Seguindo o monitoramento dos impactos que as exposições à empresa Americanas trouxeram para os retornos dos diferentes tipos de fundos, abaixo trazemos um resumo por classe de ativo, destacando os que possuíam exposições mais relevantes e/ou que tiveram um impacto mais expressivo.
Os dados são referentes ao dia seguinte (12/01/2023) do anúncio do fato relevante divulgado pela empresa Americanas S.A. Importante destacar que cada gestora está tomando as medidas necessárias para mitigar os efeitos negativos tanto da queda nos preços das ações quanto dos ativos de dívida – especialmente debêntures e bonds. Além disso, as cotas apresentadas já refletem uma queda no preço do valor da ação e do preço do título de crédito.
Já é cliente XP? Faça seu login
Invista melhor com as recomendações
e análises exclusivas dos nossos especialistas.
Fundos de Renda Fixa
Renda Fixa Liquidez
Nos Fundos de Renda Fixa Liquidez – que investem títulos com boas notas de crédito e possuem como característica um prazo de resgate mais curto, dos 88 fundos que analisamos, 80 já publicaram suas cotas do dia 12 de janeiro. A mediana de retorno apresentada foi de 0,05% acompanhando o CDI que obteve a mesma variação no período. Destaque negativo para o fundo Western Asset Total Credit Advisory FIC FIRF CP que obteve uma variação de -0,83% no período, de acordo com os dados recebidos do time de gestão, a exposição do fundo aos papeis da Americanas no período era de 1,7%.
Em posicionamento a gestora pontuou manutenção da posição em Americanas S.A na carteira até que novas informações estejam disponíveis, além de estimar uma recuperação dos ativos entre 75% e 100% levando em consideração simulações de cenário que levam em consideração possíveis premissas definidas entre credores e acionistas.
Fundos de Renda Fixa High Grade
Nos fundos de crédito do tipo “high grade”, dos 113 fundos que fazemos o acompanhamento, 93 já publicaram suas cotas. A mediana de retorno dos fundos de Renda Fixa High Grade no período foi de -0,06%, contra um CDI que variou 0,05%. Destaque negativo para o fundo Augme 45 Advisory FIC FIRF CP que obteve uma variação de -1,19%. De acordo com o time de gestão, a exposição do fundo aos papeis da Americanas no período era de 2,6%.
Em posicionamento a Augme pontuou manutenção da posição, frisando que o investimento realizado foi em uma operação e curtíssimo prazo (via CDB vinculado) com vencimento para abril de 2023. A decisão de manter a posição vai em linha com a necessidade de ter maior visibilidade acerca dos próximos movimentos da CIA e do mercado. A gestora também pontuou que poderá fechar os fundos para proteger os cotistas atuais.
Fundos de Renda Fixa High Yield
Nos fundos de crédito do tipo “high yield”, apenas 43 dos 80 fundos que monitoramos já fizeram publicação de suas cotas. A mediana de retorno apresentada foi de 0,06% acima do CDI que variou 0,05%. Destaque negativo para o fundo Augme 90. Apenas 30,23% dos fundos que já publicaram suas cotas tiveram performance abaixo do CDI, refletindo menor exposição dessa classe ao papel.
Fundos Multimercados
Fundos Multimercados Macro/Multiestrategia
Dos 148 fundos multimercados do tipo Macro/Multiestrategia que fazemos o acompanhamento, 126 já fizeram a publicação de suas cotas. A mediana de retorno desses fundos para o dia 12/01 foi de 0,14% acima do CDI de 0,05%. Destaque negativo para o fundo ARX Extra FIC FIM. Em comentário enviado ao nosso time de analise a gestora pontuou uma exposição entre 1% a 5% em Americanas, além de reforçar a manutenção da posição enquanto aguarda mais informações. De acordo com o time de gestão, a exposição do fundo aos papeis da Americanas no período era de 2%.
Fundos Multimercados Sistemáticos
Já para os Multimercados Sistemáticos, dos 85% dos fundos que realizamos acompanhamento já publicaram suas cotas. A mediana de retorno foi de 0,29%, Destaque negativo para o fundo Giant Zarathustra que obteve uma variação de -0,03%. Em conversa com a gestão a exposição a Americanas era menor que 1% e via ações, estamos aguardando maiores comentários a respeito da atribuição de performance na data.
Fundos Multimercados Long Short/Arbitragem
Já para os fundos LS/Arbitragem, dos 74 fundos que acompanhamos 60 já tiveram suas cotas publicadas. A mediana de retorno para o dia 12 de janeiro foi de 0,13%. Destaque negativo para o fundo Polo Norte I que obteve uma variação negativa de -1,54%. Em comentário a gestora pontuou uma exposição inferior a 1% em ações da empresa Americanas S.A.
Fundos de Ações
Fundos de Ações Long Only
Entre os fundos de ações classificados como Long Only, dos 292 fundos que acompanhamos 246 já publicaram suas cotas. A mediana de retorno apresentada foi de -0,33% contra um Ibovespa que variou -0,59% no período. Destaque negativo para o fundo Moat Capital FIA, que apresentou uma variação de -6,83%. Se tratando da maior posição divulgada em ações da Americanas, o time de gestão pontuou inicialmente uma redução do papel, entretanto após o fato relevante anunciado, a redução foi convertida para encerramento de posição – que vai depender das condições de mercado.
Fundos de Ações Long Biased
Já para os Fundos Long Biased, dos 88 fundos que acompanhamos, 70 já divulgaram suas cotas. A mediana apresentada foi de -0,13%, contra -0,59% do Ibovespa. A classe demonstra resiliência perante as oscilações do mercado. Destaque negativo para o fundo Moat Capital Long Bias que apresentou uma variação negativa de -3,52%. De acordo com o time de gestão, a exposição do fundo aos papeis da Americanas no período era de 4,3%.
Panorama geral :
Observando o retorno obtido em nosso acompanhamento, é perceptível maior impacto nos Fundos de Investimentos de Renda Fixa do tipo high grade – caracterizados como fundos de investimento que concentram suas compras em títulos de empresas sólidas e com baixo risco de calote (baixo risco de crédito).. Vale pontuar que a Americanas é avaliada pelas três principais agências de classificação de risco de crédito (rating): S&P Global, Fitch Ratings e Moody’s. Nas três, era avaliada acima do rating soberano, em escala global (‘BB’ nas duas primeiras e ‘Ba2’ na última).
A boa classificação da empresa nas principais agências de classificação de risco de crédito vai em linha com a presença desse papel em fundos de crédito com maior qualidade de crédito. Entretanto, após o ocorrido, no dia 13 de janeiro, a agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito da Americanas S.A. para ‘CC’ (Veja mais aqui.) e na mesma data, a agência de classificação de risco S&P rebaixa rating da Americanas para ‘B’; CreditWatch é negativo (Confira aqui).
No relatório “Americanas: o posicionamento de Rial e impactos na tese para ações e crédito” o time de análise de crédito pontua que a avaliação de Americanas acima do rating soberano era baseada, dentre outros fatores, em sua forte liquidez e estrutura de capital sólida, com cronograma alongado de amortização de dívidas.
Já para os fundos Multimercados, estes seguiram com retornos positivos se comparado aos principais benchmarks do mercado para o período. Enquanto os fundos de ações, apesar de apresentarem retornos negativos na data, estes apresentaram resiliência no relativo ao Ibovespa. Levando em consideração a queda de quase 80% das ações da Americanas, podemos concluir baixa exposição ou maior pulverização no portfólio dos fundos de ações para a data.
Quando alongamos o horizonte de análise do retorno por classes dos fundos de investimentos das diferentes classes, os fundos de renda fixa seguem se destacando em relação as demais classes de ativos. A classe foi destaque no ano de 2022 por dois fatores principalmente: pelo (i) movimento de alta de juros que elevou a taxa Selic a 13,75%, quanto pela (ii) estabilidade dos spreads de crédito, ou seja, as taxas pagas pelos títulos privados em relação a remuneração dos títulos públicos.
Seguimos monitorando os impactos para a indústria de fundos e para o mercado. Nesse momento, reforçamos a postura de cautela afim de evitar grandes movimentações no portfolio que prejudiquem a alocação da carteira no longo prazo. Dessa forma, recomendamos seguir com um portfólio diversificado, buscando informações e dados tanto quantitativos quanto qualitativos que tragam sempre maior convicção em relação aos fundos alocados em carteira. Por fim, entendemos que são em momentos como esse que ter uma gestão ativa e alinhada aos interesses do investidor faz diferença, de forma que fica sob a responsabilidade do gestor tomar as medidas necessárias para mitigar os efeitos negativos tanto da queda nos preços das ações quanto dos ativos de dívida.