Em nossas carteiras recomendadas de alocação (“carteiras por perfil“), definimos mensalmente os percentuais sugeridos para investimento por classe de ativo de acordo com cada política de investimentos, sendo que cada política, por sua vez, tem um objetivo de risco (volatilidade) e um horizonte de investimento.
Abaixo as alocações sugeridas por classe de ativo para cada política de investimentos para o mês de novembro de 2023:
Esses percentuais de alocação por classe de ativo tem um componente estrutural, com base em retornos esperados de longo prazo (3 a 5 anos) e são revisados ao menos a cada 12 meses. Entretanto, uma outra parcela dessa alocação pode ter um componente tático, de curto e médio prazos, olhando para 3 a 6 meses a frente e que são revisados e sugeridos mensalmente com base nas discussões do Comitê de Alocação.
Essas perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos podem apresentar 3 qualificações possíveis:
- Positiva – sugere uma sobrealocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira
- Neutra – sugere uma alocação em linha para aquela classe de ativo, ou seja, igual ao percentual definido em cada carteira
- Negativa – sugere uma subalocação para aquela classe de ativo em relação ao percentual definido em cada carteira
Perspectivas de alocação por classe de ativo
Alguns dos destaques do mês:
- > Mais um mês em que nenhuma mudança nos percentuais das classes de ativo foi realizada devido às grandes incertezas e riscos no cenário macroeconômico e geopolítico global;
- > A parcela da Renda Fixa Pós-fixada ainda se apresenta como um “porto mais seguro” para quem quiser manter a exposição na classe e ficar menos suscetível aos riscos de mercado (volatilidade);
- > Acreditamos que o espaço tenha ficado um pouco mais apertado para grandes e rápidos fechamentos nos prêmios de crédito, os movimentos agora deverão ser mais tímidos, o que não significa perda de atratividade para carrego ou ainda ganho de capital;
- > Alteramos nossa visão para “Positiva” na Renda Fixa Global por entendermos que tanto a taxa de juro de referência (Fed Fund Rates) quanto a curva de juros futura (Treasury) têm espaço limitado atualmente para novas altas muito expressivas, de forma estrutural, tornando a assimetria cada vez mais positiva para os retornos esperados nesse tipo de investimento, ainda mais se ajustado ao risco;
- > A visão construtiva para exposição em renda variável brasileira segue valendo, porém sem gatilhos claros de curto prazo, deve haver cautela para quem não tiver horizonte longo de investimento nessa classe, prezando por seletividade e diversificação no posicionamento;
Na tabela abaixo estão as perspectivas de alocação por classe de ativo de curto e médio prazos para o mês de novembro de 2023:
Comentários gerais por classe de ativo
RENDA FIXA LOCAL
Pós-fixado – com o processo de redução da Selic se consolidando como sendo gradual, a um ritmo de 50 pontos base por reunião, e limitado, devendo trazer a Selic a 10% a.a. ou levemente abaixo disso no final de 2024, a parcela em pós-fixado, mesmo que sendo reduzida na margem nos últimos meses, seguirá sendo expressiva nas carteiras conservadoras e até moderadas. Essa parcela da alocação se apresenta como um “porto mais seguro” para quem quiser manter a exposição em renda fixa menos suscetível ao risco de mercado (volatilidade), que tem sido expressivo nos últimos meses com toda discussão fiscal no Brasil e, principalmente, com a volatilidade da curva de juros americana, que tem impactado também os nossos DIs (prefixado) e a curva das NTN-Bs (inflação).
Inflação – com uma IPCA que deve rodar perto dos 4% a.a. nos próximos 2 anos, tendo chances de termos alguns sustos para cima, seguimos construtivos com a alocação em renda fixa atrelada à inflação. Com um carrego interessante, o aumento nesse tipo de exposição pode ser ainda mais atrativo em momentos como o atual em que temos um cenário de cortes da Selic a frente, porém inflação implícita abrindo e prêmios de risco sendo adicionados à curva por movimentos que consideramos mais temporários, tornando as taxas ainda mais atrativas para entrada.
Prefixado – o atual cenário segue bastante volátil para a curva de juros nominal impulsionado pela alta volatilidade nas Treasuries e pela piora na avaliação do mercado sobre a situação fiscal brasileira. Novas alocações nessa classe requerem um posicionamento mais tático e oportunístico, principalmente quando o mercado volta a embutir mais prêmio nas taxas tanto dos títulos públicos quanto nos spreads dos títulos bancários e privados, o que aconteceu exatamente em Outubro e ainda poderá voltar a acontecer nos meses a frente casos os principais riscos não se dissipem.
Crédito Privado – forças antagônicas seguem impactando os spreads de crédito privado. De um lado a piora do cenário global e local, que gera uma maior aversão a risco. Por outro lado, a normalização dos mercados primário e secundário segue em curso, o que contribui para seguirmos construtivos com a classe. Os spreads de crédito em CDI seguem trajetória de queda desde março desse ano, já os spreads em IPCA, que também vinham fechando até mesmo em maior magnitude, passaram por aberturas nos últimos 2 meses, impactando negativamente quem já detém posições diretas ou indiretas nos emissores de papéis IPCA+. Acreditamos que o espaço tenha ficado um pouco mais apertado para grandes e rápidos fechamentos nos prêmios de crédito, os movimentos agora deverão ser mais tímidos, o que não significa perda de atratividade para carrego ou ainda ganho de capital.
A cautela e diligência na escolha do emissor do título deve continuar alta, assim como na seleção dos gestores e fundos de crédito.
RENDA FIXA GLOBAL
Após alguns aumentos marginais e pontuais ao longo do ano na exposição em renda fixa global das carteiras, alteramos nossa visão para “Positiva” por entendermos que tanto a taxa de juro de referência (Fed Fund Rates) quanto a curva de juros futura (Treasury) têm espaço limitado atualmente para novas altas muito expressivas, tornando a assimetria cada vez mais positiva para os retornos esperados nesse tipo de investimento, ainda mais se ajustado ao risco.
Portanto entendemos o momento como sendo propício para os investimentos em renda fixa global, especialmente em títulos públicos americanos e em bonds, que estão com suas taxas nos maiores níveis dos últimos 15 anos. As taxas das Treasuries de vencimento em até 2 anos estão mais elevadas que as taxas dos vencimentos mais longos, deixando a exposição a títulos curtos mais atrativas que posicionamento em papéis mais longos em termos de risco x retorno. Isso sem falar nos fundos de renda fixa internacional que oferecem acesso a estratégias e ativos globais de renda fixa de forma diversificada e estão com seus carregos também nos maiores níveis dos últimos anos.
MULTIMERCADOS
Mesmo com o desempenho de curto prazo de grande parte dos fundos dessa classe de ativo estando abaixo do esperado em termos relativos (abaixo do CDI ou até mesmo do IPCA em 2023), reforçamos o papel relevante desses fundos em um portfólio no sentido de manter ou até diminuir a volatilidade, aumentando o retorno esperado. Alguns estudos mostram que percentuais entre 10 e 30% dedicados a exposição nessa classe tendem a contribuir para o alcance desses objetivos de forma mais eficiente.
Por já operarem de forma tática os diversos mercados, não recomendamos tentar acertar o momento exato de investir ou resgatar de fundos multimercados, mas sim fazer uma grande diligência do gestor e do fundo antes de investir e ter convicção dos motivos que o fazem resgatar que não somente a performance de curto prazo. A escolha do nível de volatilidade que se tolera em um produto dessa classe é relevante para que não haja desalinhamento de expectativas em momentos adversos como os mais recentes. Dito isso, continuamos positivos com a classe, acreditando que os gestores da indústria brasileira estão cada mais sofisticados e preparados para obter resultados positivos no longo prazo tanto no mercado local, quanto internacional.
RENDA VARIÁVEL LOCAL
O sentimento de aversão ao risco global continuou a pressionar as ações brasileiras. Nos últimos três meses, a elevação nas taxas de longo prazo dos títulos do Tesouro americano continuou a pressionar os ativos de riscos no mundo, inclusive a bolsa por aqui. Domesticamente, a agenda fiscal segue sendo chave, meta de resultado primário para 2024 continua um foco de preocupação.
Diante do aumento de tensões geopolíticas, acreditamos que o Brasil pode se beneficiar de uma rotação nas carteiras para mercados com menor risco, uma vez que o Brasil historicamente assume uma postura neutra nessas pautas. Estruturalmente, acreditamos que o Brasil pode ser um destino ainda maior para investimentos em mercado emergentes, no entanto, precisamos de um compromisso de longo prazo para resolver questões fiscais e uma perspectiva de melhora na dinâmica de lucros no curto prazo. A dinâmica de lucros tem sido, além dos fatores macro, um fator importante a ser observado daqui para frente. Setores de Telecomunicações, Mídia & Tecnologia, além de Elétricas & Saneamento e o setor Industrial são destaques como os que tem maiores revisões positivas de lucros para os 12 meses a frente.
As estimativas de Lucro por Ação (LPA) dos próximos 12 meses para o Ibovespa aumentou em 6% desde o início do ano, mas as projeções para 2023 foram revisadas para baixo em 5%. Continuamos a ver o múltiplo do Brasil como descontado, com o P/L em 7,4x, um desconto significativo em relação à sua média histórica de 11x. A visão construtiva para exposição em renda variável brasileira segue valendo, porém sem gatilhos claros de curto prazo, deve haver cautela para quem não tiver horizonte longo de investimento nessa classe, prezando por seletividade e diversificação no posicionamento.
RENDA VARIÁVEL GLOBAL
Outubro marcou o terceiro mês consecutivo de queda dos mercados globais. A eclosão de um novo conflito armado, dessa vez entre Israel e o grupo Hamas, aumentou ainda mais as tensões geopolíticas globais e elevando o sentimento de aversão a risco. Isso sem falar na alta volatilidade que persiste no mercado de juros futuros americanos, com as Treasuries tendo mais um mês de altas relevantes, o que impacta negativamente a bolsa americana e as bolsas globais como um todo.
Caminhando para o final da temporada de resultados do 3º trimestre de 2023, nos EUA ela tem sido positiva do ponto de vista de lucros, com quase 80% das empresas mostrando surpresas positivas, apesar de menos da metade delas estar batendo as expectativas do mercado em termos de receita, indicando que boa parte da melhora de lucros tem sido por aumento de eficiência operacional. Existe também a percepção de um tom mais cauteloso dos diretores das empresas nos guidances, especialmente com relação ao ano de 2024.
Com esse pano de fundo, seguimos adotando uma postura defensiva nas alocações em ações internacionais, prezando por maior diversificação global, sem grandes concentrações em nenhum país ou região, quando comparadas ao principal índice global (MSCI ACWI). No micro, as alocações devem privilegiar setores mais defensivos, buscando empresas com baixo beta, múltiplos atrativos e com teses que tenham menos dependência do ciclo macroeconômico.
ALTERNATIVOS
Teses de investimentos ilíquidos e de longo prazo via fundos de Private Equity, Venture Capital, Infraestrutura, Crédito Estruturado e Situações Especiais têm espaço cativo para a maioria das políticas de investimentos, pois apresentam baixa correlação com classes de ativos tradicionais. Em um cenário global mais complexo, com menor liquidez, o capital privado, seja via ações (Private Equity e Venture Capital) ou via dívida/crédito, pode representar uma alternativa para as empresas captarem recursos, favorecendo a originação de bons ativos e/ou lançamentos de novos produtos.
De toda forma, temos utilizado também uma boa parte dessa exposição em Alternativos também para capturar movimentos táticos em fundos mais líquidos, como é o caso dos fundos imobiliários dos segmentos de shoppings, galpões logísticos e lajes corporativas. Um outro pedaço menor dessa alocação, mais recentemente, desde setembro, está em uma proteção tática que tende a responder positivamente a um aumento mais relevante dos riscos geopolíticos que temos presenciado no cenário global.
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