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FIAgro: investindo olhando apenas dividend yield, um dos maiores erros que um investidor pode cometer

Estudo realizado com os FIAgros Listados e Cetipados em conjunto com o time da FG/A e João Rissi

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A grande novidade no mercado de investimentos, os FIAgros (fundo de investimento em cadeias agroindustriais) oferecem uma alternativa acessível de investir no setor que representa mais de 27% do PIB, o agronegócio. Com diversos atrativos, o veículo oferece também a oportunidade de começar a investir em cotas com apenas R$10 (dez reais), tendo como contrapartida o pagamento de dividendos e isenção de imposto de renda.

Popularizado, há cerca de 1 ano e meio, de acordo com o boletim mensal da B3 sobre os FIAgros, ao final de fevereiro de 2023, o número de investidores já atingiu cerca de 215 mil investidores totalizando R$ 7,6 bilhões em ativos listados. Nesta data, já eram 27 fundos listados que possibilitam diversas teses de investimento ao investidor.

No entanto, o veículo que “caiu nos braços da torcida” precisa ser analisado com cautela, assim como quaisquer investimentos, e para isso vamos explicar melhor sobre a dinâmica por trás dos dividendos distribuídos. A análise será baseada em: (i) dividendos distribuídos (ii) diferentes riscos de crédito e (iii) tipos de devedores.

Iniciando sob a ótica da distribuição de dividendos, os 10 FIAgros com maior volume de negociação, distribuíram em 2023 em média R$ 0,13/cota, o que equivale à CDI + 2,42% ao ano.

Fonte: Fundos.net

Os FIAgros têm a possibilidade de construir carteiras com diferentes classes de ativos, tais como: CRAs, direitos creditórios, imóveis, ações e participações em sociedades.  No entanto, atualmente a classe de ativo que é o alvo da maior parte dos FIAgros listados são os CRAs.

No que se refere a análise sob a ótica do risco da carteira, de forma ilustrativa elaboramos uma tabela de sensibilidade com o objetivo de mensurar qual a alocação necessária da carteira, para que possibilite determinadas distribuições, levando em consideração de custos de administração, de gestão e performance vis a vis a taxa de carrego tendo como premissas base o cenário de juros atual (CDI a 13,65%), um fundo com cota base R$ 10,00 e 21 dias úteis no mês.

Conforme podemos ver na sensibilidade, para distribuição mensal de um FIAgro de, por exemplo, R$ 0,14 cota considerando uma taxa de performance de 10% do que exceder o CDI é necessário que ele tenha uma carteira com carrego médio de 5,25%.

Antes de iniciar a diferenciação entre diferentes tipos de riscos, é importante saber que a classificação de risco reflete diretamente na remuneração do CRA para o investidor. Os papéis podem ser classificados como “high yield”  onde as dívidas são emitidas por empresas com uma menor classificação de risco e “high grade” são emitidas por empresas com uma classificação de risco mais alta.  Dessa forma, a precificação é dada pela relação risco versus retorno, na medida em que quanto maior o grau de risco de inadimplência e setorial, maior o custo da dívida.

Partindo da perspectiva de diferentes riscos e taxas de créditos, vamos olhar para a natureza do devedor em dois aspectos, sendo eles: (a) pessoa física e (b) pessoa jurídica. Conforme mostra a apresentação do Roberto Campos Neto, Diretor do Banco Central do Brasil, há uma notória diferença entre os spreads, e consequentemente entre os riscos de cada um. Com Pessoas Jurídicas pagando juros em patamares de 19,0% ao ano enquanto pessoas físicas pagam em torno de 34,1% ao ano. Vale ressaltar que na categoria pessoa física, as taxas praticadas podem variar de forma mais relevante de acordo com diversos fatores de risco em cada uma das operações, como: (i) prazo, (ii) destinação dos recursos (crédito pessoal, imóveis, veículos), (iii) garantias apresentadas, (iv) histórico e situação cadastral do devedor. Portanto, em relação às garantias, em grande maioria das vezes o patrimônio de pessoa física quando comparado com o de empresas apresentam significativa diferença, de forma que em um exemplo hipotético de inadimplência, o credor possui maior segurança no risco corporativo.

Fonte: Apresentação Roberto Campos Neto, “Cenário Econômico e Agenda” 23/11/2022, Banco Central do Brasil

Já dentro do universo de Empresas, ou seja, de Pessoas Jurídicas, também há algumas formas de classificar e identificar os diferentes riscos de crédito. A mais conhecida, são as classificações realizadas pelas grandes agências como S&P, Fitch e Moody’s. Contudo, é de se esperar que todas as instituições que participem do processo de concessão de crédito possuam a sua própria metodologia.

Fonte: Sistema Curvas de Crédito – ANBIMA – Março/23

Já dentro do universo de Empresas, ou seja, de Pessoas Jurídicas, também há algumas formas de classificar e identificar os diferentes riscos de crédito. A mais conhecida, são as classificações realizadas pelas grandes agências como S&P, Fitch e Moody’s. Contudo, é de se esperar que todas as instituições que participem do processo de concessão de crédito possuam a sua própria metodologia.

Como podemos observar, uma empresa com o melhor risco de crédito possível (AAA) paga atualmente em torno CDI + 1,50%. Quando olhamos para a diferença de taxas vis a vis o risco de crédito, podemos observar que um aumento de 0,58% já impacta em uma queda de 2 níveis na qualidade de crédito. Desta forma, é possível dimensionar a diferença da qualidade de crédito entre uma empresa que paga CDI + 1,50% e outra empresa que paga CDI + 6,00%, ou seja, um spread 4 vezes superior ao de melhor risco de crédito.

De forma adicional ao risco de crédito, o momento em que os juros básicos da economia se encontram em 13,75% ao ano, eleva muito o que chamamos de despesa financeiras, para todas as empresas, e consequentemente diminui de forma relevante a geração de fluxo de caixa livre final. Assim os setores com menores margens de lucro podem ter grandes impactos negativos, e passarem por maiores dificuldades quando deparados com taxas de juros elevadas.

Um equívoco que está se tornando frequente por parte dos investidores, é definir sua opção de investimento através de dividend yield sem ao menos entender os riscos envolvidos e suas diferenças entre cada tese dos investimentos de FIAgros.

É preciso saber identificar as melhores oportunidades levando em conta a tolerância a riscos que o investidor possui. Não há problema algum com os fundos focados em ativos “high yield”, há espaço para todas as teses de investimentos e há investidores com esse perfil. O investidor precisa se conscientizar da importância de entender as diferenças entre os riscos primeiro, em vez de tomar sua decisão partindo dos retornos esperados. O investimento olhando apenas dividend yield recente é um dos maiores erros que um investidor pode cometer. Por fim, é sempre importante, antes de realizar qualquer investimento, entender a tese de atuação de cada um dos gestores, e levar em consideração não só o retorno proporcional, mas também o risco. Outro aspecto que não pode ser deixado de lado na análise do risco são as garantias que determinada operação possui. Garantias de boa qualidade reduzem o risco de perda do capital, pois em caso de problemas mais sérios com a empresa devedora é possível que o gestor recupere os recursos investidos sem maiores dificuldades.

Por fim, gostaria de agradecer ao João Rissi e time da FG/A pelo material e artigo.

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