1. SEC: Afrouxamento regulatório de empresas listadas - SEC negocia com Nasdaq e NYSE para aliviar exigências regulatórias de empresas listadas
2. DeepSeek: Mais uma vez preocupando os EUA - Autoridades americanas afirmam que a empresa estaria colaborando com operações militares na China
3. JPMorgan: Buscando ampliar atuação em crédito privado - Banco encontra resistência firme dos principais players do setor
4. Tesla: Robotáxi nas ruas, mas com cautela - Tesla inicia sua aguardada operação de robotáxis no Texas, mas com número restrito de veículos
5. BP: Possível aquisição à frente - Após notícias impulsionarem ações da BP, Shell nega a existência de negociações em curso

1. SEC: Afrouxamento regulatório de empresas listadas
A SEC está em negociações com Nasdaq e NYSE para aliviar exigências regulatórias de empresas listadas, buscando tornar as bolsas mais atrativas. A medida faz parte de um movimento mais amplo do governo Trump por desregulação, com objetivo de estimular crescimento e destravar capital. As discussões incluem simplificação de informações divulgadas, redução de custos para abrir e manter capital e até restrições a propostas de minoritários. O foco é destravar IPOs e reduzir a fuga de empresas para o mercado privado.
Um dos principais pontos da proposta é modernizar as regras de votação por procuração, o que pode dificultar a atuação de acionistas ativistas com pequenas fatias das empresas. Além disso, a SEC quer reduzir exigências em documentos preliminares, tornando o processo mais simples e menos custoso para as companhias. Outra frente envolve cortes em taxas de listagem e flexibilização para ofertas subsequentes de ações, além de facilitar captações para companhias que abriram capital via SPACs (Empresas com propósito específico de aquisição). A agenda retoma pilares da JOBS Act e sinaliza possível inflexão regulatória semelhante à vista no primeiro mandato de Trump.
A ofensiva surge em resposta à queda de 36% no número de companhias listadas desde 2000, cenário criticado por líderes de Wall Street como Jamie Dimon (JPMorgan) e Ken Griffin (Citadel). Para empresas, o custo de compliance, os documentos com centenas de páginas e o monitoramento adicional têm afastado IPOs, com casos como o da SpaceX, que adia sua listagem mesmo com valuation elevado. A aposta é que menos burocracia possa democratizar o acesso aos mercados e reverter essa tendência.
No mercado, a leitura foi de apoio à retomada de ciclos de capitalização e estímulo à inovação. Ainda que os efeitos não sejam imediatos, o alívio regulatório pode impulsionar IPOs, ofertas subsequentes e beneficiar diretamente bancos de investimento e bolsas de valores. Em um ambiente de valuations comprimidos e menor liquidez, qualquer sinal de abertura pode reativar apetite de empreendedores e investidores institucionais, especialmente se aliado à volta de uma administração focada em desregulação e crescimento econômico.

2. DeepSeek: Mais uma vez preocupando os EUA
A startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek está mais uma vez no centro das atenções, mas agora como preocupação dos EUA envolvendo segurança nacional e evasão de sanções. Autoridades americanas afirmam que a empresa estaria colaborando com operações militares e de inteligência da China, ao mesmo tempo em que buscaria acesso a chips avançados da Nvidia, contornando restrições de exportação. O caso eleva o nível de alerta em Washington sobre como companhias chinesas de tecnologia estariam utilizando meios indiretos para acessar tecnologias críticas dos EUA.
Segundo um alto funcionário do Departamento de Estado, a DeepSeek forneceu informações de usuários ao governo chinês e foi mencionada em mais de 150 registros de compras do Exército de Libertação Popular. A empresa também teria criado empresas de fachada no Sudeste Asiático para burlar os controles americanos e acessar remotamente chips de data centers fora da China. A prática, embora tecnicamente legal em alguns casos, levanta sérias dúvidas sobre o cumprimento das regras e o alcance das sanções atuais.
As alegações também incluem o uso de infraestrutura ligada à China Mobile para transmitir dados de usuários americanos, o que reacende debates sobre privacidade e segurança. Apesar da obrigatoriedade legal de fornecer dados ao governo chinês, o fato de a DeepSeek já fazê-lo, segundo os EUA, intensifica a pressão. A empresa também teria acesso a chips H100 da Nvidia, mesmo após a proibição de exportação. Autoridades não confirmam se houve quebra direta das regras, e a DeepSeek não comentou as acusações.
Para a DeepSeek, as denúncias podem comprometer sua credibilidade internacional e gerar pressão sobre parceiros como Amazon, Google e Microsoft, que oferecem seus serviços. Já para a China, o episódio evidencia os desafios de manter competitividade em IA sob restrições dos EUA. Embora não tenha havido sanções formais até agora, a escalada pode alimentar novas medidas regulatórias. A situação amplia o fosso entre as duas potências e reforça a vigilância americana sobre o ecossistema de tecnologia chinês.

3. JPMorgan: O banco no mercado de crédito privado
O JPMorgan tem tentado ampliar sua atuação no mercado de crédito privado, mas encontra resistência firme dos principais players do setor. Apesar de enviar regularmente listas de empréstimos que gostaria de comprar, quase nenhuma transação é concretizada. A relutância dos fundos de private credit reflete um forte sentimento de exclusividade, além de preocupações com a exposição de preços e dados sensíveis. A tentativa do banco revela a dificuldade em romper as barreiras de um mercado construído fora de Wall Street.
A maior barreira à entrada do JPMorgan não é o preço, mas o controle. As gestoras de crédito privado têm evitado vender seus ativos, com receio de que negociações frequentes revelem fragilidades nos balanços das empresas tomadoras e forcem reavaliações de seus portfólios. O receio é que, ao permitir negociações regulares, o setor perca o argumento de estabilidade que atrai investidores. Nem mesmo a disposição do banco em pagar ágio tem sido suficiente para furar esse bloqueio informal.
Além da cultura de fechamento, há entraves estruturais. A negociação de créditos privados exige o aval de múltiplas partes, tomadores, sponsors e credores, o que confere poder de veto a todos os envolvidos. Muitos temem que negociações revelem sinais de estresse e derrubem o valor de suas participações. Há também o desejo de manter controle sobre quem detém os créditos, o que impede bancos como o JPMorgan de acessarem certos ativos, mesmo quando há interesse mútuo em negociar.
Apesar dos obstáculos, o JPMorgan aposta no longo prazo. O banco reservou US$ 50 bilhões para originar novos empréstimos diretos e firmou parcerias com gestoras para entrar em negócios desde o início. Também trabalha em outras frentes, como a criação de produtos estruturados e acordos para negociar dívidas investment grade. Mesmo sem sucesso imediato, o JPMorgan acredita que, com o tempo, o mercado se abrirá, e quando isso acontecer, pretende já estar na liderança.

4. Tesla: Robotáxi nas ruas, mas com cautela
A Tesla iniciou no fim de semana sua aguardada operação de robotáxis em Austin, Texas. Por enquanto, o serviço funciona em apenas um bairro, com número restrito de veículos Model Y e exclusivamente para convidados, incluindo analistas e influenciadores. Cada corrida custou US$ 4,20 e contou com um funcionário da Tesla no banco da frente, atuando como “safety monitor”. Embora o lançamento tenha sido bem mais modesto do que o prometido por Elon Musk desde 2019, a empresa o trata como marco simbólico rumo ao futuro da mobilidade autônoma.
A estreia ficou aquém das ambições de Musk, que já prometeu veículos sem volante ou pedais, além de um serviço de compartilhamento que permitiria aos donos lucrarem com seus carros. O teste de domingo envolveu poucos veículos, sem o “Cybercab”, que ainda não foi homologado, e em área limitada. Mesmo assim, relatos positivos surgiram entre fãs e analistas, que elogiaram a performance em cenários urbanos complexos. Mas vídeos também mostraram falhas, como o robotáxi entrando na contramão ou ignorando pedidos de parada do passageiro.
O desafio à frente é grande. Rivais como Waymo (Google) e Zoox (Amazon) operam serviços similares em múltiplas cidades, com tecnologia baseada em sensores como radar e LiDAR (sensor de profundidade que realiza mapeamento 3D com precisão), considerados mais robustos. A Tesla optou por câmeras e inteligência artificial, apostando que seu modelo será mais barato e fácil de escalar. Reguladores já estão de olho: a NHTSA investiga incidentes anteriores com o sistema Full Self-Driving e cobrou explicações sobre a segurança do robotáxi, sobretudo em condições adversas. A Tesla alegou que as informações são confidenciais e críticas para sua competitividade.
Mesmo com as limitações iniciais, o mercado inicialmente reagiu com entusiasmo. As ações da Tesla saltaram mais de +8,2% na segunda-feira, somando cerca de US$ 100 bilhões em valor de mercado, mas encerrou a semana com alta de apenas +0,3%. Com o crescimento da concorrência chinesa e a perda de fôlego da linha atual de veículos, a empresa passou a colocar seus esforços em direção autônoma e robótica como principal motor de crescimento. Embora o serviço ainda enfrente riscos técnicos, regulatórios e operacionais, a estreia reforça a aposta dos investidores na tese de que a Tesla pode ser a plataforma de tecnologia e transporte do futuro.

5. Shell e BP: Rumores de aquisição
A possibilidade de uma megafusão entre Shell e BP movimentou os mercados nesta semana, após reportagens apontarem que as duas empresas estariam em conversas iniciais para um acordo que poderia se tornar a maior transação do setor em uma geração. A notícia impulsionou as ações da BP, embora os ganhos tenham sido moderados após a Shell divulgar um comunicado negando negociações em curso. Mesmo com o desmentido, os rumores reacenderam discussões sobre consolidação entre gigantes do setor energético.
De acordo com fontes próximas, representantes das duas empresas estariam conduzindo conversas exploratórias, com envolvimento de assessores financeiros. O objetivo seria avaliar uma possível aquisição da BP pela Shell, que atualmente vale cerca de US$ 80 bilhões. Com prêmio de controle, o negócio superaria fusões históricas como a que formou a ExxonMobil. A transação também tornaria a Shell mais competitiva frente à Exxon e Chevron, além de potencialmente agradar reguladores britânicos ao evitar uma venda para um comprador estrangeiro.
A BP tem enfrentado anos difíceis: foi penalizada por uma guinada mal executada para energias renováveis, trocas na liderança e problemas operacionais. Pressionada por investidores ativistas, a empresa voltou a priorizar petróleo e gás e está revendo a manutenção de outros ativos. Já a Shell tem seguido o caminho oposto, concentrando esforços em segmentos mais rentáveis, revertendo metas verdes e reforçando sua presença em gás natural liquefeito (GNL). Uma fusão traria sinergias importantes, sobretudo nas operações no Golfo do México.
Apesar de negar oficialmente as negociações, a Shell continua em posição de força. Sua performance de mercado supera a da BP em mais de 80% nos últimos cinco anos, e uma eventual aquisição poderia ampliar sua escala, reduzir custos e reforçar sua atuação global em trading e GNL. Para a BP, o movimento poderia significar um desfecho estratégico após meses sob pressão. As ações da Shell (Ticker: SHEL) encerraram a semana com queda de -2,0%, enquanto as da BP (Ticker: BP) caíram -2,9%.


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