de janeiro.
No Brasil, a semana terá a divulgação do IGP-10 de janeiro e o IBC-Br de dezembro. Do lado político, as sinalizações do governo acerca da mudança da meta de inflação para os próximos anos e autonomia do Banco Central devem ser destaque nos noticiários.
Leilões do Tesouro Nacional
Vencimentos de debêntures da próxima semana
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