1. Dados de emprego mais fortes e falas de dirigentes do Fed provocam abertura das treasuries - Mercado diminui probabilidade de início de ciclo de cortes de juros em junho
2. Processo de desinflação na Europa e no Reino Unido segue avançando - Inflação na Europa vem abaixo do esperado, mas abertura dos dados ainda demanda alguma cautela
3. Petróleo em alta impulsiona setor de energia e inflação - Semana é de alta para o petróleo devido ao aumento de tensões geopolíticas no Oriente Médio
4. Microsoft: Projeto Stargate e uma visão do futuro - Supercomputador do Stargate deve ser um dos maiores e mais avançados datacenters do mundo, com custo estimado de no mínimo US$ 100 milhões
5. Disney: A batalha de Iger e Peltz - Briga pelo controle da Disney é encerrada, com vitória de Bob Iger


1. Dados de emprego mais fortes e falas de dirigentes do Fed provocam abertura das treasuries
A semana foi marcada por uma série de divulgações de dados de emprego e por falas de dirigentes do Federal Reserve, que provocaram uma abertura na curva de juros americana. A taxa dos títulos de 10 anos subiu 19 pontos-base e terminou a semana em 4,40%, enquanto os títulos de 30 anos encerraram a semana em 4,55%, com alta de 20 bps em relação ao fechamento da semana anterior. Em resposta ao movimento das treasuries, o índice S&P 500 teve uma queda de -0,95%.
A criação de empregos (nonfarm payroll) de março veio consideravelmente acima das expectativas do mercado: foram adicionados 303 mil vagas no mês (contra 214 mil esperadas), e uma revisão levou os dados de janeiro e fevereiro para cima, e as vagas de emprego combinadas em ambos os meses é excede em 22 mil o reportado anteriormente. Os setores com maior aumento de vagas foram serviços de saúde, governo e construção civil.
Os rendimentos médios vieram em linha com as expectativas, subindo 0,3% em relação a fevereiro, e 4,14% em termos interanuais, uma leve desaceleração em relação a fevereiro (que apresentou alta de 4,28%). O aumento dos salários é superior à inflação do período. A taxa de desemprego caiu de 3,9% para 3,8%, em linha com o esperado. Apesar de sinais mistos provenientes de indicadores privados de emprego divulgados ao longo da semana, avaliamos que o mercado de trabalho segue demasiadamente aquecido para o que o Federal Reserve consiga iniciar o ciclo de cortes de juros.
Falas de dirigentes do Fed ao longo da semana também contribuíram para ambiente de maior cautela. Powell, Bowman, Logan, Barkin, Kashkari, Mester, Goolsbee, Harker, Barr, Bostic, Daly e Kugler se pronunciaram ao longo da semana, com discursos predominantemente cautelosos em relação à trajetória da inflação e aos próximos passos da política monetária. Logan destacou que considera maior o risco de cortar taxas cedo demais do que de adiar a decisão de cortar juros, e que não há urgência em cortar. Bowman constatou que o progresso desinflacionário está estagnado, e que os riscos altistas para a inflação são numerosos. Em tom mais duro, Kashkari chegou a declarar que a possibilidade de não ocorrer nenhum corte de juros ao longo de 2024 é crescente.
Com isso, o mercado reduziu a probabilidade de início do ciclo de cortes de juros em junho, de 56,9% no final na semana passada para 48,8%.

2. Processo de desinflação na Europa e no Reino Unido segue avançando
Nesta semana, foram divulgados dados de inflação ao consumidor na zona do euro, com alta de 0,8% em março, ou de 2,4% no acumulado em 12 meses, caindo para além das expectativas do mercado, de 2,6%. A interpretação, no entanto, foi mista: se por um lado o número revela que o processo de desinflação continua, a composição da inflação ainda preocupa.
Preços de serviços aceleraram no mês, mas foram compensados por uma queda nos preços de energia (para a qual vemos risco altista, conforme comentamos no tema #3), bens e alimentos compensaram a aceleração nos preços de serviços. Ainda assim, com a economia perto da recessão, é provável que o Banco Central Europeu comece a cortar as taxas de juros ainda no primeiro semestre.
Também foram divulgados dados de inflação “nas lojas” do Reino Unido, que refletiram cortes de preços realizados num contexto de redução do consumo das famílias, caindo de 2,5% em fevereiro para 1,3% em março. A desaceleração é um bom sinal de progresso da desinflação no país antes da divulgação do número oficial referente a março. Atualmente, há expectativa que o Banco da Inglaterra (BoE) realize o primeiro corte do ciclo de juros em junho.

3. Petróleo em alta impulsiona setor de energia e inflação
O setor de energia acumula a melhor performance entre os setores do S&P 500 desde o início do ano (XLE: 16,7%). O petróleo Brent sobe cerca de 18% no ano, e é o maior impulsionador do setor. O rali no preço da commodity tem sido motivado por: i) fatores geopolíticos; ii) restrições de oferta e; iii) aumento da demanda dada a recuperação da atividade econômica global em 2024.

Mas não são apenas as petroleiras que são afetadas pela alta do petróleo: em um estudo especial que publicamos nesta semana, estimamos o efeito que um rali no petróleo pode provocar sobre a inflação americana, potencialmente levando o Federal Reserve a adiar o início do ciclo de cortes de juros.
Consideramos o tema especialmente importante nesse momento, e temos o petróleo como o principal fator de risco para uma reaceleração da inflação, uma vez que a gasolina já sobe mais de 30% em 2024. Um adiamento no corte das taxas de juros, por sua vez, teria efeitos negativos para ativos de risco em todo o mundo, como pudemos observar nessa semana (mais detalhes no tema #1).
Confira nosso estudo especial
Os preços do petróleo renovaram as máximas do ano nesta semana após disparar cerca de 5% com o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio. Após os ataques ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, que causou a morte de 8 membros da Guarda Revolucionária Iraniana, o ministro das relações exteriores do Irã culpou Israel e os EUA. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu que não assume a autoria oficialmente, disse que fará mal a quem fizer mal a Israel e afirmou que o Irã tem atuado contra Israel por anos, direta e indiretamente.
4. Microsoft: Projeto Stargate e uma visão do futuro
Stargate é um filme de ficção científica futurístico dos anos 90 no qual arqueólogos descobrem um dispositivo com capacidade de teletransporte interestelar, descobrindo um mundo longínquo que influenciou a civilização humana. Pois, nesta semana o portal The Information publicou matéria detalhando uma iniciativa da Microsoft, em parceria com a OpenAI, para a construção de um supercomputador focado em processamento de inteligência artificial batizada de Projeto Stargante.
A Microsoft e a OpenAI têm uma parceria de longa data que começou em 2016. A parceria foi consolidada em 2019 quando a Microsoft investiu um bilhão de dólares na startup e foi consagrada com o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, que bateu todos os recordes de adesão, atingindo 100 milhões de usuários em apenas 2 meses.
Com o crescimento da popularidade da inteligência artificial, muitas empresas têm desenvolvido suas próprias linguagens, além do GPT da OpenAI, como o Gemini (da Alphabet), Llama (da Meta Platforms), Claude (da Anthropic, que tem a Amazon como uma das principais acionistas), entre outras. O “aprendizado” desses modelos exige uma capacidade computacional enorme e, conforme mais aplicações e usuários são adicionados ao ecossistema, mais processamento é exigido.
Com essa demanda em mente, o supercomputador do Stargate está planejado para ser um dos maiores e mais avançados datacenters do mundo. Estima-se que abranja dezenas de quilômetros quadrados e use até 5 gigawatts de energia para alimentar milhões de chips, GPUs e CPUs. De acordo com a notícia veiculada, a nova máquina pode ser lançada em 2028 e custará, no mínimo, US$ 100 bilhões!
O projeto Stargate mostra que a parceria entre Microsoft e OpenAI tem sido frutífera e, também, ressalta a importância do segmento de computação na nuvem dentro da estratégia de negócios da empresa fundada por Bill Gates. A, agora, maior empresa do mundo já ultrapassa os US$ 3 trilhões em capitalização de mercado e sobe 13,6% no ano após disparar mais de 58% em 2023.
Microsoft faz parte da nossa lista Top Ações Internacionais

5. Disney: A batalha de Iger e Peltz
Era uma vez, no reino da Disney, um velho rei chamado Bob Iger. Seu reinado trouxe prosperidade e inovação, mas também muitos desafios e críticas, especialmente no período que delegou a gestão a seu homônimo Bob Chapek. De volta ao poder, o reino de Bob estava enfrentando problemas, com dragões de empreendimentos não lucrativos cuspindo fogo em seus ganhos, e os aldeões ficando inquietos com os temas de seus festivais.
Em terras distantes, no condado de Trian Partners, vivia um guerreiro chamado Nelson Peltz. Conhecido por sua coragem e estratégia, Peltz era um líder respeitado entre seu povo. Ele olhou para o reino da Disney e viu uma oportunidade de mudança. Ele acreditava que, sob seus comandos, a Disney poderia superar seus desafios e retornar à sua antiga glória.
Armado com a espada da persuasão e o escudo da determinação, Peltz iniciou uma batalha (de proxy) contra o Rei Iger. Ele reuniu seus aliados, apresentando seu caso ao povo (acionistas) de Disney, e nomeou a si mesmo e seu conselheiro de confiança, Jay Rasulo (que já foi o guardião dos cofres do reino da Disney - CFO), como candidatos ao conselho de anciões (diretores). Sua intenção era clara - ele queria destronar o Rei Iger e provocar uma mudança na administração do reino.
No entanto, o Rei Iger era um adversário feroz. Ele já havia enfrentado tais batalhas antes e saído vitorioso. Ele reuniu suas próprias tropas, apresentando seus planos para o futuro da Disney e defendendo sua liderança. A batalha foi dura, mas o povo decidiu o resultado final: vitória do Rei Iger.
E assim, o conto da batalha entre o Rei Iger e Nelson Peltz se tornou uma lenda no mundo dos negócios, um conto de estratégia, liderança e o poder dos aldeões. Mas, como em todos os contos, a história continua, e só o tempo dirá se o povo de Disney viverá feliz para sempre.


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