XP Expert

Setor público encerra primeiro trimestre com melhor resultado da série histórica

Com balanço de março, revisamos para cima nossas projeções para o resultado do setor público consolidado no ano

Compartilhar:

  • Compartilhar no Facebook
  • Compartilhar no Twitter
  • Compartilhar no Whatsapp
  • Compartilhar no LinkedIn
  • Compartilhar via E-mail

O setor público encerrou o primeiro trimestre de 2022 com um superávit acumulado de R$ 109,6 bilhões, o melhor resultado da série histórica iniciada em 2002, impulsionado em grande parcela pelo forte desempenho da arrecadação tributária nesse início de ano. Com isso, nossa projeção de resultado para o setor público teve uma nova revisão altista, saindo de R$ 12,3 bilhões para R$ 34 bilhões.

Clique aqui para receber por e-mail os conteúdos de economia da XP

Arrecadação federal bate recorde em março

Em março, a arrecadação total de impostos federais atingiu R$ 164,2 bilhões, alta de 6,9% em termos reais em relação ao mesmo mês do ano passado. O resultado veio muito acima do consenso do mercado (R$ 156,4 bilhões) e um pouco acima da nossa projeção (R$ 162,9 bilhões) e estabelece mais um recorde histórico para o período registrado (1995). O resultado acumulado do ano atingiu R$ 548,1 bilhões, com alta de 11,1% na comparação anual.

Destacamos que o IRPJ e a CSLL (impostos relativos ao lucro líquido) subiram 24,7% em termos reais na comparação com o mesmo mês do ano passado devido a aumentos na arrecadação mensal por estimativa, da declaração anual de ajuste do imposto de renda e alguma arrecadação atípica (R$ 3 bilhões) relativa à empresa do setor de commodities. O IRRF-rendimentos do trabalho cresceu 18,0% e a arrecadação previdenciária aumentou 5%, refletindo uma recuperação na criação de empregos formais nos últimos meses.

Em relação aos resultados do ano, vale ressaltar que o IRPJ e a CSLL subiram 22,9% a/a em termos reais, enquanto o PIS/Pasep e a Cofins aumentaram 5,4% e o imposto de renda retido na fonte cresceu 41,6%. As principais razões para esses resultados são a declaração do ajuste anual do imposto de renda pessoa jurídica, que ainda reflete o lucro líquido de 2021, a recuperação do setor de serviços e os rendimentos de investimentos em renda fixa, respectivamente.

Continuamos acreditando que a arrecadação de março reflete uma inflação mais alta, principalmente nas atividades relacionadas a commodities, cujos preços foram severamente afetados pela guerra na Ucrânia. Os resultados mostraram que a arrecadação de impostos de extração de petróleo e gás, combustíveis, extração mineral e metalurgia cresceu significativamente no acumulado do ano. Ressaltamos também que a recuperação do emprego formal contribuiu para o aumento tanto do imposto de renda quanto da arrecadação previdenciária.

Aumento circunstancial de despesas provoca déficit primário do governo central em março, mas a tendência para o ano permanece positiva

O resultado primário do governo central registrou déficit de R$ 6,3 bilhões em março (ante déficit de 20,6 bilhões em fevereiro). O resultado veio acima do consenso de mercado (R$ -10,5 bilhões) e um pouco acima da nossa projeção (R$ -7,0 bilhões). No acumulado do ano, o resultado atingiu um superávit de R$ 49,6 bilhões, o melhor resultado desde 2012 No acumulado de 12 meses, o saldo primário mostra déficit de R$ 15,5 bilhões (0,17% do PIB).

A receita líquida cresceu 7,2% em termos reais em relação ao mesmo mês do ano passado. Os principais destaques são IR/CSLL, tributos que estão fortemente ligados ao lucro líquido das empresas e cresceram 20% em termos reais, a arrecadação líquida para o RGPS (+7,8% m/m) e a exploração de recursos naturais (+26,2%). Esses resultados são refletem a inflação mais alta no início deste ano, especialmente nos preços do petróleo, que subiram substancialmente desde o início da guerra na Ucrânia.

Os gastos totais aumentaram 13,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. As principais razões para esse resultado foram as despesas do programa Auxílio Brasil que subiram 146,7% (+R$ 4,4 bilhões), um resultado esperado já que esse programa de transferência de renda tem ticket médio superior ao do Bolsa Família, e auxílio-desemprego e abono salarial (R$ 11,6 bilhões, 262,1% superior a março do ano passado), devido à mudança no calendário de desembolsos de abono salarial. Por outro lado, houve queda acentuada de 8,1% (-2,2 bilhões) nas despesas de pessoal, refletindo a ausência de reajustes salariais dos servidores, e os créditos extraordinários diminuíram R$ 17,6% (1, 1 bilhão).

No acumulado no trimestre, a receita líquida cresceu 12,7% em termos reais, enquanto as despesas totais aumentaram 7,4%. Do lado das receitas, os destaques foram IR/CSLL, arrecadação líquida previdenciária, concessões e dividendos e ações. Do lado das despesas, destacamos o aumento do seguro-desemprego e abono salarial (48,5%) e do “Auxílio Brasil” (61,5%).

Apesar do déficit em março, mantemos nossas estimativas de um resultado melhor para o governo central neste ano. Como mostramos, a leitura de março foi afetada por um aumento incomum nas despesas como abono salarial, então esperamos que essas despesas reduzam nos próximos meses. Além disso, as receitas devem manter uma trajetória forte neste primeiro semestre. Assim, esperamos um déficit de R$ 20,7 bilhões.

Mais uma vez, governos regionais garantem superávit primário do setor público

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 4,3 bilhões em março, acumulando superávit de R$ 109,6 bilhões no ano e R$ 122,8 bilhões (1,4% do PIB) em 12 meses. A leitura veio acima do consenso do mercado (R$ -1,4 bilhão) e da nossa projeção (R$ -3,9 bilhão) e um pouco abaixo do resultado de março do ano passado (R$ 5,0 bilhões).

A abertura mostra que o Governo Central teve um déficit de 7,8 bilhões, os Governos Regionais obtiveram um superávit de 11,9 bilhões e as empresas estatais um superávit de R$ 0,2 bilhão. Mais uma vez, os resultados positivos do setor público devem-se ao superávit dos Governos Regionais acima do esperado, que inclusive foi muito superior ao de março de 2021 (R$ 1,1 bilhão). Como os impostos estaduais estão crescendo pouco acima da inflação, de acordo com o relatório do Confaz, acreditamos que o superávit está relacionado a maiores transferências de receitas do Governo Central e crescimento de despesas bem-comportado.

Os juros nominais somaram R$ 30,8 bilhões, inferior a março de 2021 (R$ 49,5 bilhões). Ganhos nas operações de swap cambial (R$ 40,3 bilhões) compensaram parcialmente o aumento das taxas de juros e inflação. Em 12 meses, os juros nominais atingiram R$ 403,8 bilhões (4,5% do PIB).

A Dívida Bruta do Governo Geral atingiu 78,5% do PIB em março (de 79,2% em janeiro). As principais razões para esta queda são o crescimento nominal do PIB (-0,8 pp.) e a apreciação cambial (-0,4 pp). Já o pagamento de juros aumentou 0,8 pp. No acumulado do ano, houve queda de 1,8 pp. na DGG/PIB devido ao crescimento do PIB (-2,3 pp), emissões líquidas (-0,8 pp) e câmbio valorização da taxa (-0,8 pp) e pagamento de juros (2,0 pp).

A Dívida Líquida do Setor Público, por sua vez, atingiu 58,2% do PIB em março, ante 57,1% em fevereiro, devido principalmente à apreciação cambial (1,1 pp) e juros nominais (0,3). Por outro lado, o crescimento do PIB contribuiu para uma queda de 0,6 pp. No acumulado do ano, a DLSP/PIB aumentou 1,0 pp, principalmente devido à apreciação cambial (2,4 pp), parcialmente compensada pelo superávit primário acumulado (1,2 pp).

Após as leituras de março, esperamos agora um superávit de R$ 34,0 bilhões (0,4% pp.) para o setor público consolidado em 2022. Esse resultado reflete uma receita crescendo devido à inflação mais alta, tendência que deve se manter até o final deste semestre, e algum controle sobre o crescimento dos gastos nos estados e municípios, talvez por dificuldades de planejamento e execução dos investimentos.

Estimamos também que a dívida bruta cresça para 79,5% do PIB até o final de 2022, na esteira do aumento dos gastos com juros nominais devido a aumentos de taxas de juros e à reversão de ganhos em operações de swap cambial. Ressaltamos, no entanto, que as perspectivas para a dívida pública continuam negativas no médio prazo, com expectativa de crescimento nos próximos anos, tendência que pode se acentuar se o próximo governo adotar medidas populistas de crescimento de gastos.

XPInc CTA

Se você ainda não tem conta na XP Investimentos, abra a sua!

XP Expert

Avaliação

O quão foi útil este conteúdo pra você?


Newsletter
Newsletter

Gostaria de receber nossos conteúdos por e-mail?

Cadastre-se e receba grátis nossos relatórios e recomendações de investimentos

Disclaimer:

Este relatório foi preparado pela XP Investimentos CCTVM S.A. (“XP Investimentos”) e não deve ser considerado um relatório de análise para os fins do artigo 1º na Resolução CVM 20/2021. Este relatório tem como objetivo único fornecer informações macroeconômicas e análises políticas, e não constitui e nem deve ser interpretado como sendo uma oferta de compra/venda ou como uma solicitação de uma oferta de compra/venda de qualquer instrumento financeiro, ou de participação em uma determinada estratégia de negócios em qualquer jurisdição. As informações contidas neste relatório foram consideradas razoáveis na data em que ele foi divulgado e foram obtidas de fontes públicas consideradas confiáveis. A XP Investimentos não dá nenhuma segurança ou garantia, seja de forma expressa ou implícita, sobre a integridade, confiabilidade ou exatidão dessas informações. Este relatório também não tem a intenção de ser uma relação completa ou resumida dos mercados ou desdobramentos nele abordados. As opiniões, estimativas e projeções expressas neste relatório refletem a opinião atual do responsável pelo conteúdo deste relatório na data de sua divulgação e estão, portanto, sujeitas a alterações sem aviso prévio. A XP Investimentos não tem obrigação de atualizar, modificar ou alterar este relatório e de informar o leitor. O responsável pela elaboração deste relatório certifica que as opiniões expressas nele refletem, de forma precisa, única e exclusiva, suas visões e opiniões pessoais, e foram produzidas de forma independente e autônoma, inclusive em relação a XP Investimentos. Este relatório é destinado à circulação exclusiva para a rede de relacionamento da XP Investimentos, incluindo agentes autônomos da XP e clientes da XP, podendo também ser divulgado no site da XP. Fica proibida a sua reprodução ou redistribuição para qualquer pessoa, no todo ou em parte, qualquer que seja o propósito, sem o prévio consentimento expresso da XP Investimentos. A XP Investimentos não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas e se exime de qualquer responsabilidade por quaisquer prejuízos, diretos ou indiretos, que venham a decorrer da utilização deste material ou seu conteúdo. A Ouvidoria da XP Investimentos tem a missão de servir de canal de contato sempre que os clientes que não se sentirem satisfeitos com as soluções dadas pela empresa aos seus problemas. O contato pode ser realizado por meio do telefone: 0800 722 3710. Para maiores informações sobre produtos, tabelas de custos operacionais e política de cobrança, favor acessar o nosso site: www.xpi.com.br.

A XP Investimentos CCTVM S/A, inscrita sob o CNPJ: 02.332.886/0001-04, é uma instituição financeira autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.Toda comunicação através de rede mundial de computadores está sujeita a interrupções ou atrasos, podendo impedir ou prejudicar o envio de ordens ou a recepção de informações atualizadas. A XP Investimentos exime-se de responsabilidade por danos sofridos por seus clientes, por força de falha de serviços disponibilizados por terceiros. A XP Investimentos CCTVM S/A é instituição autorizada a funcionar pelo Banco Central do Brasil.


Este site usa cookies e dados pessoais de acordo com a nossa Política de Cookies (gerencie suas preferências de cookies) e a nossa Política de Privacidade.